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Em relação à força, a desigualdade nunca é tamanha que impeça que um mate o outro. Quanto
às faculdades mentais, a igualdade é ainda maior – mesmo que os homens considerem-se
sempre mais sábios que os homens vulgares –, uma vez que a experiência é igualmente
adquirida por todos.
R.: Os homens tornam-se inimigos e, em seu caminho ao Fim, tratar de eliminar e/ou subjugar
uns aos outros.
R.: Essa situação – para a qual não há nenhuma forma de autoproteção eficaz – surge do temor
dos homens em relação à força dos outros, que, uma vez tendo sido bem sucedidos em sua
missão de invasores, passarão a temer a invasão alheia.
R.: Não, sentem desgosto, uma vez que consideram que devem ser valorizados pelos outros
tanto quanto eles próprios se estimam. Em presença de sinais de desprezo, o homem tenta
arrancar a estima alheia à força.
R.: Competição, Desconfiança e Glória. Cada uma delas utiliza a violência de uma forma: a
primeira, para tomar posses; a segunda, para defender os bens tomados; e a terceira, por
motivos insignificantes.
R.: São as mesmas encontradas na guerra propriamente dita – onde todos são inimigos entre si.
Não há espaço para nada, que não a força e a própria criatividade, tendo em vista a
insegurança que se estabelece.
R.: A existência do temor da morte violenta, bem como a ausência de espaço para as
faculdades inventivas – as navegações, o cultivo da terra, etc. Além disso, não haverá nenhuma
lei até que os homens designem alguém para promulgá-la. Mas, acima disso, deve-se
considerar que, nessa condição, inexistem noções de justiça ou injustiça; bem ou mal; meu ou
teu; propriedade ou domínio – apenas pertence ao homem aquilo que ele obtém e conserva –;
ou seja, é um estado miserável.
R.: São o temor à morte, o desejo de obter coisas que dão conforto e a esperança de obtê-las
por meio do trabalho.
R.: O Jus Naturale significa a liberdade do homem de usar o seu poder como bem lhe parecer, a
fim de manter sua vida, bem como fazer tudo aquilo que, por sua razão, é adequado para atingir
tal objetivo.
2 – O QUE É LIBERDADE?
R.: É a norma, estabelecida pela razão humana, que impede ações contra a vida, bem como
evita privações dos meios da preservação de sua natureza.
4 – O QUE É DIREITO?
R.: É a liberdade de agir ou omitir.
R.: A segunda lei prega que o homem deve concordar com a renúncia de seu direito a todas as
coisas, contentando-se com a mesma liberdade que permite aos demais, à medida que
considere tal decisão como necessária à manutenção da paz e de sua vida.
R.: O mesmo que privar-se da liberdade de negar a outro homem o benefício de seu próprio
direito à mesma coisa, que implica na redução de impedimentos ao uso do direito natural.
R.: Significa renunciar a um direito visando beneficiar alguém, na esperança de ser beneficiado.
R.: Ou considera o direito que lhe foi reciprocamente transferido ou espera ser beneficiado.
R.: O direito de revide a ataques que visem lhe tirar a vida, uma vez que a renúncia desse não
implica em nenhum benefício.
11 – O QUE É CONTRATO?
R.: É o contrato no qual um dos contratantes entrega o que foi determinado e espera que o outro
cumpra sua parte em um momento posterior.
R.: É a situação em que a transferência de direitos não é mútua. Nela, uma das partes espera
benefícios tais como amizade, serviços, consideração, etc.
14 – O QUE OCORRE COM UM PACTO ATRAVÉS DO QUAL NINGUÉM CUMPRE
PRONTAMENTE A SUA PALAVRA?
R.: Se houver mínima suspeita – desde que razoável – de que isso vá acontecer, o pacto
torna-se nulo.
R.: Não, elas são frágeis diante das paixões dos homens se estes não temem um poder
coercitivo, de modo que não garantem o cumprimento de um contrato.
R.: Não se fazem pactos com os animais em virtude da sua incapacidade de entender nossa
linguagem, de modo que não podem compreender uma transferência de direitos. Em relação a
Deus, é impossível saber se os pactos foram ou não aceitos, exceto por intermédio de
mensageiros ou daqueles com os quais Ele falou.
R.: De dois modos: ou pelo cumprimento daquilo que foi estabelecido, que representa o fim
natural da obrigação; ou pelo perdão, que implica na retransferência de direitos e, portanto, na
reconstituição da liberdade.
R.: Sim, na condição simples de natureza – onde não há leis proibindo o cumprimento do pacto
–, eles são obrigatórios e válidos.
