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Teoria Política: Clássicos e Modernos

1. Renascimento e Iluminismo

1.1. Maquiavel

1.1.1. Realismo político

● Retoma algumas ideias da Antiguidade Clássica, mas desenvolve um


pensamento muito realista e oposto ao Humanismo, fundamentando-se no
empirismo e apresentando ideias anti utópicas, escrevendo sobre como o Estado
e o governo funcionavam na realidade;
● Afirma que a política é uma arena em que procurar a virtude frequentemente
conduz à ruína do Estado;
● Recusa a ética religiosa e encara a política como estando ao serviço da
manutenção do Estado;
● Propõe não a emergência de um poder absoluto mas a centralização do poder
político;
● Partilha uma visão pessimista do ser humano enquanto um ser egoísta, por isso
considerando que não vale a pena tentar criar uma sociedade baseada em
aspirações morais.

1.1.2. Exercício do poder

● Considera que o líder deve:


- Ter o poder do leão;
- Ser astuto como a raposa;
- Inspirar medo – pois é melhor ser-se temido do que amado – aos seus
inimigos e aos seus aliados e ministros;
- Não manter a sua palavra, já que o princípio da integridade não tem
qualquer utilidade na vida real, e quem o seguir está condenado a perder;
- Saber fazer a guerra mesmo em períodos de paz.
● “O Príncipe” ensina:
- Como conquistar e manter o poder;
- Que os fins justificam os meios;

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- Que um erro primordial na política está em considerar que os nossos


aliados são nossos amigos.

1.2. Thomas Hobbes

1.2.1. Estado de natureza

● Estado de natureza: o egoísmo inerente à espécie humana e a existência de


recursos limitados no mundo conduz inevitavelmente ao conflito permanente;
● A teoria da tábua rasa: os homens não nascem bons ou maus, é a experiência e
a convivência que os transformam;
● O homem está predisposto a ser social, mas não é naturalmente social;
● O principal objetivo do homem é a sua auto preservação. O medo da morte e o
desejo de conforto motivam as suas paixões:
- Como os homens partilham a mesma preocupação, isso gera uma
competição pelo poder que só termina com a morte;
- Os homens têm desconfiança do outro, na ausência de um governo, e
estão permanentemente a antecipar de que forma é que o outro tentará
retirar-lhe os seus bens e a sua vida para garantir a sua segurança
individual;
- A tentativa de criar e preservar uma reputação, assente na auto perceção,
faz com que o homem procure que o outro o veja sempre como ele se vê
a si próprio, mesmo que isso implique causar dano em outros – a isso
Hobbes chama a glória.

1.2.2. Contrato social e estrutura do poder

● É do interesse pessoal do indivíduo abdicar de parte das suas liberdades, de


modo a se chegar à coexistência pacífica e à concretização dos interesses
pessoais;

● O homem deve, então, obediência absoluta à autoridade política. O soberano,


quer seja um monarca ou uma assembleia, deveria ser Leviatã, uma autoridade
inquestionável, com poder para nos punir se violarmos as regras do contrato:

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- Um contrato social é um acordo estabelecido entre cidadãos, ou entre


os cidadãos e o Estado;
- Através dele, os cidadãos aceitam a autoridade do Estado em troca de
benefícios (principalmente segurança e proteção) que só o poder
soberano pode proporcionar.
● Hobbes apoia o poder absoluto, à semelhança de Maquiavel.

1.3. John Locke

1.3.1. Estado de natureza

● O homem vive tendencialmente com medo, sabendo que haverá quem possa
querer retirar-lhes as liberdades ou as posses;
● Vive de forma amigável, pelo menos até ao surgimento da sociedade civil.

1.3.2. Contrato social e estrutura do poder

● Locke propõe dois contratos:


- O primeiro, entre todos os indivíduos da comunidade, que abdicam de
uma parte da sua liberdade em beneficio da convivência em sociedade e
dos seus benefícios;
- O segundo, com base na confiança, entre os indivíduos e o governo,
que tem como função proteger os direitos naturais do indivíduo.
● Locke considera que os povos têm o direito à revolução se o poder se tornar
abusivo, e considera a monarquia absoluta pior que o estado de natureza;
● Afirma que o voto não deve ser universal.

