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Hokheimer

Teoria tradicional e teoria crítica:


As duas teorias podem ser diferenciadas através de sua estrutura lógica, a Teoria Tradicional
procura abranger todos os fatos de maneira hierarquizada com seus gêneros e espécies atendendo
cada um deles a subordens específicas, já a Teoria Crítica começa com a busca de determinações
abstratas e criação de hipóteses, começando, por exemplo, com a caracterização de uma economia
baseada na troca e discorre através de suas consequências como mercadoria, valor, dinheiro, e a partir
desse processo pode chegar a conceitos genéricos, pois considera as relações da vida social concreta
como relações de troca e o caráter consequente desse tipo de relação que é ela própria transformada
em mercadoria. No que diz respeito à práxis social dominante, a Teoria Crítica não a descarta
totalmente, complementa-a e a supera, os fatos concretos obtidos anteriormente despem-se do
aspecto de exterioridade ao indivíduo, eles devem ser percebidos como suas próprias manifestações.
Se a ação humana é determinada pela razão, a práxis social dada, seria socialmente desumana.

Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau.

O contrato social é uma metáfora usada pelos filósofos contratualistas para explicar a relação
entre os seres humanos e o Estado.
Esta figura de linguagem foi utilizada especialmente por Thomas Hobbes, John Locke e Jean-
Jacques Rousseau.

Contratualistas:
Os chamados "contratualistas" são os filósofos que defendiam que o homem e o Estado
fizeram uma espécie de acordo - um contrato - a fim de garantir a sobrevivência.
O ser humano, segundo os contratualistas, vivia no chamado Estado Natural (ou estado de
natureza), onde não conhecia nenhuma organização política.
A partir do momento em que o ser humano se sente ameaçado, passa a ter necessidade de se
proteger. Para isso, vai precisar de alguém maior e imparcial, que possa garantir seus direitos naturais.
Assim, o ser humano aceita abdicar sua liberdade para se submeter às leis da sociedade e do
Estado. Por sua parte, o Estado se compromete em defender o homem, o bem comum e dar condições
para que ele se desenvolva. Esta relação entre o indivíduo e o Estado é chamado de contrato social.
Vamos ver agora como os principais autores contratualistas pensavam esta questão.

Contrato Social segundo Thomas Hobbes:


Thomas Hobbes nasceu em 1588 e faleceu em 1679, na Inglaterra. Assim pôde testemunhar
as mudanças políticas inglesa durante as revoluções burguesas.
Para Hobbes, os homens precisavam de um Estado forte, pois a ausência de um poder superior
resultava na guerra. O ser humano, que é egoísta, se submetia a um poder maior, somente para que
pudesse viver em paz e também ter condição de prosperar.
Não por acaso, Hobbes chama o "Estado" de Leviatã, um dos nomes que o diabo recebe na
Bíblia, com o propósito de reforçar que é a natureza perversa do homem que o faz buscar a união com
outros homens.
O Estado, por sua parte, terá o dever de evitar conflitos entre os seres humanos, velar pela
segurança e preservar a propriedade privada.
Desta maneira, somente o rei, que concentra o poder das armas e da religião, poderia garantir
que os homens vivessem em harmonia.

Contrato Social segundo John Locke:


John Locke nasceu em 1632 e faleceu em 1702, na Inglaterra. Sua vida discorreu no mesmo
período da Revolução Inglesa que redefiniu o poder monárquico britânico.
Segundo Locke, o homem vivia num estado natural onde não havia organização política, nem
social. Estavam num estado de guerra permanente onde não era possível o desenvolvimento de
nenhuma ciência ou arte.
O problema é que não existia um juiz, um poder acima dos demais que pudesse fiscalizar se
todos estão gozando dos direitos naturais.
Então, para solucionar este vazio de poder, os homens vão concordar, livremente, em se
constituir numa sociedade política organizada.
O homem poderá influir diretamente nas decisões políticas da sociedade civil seja através do
exercício da democracia direta ou delegando a outra pessoa seu poder de decisão. Este é o caso da
democracia representativa, na qual os cidadãos elegem seus representantes.
Por sua parte, o Estado tem como fim zelar pelos direitos dos homens tais quais a vida, a
liberdade e a propriedade privada.

Contrato Social segundo J.J. Rousseau:


Jean-Jacques Rousseau nasceu na Suíça, em 1712 e faleceu na França, em 1778, onde passou
a maior parte de sua vida.
Ao contrário de Hobbes e Locke, Rousseau vai defender que o homem, no seu estado natural,
vivia em harmonia e se interessava pelos demais. Para Rousseau, a vida numa sociedade em vias de
industrialização não favoreceu os homens no seu aspecto moral.
À medida que o desenvolvimento técnico foi ganhando espaço, o ser humano se tornou egoísta
e mesquinho, sem compaixão pelo seu semelhante.
Por sua vez, a sociedade tornou-se corrupta e corrompia o ser humano com suas exigências
para suprir a vaidade e o aparentar daquela sociedade.
Desta maneira, Rousseau relaciona o aparecimento da propriedade privada com o surgimento
das desigualdades sociais.
Assim era preciso que surgisse o Estado a fim de garantir as liberdades civis e evitar o caos
trazido pela propriedade privada.
As ideias de Rousseau serão aproveitadas por vários participantes da Revolução Francesa e
também, posteriormente, ao longo de todo século XIX pelos teóricos do socialismo.

Filósofo Thomas Hobbes John Locke J.J. Rousseau

O homem é bom,
Natureza O homem é O homem é bom, porém
mas faz a guerra para se
Humana egoísta. a propriedade o corrompeu.
defender.

Proteger a
Criação do Evitar a destruição Preservar a liberdade
propriedade e assim fazer o
Estado mútua. civil e os direitos dos homens.
homem progredir.

Monarquia Monarquia
Tipo de
absoluta, mas sem a parlamentarista, sem a Democracia direta.
Governo justificativa do Direito Divino. justificativa do Direito Divino.

Teria do Direito Revolução Inglesa Revolução Francesa


Influência
Moderno e Constituição Americana Comunismo

"A natureza fez o homem


"O Homem é o lobo "Onde não há lei,
Citação feliz e bom, mas a sociedade
do Homem." não há liberdade."
deprava-o e torna-o miserável."

