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1. Introdução
Para Vecchio (2008) conflito é um produto inevitável da vida organizacional que não é
desejável nem indesejável, que pode gerar resultados positivos se bem administrados ou
afectar o desempenho se tratado de forma errada ou ignorado.
Com a construção deste estudo pretendeu se responder a dúvida como um gestor deve
proceder quando constata problemas entre seus colaboradores.
1. Conceito de Conflito
O homem é um ser conflitivo por natureza. As relações interpessoais, por sua vez também
caracterizam a existência de conflitos.
Conflito é um produto inevitável da vida organizacional que não é desejável nem indesejável,
que pode gerar resultados positivos se bem administrados ou afectar o desempenho se tratado
de forma errada ou ignorado. VECCHIO (2008).
Para Chrispino (2007), conflito é um desacordo aberto entre duas pessoas ou grupo de pessoas
que tem valores e objectivos diferentes.
Chiavenato (2009), afirma que o conflito é o resultado das desigualdades existentes entre as
pessoas que são desiguais.
O conflito é definido por Dubrim (2006), como sendo um choque de personalidade entre duas
pessoas, baseado em diferenças de atributos, preferências, idade, raça, etnia, interesses,
valores e estilos que leva a oposição ou resistência podendo acarretar a elevação de alguma
tensão.
Diante disso podemos afirmar que conflito é toda opinião divergente ou maneira diferente de
ver ou interpretar algum acontecimento.
Que exista interacção de, pelo menos, dois indivíduos ou grupos de indivíduos;
Que se perceba ou exista uma incompatibilidade entre as metas, condutas, interesses
ou valores próprios;
Que pelo menos uma das partes considere uma situação como injusta ou
incompatível.
Considera-se para isso que se não houver nenhum tipo de conflito, não haverá nenhum tipo de
negociação. Mas, uma forte característica da origem dos conflitos é a existência de grupos ou
mesmo de partes oponentes.
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Assim, pode-se dizer que um conflito surge das divergências e ou metas entre grupos ou
partes diferentes, havendo a necessidade de uma acção e reacção, ou seja, se a parte A possui
um objectivo diferente da parte B, mas a parte B não se sentiu afectada, então não há conflito
entre eles.
Cada grupo realiza tarefas diferentes, relaciona-se com diferentes partes do ambiente e
começa a desenvolver maneiras diferentes de pensar e agir: tem a sua própria linguagem,
modo de trabalhar em equipe e objectivos a atingir, surgindo deste modo a diferenciação que
se caracteriza pela existência de objectivos e interesses diferentes dos demais grupos de
empresas.
área ou sector resolve aumentar o uso desses recursos, outra equipe perde esse
c) Actividades interdependentes
Dentro das organizações todos dependem um dos outros e na medida em que um sector não
pode dar continuidade em suas actividades sem que o outro tenha realizado a sua parte há um
conflito, nesse caso existe a oportunidade de uma equipe auxiliar ou prejudicar a realização
das actividades dos outros.
2. Abordagens na conceituação de conflitos
Robbins (2002), nos apresenta três abordagens dos conflitos:
Visão tradicional (décadas de 30 e 40)
Segundo esta visão, o conflito, é danoso e deve ser evitado.
O conflito é tido como uma disfunção que resulta de falhas de comunicação, falta de abertura
e confiança nas pessoas e um fracasso dos administradores em atender as necessidade e
aspirações de seus funcionários, nesta visão os conflitos são vistos como ruins e
contraproducentes, usados como sinónimos de violência, destruição e irracionalidade.
Visão de relações humanas
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Argumenta que o conflito é uma consequência natural dentro dos grupos e nas organizações,
entendendo ser inevitável logo defende a sua aceitação, assim afirmam que o conflito não
pode ser eliminado e em algumas situações este é benéfico ao grupo. Esta teoria dominou o
final dos anos 40 até a metade da década de 70.
Visão interacionista
Esta visão encoraja o conflito no sentido de que um grupo harmonioso e pacifico tranquilo e
cooperativo, está na eminencia de tornar-se estático, apático, não respondendo a inovações e a
necessidade de mudanças, esta visão defende que os lideres devem manter um nível mínimo
de conflito para que o grupo seja sempre viável, autocrítico e criativo.