1.4. Jean-Jacques Rousseau

1.4.1. Estado de natureza

● Concebe a ideia do bom selvagem, que o homem, no estado natural é bom e


feliz;
● A criação da propriedade privada fez com que uns tivessem passado a
trabalhar para outros, e tivesse nascido a miséria e a escravidão.

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1.4.2. Contrato social e estrutura do poder

● Ao fazer parte de um contrato social, os indivíduos não estão a renunciar aos


seus direitos naturais, mas sim a garantir que o Estado os vai proteger e a
conquistar novas liberdades;
● As leis são produto da soberania popular – que deve ser ilimitada, indivisível e
inalienável (visão mais democrática do poder, oposta ao elitismo de Locke) –,
mas como o cidadão comum não sabe fazer leis, é necessário um poder
legislador;
● O Estado representa a vontade geral – os interesses comuns do corpo coletivo
–, não necessariamente a vontade de todos – a soma das vontades individuais.

1.5. Montesquieu

1.5.1. Distribuição de poderes

● Segundo o “Espírito das Leis”, o poder deve ser partilhado:


- Verticalmente: através de corpos intermédios que são depositários de
uma parcela do poder;
- Horizontalmente: através do poder tripartido – legislativo, executivo e
judicial.

1.5.2. Natureza e princípios das formas de governo

● O que distingue os tipos de governo são:


- A sua natureza (estrutura e mecanismos existentes) – resulta nas leis
políticas/ o direito constitucional;
- O seu princípio (o espírito geral) – resulta nas leis civis e socias/ a
regulação do equilíbrio geral.

Forma de governo Natureza Princípio


Virtude política – civismo,
frugalidade, desapego aos
República Democrática Soberania popular.
bens materiais, ou seja,
uma renúncia aos desejos

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pessoais em nome do bem


comum.
Moderação, para evitar
Soberania nas mãos de
Aristocrática que o poder da nobreza se
alguns.
torne opressor ou abusivo.
Uma pessoa soberana, um
monarca, cuja autoridade é
Monarquia limitada pelo clero e pelas Honra.
leis fixas e
preestabelecidas.
Um monarca que reina
Despotismo sem lei e segundo a sua Medo.
vontade e caprichos.

2. Liberalismo e Modernismo

2.1. Benjamin Constant

2.1.1. A liberdade dos Antigos

● Na Antiguidade Clássica, ser um cidadão com direitos significava ter a


liberdade para participar na vida política da cidade;
● No mundo moderno, os homens definem a liberdade em termos da autonomia
de que dispõem para garantir os seus interesses nas suas vidas privadas.

2.1.2. A liberdade dos Modernos

● Constant distingue duas esferas:


- Pública: aspetos relacionados com a sociedade e o governo;
- Privada: vertentes individuais dos cidadãos, ou seja, opções e ações
individuais dos cidadãos – o Estado não deve intervir na vida privada.
● Direitos e liberdades fundamentais, de raiz natural, inerentes à condição
humana, que o Estado não teria o direito de alienar:
- Liberdade de ação;
- Liberdade religiosa;

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- Liberdade de expressão;
- Liberdade de produzir/industrial;
- Segurança.

2.1.3. Crítica a Rousseau

● A teoria do contrato social conduz inevitavelmente ao despotismo e à tirania,


pois a divisão dos poderes por si só não garante a liberdade individual;
● As ideias abstratas de vontade geral, soberania popular e contrato social estão
sujeitas a um abuso de interpretação;
● Rosseau confundiu liberdade com autoridade: a liberdade só está garantida
quando existem garantias institucionais com a finalidade de limitar o poder da
autoridade;
● A ideia de submeter o governo à vontade geral é errada porque o governo vai
sempre tentar encontrar a sua própria visão da vontade geral.

2.2. Edmond Burke

2.2.1. Teoria da ordem social

● A ordem social é parte da ordem natural que Deus criou no Universo e


pré-existe aos indivíduos: a obediência e a paz em sociedade devem resultar da
reverência a Deus e do refreamento dos desejos egoístas e paixões do Homem;
● O Homem é um animal social: a família é a unidade da ordem social;
● A nação deve ter regras de comportamento que visem um fim comum através
da adaptação mútua de interesses e emoções;
● A desigualdade é inevitável numa sociedade, mas a liderança deve ser fundada
num sentimento natural de dependência, subordinação e afeição;

2.2.2. Conservadorismo liberal

● O bom governo requer a combinação da ordem e da liberdade. Os líderes


devem procurar o bem comum, que deve consistir em:
- Concretizar e expandir os interesses tradicionais da nação;

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- Adesão ao Estado de Direito, com respeito pelos direitos dos cidadãos e


uma expansão controlada das liberdades políticas;
- Encontrar um equilíbrio entre os interesses políticos dos comerciantes e
dos proprietários;
- Desenvolver um governo misto que conjugue um parlamento
representativo e uma monarquia hereditária.