Immanuel Kant.

Imperativo Categórico:
Imperativo categórico é um dos principais conceitos da filosofia de Immanuel Kant.[1] A ética,
segundo a visão de Kant, tem como conceito esse sistema. Para o filósofo prusso, imperativo
categórico é o dever de toda pessoa agir conforme princípios dos quais considera que seriam
benéficos caso fossem seguidos por todos os seres humanos: se é desejado que um princípio seja uma
lei da natureza humana, deve-se colocá-lo à prova, realizando-o para consigo mesmo antes de impor
tal princípio aos outros. Em suas obras, Kant afirma que é necessário tomar decisões como um ato
moral, ou seja, sem agredir ou afetar outras pessoas.
O imperativo categórico é enunciado com três diferentes fórmulas (e suas variantes). São elas:
Lei Universal: "Aja como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, através da tua vontade,
uma lei universal." Variante: "Age como se a máxima da tua ação fosse para ser transformada, através
da tua vontade, em uma lei universal da natureza."
Fim em si mesmo: "Aja de tal forma que uses a humanidade, tanto na tua pessoa, como na
pessoa de qualquer outro, sempre e ao mesmo tempo como fim e nunca simplesmente como meio."
Legislador Universal (ou da Autonomia): "Aja de tal maneira que tua vontade possa encarar a
si mesma, ao mesmo tempo, como um legislador universal através de suas máximas." Variante: "Age
como se fosses, através de suas máximas, sempre um membro legislador no reino universal dos fins."
Metafísica dos costumes:
Uma metafísica dos costumes é indispensável, pois os costumes encontram-se suscetíveis à
corrupção. Não basta que uma lei moral venha nos dizer o que é moralmente bom ou ruim, mas que
traga em si uma necessidade absoluta dos homens, que a faça ser respeitada por si mesma.

Capítulo Primeiro: Transição do conhecimento vulgar da razão ao conhecimento filosófico


Não há nada que seja sempre bom em qualquer situação, a não ser uma boa vontade, e que
esta não seja boa pela utilidade que tem, mas sim que seja boa por si mesma. A razão não deve nos
dirigir na satisfação de nossas necessidades, mas deve criar uma vontade boa em si mesma, sendo por
isso, absolutamente necessária.
Uma ação feita por dever não tem seu valor moral na sua utilidade, mas na lei que impulsiona
a ação. O dever somente deve ser impulsionado pela lei, devendo-se descartar qualquer sinal de
vontade própria, guiada pelo que se ganha no cumprimento do dever.
Para sabermos se uma vontade é moralmente boa, devemos nos perguntar se desejamos que
essa máxima se converta em lei universal, caso contrário é reprovável. É reprovável não por não
atender às vontades de alguém ou por fazer mal a alguém, mas por não poder ser generalizada. Diante
dessa vontade de se satisfazer e da lei moral, cria-se uma dialética natural entre as partes que discute
as leis morais do dever.

Capítulo Segundo: Transição da filosofia moral popular à metafísica


Transição da filosofia moral popular à metafísica dos costumes
Apesar de o homem agir impulsionado pelo dever, sempre resta a dúvida se não existem
realmente interferências das inclinações, das vontades pessoais. Por esse motivo ao longo da história
sempre se colocou em dúvida a existência de qualquer ação que fosse guiada pelo dever, mas mesmo
assim – durante o passar dos tempos – o conceito de moral não foi colocado em dúvida, digna de
conceber a ideia de dever e débil para cumpri-la e empregando a razão para administrar as inclinações.
É impossível determinar com certeza um caso em que o dever tenha sido a única causa
impulsora de uma ação, pois se tratando de valores morais, não importam as ações, mas sim seus
princípios que não se encontram aparentes, mas escondidos no profundo do ser.
Observando-se as ações humanas, deparamo-nos continuamente com interferências dos
interesses pessoais. Para impedir que venhamos perder completamente a fé em nossas convicções do
dever, devemos ter em mente que não importa que nunca tenha havido uma única ação de acordo
com o dever, mas importa que a razão – anteriormente a toda e qualquer experiência – ordena o que
se deve fazer.
Nenhuma experiência empírica é capaz de nos dar semelhante lei evidente, pois todo exemplo
de ação moral é julgada primeiramente pela noção a priori de moralidade. Não há duvida se é ou não
bom alcançar esses conceitos completamente livres de empirismos; na época presente podem ser
necessários.
Uma filosofia pratica popular é admissível quando fundamentada primeiramente nos conceitos
da razão pura. Não sendo nesse caso, torna-se uma mescla de más observações e princípios ruins, sem
que ninguém se pergunte se a fonte para os princípios devem ser de origem empírica ou racional. É
demonstrável então que os conceitos morais devem derivar única e exclusivamente da razão pura.
A vontade geral prefere uma filosofia prática popular a um conhecimento racional puro. Mas
deve-se primeiro alicerçar tal teoria na metafísica e só então procura-se a popularidade.
Mas a metafísica dos costumes não é só o meio onde ocorre todo o conhecimento teórico,
devido ao fato de que a representação pura do dever sobre o coração humano uma reação tão mais
forte que todas as teorias empíricas torna-se soberana. Por outro lado uma teoria moral misturada a
conclusões empíricas não consegue conduzir a uma boa vontade, ou conduz ao mal.
Conclui-se que todos os conceitos morais têm sua base e origem completamente a priori, na
razão pura. A aspiração que é guiada pela razão denomina-se razão prática. Mas se a ação é
determinada por outros fatores além da razão, é denominada contingente. Se for determinada apenas
pela razão, é constrição.
Os imperativos são meios de se exprimir a relação entre as leis e as imperfeições da vontade
guiada pela lei. O imperativo hipotético ocorre quando ação é boa somente como meio para se chegar
a determinado fim. É imperativo categórico se a ação é representada como boa por si mesma.
O imperativo da habilidade diz o que se deve fazer para se chegara um fim sem se importar se
esse fim é bom ou ruim. O imperativo da moralidade não se refere à matéria da ação e do que dela
resulta, mas à forma e ao princípio onde ela resulta. O imperativo categórico é o único que se expressa
em lei prática, os demais podem chamar-se princípios, mas não leis da vontade. Algo que é necessário
somente como meio a um determinado fim é contingente (descartável), pois podemos renunciar ao
propósito, e o mandato incondicionado não possui em si a necessidade.
Concluímos que se o dever necessita influenciar nossas ações práticas, então somente pode
ser expressa através de imperativos categóricos e de modo algum através de imperativos hipotéticos.
O que deriva de sentimentos e tendências humanas pode nos dar uma máxima, mas não uma lei, ou
seja, não no o briga a agir.
O homem existe como um fim em si e não como um meio de alcançar este ou aquele objetivo.
Tudo o que podemos obter por meio de nossas ações possui um valor condicionado. Se existir um
imperativo categórico, deverá pela representação do que é fim afirmar o que é fim para todos já que
é fim em si mesmo. O fundamento deste princípio é: a natureza racional existe como um fim em si
mesmo. O imperativo prático será então: “age de tal modo que possas usar a humanidade, tanto em
tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre como um fim ao mesmo tempo, e nunca como
um meio”. O dever há de ser sempre condicionado e nunca servir para o mandato moral, sendo este
princípio chamado de o da autonomia da vontade em oposição a heteronomia.
Autonomia da Vontade Como Princípio Supremo da Moralidade
A parte da vontade que constitui uma ordem a si mesma é a autonomia da vontade,
independentemente dos objetos que possa fazer parte da vontade. O princípio da autonomia é que
as suas máximas venham a valer para todos.
A Heteronomia da Vontade Como Origem de Todos os Princípios ilegítimos da Moralidade
Quando a vontade procura a lei que deve determiná-la em outro ponto que não o de suas
máximas, mas sim de seus objetos então se constitui a heteronomia. Nesse caso é o objeto de desejo
da vontade que determina as leis. A heteronomia é o oposto do imperativo categórico, sendo que a
heteronomia afirma que se deve fazer algo com um propósito e o imperativo categórico diz o que se
deve fazer independente dos objetos do desejo.