21 – SENDO A FORÇA DAS PALAVRAS MUITO FRACA PARA OBRIGAR OS HOMENS A
CUMPRIREM OS PACTOS, COMO PODEMOS FAZER PARA QUE ELES SEJAM
CUMPRIDOS?
R.: De dois modos: ou pelo temor das conseqüências oriundas do descumprimento do pacto –
que pode vir da parte espiritual ou dos homens ofendidos pelo desrespeito ao que foi firmado –,
ou por orgulho de não faltar ao pacto – uma generosidade rara.
R.: É a que obriga os homens a cumprirem os pactos por eles firmados, para que passem de
palavras vazias.
2 – O QUE É INJUSTIÇA?
R.: Ele define que não há injustiça onde não há Estado; a natureza da justiça consiste no
cumprimento dos pactos válidos. Assim, é uma regra da razão e uma lei da natureza, pois
proíbe ações contra a vida.
R.: Distingue pela conformidade ou pela incompatibilidade entre os costumes e a razão. Assim,
o homem justo e honrado é aquele que se preocupa com a justiça das suas ações – valor
desprezado pelos injustos ou iníquos. Assim, mesmo que o justo cometa uma injustiça, ele o faz
por ceder momentaneamente às paixões; enquanto o injusto, mesmo praticando justiça, não o
faz por hábito, mas sim por temor e pelo benefício aparente que ele pode ter. Além disso, o
homem que age pela justa é inocente; o outro, culpado. Pode-se, ainda, ver a justiça pela
conformidade – ou não – da razão com as ações. A nobreza e a coragem conferem às ações a
virtude da justiça. Essa última denominação – virtude à justiça e, em contrapartida, vício à
injustiça – vem, portanto, da nobreza e da coragem.
R.: Da mesma forma como a justiça depende de um pacto anterior, a gratidão depende da graça
anterior. Ou seja: Quem recebeu um benefício por simples graça, deve esforçar-se para que o
doador não se arrependa da sua boa vontade. Sua desobediência, por sua vez, é denominada
ingratidão.
R.: É a da complacência, ou melhor: cada qual deve se esforçar para conviver com os outros.
R.: É a que determina que se perdoem aqueles que se arrependeram por erros passados como
garantia do futuro. O perdão é, assim, uma garantia da paz.
R.: Estabelece que nenhum homem, por meio de palavras, demonstre ódio ou desprezo. O
desrespeito a essa lei é a injúria.
R.: É a que prega que os homens devem se considerar iguais aos demais – fato estabelecido
por natureza. O desrespeito a essa lei é o orgulho.
R.: Aquela que afirma que, ao se iniciarem as condições de paz, ninguém deve pretender
reservar apenas para si um direito que não aceitaria como privilégio de qualquer outro. O
homem que respeita essa lei é modesto e o que desrespeita, arrogante.
13 – O QUE É EQUIDADE?
R.: É sinônimo de justiça distributiva e é gerada pela observância da lei que determina a
distribuição equitativa a cada homem do que lhe cabe, segundo a razão.
17 – O QUE DITAM AS LEIS DA NATUREZA?
R.: Ditam a paz como meio de preservação da multidão e proíbem coisas que induzem à
destruição do homem. Resumem-se em “faz aos outros o que gostarias que te fizessem”,
R.: É a ciência das leis naturais, do bem e do mal na preservação do homem em sociedade.
Pode-se chamá-la, também, de ciência da virtude e do vício.
R.: Não, pois aquilo erroneamente chamado de lei não passa de um ditame da razão; são
portanto, apenas teoremas ou conclusões
1 – O QUE É PESSOA?
R.: É o ser cujas palavras ou ações são próprias; ou que representa as palavras ou ações de
alguém
R.: A pessoa – um autor também – é o ser representado em suas ações e palavras por um ator.
Nesse caso, o ator atua por autoridade.
R.: O ator é o que representa e o autor é o que é representado e que obriga o outro às mesmas
responsabilidades que ele teria.
6 – O QUE É AUTORIDADE?
R.: É o direito, concedido pelo autor para o ator, de realizar uma ação.
R.: Se o autor obriga, por meio de um pacto, a infringir uma lei da natureza, é ele que deve ser
responsabilizado.
R.: O autor.
R.: Quando é representada por um só homem, que pode atuar de acordo com o consentimento
da multidão.
R.: Quando os representados são vários homens, a voz da maioria é a voz do povo
R.: É a preocupação com sua própria conservação e com uma vida feliz – ou seja, a vontade de
abandonar a miséria de uma condição de guerra.