2.2.3. Aristocracia e tradicionalismo

● Os direitos políticos (votar e ser eleito) deveriam ter por base questões de
propriedade privada, porque esta:
- Conduz à defesa do interesse nacional através das trocas comercias;
- Cria em quem a possui o respeito pela ordem e uma atitude de
independência.
● A pertença à aristocracia assegura a moral e os costumes que se espelham nas
trocas comerciais;
● É necessário assegurar um meio institucional (a Igreja) através do qual as
crenças religiosas possam ser sustentadas enquanto componente essencial de um
país.

2.3. Alexis de Tocqueville

2.3.1. Igualdade

● A democracia é um “estado social” que afeta o conjunto de costumes e


sentimentos, e que é marcada pelo desenvolvimento gradual de condições –
igualdade de condições;
● A dinâmica da igualdade favorece o surgimento de uma cultura individualista:
- Leva à emancipação individual, ou seja, os homens tornam-se mais
autónomos e livres;
- Afasta os indivíduos da vida civil, o que conduz a uma falta de
solidariedade e à perda do poder da sociedade sobre o poder do Estado.

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● A igualdade de condições não significa o fim das desigualdades económicas e


sociais. Todavia, as fronteiras sociais tornam-se superáveis, ao contrário do
que se passava no Estado aristocrático;
● Quanto mais a igualdade se fortalece, mais as disparidades, que subsistem,
parecem insuportáveis – porém, a paixão imoderada da igualdade leva aos
excessos políticos;
● A transformação das sociedades para a democracia é geral, mas opera-se de
forma dispersa.

2.3.2. Liberdade nas democracias modernas

● O despotismo moderno resulta não do autoritarismo dos poderosos, mas da

apatia dos cidadãos;

● Na sua obra, “Democracia na América”, Tocqueville encontra, nos EUA, o

modelo da democracia liberal:

- Compilação de instituições liberais ao progresso das ideias

democráticas;

- Descentralização dos poderes: separação forte dos poderes a nível

federal;

- Prática do self-government ao nível comunal: sistema institucional que

protege as comunidades locais a usurpações do poder central. A vida


política local constitui a melhor formação para o civismo e para a
aprendizagem da liberdade.

2.4. Karl Marx

2.4.1. Materialismo histórico

● O materialismo histórico é uma abordagem metodológica ao estudo da


sociedade, da economia e da política, utilizada por Marx e Engels, que assentava
em argumentos realistas de base empírica, rejeitando a teoria filosófica
‘supra-histórica’;

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● Marx procura nos meios através dos quais os indivíduos produzem bens
coletivos a explicação para o desenvolvimento da sociedade humana. A
atividade económica é central e dela derivam as classes sociais, as estruturas
sociais e as ideologias.

2.4.2. Modo de produção

● O primitivo, o asiático, o esclavagista, o feudal, o capitalista – ao longo da


História, têm existido diversos modos de produção, que se caracterizam pelo
conjunto das:
- Forças produtivas: os meios utilizados para produzir bens, incluindo a
mão-de-obra e os processos de produção – evoluem no tempo por meio
da inovação e das descobertas científicas;
- Relações de produção: o regime de propriedade dos meios de produção,
a divisão social do trabalho e os modos de distribuição da riqueza –
traduzem os desvios de poder na sociedade.
● Ao modo de produção capitalista corresponde uma estrutura de classes na qual
a propriedade dos meios de produção determina a posição da burguesia como
classe dominante. Este modo de produção gera então uma luta de classes entre
burguesia e proletariado, definida como uma relação de exploração do
proletariado pela burguesia.