Capítulo Terceiro: Última transição da metafísica do costumes a critica da razão pura prática
O conceito de liberdade constitui a chave explicativa da autonomia da vontade.
A vontade é uma espécie de destino dos seres racionais, sendo que estes se tornam livres quando
escolhem a lei moral que irá reger as suas vidas. A liberdade da vontade somente pode ser a
autonomia.
A liberdade como propriedade da vontade deve pressupor-se em todos os seres racionais.
Como a vontade somente é livre se debaixo da lei moral, deve ser atribuída a todos os seres
racionais.
Do interesse que assenta nas ideias da moralidade
Não se pode saber como as coisas são realmente, ou em si; somente posso saber como as
coisas se apresentam a mim. Por isso não é aceitável que o homem pretenda conhecer-se a si mesmo
tal como é, pois o conhecimento que possui de si deriva apenas do mundo empírico, sendo então
digno de desconfiança. O ser humano possui uma parte racional e outra empírica.

Racionalismo:
O racionalismo é a corrente filosófica que iniciou com a definição do raciocínio como uma
operação mental, discursiva e lógica que usa uma ou mais proposições para extrair conclusões, ou
seja, se uma ou outra proposição é verdadeira, falsa ou provável. Essa era a ideia central comum ao
conjunto de doutrinas conhecidas tradicionalmente como racionalismo. O racionalismo é em parte, a
base da Filosofia, ao priorizar a razão como o caminho para se alcançar a verdade.[1]
O racionalismo afirma que tudo o que existe tem uma causa inteligível, mesmo que
essa causa não possa ser demonstrada empiricamente, tal como a causa da origem do Universo.
Privilegia a razão em detrimento da experiência do mundo sensível como via de acesso
ao conhecimento. Considera a dedução como o método superior de investigação filosófica. René
Descartes, Baruch Espinoza e Gottfried Wilhelm Leibniz introduzem o racionalismo na filosofia
moderna. Georg Wilhelm Friedrich Hegel, por sua vez, identifica o racional com o real, supondo a total
inteligibilidade deste último.
O racionalismo é baseado nos princípios da busca da certeza, pela demonstração e análise,
sustentados, segundo Kant, pelo conhecimento a priori, ou seja, o conhecimento que não é inato nem
decorre da experiência sensível, mas é produzido somente pela razão.[2]

O racionalismo é a corrente central no pensamento liberal que se ocupa em procurar,


estabelecer e propor caminhos para alcançar determinados fins.[3]Tais fins são postulados em nome
do interesse coletivo (commonwealth), base do próprio liberalismo anglo-saxónico, contribuindo
também para estabelecer a base do racionalismo. O racionalismo, por sua vez, fica na base do
planejamento da organização econômica e espacial da reprodução social.
Universalismo:
Universalismo vem de universal, que vem de universo, que significa o cosmos ou o mundo
todo. Na filosofia, o universalismo, também conhecido como cospopolitanismo, é uma tentativa de
resolver o problema filosófico do ‘um e outros’ que aparece na ética, na teologia, na epistemologia e
na política.
Immanuel Kant (1724-1804) levou o universalismo ao seu ponto mais longe, analisando-o pelos
ângulos da epistemologia e da política. Na filosofia Kantiana o universalismo epistemológico tem a ver
com a unidade cósmica das coisas, e o universalismo político com a comunidade de nações que ele
propôs com o objetivo de substituir o nacionalismo, cujo objetivo final era ganhar o consenso e a paz
universal. Para Kant, esses dois universalismos estão interligados no progresso científico que predispôs
a humanidade à uma cultura mundial voltada à preservação da paz universal.

Filosofia Liberal:
Kant foi fortemente influenciado pelo empirismo de David Hume. O seu mais importante
contributo para o liberalismo foi na ética, particularmente a sua asserção do imperativo categórico.
Kant defendia que os sistemas resultantes da razão e da moral estavam subordinados à lei moral
natural, e, portanto, tentativas de subvertê-las só trariam o fracasso. O seu idealismo foi estruturante,
na visão de que existiam verdades fundamentais que os sistemas racionais não poderiam ignorar e nas
quais deveriam ser baseados. Tal entendimento fazia a ligação com o Iluminismo inglês, o qual
estabelecia a existência de direitos naturais.

