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CONFLITO

L
A palavra conflito contém diversos conceitos
terminológicos, etimologicamente, deriva do
latim conflictu, e engloba a ideia de choque
ou a ação de chocar contrapondo e opiniões
diferentes das apresentadas.
Segundo Folberg, os conflitos surgem
das interações entre as pessoas
interdependentes que percebem
objetivos incompatíveis e
interferências mútuas na consecução
desses objetivos.

Folberg, Jay; Taylor, Alison. Mediacón: resolucion de conflitos. México:


Limusa,1996, p. 404.
Numa disputa conflituosa costuma-se
tratar a outra parte como:
A existência do conflito em si é algo inerente a
nossa vontade.

Como o ser humano via de regra não vive de


modo isolado, e sim inserido em sociedade
multiculturais, o risco do conflito é sempre
presente.
Segundo Gonçalves e Goulart (2018, p.25),
conceituar conflito não é tarefa típica da ciência
jurídica, pois ele provém substancialmente da
sociologia e, modernamente da psicologia.

Porém, na esfera jurídica, o conceito de


conflito é dado a partir dos termos “lide e
litigio”.
QUANDO COMPREENDEMOS A INEVITABILIDADE
DO CONFLITO, SOMOS CAPAZES DE
DESENVOLVER SOLUÇÕES AUTOCOMPOSITIVAS

.
A solução transformadora do conflito
depende do reconhecimento das
diferenças e da identificação dos
interesses comuns e contraditórios,
subjacente, pois a relação interpessoal
funda-se em alguma expectativa, valor
interesse comum.
Nas palavras de Warat os conflitos nunca
desaparecem, se transformam; porque geralmente
intervém-se sobre os conflitos e não sobre os
sentimentos das pessoas. E recomenda o autor
que na presença de um conflito pessoal, seja
transformado internamente, consequentemente o
conflito se dissolverá, pois, os conflitos
encontram-se no interior das pessoas, sendo
necessário procurar acordos interiorizados.

WARAT, L. A. Em nome do acordo: a mediação no direito. 2.ed.


Argentina: Almed, 2010.
As pessoas ficam frustradas quando são
contrariadas naquilo que buscam ou
acreditam gerando o conflito, e isso somente
pode ser modificado quando há um
reconhecimento por parte dela, da
necessidade da outra parte, e isso se faz
através da comunicação.
CONFLITO: o que
é????

Quando penso em
conflito e o
processo judicial,
lembro...
Em regra, intuitivamente se aborda o conflito como um fenômeno negativo
nas relações sociais que proporciona perdas para, ao menos, uma das partes
envolvidas.
GUERRA

BRIGA

DISPUTA

AGRESSÃO

TRISTEZA

VIOLÊNCIA

RAIVA

PERDA

PROCESSO
Quanto às reações fisiológicas emocionais e
comportamentais como se reage frente ao conflito?
TRANSPIRAÇÃO
TAQUICARDIA
RUBORIZAÇÃO
ELEVAÇÃO DO TOM DE VOZ
IRRITAÇÃO
RAIVA
HOSTILIDADE
DESCUIDO VERBAL
Nesses conflitos, nota‑se em regra a atuação abundante do hormônio chamado
adrenalina que provoca tais reações. Quando solicitado a eles para indicar os
procedimentos percebidos por pessoas significativamente envolvidas emocionalmente
em conflitos, os participantes de treinamentos, em regra, indicam que se adotam
(ainda que posteriormente haja arrependimento) as seguintes práticas (mesmo os
envolvidos sabendo que poderiam não ser aquelas mais eficientes ou produtivas):

REPRIMIR COMPORTAMENTOS
ANALISAR FATOS
JULGAR
ATRIBUIR CULPA
RESPONSABILIZAR
POLARIZAR RELAÇÃO
ANALISAR PERSONALIDADE
CARICATURAR
COMPORTAMENTOS
Diante de tais reações e práticas de
resolução de disputas, poderia‑se sustentar
que o conflito sempre consiste em um
fenômeno negativo nas relações humanas?
A resposta da doutrina é negativa.
Constata‑se que do conflito podem surgir
mudanças e resultados positivos.

