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CIÊNCIA POLÍTICA

Jaime Barreiros
Resumo

1. CIÊNCIA POLÍTICA – NOÇÕES INTODUTÓRIAS


1.1) O conhecimento científico:
- Metafísica: “O homem questiona diante de todas as situações, questiona os dogmas.” A necessidade de uma
ordem tornava-se cada vez maior, era preciso mais objetividade e racionalidade não oferecidas pela metafísica, daí
a perda de prestígio deste conhecimento, surgindo a ciência (conhecimento automatizado, sistematizado, baseada
em princípios, que almejam a resposta, objetividade). A sociologia surge nesse período diante das manifestações
da sociedade.
1.2) Política: reside na constatação de que o homem é um ser contraditório (condição humana). “É a arte de
conquistar, manter e exercer o poder” – Maquiavel. A política faz parte da própria condição humana. O homem é
condicionado por trabalho, ação e obra, segundo Hanna Arendt. (Trabalho: do corpo; Ação: necessidade que o
homem tem de convivência; Obra: aquilo que ele produz: criatividade, capacidade de adaptação e transformação).
O poder é um ponto de equilíbrio.
- Paradoxo: o homem é um animal social, no entanto ao tentar transformar algo, tende a tentar dominar o outro.
- Poder: energia abstrata que age sobre as sociedades humanas limitando a liberdade individual em prol da
convivência. O poder é um núcleo de organização da sociedade, não é estático, é dinâmico, e objeto constante de
disputa. É também paradoxal, pois não basta a ação do poder para que todos se comportem da forma que devem.
- Normas: são vetores de conduta, quando não cumpridas, geram uma sanção.
a) Normas de etiqueta: pequena ética. Possui sanção difusa, pois a própria sociedade aplicará a mesma.
b) Normas morais: refletem valores. A sanção é difusa, porém mais severa que nas normas de etiqueta.
c) Normas jurídicas: resguardam o “mínimo ético social”, núcleo onde o direito atua. A sanção é organizada, e não
é espontânea, pois sabe-se qual a punição prevista para cada pena.

2. ORIGEM DAS SOCIEDADES


2.1) Teoria do impulso associativo natural: A sociedade é produto de uma imposição da natureza, de questões
biológicas, o homem precisa do outro para sobreviver – Aristóteles.
2.2) Teorias contratuais: O homem vive em sociedade em virtude de um pacto social formalizado, porque considerou
mais conveniente, não foi por questões biológicas. Se divide em Teoria do Equilíbrio Social e Teoria do
Desenvolvimento Humano.
 Equilíbrio Social: o pacto social ocorreu porque o homem o viu como forma de proteção própria.
- Hobbes e Locke: antes o que havia era a “guerra de todos contra todos”, caracterizando um verdadeiro
caos. Esse contrato surgiu para delimitar a liberdade de cada um, visando à convivência.
- Hobbes: acreditava na necessidade do Leviatã (Estado Absoluto – aparato para limitar drasticamente a
liberdade), por o homem não poder ser livre, já que este era ruim por natureza.
 Desenvolvimento Humano
- Rousseau: antes de existir a sociedade, já havia o “bom selvagem”, que vivia em harmonia com a
natureza. Unindo força com outros homens, se desenvolveram. “O homem nasce bom, a sociedade é que
o corrompe”, os conflitos começaram a surgir porque as diferenças foram ressaltadas. Rousseau é
identificado com o Republicanismo/Comunitarismo. (Se baseia na lógica dos Deveres Fundamentais). Os
homens juntos atingiriam maior grau de desenvolvimento segundo Rousseau.

