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I. Contextualização
1. Concepção do homem
2.Estado de Natureza
2.1 Estado onde o homem disputa de todas as coisas por direito natural e absoluto.
2.2 Direito de Natureza: é o direito e a liberdade de cada um para usar todo o seu poder —
inclusive a força — para preservar a sua natureza e satisfazer os seus desejos.
2.3 Lei Natural: é a regra geral, ditada pela razão, que obriga cada um a preservar a sua
própria vida e o proíbe de destruí-la
2.3.1 Primeira Lei da Natureza: todo homem deve esforçar-se para que a paz exista e seja
mantida desde que haja expectativas reais de consegui-lo.
2.3.2 Violação da Primeira Lei da Natureza: faz com que passe a vigorar apenas o Direito de
Natureza: todos recorrem ao livre uso da força para aumentar seu poder ou para impedir
que o seu poder seja controlado por terceiros = Estado de Guerra.
2.4 Estado de Natureza = Estado de Guerra
2.4.1 Mesmo que não exista estado de batalha
2.4.2 Plena liberdade e total terror: a violência é iminente e pode ocorrer da forma mais
imprevisível, sem qualquer causa aparente
2.4.3 Homens: Não podem gerar riqueza: ocupam-se durante todo o tempo em atacar outros
ou em protegerem-se da possibilidade de serem atacados.
3.1 Segunda Lei da Natureza: para que haja paz e segurança, os homens devem concordar
conjuntamente em renunciar ao direito de natureza (uso individual e privado da força)
3.1.1 Todos renunciam absoluta e simultaneamente
3.1.2 Ao renunciar, os homens transferem esse direito para outra pessoa, externa ao pacto:
como todos os homens pactuam, esta pessoa não é um ser humano
3.1.3 Trata-se de um ser artificial, que se origina do pacto e que recebe os direitos e
poderes naturais de todos os indivíduos: é o soberano = Estado
3.1.4 O pacto cria o soberano: todos os membros se tornam seus súditos, logo, todos
devem obedecer ao soberano
3.1.5 A ordem política resulta do cálculo racional dos homens
3.2 Obrigação política (obediência) resulta da Terceira Lei da Natureza: os homens devem
cumprir os pactos que fazem
3.2.1 É lei exigida pela razão e garantida pelo soberano: inclui a noção de consentimento
(razão) e a noção de coerção (poder do soberano)
3.3. Soberania: poder do soberano é ilimitado
3.3.1 Por não participar do pacto, o soberano não tem nenhuma obrigação ou compromisso
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para com ele
3.3.2 Além disso, o soberano concentra em si toda a força à qual renunciaram todos os
homens.
3.3.3 Mas o soberano, como pessoa artificial, não deverá manifestar as mesmas falhas dos
homens naturais
3.3.4 Por isso o soberano deverá atacar às leis da natureza: este é o seu limite
3.3.5 Função do soberano: é fazer valerem as leis da natureza: garantir a paz e a segurança
dos súditos
3.3.6 A obrigação dos súditos: rua enquanto o soberano cumprir a sua obrigação
3.3.7 Leviatã é um monstro mortal: morre se não realizar a sua missão: segurança dos
súditos e as liberdades privadas que justificam a sua criação e que serão expressas na lei
civil.
3.4 A liberdade dos súditos é resguardada em tudo o que não se refere ao pacto e em tudo
aquilo que a lei não se pronuncia
3.4.1 O pacto institui o soberano: é isto que garante condição de paz e segurança para o
exercício da liberdade na esfera privada.
3.5 Igualdade: natureza faz homens iguais nas faculdades do corpo e da mente: igualdade
factual e natural
3.5.1 Igualdade política: igualdade de forma perante a lei
3.6 Estado de Natureza: todos têm direito a tudo: não há como definir pretensões justas ou
injustas
3.6.1 Não há qualquer critério da natureza para estabelecer a propriedade: não há lei sem
autoridade que estabelece o que é que pertence a cada um; então não pode existir justiça
3.6.2 Justiça: significa dar a cada um o que lhe pertence: baseada na ideia de propriedade
3.6.3 Se a propriedade não existe no estado de natureza, tampouco pode-se esperar que
exista justiça
3.6.4 Justiça e propriedade: só podem existir na sociedade política
3.6.5 É o soberano que atribui a cada homem uma parcela conforme o que ele próprio
considera compatível com a equidade e o bem comum
3.6.6 Propriedade: é um conjunto de direitos artificiais sobre algo, impedindo o seu desfrute
não autorizado por parte de outros — mas sem impedir que o soberano o faça.