Em função dessa visao, fica evidente dizer que todos os conflitos são bons ou ruins é ingénuo
e inapropriado. O que torna um conflito bom ou ruim é a sua natureza.
1. Níveis de Conflitos
Segundo Chiavenato (2004), os conflitos nas organizações podem ocorrer em vários níveis de
gravidade: percebido, experienciado e nível de conflito manifesto
a) Conflito percebido: ocorre quando as partes percebem e compreendem que o conflito
existe porque sentem que seus objectivos dos outros e que existe oportunidade para
interferência. É o chamado conflito latente, que as partes percebem existir potencialmente;
Segundo Martinelli & Almeida (2014), existem três critérios de classificação dos conflitos:
quanto ao comportamento, quanto aos contrários e quanto aos momentos de acção.
a) Quanto aos comportamentos os conflitos podem ser:
Falhas conflituantes: aquelas que existem somente na aparência, pois não há um
verdadeiro desacordo;
Conflitos de opinião: aqueles que resultam de divergências de opinião sobre um objecto
desacordo;
Conflitos de interesse: ocorrem quando entre duas pessoas que tem a mesma opinião mas
estão em desacordo com a distribuição.
b) Quanto aos contrários, os conflitos podem ser:
Conflitos individuais: oposição de qualquer pessoa ou grupo uns com os outros, reside no
nível interpessoal;
Conflitos de igual para igual: entre vizinhos, irmãos ou colegas;
Hierárquico: envolvem chefes e subordinados, pais e filhos;
Conflitos raciais: diferenças de raças por parte dos envolvidos;
Conflitos entre as instituições e organizações da sociedade: disputa entre diferentes
organizações da sociedade, normalmente relacionadas a questões de poder e disputa de
mercado;
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Conflitos neutros ideologicamente: envolvem adversários que não se separam, mas tem
uma contestação de ordem técnica;
Conflitos espontâneos e conflitos voluntários: resultam de manobras deliberadas;
Conflitos de posse: relacionam-se a partilha de recursos ou problemas de qualidade de
vida;
c) Quanto aos momentos de acção, os conflitos podem ser:
Sobre os fatos: as pessoas percebem os mesmos fatos de forma diferente, uma vez que
observação passa por observadores diferentes;
Sobre os obstáculos: são difíceis de ser identificados, sobretudo quando as partes ocultas
das intenções;
Sobre os objectivos: em curto prazo não se busca atender objectivos, sempre há pessoas
envolvidas na acção que não identificam objectivos comuns;
Sobre os meios: pode se acordar sobre os obstáculos, entretanto se está em desacordo com
as estratégias e tácticas, ou mesmo as maneiras de aplicação;
Sobre os valores: estabelece diferentes critérios de avaliação sobre o plano moral, prático
ou político
Tipos de conflito
Segundo Ladeira (2017), existem três tipos de conflitos nas organizações: o conflito de
tarefas, conflito de relacionamento e conflito de valores.
Conflito de Tarefas
O conflito de tarefas envolve questões concretas relacionadas às atribuições de trabalho dos
funcionários e podem incluir disputas sobre como dividir recursos, diferenças de opinião
sobre procedimentos e políticas, gerenciamento de expectativas no trabalho, julgamentos e
interpretação dos fatos.
O conflito de tarefas pode parecer ser o mais simples de resolver, mas muitas vezes acaba por
ter raízes mais profundas e mais complexidade que parece ter à primeira vista. Por exemplo,
colegas de trabalho que estão discutindo sobre qual deles devem ir para uma conferência fora
da cidade podem ter um conflito mais profundo baseado em uma sensação de rivalidade.
Conflito de Relacionamento
Conflito de valor
Ocorre dentro do indivíduo, quando não tem objectos e aspirações claramente definidas.
BASTOS & SEIDEL (1992).
Este tipo de conflito ocorre quando duas ou mais opiniões opostas ocorrem num único
individuo.
Conflito Interpessoal
Este tipo de conflito ocorre entre duas ou mais pessoas e pode ocorrer por vários motivos:
diferença de idade, sexo, valores crenças, falta de recursos materiais, financeiros, por
diferença de papel.
Nascimento & El Sayed (2002), afirmam que os conflitos interpessoais dividem-se em dois
tipos: Hierárquicos, quando colocam em jogo as relações com as autoridades existentes, e
Pessoais, quando dizem respeito ao individuo, sua maneira de ser, agir, falar e tomar decisões.