3. O ESTADO
3.1) Introdução: O homem primitivo era nômade, e sempre buscava lugares melhores para a caça, principalmente para
preservar a sua sobrevivência. A partir daí vieram descobertas como o desenvolvimento da agricultura, espaços
públicos e privados, tornando o homem sedentário. Com este advento veio a necessidade do Estado (forma de
organização política composta por três elementos fundamentais: povo, território e soberania).
3.2) Conceitos:
- Povo: É o elemento humano do Estado. É fundamental diferenciar povo de população, visto que esta última é um
elemento quantitativo, demográfico (soma de todas as pessoas presentes no território do Estado). Também não se
deve confundir povo com nação (comunidade de pessoas que guardam entre si vínculos culturais semelhantes –
Exemplo: Judeus). Há um vínculo de poder, pois o povo tem direitos e obrigações com o Estado além das
fronteiras.
- Território: É a área terrestre na qual o Estado exerce a soberania, o poder. Este inclui o domínio terrestre (solo e
subsolo), marítimo e aéreo.
- Soberania: É o poder inerente ao Estado e é o que o distingue de outras organizações políticas. É o que dá
identidade ao Estado.
- Dimensão interna: capacidade de criar normas jurídicas e fazê-las cumprir; é a imperatividade.
- Dimensão externa: independência do Estado perante outras entidades políticas.
“Ubi societas, ubi jus” – onde está a sociedade, está o direito.
- Código de Hammurabi: compilação de costumes e jurisprudências baseada em fatos concretos já ocorridos
(diferente dos outros códigos atuais, que são gerais e abstratos). O Código de Hammurabi trouxe o princípio da
proporcionalidade com a Lei de Talião: “Olho por olho, dente por dente”. Difere do princípio da pessoalidade:
“Ninguém pode ser responsabilizado pelo crime de outro”.
-Sociedades Gregas: organizadas de forma teocrática, antes hierarquizada – Reformas políticas em Atenas.
- Cidades-Estados de Roma: Realeza (teocracia, agricultura familiar) – República (democracia) – Império (teocracia).
3.3) Origens e evolução do Estado:
- Teoria da potencialidade: a partir de quando o homem começou a se desenvolver surgiu o Estado – técnicas
agrícolas, sedentarização humana.
- Teoria da familiar: a família como núcleo formador do homem sedentário, constituindo o Estado.
- Teoria da conquista/força: os seres humanos já estariam previamente organizados em grupos, lutando por
alimentos gerando consequentemente conflitos. A partir daí os dominadores e dominados se sedentarizaram e
ocorreu a divisão do trabalho.
- Teoria econômica: tudo está ligado ao surgimento da propriedade privada, um conflito entre dominantes e
dominados ligado a uma questão econômica.
Tais teorias se complementam, o Estado ainda é a principal forma de organização política. A principal característica
dos Estados Antigos era a religião. No Egito Antigo o faraó era considerado um deus vivo: Estado Teocrático.
3.4) Concepções ideológicas conformadoras do Estado:
- Absolutismo: visto primeiramente na Inglaterra (Séc. XVII), com a assinatura do Bill Of Rights. Os reis tratam o
Estado como um patrimônio privado (patrimonialismo). Ocorre a confusão entre o público e o privado, o aspecto
relativamente teocrático desse poder é paradoxal, pois o renascimento marca a crise da teocracia. O rei afirmava
ser enviado de Deus para governar.
- Teóricos:
 Hobbes: Legitimação do Absolutismo, o equilíbrio seria alcançado com o Leviatã.
 Bodin: Grande estudioso da soberania; defendeu que uma das suas características era o poder absoluto,
rígido, inflexível. Como o Estado se confundia com o rei, o poder deste era absoluto.
 Maquiavel: Não era absolutista, mas suas ideias de como os governantes deveriam se comprometer se
aplicavam a tal fim.
- Liberalismo: o Estado não intervém na economia – gera desigualdade. Propõe o predomínio da razão humana,
