Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Dados bibliográficos:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7420148/mod_resource/content/1/ROUSSEAU.%20
Do%20Contrato%20Social-%20trechos%20selecionados.pdf
1. Sobre o autor: Jean-Jacques Rousseau foi um filósofo suíço do séc. XVIII, conhecido
por sua obra “O Contrato Social”. Nesta obra, Rousseau desenvolve sua teoria política
e social, explorando a ideia de um contrato voluntário entre os indivíduos para
estabelecer uma forma justa e legítima de governo.
O contexto histórico e cultural em que Rousseau viveu foi marcado pela transição do
Antigo Regime para o Iluminismo e pela agitação social e política na França
pré-Revolução Francesa. Ele testemunhou a desigualdade social, a injustiça e a
opressão, o que influenciou profundamente seu pensamento filosófico.
2. Tese: O contrato social permite que as pessoas sejam tão livres quanto antes, ao
unir-se em um grupo político que terá mais poder para proteger os interesses de cada
indivíduo do que uma pessoa sozinha, desde que todos sigam estritamente suas regras.
3. A força: Antes de existir um Contrato Social, qualquer pessoa possuidora de maior
força poderia se tornar dominante sobre os outros. No entanto, sempre havia o risco de
alguém mais forte surgir e substituí-lo. Se as pessoas são obrigadas a obedecer apenas
pela força, elas irão desobedecer para tentar se tornar mais fortes, pois não têm o dever
de obedecer. Portanto, o poder baseado na força não confere direitos ou se caracteriza
como poder legítimo.
a. A escravidão: Uma vez que a força é um poder ilegítimo, é lógico concluir que
ninguém tem autoridade natural sobre os outros. A autoridade legítima entre as
pessoas é baseada nas convenções.
Como as pessoas não têm autoridade sobre as outras, não podem se vender em
troca de obediência eterna a um comprador, o que o autor considera um ato de
loucura. Para ele, não há nada que compense renunciar a todos os direitos e
responsabilidades. É interessante observar que, pelo fato dos seres nascerem
vivos, não é possível alienar os próprios filhos.
O Contrato Social estabelece uma forma de associação que visa proteger, com toda a
força coletiva, a vida e os bens de cada membro, permitindo que cada um, ao se unir
ao todo, permaneça tão livre quanto antes, obedecendo a si mesmo.
5. Soberania: O soberano não pode impor a si mesmo algo que não possa cumprir, pois
seria contraditório. Além disso, ofender um membro afeta o corpo como um todo, e o
contrário também é verdadeiro: é impossível que o corpo busque prejudicar seus
próprios membros.
6. Estado civil: A liberdade natural concede aos seres humanos a capacidade de buscar
qualquer ambição que desejem. No entanto, no estado civil, que é restrita pela vontade
geral, e pela liberdade moral, que significa estar em conformidade com as leis criadas
por si mesmo. Ainda, surge a noção de propriedade, que substitui a simples posse é
fundamentada em um título positivo.
8. Divisão das leis: Existem quatro relações essenciais no âmbito da coisa pública. A
primeira diz respeito às relações entre o povo e o soberano, ou entre o soberano e o
Estado, as quais são regidas pelas leis políticas ou fundamentais. A segunda relação
refere-se às interações entre os membros entre si, que devem ser em menor escala para
garantir a independência de cada membro, ou entre os membros e o corpo político, que
deve ser em maior escala para garantir a dependência da comunidade; dessa relação
surgem as leis civis, que emanam da interação entre a força do Estado e a liberdade
individual. A terceira relação envolve a interação entre o homem e a lei, e é nessa
relação que são estabelecidas as leis criminais. Por fim, a quarta e última relação diz
respeito aos usos e costumes estabelecidos na sociedade.
9. Governo: Dentro do corpo político, encontramos o poder legislativo, relacionado à
vontade, e o poder executivo, relacionado à força. O poder legislativo reside no povo,
enquanto o poder executivo está nas mãos do governo, que atua como intermediário
entre os súditos e o soberano, encarregando-se de executar as leis e preservar a
liberdade.
11. A censura: O julgamento público é proclamado por meio da censura, assim como a
vontade geral é expressa pelas leis. Os julgamentos têm o propósito de reforçar os
costumes estabelecidos pela legislação, contribuindo para sua preservação, mas não
para sua restauração.
Embora não haja uma preferência clara por um sistema de governo específico,
Rousseau levanta um ponto relevante sobre a representatividade. Segundo ele, um
representante pode corromper a vontade geral, pois é improvável que todos os
representados pensem exatamente da mesma maneira. A vontade dos representantes
apenas se assemelha à vontade geral, e, a longo prazo, isso pode minar o próprio
funcionamento da sociedade civil.