O que pode surgir de positivo em razão de um


conflito?”
PAZ

ENTENDIMENTO

SOLUÇÃO

COMPREENSÃO

FELICIDADE

AFETO

CRESCIMENTO

GANHO

APROXIMAÇÃO
O mediador, se possuísse técnicas e
habilidades autocompositivas
mínimas necessárias para exercer
esta função, seguramente perceberia
a oportunidade que lhe foi
apresentada perante as partes e
tenderia a reagir como
normalmente se reage perante uma
oportunidade como essas:
TRANSPIRAÇÃO MODERAÇÃO

Taquicardia Equilíbrio
Ruborização Naturalidade
Elevação do tom de voz Serenidade
Irritação Compreensão
Raiva Simpatia
Hostilidade Amabilidade
Descuido verbal Consciência verbal
Espirais de conflito
A Espirais do Conflito
Para alguns autores se insere em um
contexto de um ciclo vicioso de ação e
reação pelas partes, sendo que a reação,
normalmente é mais severa que a ação que
precedeu, podendo culminar numa disputa.
Podendo chegar ao risco de as partes
perderem de vista seus verdadeiros anseios e
as causas que inicialmente eram originárias,
tornam-se secundárias.
Processos Construtivos e Destrutivos

Processo destrutivo é caracterizado pelo


enfraquecimento ou rompimento da relação social
preexistente à disputa em razão da forma pela qual é
conduzida. A tendência desse tipo de conflito é expandir
ou tornar-se mais acentuada ao longo do seu
desenvolvimento. Dessa forma o conflito torna-se
"independente de suas causas iniciais", assumindo uma
feição de competição e cada parte busca ser o vencedor.
Esse processo não permite a coexistência ou convivência
das partes.
Já o processo construtivo tende a fortalecer a relação social já
existente. As suas características são:

I) capacidade de estimular as partes a desenvolver soluções criativas que


permitam a compatibilização dos interesses aparentemente contrapostos;

II) capacidade das partes ou do condutor do processo motivarem todos os


envolvidos para que prospectivamente resolvamos questões sem
atribuição de culpa;

III) desenvolvimento de condições que permitam a reformulação das


questões diante de eventuais impasses; e

IV) disposição das partes ou do condutor do processo a abordar, além das


questões juridicamente tutelados, todas e quaisquer questões que estejam
influenciado a relação das partes.
Atividades em Grupos:

Protagonizem Espirais de conflito


De que forma tornamos o conflito
positivo?
COMPETIR X COLABORAR
Já o litigio é decorrência do conflito não
tratado.
E mesmo, na esfera judicial o
conflito permanecerá, pois
resolverá apenas o litígio.
Aparentemente o conflito
aparece como solucionado,
quando na verdade foi apenas
interrompido.
Quando o ser humano
compreender o seu
conflito como sendo
inevitável.

Irá buscar soluções auto


compositivas
As consequências construtivas ou
destrutivas dos conflitos decorrem da
forma de administrá-los, é fundamental
importância a eleição de métodos mais
adequados à resolução de cada situação
conflituosa, o que será determinado de
acordo com as relações envolvidas, o
estágio do conflito, a disponibilidade
das partes, etc..
CONFLITO E COMUNICAÇÃO NOS
PROCESSOS AUTOCOMPOSITIVOS
1. O CONFLITO
Em mediação, conflito é interação entre duas ou
mais pessoas, em que predominam relações
baseadas em posições e interesses antagônicos nas
quais elas intervêm como seres integrais em suas
ações, pensamentos, afetos e discursos, o processo
conflitivo é construído em conjunto pelas partes.
Em conciliação, conflito é o surgimento
de posições e interesses antagônicos
decorrentes de evento contingencial e
fortuito que leva as pessoas ao
confronto de posições e interesses.
O conflito deve ser compreendido como
fenômeno negativo?

Conflito é processo natural nas relações


humanas!

Há algo de positivo no conflito?

Conflito é oportunidade!
Habilidades autocompositivas:
Educação, moderação, equilíbrio, naturalidade,
serenidade, compreensão, informalidade, simpatia,
consciência verbal e não verbal, escuta ativa, empatia,
inteligência intelectual e emocional, sensibilidade,
criatividade e capacidade de promover encontros nas
diferenças.
Para Fiorelli (2008), os conflitos apresentam
etapas de evolução:

Latência é o estado oculto do conflito e precisa de um


desencadeante para revelá-lo.

Início é quando as partes avaliam a situação e decidem


iniciar o conflito ou ignorá-lo.

Desenvolvimento é a condição de adoção de posturas


antagônicas.
Estabilização pode vir com o acordo, dependendo do resultado, pode
iniciar-se nova etapa de latência.