os teóricos defendem que o conhecimento é cultural, constrói suas bases a partir da Revolução Burguesa e do
Iluminismo, que poderia ser traduzido como liberdade, liberdade e liberdade, já que esta prevalecia. Tinha como
características: individualismo, predomínio da razão humana, a lei passa a predominar (com matrizes na escolha do
homem). A sociedade passa a possuir uma nova estrutura e o liberalismo se impõe como ideologia.
- Teóricos:
 Kant: a base de tudo é a razão humana, entende-se que vivia uma era revolucionária.
 Comte, Durkheim, Weber: construtores de um mundo racional, baseado na ciência, a questão do
Positivismo de Comte.
 Locke, Adam Smith: lógica da produção; fundamentam o liberalismo; os trabalhadores começam a
discordar da ideologia liberalista.
- Socialismo: o Estado deixaria o seu caráter opressor e passaria a organizar a sociedade. Marx acreditava que a
luta de classes muda a estrutura da sociedade, afirma que a classe operária é a força motriz, diz que o capitalismo
evoluiria para o comunismo. Pressupõe que o Estado Liberal gerava desigualdades, para chegar ao comunismo era
necessária uma fase intermediária, o Socialismo. O Estado nessa fase intermediária seria mantido, dividiria as
riquezas, e deteria o monopólio dos meios de produção. “A sociedade amadureceria até que não houvesse a
necessidade do Estado”. – Marx e Engels
- Anarquismo: imediato desaparecimento do Estado e de todas as formas de estrutura do poder para que fosse
possível atingir a verdadeira liberdade. Não é necessariamente comunitarista. Ausência de organização política.
- Intervencionismo limitado:
a) Totalitarismo: fortalecimento do Estado, do controle dos meios de comunicação e produção, nacionalismo
exarcebado, presença do líder carismático (Mussolini, Salazar, Franco, Hitler, Stálin...). A Crise de 1929 marca a
ascensão do Totalitarismo. Roosevelt ficou entre o totalitarismo e o socialismo. Com ideias de Keynes surgiu o
“New Deal”, que representou a permanência do capitalismo como um ponto intermediário entre o totalitarismo e
o liberalismo.
b) Comunitarismo: valoriza os deveres fundamentais, uma importante corrente política com expoentes como
Cícero, Rousseau e outros que valorizavam a participação política.
3.5) Fins do Estado:
- Fins jurídicos e fins sociais: (o Brasil possui ambos). Os fins jurídicos seriam os fins essenciais do Estado, sempre
existiu para garantir a ordem, relacionados com a segurança pública, soberania e criação e afirmação do direito. Os
sociais não são essenciais, pois o Estado poderia sobreviver sem eles (educação, saúde...).
- Fins do Estado numa ótica racional com os indivíduos: a postura que o Estado adota quando se relaciona com as
pessoas: fins limitados (pouco atua, abaixo do indivíduo, típico do Estado Liberal), solidários (atua sem a intenção
de limitar o indivíduo, ao lado do indivíduo, típico do Estado do Bem Estar Social) e expansivos (se torna mais
importante que as pessoas, acima do indivíduo, típico do Estado Absoluto).
3.6) Transformação do Estado – Teorias Justificadoras
Teorias que justificam a postura que o Estado vai adotar diante dos outros.
- Teoria das Nacionalidades: diz que nação e Estado devem se confundir, defende o Estado-nação, justifica muito
mais a guerra que a paz.
- Teoria da Fronteiras Naturais: tem um caráter geográfico, as fronteiras entre os Estados deveriam se estabelecer
à observação da geografia e não de questões artificiais, fundamenta mais a guerra do que a paz.
- Teoria do Equilíbrio Internacional ou Paz Armada: se todos estiverem armados, ninguém ataca, mesmo
convivendo com uma constante tensão. Fundamenta a paz.
- Teoria da Autodeterminação dos Povos: diz que a nenhum povo é dado o direito de intervenção a outro povo, a
não ser em situações excepcionais justificadas.