Princípios da Revolução Francesa:


A Revolução foi influenciada pelos ideais do movimento conhecido por Iluminismo. O lema
“Liberdade, Igualdade, Fraternidade” foi adotado como marcha inicial da revolução. O movimento
defendia o pensamento racional diante a visão teocêntrica que dominava a Europa. Para os filósofos,
o pensamento era a única luz capaz de iluminar as trevas (período em que a sociedade se encontrava),
daí o nome de Iluminismo.
Para que o ser humano pudesse evoluir intelectualmente, era necessário colocar a razão frente
as crenças religiosas e o misticismo. As respostas para os questionamentos do homem, que eram
baseadas na fé, deveriam ser abandonadas e uma nova busca deveria ser realizada para que as
respostas tivessem um embasamento lógico e real.
Os filósofos acreditavam que o homem nascia bom, porém era corrompido pela sociedade que
não tinha princípios, nem moral. Para eles, se o homem fizesse parte de uma sociedade justa, onde
pudesse desfrutar de direitos e liberdade iguais a todos, o bem estar geral e a felicidade poderiam ser
tornar realidade. Devido a esses pensamentos, os iluministas eram contra o absolutismo, privilégio a
poucos (como os concedidos a nobreza e ao clero), mercantilismo e a qualquer prática imposta
obrigatoriamente. Para eles, todos os cidadãos deveriam ter como direito igualdade jurídica e
tributária.
Para os burgueses essa filosofia era interessante, pois mesmo sendo uma classe que detinha
poder econômico, eles não podiam atuar em campo político, tendo uma participação limitada. E outro
ponto era o governo interferir na economia. Com o fim do Antigo Regime, a burguesia pode atuar
livremente na área econômica e pode ver o clero e a nobreza perder todos o privilégios que tinham.

Adam Smith; John Stuart Mill; Alexis de Tocqueville

Adam Smith foi um dos principais nomes da Economia e da Filosofia no século XVIII,
responsável por propagar o liberalismo econômico em uma época na qual predominava o
Iluminismo. Nascido em Kirkcaldy, uma cidade da Escócia, no ano de 1723, Adam Smith faleceu em
Edimburgo, em julho de 1790. Sobretudo, o escocês é lembrado pelo desenvolvimento do capitalismo
nos séculos seguintes à sua morte.
A principal teoria de Adam Smith era a de que deveria haver total liberdade na economia para
que a iniciativa privada pudesse se desenvolver alheia à intervenção do Estado. Para o economista e
filósofo, a livre concorrência entre os empresários é o que iria tornar o mercado regular, ocasionando
a queda dos preços, as inovações tecnológicas, a melhoria da qualidade dos produtos e o aumento no
ritmo de produção.

A vida de Adam Smith:


O precursor do capitalismo nasceu na Escócia, em 1723, e aos 16 anos cursou Filosofia Moral
na Universidade de Glasgow. Aos 17, entrou na Universidade de Oxford e em 1748 lecionou em
Edimburgo. Dois anos mais tarde, Adam Smith conheceu o filósofo David Hume, que veio a se tornar
um grande amigo do escocês. Já em 1751, Smith exerceu a atividade de professor de Filosofia Moral
na Universidade onde realizou essa mesma graduação, em Glasgow.
Em 1759, publicou a sua primeira obra relevante, a “Teoria dos Sentimentos Morais”. Quatro
anos mais tarde, deixou de ser professor em Glasgow e assumiu o cargo de tutor do duque de
Buccleuch. De 1764 a 1766, Adam Smith esteve viajando pela França, onde teve encontros com outros
importantes nomes da filosofia, como François Quesnay, d’Alambert, Helvetius e Turgot.
“A Riqueza das Nações”, principal e mais importante obra de Adam Smith, foi publicada em
1776. Apenas dois anos após a publicação, o autor assumiu o cargo de comissário da alfândega da
Escócia e foi morar com a sua mãe em Edimburgo, onde faleceu em 1790 em decorrência de uma
doença. O corpo do filósofo que é considerado o “Pai da Economia Moderna” está sepultado em
Canongate Churchyard.

O Capitalismo:
As teorias de Adam Smith atacavam abertamente a política econômica do mercantilismo, que
era promovida pelos reis absolutistas em uma época extremamente autoritarista. Essas teorias
também contestavam o regime feudal, que naquele tempo ainda estava presente em muitas regiões
rurais da Europa. E foi devido à essas características que as ideias de Adam Smith ganharam mais força,
influenciando, e muito, a burguesia europeia do século XVIII.
Escrita em 1776, a obra “A Riqueza das Nações”, é a mais famosa de Adam Smith. Nela, o
economista teve como um de seus principais objetivos a demonstração das diferenças entre o que é
a economia política da ciência política, a jurisprudência e a ética. Na obra, como é de se esperar, estão
diversas e fortes críticas ao sistema mercantilista devido à sua intervenção sem limites na economia.
A principal teoria presente na obra é a de que o desenvolvimento e o bem-estar de qualquer
nação provém da eficiência de sua economia e da divisão do trabalho. Para Adam Smith, seria a divisão
do trabalho a responsável por garantir a redução dos custos da produção e também por elencar a
queda dos preços dos produtos. Outros assuntos, como a livre concorrência e a acumulação de capitais
como fonte de desenvolvimento da economia, são abordados em “A Riqueza das Nações”.
Sobretudo, a importância de Adam Smith e de suas obras reside no fato de que o economista
e filósofo inspirou o crescimento do capitalismo, que é o atual sistema do Brasil e de boa parte do
planeta. O liberalismo econômico se opõe à intervenção do Estado e prega que a iniciativa privada
pode ser a solução, deixando a sociedade a mercê da dominância e dos interesses das empresas, que
ditam os rumos da economia.