R.: Pois, sem a espada, somos inclinados a nos render a nossas paixões – sempre negativas e
contrárias aos pactos.
R.: Pelas disputas humanas por honra e dignidade, que geram inveja e ódio e, finalmente,
guerra; porque os animais não diferenciam o bem comum e o bem individual; em função da
ausência do uso da razão entre os animais, fato que não lhes permite julgar uma determinada
administração – ato costumeiro entre os homens; pela carência de voz de expressão do bem e
do mal entre os animais; pela simples satisfação entre os seres irracionais – basta que estejam
satisfeitas para que não se sintam ofendidas; por último, deve-se dizer que o acordo entre os
animais é natural.
R.: Conferir toda força e poder a um homem ou assembléia para que as vontades possam ser
traduzidas em uma só.
6 – O QUE É CONSENTIMENTO?
8 – O QUE É O ESTADO?
9 – O QUE É O SOBERANO?
R.: É o titular da pessoa instituída pelo povo como autor através de um pacto entre todos
10 – O QUE É O SÚDITO?
R.: São as demais pessoas de um Estado que não o soberano; são os que, como autores,
instituem o soberano.
R.: Ou pela força natural, ou pela submissão unânime dos homens a alguém.
R.: Quando uma multidão concorda e pactua que ao homem ou à assembleia que foram
escolhidos, deverão autorizar seus atos e decisões, como se fossem seus, a fim de viverem
pacificamente.
R.: Autores.
R.: Não, pois estariam tirando-lhe o que é seu – o que é uma injustiça.
R.: Não, tendo em vista que não pode haver quebra do pacto da parte do soberano.
R.: Não, pois agirá contra o pacto, sob pena de serem justamente destruídos pelos demais
integrantes do povo.
R.: Não, pois, punindo o soberano e, por conseguinte, seus atos, os súditos punir-se-iam, visto
que são autores dos atos do soberano.
9 – QUAL É A FINALIDADE DA SOBERANIA?
R.: Julgar quais opiniões e doutrinas são contrárias à paz e quais lhe são favoráveis. Assim,
deve examinar quem deve ou não falar à multidão, bem como julgar aqueles que averiguarão a
doutrina de cada livro antes de sua publicação – uma vez que as ações dos homens derivam de
suas opiniões – para evitar a guerra civil.
R.: É através dessas regras que os homens sabem o que lhes pode trazer prazer e quais ações
podem praticar. Esse poder denomina-se propriedade e é necessário à paz. As regras da
propriedade constituem as leis civis – as leis de cada Estado em particular.
R.: É o direito de ouvir e julgar todos os conflitos referentes às leis ou aos fatos que surjam.
Implica, portanto, na decisão das controvérsias.
R.: É o direito pertencente à soberania de julgar quando a guerra com outro Estado será de bem
comum ou não, bem como de manter, unir e preparar um exército.
R.: Pois, além de estar encarregado dos fins do Estado, o soberano deve possuir os meios para
que os fins sejam atingidos.
R.: É o direito que, mesmo não estando previsto em lei, o soberano deve exercer, a fim de
estimular o homens a servirem o Estado ou de afastá-los de qualquer ato contrario à soberania.
R.: É lei que estipula que se atribua um valor aos homens, considerando a estima que eles têm
por si e o desprezo que nutrem pelos outros.
17 – DE QUE ESPÉCIE É A AUTORIDADE ATRIBUÍDA AO SOBERANO?
R.: Pois o poder de todos juntos é o mesmo do soberano, tendo em vista que o primeiro está
todo unido no segundo.
R.: Não, se as formas de governo forem suficientemente perfeitas para proteger os súditos.
Além disso, a condição do homem sempre terá algum incômodo que, se cair sobre o povo em
geral, é menor que aquele que aflige os homens durante a guerra civil ou condição de guerra. É
natural, ainda, que, em tempos de paz, o soberano subtraia do povo tudo o que for necessário
para uma defesa em tempos de guerra.
R.: É aquele que não é impedido de fazer aquilo que deseja e o faz graças à sua força.
R.: Sim, geralmente os atos praticados pelos homens de acordo com a lei surgem do temor de
sanções e seus autores têm a liberdade de omiti-las.
R.: Sim, as causas pelas quais o homem age derivam de alguma necessidade.
R.: As leis civis são laços que o homem mantém com o soberano e com seus ouvidos. Porém,
pela impossibilidade de haver leis que regulam tudo, naquilo que não está previsto, o homem é
inteiramente livre. Assim, a liberdade do súdito reside nas coisas permitidas pelo soberano ao
regular suas ações.