5.1 Representação autoritativa: mandato independente — uma vez autorizado, o ator é livre
para decidir em nome dos interesses do autor
5.1.1 Soberano: representa todos os súditos no que diz respeito à paz e à segurança
coletiva
5.1.2 Todos submetem suas decisões à decisão do soberano porque não há oposição entre
súditos e soberano.
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6.1 Não há noção de totalidade: povo, vontade geral, etc.
6.1.1 Cada homem é uma unidade no momento anterior ao pacto, no momento dos pactos e
posterior ao pacto.
8. Relações Internacionais
8.1 Estados soberanos vivem em contínua vigília de armas: perpétuo estado de guerra
8.1.1 Cada Estado é livre para buscar o que for mais favorável ao seu próprio interesse
8.2 Não existe direito positivo acima do Estado
8.2.1 A única coisa que os contêm é o cálculo racional e o temor da destruição recíproca
8.2.2 Contradição: aparentemente o Estado soberano não está tão sujeito quanto os
homens às paixões humanas
8.3 Soberano: comanda exércitos, controla comércio externo, celebra acordos e contratos
com outros Estados.
9. Método de Hobbes
9.1 Resolutivo-compositivo.
9.1.2 Reduz a realidade às suas partes mínimos para depois recompô-las em um “todo”
significativo
9.2 Lógica racional-dedutiva
9.2.1 Rejeita a história e a exemplificação
9.2.2 Seu estado de natureza não tem base empírica: é o exercício contrafactual: sendo os
homens o que são, como seria a vida coletiva se não houvesse Estado?
9.3 Trabalha com antinomias: estado de natureza VS sociedade política; razão VS paixão
(desejos e aversões)
9.3.1 Antinomias: não permitem trânsito natural: criação da pessoa artificial é que torna a
ordem positiva.
9.4 Rejeita a história
9.4.1 Não tem base empírica
II. Leviathan
1.Introdução
Em sua obra “Leviathan”, Thomas Hobbes reflete sobre a impossibilidade do retorno dos
homens ao estado de natureza, quando, entre outras coisas, afirma que os homens foram
feitos iguais. Argumenta que sua natureza leva à discórdia (competição, desconfiança e
desejo de glória). Sem um poder comum, os homens estarão sempre nesse estado de
natureza, ou seja, em constante estado de guerra uns contra os outros, havendo, assim, a
necessidade de um poder comum que os ordene, pois não existe um equilíbrio entre atritos
e a estabilidade — sempre que não houver a paz, necessariamente se travará a guerra.
Nessa guerra de todos contra todos, nada pode ser injusto. Não existe distinção entre bem e
mal, justiça e injustiça. Onde não há bem comum, não há lei, e onde esta não existe,
certamente não haverá justiça. No estado de guerra, força e fraude são consideradas
virtudes.
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É de fundamental importância, também, destacar-se que nesse estado não há definição de
propriedade. Consequentemente, será de cada um o que seus próprios esforços conceder
adquirir e só clamará direitos sobre isso enquanto puder mantê-lo.
O medo constante leva os homens a entrar em guerra. Por isso, é também em virtude do
desejo de confronto e esperança de uma boa vida através do trabalho, o homem tende à
paz. Assim, surgiram às leis, as normas estabelecidas para chegar-se a esse fim. Os
homens renunciam aos seus direitos em troca de estabilidade e boas condições de vida e,
uma vez feita essa troca, em forma de pacto, encontram-se diante da impossibilidade e
voltar ao estado em que primeiramente se encontravam. Em uma sociedade, não se disporá
a renunciar a todas as suas regalias e voltar a um estado primitivo de vida repleto de
inseguranças.
2. Concepção do homem
Sob a visão de Thomas Hobbes, o homem é uma máquina natural submetida a estrito
encadeamento de causas e efeitos, o qual envolve apetites e aversões. Seus desejos têm
objetos distintos, variam de intensidade, e são sujeitos a mudanças (podem perder sua
importância).