Principais críticas à obra de Adam Smith:


Como principal teórico do Capitalismo, Adam Smith é também um dos autores mais criticados
devido aos sérios problemas desencadeados por esse sistema. Karl Marx, o filósofo alemão mais
conhecido pela obra “O Capital”, é o crítico mais assíduo de todos os tempos em relação ao sistema
capitalista de Adam Smith. A crítica principal é a exclusão das camadas mais pobres no sistema de
acúmulo de capitais, já que este privilegia as classes dominantes e perpetua a pobreza das classes mais
frágeis.
No entanto, Adam Smith, à sua época, ficou conhecido por ser um filósofo “benevolente” e
muito excêntrico. Muito tempo após a sua morte, foi descoberto que o escocês destinou a maior parte
dos seus rendimentos à instituições secretas de caridade. Antes de morrer, Adam Smith ordenou que
fossem destruídos os seus últimos escritos, com a exceção de alguns textos avulsos que foram
publicados em 1975.
Frases célebres do autor
“A riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza dos príncipes.”
“Nenhuma nação pode florescer e ser feliz enquanto grande parte de seus membros for
formada de pobres e miseráveis.”

JOHN STUART MILL nasceu a 8 de maio de 1806 e faleceu a 16 de maio de 1873. Ao longo dos
67 anos de sua vida, ele foi testemunha de mudanças fantásticas tanto na sociedade como na política
e na economia de seu país, a Inglaterra. As raízes destas transformações datam da segunda metade
do século XVIII, com o advento da REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. Stuart Mill foi contemporâneo de seu
apogeu, época em que se consolidou o mais vasto império de que se tem notícia na história: o IMPÉRIO
COLONIAL BRITÂNICO, onde, dizia-se, o sol jamais se punha dentro de seus limites. Alguns dos
resultados destas transformações são bem conhecidos: o surgimento da classe operária, da burguesia
industrial e financeira e a universalização de uma economia de bases monetárias.
Também foram importantes as mudanças que se verificaram na política inglesa. Elas podem
ser agrupadas em dois grandes blocos: em primeiro lugar temos a constituição de um conjunto de
instituições capazes de canalizar e dar voz à oposição, criando um sistema legítimo de contestação
pública. Em segundo lugar, temos o alargamento das bases sociais do sistema político, com a
incorporação de setores cada vez mais amplos da sociedade. Na Inglaterra do século passado, este
último processo se realizou mediante a expansão da participação eleitoral. As grandes reformas
eleitorais de 1832, 1867 e 1884 terminaram por universalizar o direito de voto pelo menos para a
população masculina, ao mesmo tempo que aumentavam a representatividade no Parlamento.
Na época em que Stuart Mill viveu, boa parte dos esforços necessários para tornar efetivos os
canais de competição política já havia produzido seus frutos. A questão que desafiava as elites políticas
inglesas era a incorporação da massa de trabalhadores depauperados pela industrialização, que
batiam às portas do sistema político.
É este o pano de fundo da vida e da obra de John Stuart Mill, apontado como o mais legítimo
representante do movimento liberal inglês do século passado. Nascido em Londres, John Stuart Mill é
filho de James Mill filósofo e historiador, considerado um dos fundadores do utilitarismo inglês. Desde
a infância, Mill se viu às voltas com os projetos educacionais de seu pai. Assim é que, aos três anos, o
pequeno Mill iniciou-se na leitura do grego. Aos oito, aprendeu latim e aos doze anos já havia estudado
quase todas as obras do pensamento clássico. Nos anos subseqüentes, seus estudos foram orientados
para os campos da história, psicologia, filosofia e lógica.
Seu primeiro livro, “Lógica”, veio a público em 1843. Como os demais livros, esta obra alcançou
grande popularidade. Outras obras importantes de Stuart Mill são “Princípios de Economia Politica”
(1848), “Sobre a Liberdade” (1859), “Considerações Sobre o Governo Representativo” (1861),
“Utilitarismo” (1863) e “A Sujeição da Mulher” (1869).
A popularidade de Mill como escritor e seu interesse por questões políticas levaram-no a ser
eleito por Westminster para o Parlamento, em 1865. Entretanto, não conseguiu se reeleger em 1868.
Derrotado, Mill retirou-se para Avignon, na França, onde permaneceu até sua morte.

Um novo liberalismo:
Na obra de Mill, o liberalismo despe-se de seu ranço conservador, defensor do voto censitário
e da cidadania restrita, para incorporar em sua agenda reformas que vão desde o voto universal até a
emancipação da mulher. Há um esforço para enquadrar e responder as demandas do movimento
operário inglês.
De certa forma, a obra de Mill pode ser tomada como um compromisso entre o pensamento
liberal e os ideais democráticos do século XIX. O fundamento deste compromisso está no
reconhecimento de que a participação política não pode ser encarada como um privilégio de poucos.
E está também na aceitação de que o trato da coisa pública diz respeito a todos. Daí a preocupação
de Mill em dotar o estado liberal de mecanismos capazes de institucionalizar esta participação
ampliada.
A incorporação dos segmentos populares é para ele a única via possível para salvar a liberdade
inglesa de ser presa dos interesses egoístas da próspera classe média. Para ele, a tirania da maioria é
tão odiosa quanto a da minoria. Isto porque ambas levariam à elaboração de leis baseadas em
interesses classistas.
Tendo em vista alcançar estes resultados, Mill propõe duas medidas. Em primeiro lugar, a
adoção do sistema eleitoral proporcional, que garantiria a representação das minorias, mesmo
quando estas se encontrassem dispersas em vários distritos, não representando a maioria em nenhum
deles.
Em segundo lugar, a adoção do voto plural. Para Mill, os votos deveriam ser contados com
pesos diferentes, dependendo de quem os tivesse dado. Na medida em que os interesses privados
tendem a se polarizar em dois grandes blocos, qual seja, o das classes proprietárias e o dos
trabalhadores assalariados, é necessário que o fiel da balança esteja nas mãos de um terceiro grupo,
que por suas condições específicas esteja pessoalmente comprometido com a justiça: as elites
culturais. Para que a influência destas elites seja real, argumenta Mill, o peso de seus votos deve ser
superior a 1.