R.: É a liberdade que cada Estado tem de fazer tudo que considerar favorável a si.
R.: Quando o soberano emitir ordem que vá de encontro à preservação da vida ou quando
obrigar a confessar-se.
R.: Não, pois essa liberdade privaria o soberano dos meios para proteger seus súditos.
R.: Apenas enquanto dura o poder através do qual os súditos são protegidos, uma vez que o
direito de defesa não é nunca abandonado.
R.: A proteção.
R.: Sim, por meio de guerras exteriores e em função da ignorância e da paixão do homens.
R.: É a lei individual de cada Estado dirigida a alguma pessoa. Hobbes define que “a lei civil é,
para todo súdito, constituída por aquelas regras que o Estado lhe impõe, usando-as para
distinguir o certo do errado”.
R.: Ordens dadas por aqueles que devem ser obedecidos aos que devem obedecer; regras do
justo e do injusto.
R.: Não, pois, tendo o poder de fazer e revogar leis, o soberano pode libertar-se dessa sujeição
e porque é livre quem pode se libertar quando quiser.
R.: Um costume, desde razoável, só pode ser aceito como lei se a vontade do soberano assim o
quer.
R.: Ambas contêm-se e sua extensão é idêntica. Assim, as leis da natureza, que são qualidades
que predispõem o homem para a paz e a obediência, não são leis. As leis civis só existem a
partir da formação do Estado. Desse modo, a lei da natureza é uma parte da lei civil e,
analogamente a lei civil se encaixa em um dos ditames da lei da natureza – a justiça. As duas
são diferentes partes da lei – uma é escrita; a outra, não. Conclui-se, portanto, que a lei foi
criado para restringir a liberdade natural dos homens.
R.: Não, só àqueles que possam tomar conhecimento dela – a vontade do soberano –, pois
aqueles que não têm tal capacidade são igualmente incapazes de fazer um pacto.
R.: Não faças aos outros o que consideras razoável que te façam.
R.: Pois, em todos os Estados o autor ou legislador é considerado evidente – ele é o soberano
–, e tendo sido constituído pelo consentimento de todos deve considerar-se que é
suficientemente conhecido por todos.
R.: A natureza da lei não consiste na letra, mas na intenção ou significado, isto é, na autêntica
interpretação da lei.
R.: Verifica se o pedido de cada uma das partes é compatível com a equidade e a razão natural,
sendo sua sentença, portanto, uma interpretação autêntica da lei da natureza
R.: A letra da lei é tudo o que se pode inferir das meras palavras – o que permite ambigüidades.
Já a sentença da lei é aquilo que o legislador pretendia expressar.
R.: Primeiramente, uma correta compreensão da equidade; depois, o desprezo pelas riquezas
desnecessárias e pelas preferências; em terceiro lugar, ser capaz de despir-se de sentimentos
que possam influenciar seu julgamento; por último, paciência, atenção e memória.
R.: Entre as divisões das leis positivas humanas, encontram-se as leis distributivas e as penais.
As primeiras determinam os direitos dos súditos e, a eles, todos devem respeito. As penais
determinam a penalidade a ser imposta àqueles que violam a lei e são impostas por pessoas
determinadas. Nessa última, a ordem se dirige ao ministro público que deve ordenar a execução
da pena.
R.: São várias. Primeiramente, cita-se a que se assemelha às doenças de um corpo defeituoso:
o homem, no momento da obtenção de um reino, contenta-se com menos poder que o
necessário para manter o Estado, o que, mais tarde, acarretará em dificuldades para o
soberano. Após essa enfermidade, vêm as doenças derivadas do veneno das doutrinas
sediciosas. Dentre elas, cita-se: todo homem, em particular, é juiz das suas boas e más ações,
fato que resulta em debates e discordância das ordens estatais e, mais tarde, em desobediência
da parte dos súditos e enfraquecimento da parte do Estado; qualquer coisa que um homem faz
contra sua consciência é pecado. Outra enfermidade é que considera que o soberano está
sujeito às leis civis. Erra-se, ainda, quando se considerar que todo indivíduo tem propriedade
absoluta de seus bens. Um sexto engano consiste em pensar que a soberania é divisível. Há,
ainda, aquela em que o Estado está em mais de uma pessoa, assemelhando-se a gêmeos
siameses. Cabe lembrar, também, que existem outras enfermidades – menores, mas que devem
ser observadas.