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Fichamento THOMAS HOBBES DE MALMESBURY, ‘’Leviatã’’.

CAPÍTULO XIII
Da condição natural da humanidade relativamente à sua felicidade e miséria

XIII
1: Para Hobbes, a
natureza criou os
homens iguais nas
faculdades do corpo e
do
Para Hobbes,
a natureza
criou os
homens
iguais nas
faculdades do
corpo e do
1: Para Hobbes, a natureza criou os homens iguais nas faculdades do corpo e do espírito. No que
diz respeito à força corporal, o mais fraco tem força o bastante para matar o mais forte (através
de maquinações ou alianças). Já quanto às faculdades mentais, somos ainda mais similares.
Iguais na capacidade de escolha. Iguais na esperança quanto ao nosso Fim.
2: Os homens entram em conflito, naturalmente. “Tornam-se inimigos e, no caminho que
conduz ao Fim, tratam de eliminar ou subjugar uns aos outros”.
3: A desconfiança mútua tem origem no temor do homem na força do outro que, uma vez bem
sucedidos em seus empreendimentos de invasão, temem a invasão alheia.
4: Os homens tendem a achar que seus semelhantes devem valorizá-lo tanto quanto ele próprio
o faz e, na falta de um poder maior que os sujeite, tentam arrancar ao máximo a estima de seus
contendores, infligindo-lhes danos. Destroem-se mutuamente.
5: A Competição faz os homens atacarem um ao outro para lograr benefício, a Desconfiança
rende-lhes Segurança e a Glória, a Reputação. A primeira vale-se da violência para apossar-se
das coisas; a segunda para defender esses bens; a terceira faz com que se recorra à força por
motivos fúteis e insignificantes.
6: Tem-se, em consequência, a condição que se denomina Bellum Omnium Contra Omnes, isto
é, a Guerra de Todos Contra Todos. A natureza dessa Guerra consiste não somente na luta real,
mas na disposição para tal e durante todo esse tempo não se tem segurança, pelo contrário.
7: A vida do homem nesse período é solitária, pobre, embrutecida e curta, desprovida de
qualquer prazer ou Faculdade Inventiva. É fria e melancólica, como um dia de inverno com o
céu encoberto.
8: Durante esse período, nada pode ser considerado Injusto, uma vez que não há discernimento
entre o Bem e o Mal, entre o Justo e o Injusto, Meu e Seu, Propriedade e Domínio. Não há,
portanto, nenhuma Lei até que os homens elejam um poder comum para executá-la. O medo da
morte violenta também é constante. Um estado miserável.
Capítulo XIV
Da primeira e Segunda leis naturais, e dos contratos

9: O Jus Naturale é a liberdade de cada homem de dispor de qualquer meio possível para
proteger sua vida, ou seja, conservar sua natureza.
10: Lex Naturalis é a norma estabelecida pela razão que proíbe o homem de agir deforma a
destruir sua vida ou omitir os meios necessários à sua preservação.
11: Por sua vez, o direito é a liberdade de agir ou de emitir e essa é a grande diferença entre o
direito (Jus) e a lei (Lex) da Natureza.
12: O homem deve concordar com a renúncia de seu direito a todas as coisas, contentando-se
com a mesma liberdade que permite aos demais, à medida em que considere necessária essa
decisão para a manutenção da Paz e em sua própria defesa.
Ou seja, renunciar a um direito em benefício de outrem esperando ser recompensado.
14: Ninguém renuncia ao direito de tentar se defender quando alguém ataca contra sua vida,
pois esse não lhe traz nenhum benefício. Também ninguém aceita ferimentos, prisão e cárceres.
15: Quando um dos contratantes entrega o que foi contratado e espera, confiando na palavra do
outro, que esse cumpra sua parte estabelece-se um Pacto ou uma Convenção.
16: Quem transfere qualquer direito transfere, igualmente, os meios de usufruí-lo enquanto está
sob seu domínio.
17: Os animais não podem transferir ou permutar direitos, pois os animais não entendem nossa
linguagem e com Deus, a não ser por meio da mediação, não se pode saber se o Pacto foi aceito.

CAPÍTULO XVII
Das causas, geração e definição de um

35: A pessoa – um autor também – é o ser representado em suas ações e palavras por um ator.
Nesse caso, o ator atua por autoridade.
36: O ator é aquele que representa as palavras e ações de outrem, o autor.
37: O autor deve cumprir o pacto, ainda que esse tenha sido realizado por um ator, afinal, o ator
obriga o autor às obrigações que teria.
38: Se o autor obriga o ator, por meio de um pacto, a infringir a lei da natureza é ele (o autor)
que deve ser responsabilizado.
39: O pacto obriga o autor.
40: Coisas inanimadas, crianças, imbecis e loucos não podem celebrar um pacto, pois não detêm
pleno domínio da razão.
41: Sem a força da espada, estamos inclinados a nos render a nossas paixões – negativas e
contrárias aos pactos.
42: Para proteger-se dos outros o homem confiará apenas em sua própria força e capacidade.
43: O ideal é conferir toda força e poder a um homem ou a uma assembléia de homens que
possa reduzir a pluralidade de vontades a uma só, a unidade de todas as vontades.
44: O estado é a união de toda uma multidão sob uma só Pessoa, uma pessoa instituída pelos
atos de uma grande multidão, mediante pactos uns com os outros, como Autora, de modo a
poder usar a força e os meios de todos para assegurar a paz e a defesa comum.
45: O estado por aquisição é aquele conquistado pela força e pela submissão involuntária - pacto
entre vencido e vencedor, entre pai e filho. Já o estado por instituição é aquele onde os súditos
acordam e escolhem um homem a quem irão transferir seus direitos por meio de um pacto
voluntário entre todos.
CAPÍTULO XVIII
Dos direitos dos soberanos por instituição