Nesse contexto, subjetivizam-se os conceitos de bem e mal, afirmando-se ser o bem o que
satisfaz os apetites de glória, dinheiro e poder, e o mal, o que conteria os apetites e geraria
aversões.
Faz parte da natureza humana agir deliberadamente, visar sempre a satisfação de seus
desejos, e a ganância. Devido à possibilidade de variação na intensidade dos seus desejos,
uns almeja porções maiores que os outros, o que não interfere no propósito comum a todos:
a busca do poder.
Nesse estado, possuem o chamado direitos de natureza, o qual consiste na liberdade dos
homens de unirem-se a fim de preservar suas vidas e, consequentemente, fazer tudo a quilo
que seu julgamento e razão mostram adequar-se a isso. Em outras palavras, é o direito à
sobrevivência.
Assim, o homem deve esforçar-se para que exista a paz e que esta seja mantida, mas, no
entanto, não deve renunciar aos seus direitos em favor dos outros — deve garantir a sua
própria existência acima de qualquer princípio. Se o estado de harmonia em que se
encontrar for violado, é digno de recorrer ao livre uso da força se não para aumentar seu
poder, para impedir que ele seja controlado.
Uma consequência do que foi acima descrito é a dificuldade do homem em gerar riquezas:
ocupa-se primordialmente em atacar os outros ou proteger-se contra ataques alheios.
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4. Características do pacto
A fim de estabelecerem-se a paz e a segurança Thomas Hobbes diz que os homens devem,
absoluta e simultaneamente, renunciar ao direito de natureza (uso individual e privado da
força) e transferi-lo a alguém externo ao pacto. Destaca-se, porém, que esse “alguém” não
poderia ser um ser humano, já que todos desta espécie são vinculados ao pacto. O meio
encontrado para concentrar esse pode central foi o estabelecimento do Estado político,
cujos interesses são defendidos pelo soberano. É considerado um ser artificial, de categoria
divina. Ele não age de acordo com sua vontade; sua autoridade foi consentida pelos
membros de seu governo. Portanto, todos os seus atos constituem, necessariamente, os
desejos da coletividade. Como consequência, tem-se que contestar a ele seria o mesmo
que se opor a si mesmo.
Por ser externo ao pacto, o soberano possui poder ilimitado e não contrai, portanto,
obrigações. Concentra todas as forças a que renunciaram os homens. Sua função é fazer
valerem as leis da natureza. Mediante isso, podem-ser destacados os direitos do soberano:
# 1: feito um pacto, qualquer fato ou contrato anterior que o contrarie deve ser suprimido;
# 2: nenhum súdito pode libertar-se da sujeição ao soberano — o soberano representará a
vontade geral do início ao fim e renunciar a ele seria uma contradição;
# 3: se a maioria, por voto de consentimento, escolher um soberano, os que tiverem
discordado devem passar a consentir juntamente com os restantes;
# 4: nada que o soberano faça pode ser considerado injúria contra qualquer um de seus
súditos;
# 5: aquele que detém o poder do soberano não pode ser punido por seus súditos;
# 6: compete à soberania ser juiz de quais as opiniões e doutrinas que são contrárias à paz,
e quais as que lhe são propícias;
# 7: pertence à soberania do poder de prescrever as regras de propriedade; a autoridade
judicial; direito de fazer guerra e paz com outras nações e Estados; escolher os
conselheiros, ministros, magistrados e funcionários, tanto na paz como na guerra; e direito
de recompensar com riquezas e honras, e o de punir com castigo corporal ou pecuniário, ou
com a ignomínia, a qualquer súdito, de acordo com a lei que previamente estabeleceu.
As liberdades dos súditos abrangem somente o que não se refere ao pacto e ao que a lei
não se pronuncia. É o princípio do direito privado: tudo que não é proibido é permitido.
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Thomas Hobbes diz que é importante observar-se, neste ponto, que se um monarca
renunciar à soberania, tanto para si mesmo como para seus herdeiros, os súditos voltam à
absoluta liberdade de natureza.
III.Bibliografia