Conflito Intra-organizacional
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Conflito organização/comunidade
Surgem normalmente quando a comunidade não concorda com um certo tipo de produtos ou
valores vinculados pela organização.
Conflito funcional
O conflito funcional é aquele que gera benefícios para a organização e para o Individuo.
O conflito funcional se bem administrado, traz benefícios para a organização como: uma
melhor escolha e elaboração de decisões, aumento na comunicação, espontaneidade,
produtividade e criatividade.
Conflito disfuncional
Conflito Afectivo
Este tipo de conflito por possuir emoções negativas é ameaçador não apenas para o grupo
mas também para o próprio indivíduo que, desta forma, pode ser afectado o seu auto -
conceito, sua auto-estima ou qualquer outra variável individual.
Conflitos organizacionais
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O processo de conflito
O processo de conflito pode ser visto como um processo de cinco estágios, a saber:
Estágio I: oposição potencial ou incompatibilidade
O primeiro passo do processo de conflito é a presença de condições que criam oportunidades
para o seu surgimento. Elas não precisam levar directamente ao conflito, mas uma delas deve
existir para que ele apareça. Essas condições foram condensadas em três categorias gerais:
comunicação, estrutura e variáveis pessoais.
Estágio II: Cognição e personalização
Se as condições citadas no estágio I afectam negativamente os interesses de uma das partes, o
potencial de oposição ou de incompatibilidade se realizam neste segundo estagio. As
condições antecedentes só levam ao conflito se uma ou mais partes envolvidas forem
afectadas por ele e estiverem conscientes disso.
Como notamos em nossa definição de conflito, é preciso haver percepção. Portanto, uma ou
mais partes envolvidas precisam estar conscientes da existência das condições antecedentes.
Contudo, o facto de um conflito ser percebido não significa que será personalizado. Em outras
palavras, ‘‘ A pode estar consciente que A e B estão seriamente em desacordo, mas isso pode
não deixar A tenso nem ansioso, e pode não ter nenhum impacto sobre a afecção de A por
B’’. É de nível de sentimentos, quando as pessoas se envolvem emocionalmente, que as partes
experimentam a ansiedade, tensão, frustração ou hostilidades.
O estágio II é importante por ser onde as questões de conflito costumam ser definidas. É a
parte em que os envolvidos decidem sobre o que é o conflito e s emoções tem um papel
preponderante na configuração das percepções.
Estágio III: Intenções
As intenções ficam entre as percepções e emoções e o comportamento explicito das pessoas.
Elas são decisões de agir de uma determinada maneira. Muitos conflitos são provocados
simplesmente porque uma das partes infere erroneamente as intenções da outra, alem disso,
costuma haver um certo lapso entre intensões e comportamentos, de maneira que o
comportamento nem sempre reflecte fielmente as intenções de uma pessoa.
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O acto de negociar não é um processo aleatório que existe uma sequência previsível, é como
um “jogo” com objectivos claros e definidos, desde que os jogadores façam planeamentos
com estratégias e tácticas respeitando as regras determinadas (LEWICKI & HIA, 2003).
Segundo Fisher, Ury & Patton (2005), a negociação consiste basicamente em conseguir o que
se quer, de uma outra parte envolvida. É uma comunicação bilateral, que consiste em chegar
em um acordo a parte de interesses comuns e outros opostos.
Desse modo, para Acuff (2004), negociação é uma forma de comunicação entre duas ou mais
partes cujo objectivo é alcançar um acordo mutuo referente a opiniões opostas, onde em seu
término ambas das partes ficam satisfeitas.
De acordo com Fisher, Ury & Patton (2005), uma negociação é constituída por três etapas, a
partir do momento em que se começa a negociar até o momento em que se chega a um
acordo, nomeadamente:
Estratégias de Negociação
De acordo com Acuff (2004), destacam-se dez estratégias de negociação que podem ser
eficazes em qualquer parte do mundo:
Planejar a negociação;
Adoptar o método de ganhos mútuos e recíprocos;
Manter altas perspectivas;
Usar linguagem clara e acessível;
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Abordagem Distributiva
Todas as negociações envolvem a distribuição de resultados, onde o ganho de uma das partes
significa a perda da outra parte. A abordagem distributiva é aquela utilizada em barganhas ou
negociações onde as partes dividem ou distribuem os recursos entre eles.