Equilíbrio instável o conflito não chega a uma solução total, ainda


permanecem diferenças a serem eliminadas.

Reformulação é quando uma das partes procura intervenção externa


e proporciona novo desenho ao conflito, o auxilio de um terceiro. A
mediação e a conciliação são instituídas nessa etapa.
Para conflitos provenientes de relações
continuadas, recomenda-se o uso da
MEDIAÇÃO;

Para conflitos provenientes de relações


eventuais, recomenda-se o uso da
CONCILIAÇÃO;
Ao proporcionar um procedimento
autocompositivo de qualidade, deve-se
analisar as posições adotadas para desvelar os
interesses das partes, assim criamos o espaço
para a construção de acordos.
Dessa forma, traça-se o seguinte cenário:

*os interesses devem ser negociáveis;

*deve haver confiança e cooperação para solução


conjunta;

*não deve haver opressão ou imposição por nenhuma


das partes, e elas devem estar conscientes de seu
papel para construírem soluções justas e equitativas.
*Definição de Interesses
Identificar os interesses possibilita compreender as
diferenças que colocam as partes em posições antagônicas.

Deve-se ter claro que: as informações que temos acesso


por meio do discurso das partes, em regra constituem sua
posição referente ao conflito e não seus reais interesses.
Os interesses são desvelados nas entre
linhas, no tom de voz, no comportamento
e na expressão corporal das partes.

Lugar da expressão de linguagem que não


dominamos conscientemente.
Nossa comunicação é constituída da seguinte maneira:

55 %= NÃO VERBAL
38 %= TOM DE VOZ
7% = PALAVRAS

Desvelar os interesses com a observação dos


sentimentos e a identificação das necessidades para
que as partes façam seus pedidos de forma clara,
verdadeira e assertiva.
Compreender que o
conflito é inevitável e
que pode ser uma força
positiva para o
crescimento .
*Fatores que influenciam os conflitos

Expectativa em relação a mudança criar um


sistema rígido de pensamento são fatores
inflexíveis que produzem conflitos quando
gera-se expectativas de mudanças, pois
existem dificuldades de aceitar algo diverso do
que se pretende;
Expectativas associadas aos relacionamentos

– nas relações humanas estabelecem


subjetivamente uma espécie de “contrato
psicológico”, ou seja, como esperar que os
outros se comportem da mesma forma que me
comporto perante os outros, quando esse
“pacto” é quebrado, surge o conflito;
Resistência à mudança

– nas relações humanas onde os envolvidos em


maior ou menor medida, será proporcionado à
mudança, difícil é a incapacidade de lidar com
essas influências transformativas, o que gera
conflito;
Consequências para estabilidade do sistema

– quando temos dificuldade de lidar com as


mudanças, costuma-se adotar postura defensiva,
dessa forma, ao defrontar com uma mudança
estrutural, produzirão conflitos a partir de nosso
comportamento;
Aderência à realidade

– em conflitos baseados em acontecimentos


reais, as pessoas percebem a diferença de
interesses, pois há um perceptível
antagonismo nos interesses, já em conflitos
sem base real (estados emocionais), sua
gênese está nas falhas de comunicação, que
produzem mal entendimento;
Diferenças de Personalidades

– personalidades incompatíveis em relacionamento


contínuo, podem produzir um conflito latente,
onde, na rotina de convivência, arquiteta-se a
situação que desencadeará o conflito;
Efeitos da mudança sobre os valores

– situações que desafiam nossas crenças, a


forma de nos compreender, de compreender os
outros e de agir, são produtoras de conflitos;
Modificações na Estrutura do Poder

– poder é a possibilidade de impor a própria vontade


à conduta de outras pessoas, sendo assim, pode ser
exercido como poder físico; poder sexual; poder
econômico; poder de informação; poder hierárquico
ou, de forma combinada.

Autoridade quando conquistada, é construtora de


poder no diálogo. Porém, quando imposta, é
geradora potencial de conflito.
Um bom mediador e/ou conciliador é o
promovedor de encontros apesar de
todas as diferenças!
Saiba Mais

Teoria do conflito
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A Espiral de Conflitos de R. Rummel


https://www.linkedin.com/pulse/espiral-de-confl
itos-r-rummel-renato-bastos/?originalSubdoma
in=pt
Debate

Filme – Vizinhos/ Neighbours.


https://www.youtube.com/watch?v=4YAYGi8rQag

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