4. OS ELEMENTOS DO ESTADO
4.1) Povo: Nacionalidade primária (originada) x nacionalidade secundária (derivada, adquirida). São diferenciadas pelo
seu fato gerador, quando o indivíduo nasce, ele possui uma nacionalidade própria, primária. Quando o indivíduo
tem a vontade de possuir outra nacionalidade e a adquire, é uma nacionalidade secundária.
 Jus Solis: critério do local do nascimento, mas se a criança nasce no Brasil e os pais estiverem aqui
prestando serviço a outro país, a criança possuirá a nacionalidade dos pais. A nacionalidade primária não é
determinada apenas pelo local de nascimento, também é determinada pelo jus solis, e pela jus sanguinis
(famíia). Na secundária não basta o indivíduo querer se naturalizar, o Estado tem que concordar e vice-
versa. O português deve morar um ano no Brasil e possuir boa conduta para pleitear a sua naturalidade e,
havendo reciprocidade, esse português poderá exercer todos os direitos brasileiros, mesmo sem estar
naturalizado (Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta – firmado entre Brasil e Portugal).
- Brasileiro nato x naturalizado: O naturalizado não pode ser presidente, nem vice-presidente da República, não pode
ser ministro do STF, nem presidente do senado, nem da câmara, não pode ser diplomata e nem pode ter poder nas
forças armadas.
- O polipátrida e o apátrida: O apátrida é a situação em que o indivíduo não possui nacionalidade. O polipátrida é o
indivíduo que tem mais de uma nacionalidade, situação cada vez mais comum atualmente.
4.2) Território:
- Terrestre: Compreende o solo e o subsolo do Estado que se encontre dentro das fronteiras. *Extraterritoriedade:
ficção jurídica; expansão das fronteiras do Estado. É a possibilidade de o Estado exercer a sua soberania além das
suas fronteiras (Exemplo: Embaixadas, navios e aeronaves militares).
- Marítimo: o mar territorial também faz parte do domínio do Estado. Surgiu por questões militares, pois o país se
tornaria mais vulnerável se não houvesse proteção nessa área marítima. *Plataforma Continental: é o subsolo que
está submersa, pertence ao Estado costeiro independente da distancia alcançada.
- Aéreo: É toda a faixa de ar que se encontra sobre os territórios terrestre e marítimo do Estado, indo até a
atmosfera. O tráfego aéreo é fundamental para o desenvolvimento da economia, por isso houve uma conferência
em Chicago, onde foi reconhecido o Direito de Passagem Inocente. Em regra, aeronaves civis tem autorização de
sobrevoar territórios estrangeiros sem autorização prévia. No entanto o poder soberano continua com o dono do
território, e tal aeronave deve seguir as suas regras. O Estado soberano pode proibir o vôo em determinadas áreas
do seu território (Exemplo: Áreas de treinamento militar), tem o direito de cabotagem aérea (navegação área
comercial). A aeronave militar deve possuir autorização prévia para sobrevoar.
4.3) Soberania: Interna = imperatividade; Externa = independência. As teorias teocráticas defendem que a soberania é
uma manifestação divina, e as democráticas, defendem que é uma manifestação humana. Essas teorias se
desenvolveram para justificar a existência da soberania, e para justificar a necessidade da imposição da mesma.
- Teorias Teocráticas: 1) Natureza Divina dos Reis: o rei pode tudo, ele encarna a soberania, pois é um deus vivo,
como por exemplo, o faraó. 2) Investidura Divina dos Reis: o governante era um representante de Deus, um
enviado deste. 3) Investidura Providencial: o rei é enviado por Deus, porém o seu poder é limitado pelo povo, não é
mais absoluto.
- Teorias Democráticas: O poder é algo humano, não divino. 1) Soberania Nacional: a burguesia deveria exercer o
poder. O poder soberano deriva da nação, nasce da coletividade, e em nome do grupo, alguns podem falar por
outros (posicionamento elitista). 2) Soberania Popular: “todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”
A ideia de um homem, um voto surge aqui, pois cada indivíduo será importante para o todo, a soma dos indivíduos
gera a soberania do Estado.