Indivíduo e liberdade:
Para compreendermos o valor que Mill atribui à democracia, é necessário observar a
concepção de sociedade e indivíduo.
A posição de Stuart Mill sobre estas questões tem raízes na concepção utilitarista defendida
por Bentham e James Mill. Para estes dois autores, a realidade da economia de mercado constitui-se
num paradigma teórico para a construção de seus modelos de sociedade e de indivíduo. Assim, o bem-
estar pode ser calculado para qualquer homem subtraindo-se o montante de seu sofrimento do valor
bruto de seu prazer. O bom governo será aquele capaz de garantir o maior volume de felicidade líquida
para o maior número de cidadãos. Para cada ação ou questão política, é sempre possível aplicar este
raciocínio para avaliar a “utilidade” de seus resultados.
Stuart Mill também vê no bem-estar assegurado o critério último para a avaliação de qualquer
governo ou sociedade. Entretanto, para Stuart Mill, a primeira dificuldade com aquela teoria está em
se tomar a felicidade como algo passível de mensuração puramente quantitativa. Na avaliação desta
dimensão da natureza humana intervém um elemento qualitativo que lhe é intrínseco. É justamente
esta a porta por onde Mill introduz uma alteração radical na concepção sobre a natureza do homem.
O Homem é um ser capaz de desenvolver suas capacidades e faz parte de sua essência a necessidade
deste desenvolvimento. Aqui funda-se a utilidade da democracia e da liberdade. O governo
democrático é melhor porque nele encontramos as condições que favorecem o desenvolvimento das
capacidades de cada cidadão:
Foi justamente na defesa desta liberdade que Mill escreveu aquela que pode ser considerada
sua obra maior: On liberty (Sobre a liberdade). O argumento central desta obra assenta-se no elogio
da diversidade e do conflito como forças matrizes por excelência da reforma e do desenvolvimento
social.
Mill aponta para o fato de que uma sociedade livre, na medida em que propicia o choque das
opiniões e o confronto das idéias e propostas, cria condições ímpares para que “a justiça e a verdade”
subsistam. Desta forma, garante-se, através do conflito, o progresso e a auto-reforma da sociedade.
Para Mill, a liberdade não é um direito natural. Como utilitarista, ele recusa a teoria dos direitos
naturais. Mas a liberdade também não é um luxo.
Na obra de Mill encontramos, portanto, a pré-história de duas noções muito caras à ciência
política contemporânea: a defesa do pluralismo e da diversidade societal contra as interferências do
Estado e da opinião pública (esta última, a tirania da “opinião prevalecente”, a pior, porque mais
sistemática e cotidiana); e a perspectiva de sistemas abertos, multipolares, onde a administração do
dissenso predomine sobre a imposiçõo de consensos amplos. Por estes e ainda outros motivos, sua
leitura é sempre uma surpresa agradável para o leitor que o enfrente desarmado dos preconceitos
que costumam cercar os textos clássicos do liberalismo.

Falar de TOCQUEVILLE é falar da questão da liberdade, da igualdade e, também,


da democracia. Herdado do JUSNATURALISMO e do CONTRATUALISMO, em Tocqueville este tema é
o ponto central do que poderia ser uma nova ciência política.

DEMOCRACIA: UM PROCESSO UNIVERSAL: Seus estudos dizem respeito a realidades concretas