46: Uma multidão concorda e pactua que ao homem ou à assembléia que foram escolhidos,
deverão autorizar seus atos e decisões, como se fossem seus, a fim de viverem pacificamente.
47: Uma vez que o direito de representar todos é conferido ao soberano, mediante um pacto
celebrado entre cada um e cada um, e não entre o soberano e cada um dos outros, não pode
haver quebra do pacto por parte do soberano.
48: Cada súdito é autor das ações do soberano.
49: O soberano não pode ser punido, pois uma vez que os súditos são autores do soberano, se
este fosse punido estaria sendo castigado pelos atos de outrem.
50: O soberano julga todos os meios necessários para a paz e a segurança dos súditos e do
Estado.
51: Cabe ao soberano julgar quais doutrinas são contrárias à paz e quais lhe são favoráveis.
Também até que ponto e o que se deve conceder àqueles que falam às multidões e quem deve
examinar a doutrina de todos os livros antes de sua publicação, para evitar a guerra civil.
52: Há o poder de prescrever as regras através das quais todo homem pode saber quais os bens e
lhe trazem prazer, e quais as ações que pode praticar sem ser molestado por nenhum de seus
concidadãos. Esse poder, necessário à paz, é denominado propriedade e constitui as leis civis
(de cada Estado em particular).
53: Decisão de controvérsias é o direito de ouvir e julgar todos os conflitos que possam surgir
com respeito às leis, tanto civis quanto naturais, bem como também em respeito aos fatos.
54: Há o direito de julgar quando a guerra contribui para o bem comum e a quantidade de forças
que deve ser reunidas, armadas e pagas para esse fim, consequentemente obtendo dinheiro dos
súditos para esse fim.
55: Além de estar encarregado dos fins do Estado, o soberano deve possuir os meios para que os
fins sejam atingidos.
56: Há um direito que, mesmo não estando previsto em lei, o soberano deve exercer, a fim de
estimular os homens a servirem o Estado ou de afastá-los de qualquer ato contrário à soberania.
57: O soberano deve atribuir um valor (recompensar) os homens que bem serviram e são
capazes de servir bem ao Estado, considerando a estima que eles têm por si e o desprezo que
nutrem pelos outros.
58: O poder de todos juntos é o mesmo do soberano, tendo em vista que o primeiro está todo
unido no segundo.59: O soberano não pode ser destituído, pois a segurança que encerra sobre
seus súditos é muito melhor que a condição miserável e precária da guerra.

CAPÍTULO XXI
Da liberdade dos súditos

62: As leis civis são espécies de cárceres artificiais que através da pactos mútuos ficam presos
por uma das extremidades ao homem ou à assembléia a quem confiaram o poder soberano e por
outra a seus próprios ouvidos. Porém, pela impossibilidade de haver leis que regulam tudo,
naquilo que não está previsto, o homem é inteiramente livre. Assim, a liberdade do súdito reside
nas coisas permitidas pelo soberano ao regular suas ações.
63: Quando o soberano ordena que o súdito se mate, se fira, ou atente contra sua própria vida e
bem estar, bem como quando é obrigado a confessar, uma vez que o pacto nos impede de nos
incriminar.
CAPÍTULO XXVI
Das leis civis

64: Hobbes define que “a lei civil é, para todo súdito, constituída por aquelas regras que o
Estado lhe impõe, usando-as para distinguir o certo do errado”.
65: Ninguém pode estar sujeito a si mesmo. Porém, tendo o poder de fazer e revogar leis, o
soberano pode libertar-se dessa sujeição e porque é livre quem pode se libertar quando quiser.
66: As leis da natureza são ditames da razão que predispõem os homens para a paz e a
obediência. As leis civis só existem a partir da formação do Estado. Desse modo, a lei da
natureza é uma parte da lei civil e, analogamente a lei civil se encaixa em um dos ditames da lei
da natureza – a justiça. As duas são diferentes partes da lei – uma é escrita; a outra, não.
Conclui-se, portanto, que a lei foi criada para restringir a liberdade natural dos homens.
67: Máxima das leis naturais: não faças aos outros o que não consideras razoável que te façam.
68: Em todos os Estados o autor ou legislador é considerado evidente – ele é o soberano–, e
tendo sido constituído pelo consentimento de todos deve considerar-se que é suficientemente
conhecido por todos.
69: A interpretação de todas as leis depende da autoridade soberana, e os intérpretes só podem
ser aqueles que o soberano venha a designar.
70: A natureza da lei não consiste na letra, mas na intenção ou significado, isto é, na autêntica
interpretação da lei.
71: A letra da lei é tudo o que se pode inferir das meras palavras – o que permite ambiguidades.
Já a sentença da lei é aquilo que o legislador pretende expressar.
78: Entre as divisões das leis positivas humanas, encontram-se as leis distributivas e as penais.
As primeiras determinam os direitos dos súditos e, a eles, todos devem respeito. As penais
determinam a penalidade a ser imposta àqueles que violam a lei e são impostas por pessoas
determinadas. Nessa última, a ordem se dirige ao ministro público que deve ordenar a execução
da pena.

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