2.4.3. Luta de classes

● Numa sociedade, as ideias (superestrutura) derivam da sua base material


(infraestrutura), e as ideias dominantes são as da classe dominante:
- Infraestrutura: estrutura sobre a qual se estabelecem as relações sociais
e que conduz à formação das classes sociais antagónicas – composta
pelos modos de produção;
- Superestrutura: é determinada pela infraestrutura, ou seja, a forma
como a sociedade está organizada influencia as ideologias presentes na
sociedade (as instituições são então instrumentos ao serviço da
reprodução da estrutura de classes) – compreende as esferas jurídica,
política, religiosa e a ideologia.

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● A transformação social realiza-se através da luta de classes, de modo a


suprimir a extorsão e a instituir uma sociedade na qual os produtores sejam
senhores da sua produção;
● A consciência de classe adquire-se na luta de classes: os sistemas de produção
caracterizam-se pelo conjunto de relações sociais que se estabelecem entre os
indivíduos implicados no processo produtivo, ou seja, todas as sociedades
assentam nas relações de produção que derivam da atividade produtiva.

2.4.4. Capital e mais-valia

● O capitalista divide o seu capital em:


- Capital constante: adquirir máquinas e matérias primas;
- Capital variável: comprar força de trabalho.
● A força de trabalho cria um valor superior ao estipulado inicialmente, mas esse
valor novo e excedente não é pago na totalidade ao trabalhador, é repartido entre
este e o capitalista – o capitalista entrega ao trabalhador uma parte do valor que
este último produziu sob a forma de salário e apropria-se do restante sob a forma
de mais-valia;
● O objeto da produção é a extração de mais-valia, que se corporifica na
mercadoria. Para isso, o capital criou formas de extração da mais-valia:
- Mais-valia absoluta: estender a duração da jornada de trabalho
mantendo o salário constante;
- Mais-valia relativa: ampliar a produtividade física do trabalho pela via
da mecanização;
- Também criou métodos de organização do trabalho nas fábricas,
visando aproveitar o máximo de tempo possível, sem desperdício.

2.4.5. Crises capitalistas

● As crises capitalistas são crises de superprodução – a produtividade aumenta,


produzem-se mais mercadorias, mas quem produz pode não vender e quem
vende pode não mais comprar ou investir dinheiro acumulado;
● Pluricausalidade:

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- Anarquia da produção: o capitalista desconhece a quantidade de


mercadorias produzidas por outros capitalistas e procura existente nos
mercados;
- Queda da taxa de lucro: o lucro depende da criação de mais-valia, que
nem sempre é produzida;
- Subconsumo das massas: o aumento do capital constante e a
diminuição do capital variável aumenta o desemprego e diminui os
salários, levando ao subconsumo e à intensificação da concorrência pelos
mercados.

2.4.6. A sociedade sem classes

● O caminho para a sociedade sem classes é feito em três fases.


- Ditadura do proletariado: é necessário que a classe operária use a
violência contra a burguesia – o despotismo é a única forma de por fim
ao capitalismo;
- Prolongamento da ditadura: as forças revolucionárias devem instaurar
uma organização económica socialista para preparar a transição para o
comunismo. Sob a autoridade do Estado, será feita a mudança da
propriedade privada para a coletiva dos meios de produção. Todos os
homens estarão envolvidos na economia coletivista e receberão
conforme o seu trabalho. Com o tempo surge a habituação e diminuiu a
necessidade de coerção;
- Comunismo:
⮚ Todos os meios de produção estarão coletivizados;
⮚ A cada qual será dado segundo as suas necessidades;
⮚ Não existirá divisão de classes;
⮚ O Estado será eliminado, já que este assegura a dominação de
classes e protege a propriedade privada.

2.5. Max Weber

2.5.1. Comparação com Marx

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● Refutação do materialismo histórico – a conduta dos homens segue-se pela


religião;
● Era um nacional-liberal, mas não acreditava na vontade geral ou no direito dos
povos de dispor de si mesmo, nem na ideologia democrática;
● O seu conceito de capitalismo é suficientemente idêntico ao de Marx:
- Obtenção do maior lucro possível;
- Sempre através de uma organização burocrática: a burocracia define a
organização estrutural da empresa e a função de cada indivíduo,
empregador e empregado; é distante da vida privada de cada um.