que abrangem desde a descrição de hábitos e costumes de um povo e sua organização social até a
explicação de sua estrutura de dominação, de suas instituições políticas e das relações do Estado com
a sociedade civil. Assim são suas obras sobre a democracia na América, a Revolução Francesa e o
Antigo Regime, a colonização da Argélia etc. Mas em todas essas, a preocupação fundamental é
encontrar a possível coexistência harmônica entre um processo de desenvolvimento igualitário e a
manutenção da liberdade.
Abordar, portanto, a questão da liberdade e da igualdade, em Tocqueville, é necessariamente
falar de democracia. Em primeiro lugar porque Tocqueville identifica igualdade com democracia. Em
segundo lugar porque, ao não trabalhar apenas com indagações abstratas, procura entender a
questão da liberdade e da igualdade onde elas não foram contraditórias. Para ele, isso estava
acontecendo nos Estados Unidos da América, por volta de 1830.
A maneira pela qual retira da realidade pesquisada fatos significativos para a compreensão do
fenômeno democrático, o cuidado com que os relaciona, buscando aí encontrar a racionalidade que
lhes é específica, permite que se veja no seu estudo que Tocqueville pretende construir um conceito
definidor de democracia, como ocorre em sua maior obra, A Democracia na América, publicada em
dois volumes em 1835 e 1840.
Ao elaborar esse conceito de democracia, Tocqueville acaba por apresentá-lo como um
processo de caráter universal. O processo democrático, que ele define como um constante aumento
da igualdade de condições, diz respeito a toda a humanidade. Como tal, a democracia é vista como
inevitável e mesmo providencial, pois ela seria a própria vontade divina, realizando-se na história da
humanidade. No entanto, não quer dizer que o processo igualitário se repetirá da mesma forma em
outros lugares. Para Tocqueville, cada nação terá seu próprio desenvolvimento democrático. Nessa
diversidade de caminhos que as nações podem percorrer, o fator mais importante para defini-los é a
ação política do seu povo.
OS PERIGOSOS DESVIOS DA IGUALDADE: Uma das críticas mais correntes ao pensamento de
Tocqueville diz respeito ao fato de que a democracia americana dessa época não só apresentava
grandes diferenças de nível econômico entre seus habitantes, mas também diferenças raciais e
culturais. É, no entanto, na igualdade cultural e política (não na econômica) que está assentada sua
ideia de que, no desenvolvimento do processo democrático, um povo tornar-se-á cada vez mais
homogêneo. Nos Estados Unidos, aliás, o grande problema por ele apontado para que tal processo
pudesse se cumprir plenamente era a existência de escravos.
Tocqueville fala também em fator gerador de igualdade, entendendo por isto todo e qualquer
elemento cultural que permita aos indivíduos considerarem-se como iguais. Isso é válido, por exemplo,
para uma lei que declare que os homens são iguais, ou para qualquer fenômeno igualitário que se
realize num nível mais concreto.
Democracia para Tocqueville está associada a um processo igualitário que não poderá ser
sustado. Porém, será a ação política desse povo irá definir se essa democracia será liberal ou tirânica.
Essa questão da possibilidade da democracia vir a ser uma tirania é a principal preocupação de
Tocqueville.
Tocqueville vê no desenvolvimento democrático dos povos dois grandes perigos possíveis: uma
sociedade de massa que permitisse surgir uma Tirania da Maioria; e o surgimento de um Estado
autoritário-despótico.
Caso o desenvolvimento de uma sociedade onde hábitos, valores etc., fossem definidos por
uma maioria, quaisquer atividades ou manifestação de ideias que escapassem ao que a massa da
população acreditasse ser a normalidade poderiam ser impedidas de se realizar. Tocqueville está
sobretudo preocupado com a possibilidade de as artes, a filosofia e mesmo as ciências sem imediata
aplicação prática não encontrem campo para se desenvolver.
Tocqueville investe contra o individualismo, para ele criado e alimentado pelo
desenvolvimento do industrialismo capitalista, onde o interesse mais alto é o lucro. Tocqueville
procura demonstrar que os cidadãos, à medida que se dedicam cada vez mais aos seus afazeres
enriquecedores, vão abandonando seu interesse pelas coisas públicas e terminam por possibilitar o
estabelecimento de um Estado que aos poucos tomará para si todas as atividades e irá também intervir
nas liberdades fundamentais.
AÇÃO POLITICA E INSTITUIÇÕES POLÍTICAS: Tocqueville procura mostrar como esses perigos
podem ser evitados. Além da atividade política dos cidadãos, a existência e a manutenção de certas
instituições podem dificultar o surgimento de um Estado autoritário e mesmo de uma sociedade
massificada. Isso pode ocorrer através da implantação de instituições tais como a descentralização
administrativa, a organização de associações políticas que tenham como finalidade a defesa da
cidadania ou mesmo a existência de grandes partidos. É preciso criar e desenvolver organizações livres
que garantam a manutenção do espaço da palavra e da ação. É na própria democracia que
encontramos a solução para os seus males.
UM MANIFESTO LIBERAL: Como representante no Congresso, ou como constituinte em 1848,
Tocqueville procura sempre defender posições que pudessem favorecer e garantir a liberdade dos
cidadãos. Assim, defende o ensino obrigatório e livre, a liberdade de imprensa, a libertação dos
escravos nas colônias etc. Acredita que é preciso que a França mantenha a conquista da Argélia,
necessária estrategicamente para sua grandeza e independência. Também, combate os vários
socialismos que despontavam, porque, para os socialistas, um Estado intervencionista agigantado
deveria ser o único responsável pela direção política da nação. Isso significa, para Tocqueville, a criação
de um Estado despótico, no qual a liberdade dos cidadãos desaparecerá.
Tocqueville vê as revoluções em geral com um certo temor, mas é capaz também de analisá-
las como necessárias em determinados momentos. Para ele, as revoluções só acontecem naquelas
nações onde os cidadãos não são capazes de conduzir o processo democrático com liberdade. Por isso
a revolução na França foi necessária em 1789, em 1830, em 1848. Seu desamor se explica sobretudo
porque à Revolução de 1789 seguiu-se o império autocrático de Napoleão Bonaparte. Em 1848, o
golpe de Luís Napoleão só vem confirmar os seus temores.
Embora ele tenha, como ministro, participado do governo do presidente da república eleito,
LUIS NAPOLEÃO BONAPARTE, após o golpe elabora um manifesto contra a nova situação, sendo preso
juntamente com outros parlamentares. É o fim de sua carreira política, mas é também quando se
retira para escrever sua segunda grande obra: “O Antigo Regime e a Revolução”. Mais uma vez,
Tocqueville procura descrever o desenvolvimento de um processo democrático e procura prevenir os
franceses quanto aos perigos do surgimento de um Estado com grande concentração de poderes em
suas mãos.
Na verdade, toda a obra de Alexis de Tocqueville surge como um grande manifesto liberal ao
povo francês. Para ele, a REVOLUÇÃO FRANCESA não acabou, ela foi parte de um processo mais
duradouro de democratização. E depende apenas do povo francês atingir um Estado igualitário na
liberdade, ou na tirania.

O Estado Secular e o Estado Laico:


Estado secular: o modelo norte-americano de separação entre Estado e Religião. O Estado não
subvenciona ou apoia nenhuma religião específica, por outro lado, dá isenção tributária às
organizações religiosas e não interfere em suas administrações ou conteúdo de crença.

Estado laico: o modelo francês de separação entre as esferas públicas e privadas. No espaço
público, o Estado é laico não privilegiando ou favorecendo nenhum grupo ou discurso religioso. No
espaço privado, o Estado reconhece e protege as crenças individuais, sem interferir em questões de
crença ou consciência

Karl Marx e Friedrich Engels


No período da Revolução Industrial, um fator destacável foi em relação à análise dos modelos
de produção capitalista, sendo ela realizada por meio da teoria de Karl Marx, chamada de socialismo
científico.
Porém, Marx só se tornou verdadeiramente conhecido e famoso quando a sua obra ‘Manifesto
do Partido Comunista’ foi publicada, no ano de 1848. O livro foi escrito em parceria com Friedrich
Engels.

Qual era o ideal de Marx e Engels?