5. CLASSIFICAÇÃO DOS ESTADOS:


Autonomia x Soberania: A autonomia possui imperatividade, mas não possui independência externa, é a capacidade de
organização, de estabelecer padrões de comportamento, seria como uma autogestão. Na TGE, a autonomia é a capacidade de
criar normas. A soberania é um elemento do Estado, e dá identidade ao mesmo. Todo Estado soberano possui autonomia, mas
nem todo estado autônomo é soberano.
5.1) Estado Simples ou Unitário: É um Estado soberano diante dos outros, porém dentro dele não existem divisões
políticas, como municípios autônomos, existe um poder central que é hierarquicamente superior. Possui no
máximo divisões administrativas.
5.2) Estados compostos por coordenação: Unidade políticas em pé de igualdade, formando uma única soberania. Hoje
o Brasil é um Estado Federal, pois seus estados possuem autonomia política e existe uma única soberania em todo
o país. Existe uma divisão de competências pois não há hierarquia entre municípios, estados e União de acordo
com a Constituição.
- O Federalismo: Nasceu nos EUA; as 13 ex-colônias se tornaram soberanas, países independentes, e formaram
uma única confederação de Estados para tratar de assuntos e fazer deliberações. Essa forma com o tempo
apresentou falhas, assim, com um vínculo ainda mais forte, uma Constituição única, e apenas um governo central,
foram criados os Estados Unidos da América. Passaram a produzir uma única soberania, em que as 13 ex-colônias
passaram a ser 13 unidades políticas autônomas.
 Federalismo Clássico/Dual x Federalismo Cooperativo: no Clássico, típico do Estado Liberal, a repartição
de competências é muito marcada entre os entes políticos. Existiam as competências locais e da União. O
Federalismo Cooperativo é uma evolução, um cooperativismo entre os políticos, ou seja, continuam a
existir competências exclusivas, mas existem também as comuns (saúde, educação, meio ambiente...).
 União pessoal e real: A pessoal é típica da época das monarquias absolutas, caracterizando-se como
ocidental e temporária, (Exemplo: União Ibérica). A real é voluntária e permanente, típica do mesmo
período (Exemplo: Império Austro-Húngaro que criou uma única soberania).
5.3) Estados compostos por subordinação: Mediante tratado internacional, um Estado soberano cede a sua soberania
(parte dela) a outro estado soberano. Agora haverá um protetor e um protegido.
 Estados Clientes: São Estados como Cuba antes de Revolução de 1959, que tem uma relação de
submissão com outro país, num nível mais baixo.
 Protetorado: É o caso de Porto Rico, que cedeu o governo ao Estado Unidos, apontando uma,a submissão
maior que o define como protetorado. > Estados Clientes e Protetorados se diferem quanto ao grau de
submissão.

6. SEPARAÇÃO DE PODERES
6.1) Concepção de Locke: Concebia a separação dos poderes a partir da bipartição. O executivo e o legislativo. O
judiciário estaria dentro do executivo, na execução da lei. No entanto, haveria uma preponderância do legislativo,
pois é onde se encontrava a burguesia (a partir dessa concepção se desenvolve o parlamentarismo).
6.2) Concepção de Montesquieu: Haveria uma tripartição: executivo, legislativo e judiciário, onde cada um deles teria
suas próprias atribuições. (Executivo: executar, Legislativo: legislar e fiscalizar o executivo, Judiciário: julgar, função
jurisdicional, dizer o direito). Acreditava num equilíbrio natural entre os poderes.
6.3) Concepção de Constant: No século XIX, se desenvolveu a teoria de Constant, acrescentando o quarto poder: o
moderador, para manter o equilíbrio dos três poderes, mas na prática este poder representava os três poderes de
forma absoluta.
A concepção que perdurou foi a da tripartição, porém, com o sistema de freios e contrapesos, onde todos os poderes
realizariam todas as funções, porém de forma típica, e atípica. É uma maneira de fiscalizar/limitar o outro.

7. SISTEMA ELEITORAL:
É o conjunto de critérios para determinar os vencedores em um processo eleitoral. Existem dois tipos de sistema eleitoral, o
sistema majoritário, que é o sistema da maioria, e o sistema de proporcionalidade, onde nem sempre o mais votado é o
eleito, e pode ser simples ou absoluto.
- Majoritário Simples: ganha o candidato que tiver o maior número de votos, sem a necessidade de segundo turno.
- Majoritário Absoluto: é utilizado no Brasil para os cargos de Presidente, governador, e prefeito (municípios com mais
de 200.00 eleitores); admite-se segundo turno e para isso não ocorrer o candidato deve ser aprovado no primeiro turno
com maioria absoluta.
- Sistema de Proporcionalidade: baseia-se nos partidos políticos, com a lógica da representatividade das minorias, é
utilizado no Brasil para os cargos de vereador, senador, e deputado federal e estadual. O quociente eleitoral é o
número de votos necessários para que um partido político ou coligação eleja um candidato, dividindo o numero total de
vagas pelo número total de votos que cada partido recebeu, e depois se divide pelo quociente eleitoral para saber a
quantas cadeiras o partido terá direito.

8. OS PODERES DO ESTADO:
8.1) Poder Executivo: A função a partir da qual os gestores públicos tomam decisões políticas e administrativas.
8.2) Poder Judiciário: Função jurisdicional (dizer o direito).
8.3) Poder Legislativo: Possui a função de legislar e fiscalizar, e atipicamente, as funções de jurisdicionar e executar.