2.5.1. Ideal-tipo e ação social

● Ideal-tipo:
- Uma organização de relações inteligíveis próprias, ou de um conjunto
histórico, ou de uma consecução de acontecimentos – a construção de
ideais-tipo é uma expressão do esforço de todas as disciplinas científicas
para tornarem inteligível a matéria, identificando a sua racionalidade
interna;
- O ideal-tipo é uma utopia que não pode ser encontrada fora do mundo
teórico, ou seja, na realidade.
● O objeto da Sociologia é a ação social – um indivíduo tem em consideração as
expetativas de reação do outro e incorpora-as no seu comportamento:
- Ação racional relativamente a um fim: o ator concebe o fim que
pretende e combina os meios para o atingir. A racionalidade resulta dos
conhecimentos que o ator possui e que mobiliza para escolher os meios;
- Ação racional relativamente a um valor: a racionalidade não está
associada a um fim que se quer alcançar mas a um fim que seria
desonroso não assumir, ou seja, o ator permanece fiel à sua honra e toma
a decisão em consciência;
- Ação afetiva ou emocional: é ditada pelo estado de consciência;
- Ação tradicional: hábitos, costumes, crenças.

2.5.2. Poder e dominação

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Distribuição do poder nas sociedades

● Poder: a probabilidade que um ator possui de impor a sua vontade a um outro,


mesmo contra a resistência deste;

● Nas sociedades, o poder distribui-se pelas:


- Classes sociais: categoria de homens que têm em comum uma
componente causal especifica das oportunidades de vida, componente
essa que é representada exclusivamente por interesses económicos na
posse e aquisição de proventos;

- Grupos de status: definem-se pela honra social que lhes está atribuída;
- Partidos: definem-se pelo poder que certos grupos detêm numa
associação, e pretendem dominar o aparelho de pessoas e torná-las
partidárias, através da vitória, hoje em dia, nas eleições.

Tipos de dominação

● Dominação: probabilidade, por parte do senhor, de obter a obediência daqueles


que, em teoria, lhe devem.
● Weber distingue três tipos de dominação:
- Dominação racional-legal (ação racional relativamente a um fim):
⮚ O dominado obedece à regra e não à pessoa que a faz cumprir,
independentemente das qualidades dessa pessoa ou líder;
⮚ A autoridade do dominante reside no ato normativo que lhe
concede acesso ao cargo que detém e que é impessoal;
⮚ A forma mais pura deste tipo de dominação é a burocracia, que
caracteriza todas as sociedades modernas.
- Dominação tradicional (ação tradicional):
⮚ Assenta na crença, no carácter sagrado das tradições antigas e na
legitimidade dos que foram chamados pela tradição ao exercício
da autoridade.
- Dominação carismática (ação afetiva):

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⮚ Assenta numa admiração pessoal em alguém com um carácter


sagrado ou uma força heroica.

2.6. John Stuart Mill

2.6.1. Utilitarismo

● O princípio da utilidade defende que devemos sempre maximizar a felicidade


geral para todas as pessoas;
● Mill defende que o argumento da utilidade é:
- Desejável: a felicidade é desejável como um fim;
- Exaustivo: nada além da felicidade é desejável como um fim;
- Imparcial: a felicidade de cada pessoa é igualmente desejável.

2.6.2. Felicidade

● Felicidade é prazer e ausência de dor, ao invés que infelicidade é dor e


privação do prazer – muitos remetem Mill para o hedonismo, que faz da
felicidade e do prazer um bem supremo e objeto da vida;
● Alguns prazeres, especialmente os da mente, que são adquiridos em atividade,
são de qualidade superior a outros, como aqueles que são adquiridos
passivamente, e é a partir desse pressuposto que devem ser mais valorizados.

2.6.3. Igualdade

● Consciente das significativas mudanças sociais do século XIX, Mill acredita


que esta tendência apresenta uma chance para a melhoria da sociedade, mas
também não descuida do facto de que esta nova ordem traz consigo novos
perigos;
● Mill apoia a emancipação das mulheres, e o direito ao voto universal – dar às
pessoas um interessa na política e na gestão dos seus próprios assuntos seria o
grande cultivador da Humanidade;
● Critica a instituição do casamento, pois, na sua época, a esposa era privada da
propriedade e da personalidade jurídica, e forçava a obediência total a um
marido.

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2.6.4. Liberdade

● Princípio do dano: um indivíduo deve ser penalizado apenas se os seus atos

afetarem outro, mas não se causar dano a si próprio, sendo esta única limitação
legítima de liberdade;

● Mill defendeu a liberdade de pensamento, de expressão, e de carácter e ação.

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