O foco das partes é no corte do bolo, do qual cada parte tenta abocanhar a maior fatia
possível. Ou seja, o elemento distributivo tem como foco a quantidade do bolo que um
negociador revindica para si mesmo. Dentro dessa abordagem, os negociadores tendem a ter
uma percepção do bolo enquanto algo fixo; conceitualmente, se baseiam no principio de soma
zero, o que pode levar a resultados insatisfatórios, impasses, acordos perde-perde e/ou
desperdício desnecessário de recursos.
A barganha distributiva tende a ser mais competitiva. Algumas tácticas comuns incluem:
Forcar o outro lado a se render mostrando um poder maior e sendo mais “esperto” que
eles;
Não discutir o problema de igual para igual.
O principal objectivo não é assegurar que todas as partes saiam ganhando. É assegurar que o
seu lado ganhe o máximo que puder, resultando em um acordo de ganha-perde ou perde-
perde, ou seja, acordos em que os negociadores falham na capitalização dos interesses
compatíveis.
Abordagem Integrativa
Um acordo integrativo gera um resultado negociado que não desperdiça recursos e tem como
objectivo último um acordo ganha-ganha. Ganha-ganha é um termo frequentemente utilizado
para descrever negociações entre pessoas que estão interessadas no bem-estar das partes. Ter
um forte interesse no bem-estar do outro é importante, mas não garante que a negociação
tenha, necessariamente, um excelente trabalho.
Na maioria das negociações, os interesses das partes não são completamente opostos nem
totalmente compatíveis, mas sim mistos; o que é um incentivo para alcançar um acordo
lucrativo entre as partes, e aponta para o desejo de maximizar os próprios ganhos. A barganha
integrativa está intimamente relacionada à negociação distributiva.
Questões da Negociação
A relação entre personalidade e negociação indica que não há efeitos directos significativos
dos traços de personalidade sobre o processo de barganha nem sobre os resultados da
negociação. Devemos nos concentrar nos assuntos e factores situacionais de cada barganha e
não na personalidade do oponente.
As pesquisas indicam que os executivos com menos poder costuma ser mais pacificadores
com seus oponentes, usando tácticas de persuasão mais que confronto directo ou ameaças.
Quando homens e mulheres possuem bases de poder semelhante, não há diferenças
significativas em seus estilos de negociação.
Embora não pareça haver uma relação directa significativa entre a personalidade de uma
pessoa e o estilo de negociação, a bagagem cultural parece ser relevante. Os estilos de
negociação variam claramente de acordo com a cultura do país.
Este meio é utilizado quando existe um impasse e as partes são incapazes de resolver suas
diferenças por meio da negociação directa. Existem quatro (4) papéis básicos da terceira
parte: mediador, arbitro, conciliador e consultor.
Um mediador é um terceiro neutro que facilita uma solução negociada por meio do emprego
da razão e da persuasão, da sugestão de alternativas e assim por diante. Os mediadores são
muito utilizados em negociações trabalhistas e em disputas jurídicas civis.
Um árbitro é um terceiro com autoridade para ditar um acordo. A arbitragem pode ser
voluntaria (requerida pelas partes) ou compulsória (imposta por lei ou contrato). A autoridade
do árbitro vária de acordo com as regras estabelecidas pelos negociadores. O principal
benefício da arbitragem em relação à mediação é que ela sempre resulta em uma solução. Se
há ou não um lado negativo, depende do “peso da mão” do árbitro. Se uma das partes se sentir
completamento derrotada, é claro que, insatisfeita, provavelmente não aceitará de bom grado
a decisão do árbitro. Desta forma, o conflito poderá surgir mais adiante.
Bibliografia
ACUFF, Frank L. Como negociar qualquer coisa em qualquer lugar do mundo. 2a. Sao
Paulo: Senac, 2004.
FISHER, Roger, William URY, e Bruce PATTON. Como chegar ao sim: Negociacao de
acordo sem concessoes. 2a. Rio de Janeiro: Imago, 2005.
MELLO, Jose Carlos. Negociacao baseada em estrategias. Sao Paulo: Editora Atlas, 2003.