9. FORMAS DE GOVERNO E REGIMES DE GOVERNO


9.1) Formas de Governo: Diz respeito a forma como o poder se organiza em uma sociedade. No entanto, é diferente de
regime político. O governo é caracterizado a partir da perenidade ou da alternância, e os regimes como
autocráticos ou democráticos.
- Classificação de Aristóteles: Acreditava em seis formas de governo, divididas em dois grupos: as formas retas
(monarquia, aristocracia, e república) e as corruptas (tirania, oligarquia e demagogia). Nas retas prevalece o
interesse da sociedade. Nas corruptas, há uma distorção, pois passa a ser exercido em prol do interesse privado.
- Classificação de Maquiavel: Existia a monarquia e a república, e podiam ambas se classificarem como
democráticas ou autocráticas.
- Modelos Contemporâneos: temos formas diferentes de investidura do monarca, mesmo hoje, nas monarquias
democráticas, pois ainda se dão normalmente de forma hereditária. Também pode haver a COOPTAÇÃO, em que
se indica um sucessor, bem como a ELEIÇÃO.
9.2) Regimes de Governo: conjuntos de técnicas utilizadas para estabelecer os limites do exercício das funções
governamentais pelos poderes do Estado. Cada sistema de governo vai estabelecer a forma de atuação do
executivo e do legislativo.
- Parlamentarismo: é o sistema de governo do Parlamento (órgão Legislativo), onde há um chefe de Estado
(presidente ou monarca) e um chefe de governo (Primeiro Ministro). Aumenta a facilidade de governar pois as leis
e projetos são aprovados mais rapidamente, porém só funciona quando há o bipartidarismo apenas.
- Presidencialismo: só existe na república. O presidente é escolhido diretamente pelo povo, com um mandato
preestabelecido.
- Semipresidencialismo: tem toda a aparência do parlamentarismo, porém o presidente não é mera figura
representativa, ele também governa ao lado do Primeiro Ministro.
- Sistema diretorial: só existe na Suíça. Toda decisão governamental é tomada por uma equipe, tornando-a em
tese, um regime mais democrático.

10. REGIMES POLÍTICOS:


10.1) Autocracia x Democracia: A autocracia é a concentração do poder, e a democracia possui o poder difuso e
descentralizado, é o governo da autoridade do povo (ideologicamente). A democracia surgiu em Atenas, com Draco
(surgimento da isonomia) e Sólon, com o intuito de pacificar conflitos.
10.2) Características da Democracia: Segundo Robert Dahl a democracia possui cinco características: 1) inclusão dos
adultos - sufrágio universal; 2) participação efetiva – atuação nas frentes democráticas; 3) igualdade de voto; 4)
controle do planejamento – transparência e 5) entendimento esclarecido – educação.
10.3) Espécies de Democracia:
-Democracia Direta: o povo é titular do poder.
-Democracia Indireta (representativa): o povo se limita a votar
-Democracia Participativa/Semi-direta: o povo elege, mas também tem instrumentos pra exercer uma
participação mais efetiva na vida política do Estado:
* Plebiscito e Referendo: São formas de consulta popular, com o plebiscito sendo algo prévio e o referendo algo
posterior.
*Iniciativa popular de lei: É uma forma de fazer com que o povo tenha participação nas leis (é necessário haver
certa porcentagem do voto do eleitorado para que o projeto seja encaminhado a um deputado ou senador).
- Democracia Marxista: “plana igualdade e liberdade política”.
- Democracia Deliberativa: Defendida por Habermas.
10.4) O Sufrágio: elemento fundamental da democracia, poder inerente ao povo de participar da vida política do
Estado, diferente de voto (instrumento de efetivação do poder do sufrágio)
- Espécies de sufrágio: Universal x Restrito (gênero, censitário, racial e capacitário).

11. O MANDATO POLÍTICO


Instituto de Direito Público, através do qual o povo (mandante) delega poderes aos seus representantes (mandatário).
Existe o mandato no Direito Privado, porém com limitações. Existem dois tipos de mandatos políticos, o representativo onde
o mandatário possui plena liberdade para tomar decisões próprias, e o imperativo, onde o mandatário é obrigado a seguir
as decisões eleitorais, sob pena da perda do mandato (através do recall nos EUA, por exemplo).

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