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O conceito de Estado e

sociedade em Locke e Rousseau

Profa. Ma. Denise Albuquerque


Os jusnaturalistas ou contratualistas:
▪ Jusnaturalismo – desenvolvimento da ideia do “direito natural”
(início do séc. VII e fins do séc. VIII).
▪ Ao Estado cabe respeitar e legitimar os direitos natos dos indivíduos,
o que reduz o poder estatal a uma função derivada dos direitos
individuais.
▪ A ordem política tem por finalidade coibir qualquer violação desses
direitos.
▪ Contrato social – pacto estabelecido entre os homens, sobre a
autoridade e as normas de convivência social, aos quais passam a se
submeter, renunciando à sua liberdade individual e natural. Este
pacto é o fundamento da instituição do Estado.
Os jusnaturalistas ou contratualistas:
▪ Para Hobbes e Locke, a “sociedade civil” não se contrapõe
ao “Estado” nem remete à sua coexistência, mas significa a
sucessão de dois momentos, dois estados: um natural, sem
leis e autoridades, e o outro, o estado, ou sociedade civil ou
político, após um contrato social, em que se estabelecem
normas, leis e autoridades.
▪ Sociedade civil (organizada, institucionalizada) opõe-se à
sociedade natural (espontânea, primitiva, anárquica).
Os jusnaturalistas ou contratualistas:
❑Sociedade civil = sociedade política (Estado).
❑Estado-civil ≠ Estado de natureza (renegado por Hobbes).
▪ No “estado de natureza” os indivíduos vivem isolados e atuam
seguindo suas paixões, instintos e interesses. Nele os indivíduos
são livres e iguais, sendo o local do exercício dos direitos
individuais naturais. Já no “estado civil” (ou “político”), os
indivíduos estão unidos e vivem segundo os ditames da razão a
partir de normas e autoridades constituídas.
▪ O Estado seria produto do contrato social, ou seja, conjunção
das vontades individuais.
Os jusnaturalistas ou contratualistas:
▪ Thomas Hobbes (Inglaterra, 1588-1679) – principal obra:
Leviatã (1651).

É um estado configurado pela existência de um


Estado de desejo perpétuo de poder pelos homens. O
natureza = poder é definido pela capacidade individual de
adquirir riqueza, reputação e de comandar e
guerra de dominar os outros. Todo homem vê os outros
todos contra como concorrentes, pois são iguais na capacidade
todos de alcançar seus fins, podendo até causar um ao
outro a morte, na defesa de seus semelhantes.
Hobbes:

▪ No estado de natureza, além do medo da morte violenta, “não há


propriedade, nem domínio, nem distinção entre o meu e o teu; só
pertence a cada homem aquilo que ele é capaz de conseguir, e
apenas enquanto for capaz de conservá-lo”.
▪ Para evitar a “guerra de todos contra todos”, os indivíduos
entregariam seus direitos naturais, sua liberdade e propriedade a um
só soberano – o Estado -, que manteria o controle sobre todos.
▪ O Estado e o governante deveriam ser dotados de poderes absolutos,
para que pudessem fazer frente aos instintos destrutivos dos
indivíduos (burguesia ascendente) e protegê-los de si mesmos.
Hobbes:
▪ 3 atributos fundamentais da soberania do pacto de união:
Irrevogabilidade – O pacto que institui o poder do soberano é
feito por todos os indivíduos, assim, a rescisão do contrato
requer a aceitação de todos, ou seja, requer a unanimidade.
▪ Caráter absoluto – A vontade única do soberano vai substituir a
vontade de todos, a todos representando. “A obrigação dos
súditos para com o soberano dura, enquanto durar o poder
mediante o qual ele é capaz de protegê-los”. (Hobbes).
▪ Indivisibilidade do poder e da autoridade – A soberania é
indivisível e a melhor forma de governo é a monarquia
(absolutista).
Os jusnaturalistas ou contratualistas:
▪ John Locke (Inglaterra, 1632-1704) – obra política: Segundo tratado
sobre o governo (1690).
▪ “Estado de natureza” = estado de absoluta liberdade, passível de
conflitos em razão da ausência de leis e de coerção, porém, o possível
conflito ameaça a paz natural.
▪ Para Locke, a propriedade privada não é objeto de disputa pela força
(como em Hobbes), mas tem como fundamento originário o trabalho.
Locke:

▪ Os homens tornavam-se proprietários à medida que


transformavam o “estado comum” da natureza através de seu
trabalho, visando a sua subsistência e satisfação.
▪ A existência de homens ricos e pobres é justificada pela
capacidade de trabalho de cada um de criar valores.
▪ A passagem do estado de natureza à sociedade civil ou política,
mediante o contrato social, se faz para assegurar e conservar o
direito natural à propriedade. Ou seja, a garantia da
propriedade é a finalidade em função da qual os homens
instituem o Estado.
Locke:
▪ Entende que a propriedade já existe no estado natural, sendo
esta uma instituição anterior à sociedade civil ou política. Ou
seja, a propriedade é um direito natural do indivíduo a partir do
seu trabalho. (DIFERENÇA COM HOBBES!)
▪ Rejeitava a noção de um Estado absoluto e defendia a divisão
dos poderes. (DIFERENÇA COM HOBBES!)
▪ Predomina a ideia de superioridade do poder legislativo,
devendo ser o poder executivo a ele subordinado.
▪ O contrato é um pacto de consentimento dos indivíduos para a
proteção da propriedade. Institui um poder limitado (executivo
é subordinado ao legislativo), prevendo o direito de resistência,
a revogação da autoridade.
Os jusnaturalistas ou contratualistas:
▪ Jean Jacques Rousseau (Suíça, 1712-1778) – difere
radicalmente dos demais.
▪ O estado originário do homem (estado de natureza) não é o
de “guerra de todos contra todos”, mas um estado feliz e
pacífico, já que o homem , não tendo outros carecimentos
além daqueles que podia satisfazer em contato com a
natureza, não se via no dever nem de se unir nem de
combater os próprios semelhantes.
Rousseau:
▪ “O homem é bom a sociedade o corrompe”.
▪ É a instituição da propriedade privada que origina a
emergência das “grandes desigualdades” de acesso à
riqueza, rivalidade de interesses e a concorrência, as quais
tornam o egoísmo a motivação básica da vida social.
▪ SOCIEDADE CIVIL = SOCIEDADE CIVILIZADA
Rousseau:
▪ “Civilizado” tem conotação negativa.
▪ Considerava que a sociedade civil é civilizada (cheia de defeitos,
usurpações, banditismos, explorações) porque ainda não é
política. Esta só surgirá quando houver um contrato social que
recupere o Estado de natureza (civilizado).
▪ São os indivíduos que devem criar as leis que regulam suas
vidas e o governo deve se submeter à soberania do povo.
▪ O soberano, constituído pelo pacto social, é o povo, ditando a
vontade geral, cuja expressão é a lei, e esta não pode ser injusta.
Só o soberano (o povo) tem qualidade para fazer a lei. Somente
o poder legislativo dispõe de força soberana.
EM SÍNTESE, TEMOS:
▪ Jusnaturalistas modernos/liberais clássicos
SOCIEDADE CIVIL ≠ SOCIEDADE NATURAL (estado de
guerra)
SOCIEDADE CIVIL = SOCIEDADE POLÍTICA = ESTADO

A sociedade civil equivale à sociedade civilizada


em oposição à sociedade primitiva percebida
como em permanente estado de guerra.
EM SÍNTESE, TEMOS:

▪ Rousseau:
SOCIEDADE CIVIL ≠ SOCIEDADE POLÍTICA (ou Estado)
SOCIEDADE CIVIL = SOCIEDADE CIVILIZADA (estado de guerra)

A sociedade civil (civilizada) é quem vive em estado de


guerra e a sua superação (recuperação do estado de
natureza) se dá com a sociedade política surgida mediante
contrato social.

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