O enredo de Marx e Engels tinha como base uma crítica ao sistema capitalista. Porém, ambos
sabiam que não bastava analisar e criticar, mas a única forma possível para que tal modelo fosse
abolido, seria no caso da criação de uma nova organização da sociedade, capaz de substituí-lo.
Dessa forma, ambos se juntaram e propuseram, por meio da obra, um novo modelo de
organização política e econômica social, uma vez que consideravam o capitalismo um sistema dotado
de grandes injustiças para a sociedade e somente reformulá-lo não seria o suficiente para que a
igualdade pudesse ser alcançada em sua integridade.
Os principais pontos que compuseram o enredo de Marx e Engels foram:
• O modelo de produção capitalista foi algo criado em um determinado período histórico e
social, conforme os pensamentos de ambos os alemães. Dessa forma, na sua origem eles já puderam
estabelecer e, com a obra, visavam também o final histórico.
• Para os pensadores dessa época, o modelo de produção capitalista só chegaria ao fim quando
a classe operária alcançasse a liderança dos poderes, tanto políticos como econômicos. Tal meta seria
possível por meio de um processo totalmente revolucionário, em que uma ditadura de proletariado
seria instaurada.
• Segundo o enredo de Marx e Engels, quando o capitalismo fosse mais maduro, ele
apresentaria uma tendência de concentração de renda. Dessa forma, a geração de monopólios seria
mais frequente, eliminando de vez a concorrência em um mesmo setor.
• A concentração do capitalismo tinha como base principalmente a exploração trabalhista e a
exploração das propriedades privadas. A miséria dos funcionários desse sistema, como operários e
demais trabalhadores, no caso, era “proporcional” à própria concentração do monopólio de renda.
Para Engels e Marx, todas as transformações relacionadas com esse modelo de produção eram
determinadas por leis de caráter histórico, sendo elas fruto da própria criação e crescimento das forças
produtivas com o passar do tempo.
Por isso, a defesa de ambos os alemães era de que a classe operária, ou seja, os trabalhadores
como um todo deveriam se reunir para criar uma grande e única revolução. Seria por meio da
paralisação e do ‘basta’ deles que uma nova organização socioeconômica e política poderia nascer, e
possivelmente, se instalar, tirando o capitalismo do poder.
Processo revolucionário:
E com base no enredo de Marx e Engels, o processo revolucionário deveria passar por duas
etapas antes de consolidação por completo, sendo elas:
1. Fase socialista
A fase socialista seria a primeira a ser implantada, logo depois da retirada do capitalismo do
poder. Sendo assim, logo que a classe trabalhadora conseguisse entrar no poder, a criação de um
Estado proletário deveria ser a primeira tarefa fundamental, com base nos pensamentos de Marx e
Engels.
Vale lembrar que, durante a fase socialista imposta pelos dois pensadores, a cultura dos
operários ainda teria como base os próprios valores capitalistas. Neste sentido, Marx e Engels
mantinham a dúvida: será que receber apenas um salário para trabalhar o mês todo é
verdadeiramente o suficiente para suprir com minhas necessidades?
A fase socialista era composta por fatores tais como:
• Ditadura do proletariado, que causaria o grande caos da revolução;
• Um possível estado de caráter burocrático;
• Propriedade tanto coletiva como estatal;
• Definição de planos econômicos;
• A base para a fase socialista, no caso, seria: “cada um de acordo com o seu trabalho”, sendo
ele baseado em preceitos mais individualistas.
2. Fase comunista
Já a fase comunista é aquela que seria implantada depois do fim da etapa anterior, no caso, a
socialista. Quando o Estado desaparecesse por completo, o novo sistema tanto político como
econômico estabeleceria as bases comunistas mundiais que Marx e Engels sonhavam: novos valores,
tanto sociais como culturais surgiriam neste período e a remuneração teria como base as necessidades
individuais de cada indivíduo, criando uma sociedade igualitária em que não houvesse qualquer tipo
de diferença entre classes sociais.
Neste caso, a fase comunista que o enredo de Marx e Engels defendia era composta por
premissas como:
• Criação de um sistema mundial e benéfico para todos;
• Definição de propriedades sociais através de meios de produção;
• Desaparecimento completo do Estado, que neste caso, já não governaria mais;
• Igualdade para todos, o que faria com que o mundo não tivesse nenhum tipo de desigualdade
social, política, econômica ou qualquer outra. Todos os trabalhadores seriam iguais e receberiam os
mesmos direitos, suprindo com suas necessidades tanto individuais como também as familiares

Método do materialismo histórico e dialético:


Materialismo dialético ou materialismo filosófico - É a lógica analítica fundamentada na
generalização das leis que regem a dinâmica dos fenômenos; especialmente na concepção de
existência de uma unidade de contrários integrados e auto dependentes, geradores de permanente
dinâmica transformadora - seja em quantidades ou qualidades; seja no universo social ou natural. Em
síntese, pode ser conceituado como uma teoria de funcionamento dos fenômenos.
Materialismo histórico - É a lógica analítica fundamentada no materialismo dialético, que
concebe a sociedade como resultante de fatores materiais, como economia, biologia, geografia e
desenvolvimento científico. Se opõe, portanto, à ideia de que a sociedade seja definida por forças
sobrenaturais, divindades, pelo pensamento ou por ideais; e cuja configuração geral é produto dos
conflitos entre classes que emanam das formas e das relações de produção[11].
Marx se opõe ao controle do Estado por religiosos, tendo em vista que as religiões constituem
cultura anti-intelectual e por marcantes traços de preferência pela fé, pela crença ou pelo pietismo,
em lugar do conhecimento racional, como fatores de desenvolvimento social. Assim, o materialismo
histórico não apenas defende ser a religião um produto das relações de produção, em sua maior parte
fator de manutenção da estrutura conflitante de classes; mas, sobretudo, que somente a revolução
do proletariado, como decorrência do crescente antagonismo de classes presente no modo de
produção capitalista, pode reposicionar o poder nas mãos das classes trabalhadoras e implementar a
nova estruturação de uma sociedade menos injusta[12].
Para o marxismo, no lugar das ideias estão os fatos materiais (as formas de produção e as
relações de produção), no lugar dos grandes heróis estão as lutas de classes, como fatores
determinantes da estrutura e da dinâmica social[13].
Para Marx, esquematicamente, a sociedade estrutura-se em dois níveis ou componentes
fundamentais:
PRIMEIRO NÍVEL: infraestrutura, constituída basicamente pelas formas de produção material
e pelas relações sociais de produção, ou seja, a economia, sendo esta determinante na configuração
da sociedade, segundo a concepção histórico-materialista. Relações de produção: relação entre
proprietários dos meio de produção e não proprietários dos meio de produção (trabalhadores; ou seja,
detentores, apenas, de sua força de trabalho). Entre não proprietários e os meios ou objetos do
trabalho - que via de regra não lhes pertencem.
SEGUNDO NÍVEL: superestrutura político-ideológica; constituída basicamente pelos seguintes
elementos:
1 - Aparato jurídico-político, representado pelo Estado (detentor dos mecanismos de controle
social) e pelo direito, enquanto regramento de controle social.
2- Estrutura ideológica, referente às formas de consciência social, tais como a religião, a
educação, a filosofia, a ciência, a arte, as doutrinas jurídicas, etc.

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