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A filosofia das luzes

No século XVIII, desenvolveu-se na Europa um novo movimento cultural


centrado na absoluta confiança na razão como fundamento de uma nova ordem
marcada pelo progresso e pela absoluta felicidade do Homem.
Século das luzes foi o nome dado a este período da História e Iluminismo foi o
nome dado ao movimento cultural que defendia a prioridade da razão na
origem da ideia de felicidade por que se deve pautar a vida humana.

Iluminismo
O que foi?- Foi um movimento intelectual que apareceu na Europa a partir do
século XVIII. Caracterizou-se pela crítica à autoridade política e religiosa, pela
afirmação da liberdade e na confiança na razão e no progresso da ciência como
meio de atingir a felicidade humana. Antes do século XVIII já existia um
movimento intelectual semelhante ao iluminismo que continha nomes como
Descartes, Galileu Galilei e Francis Bacon.

Importância da Razão

 As novas ideias dos filósofos do século XVIII provocaram a queda do Antigo


Regime.
 Filósofos do século XVII como, Galileu Galilei mostraram a importância da
observação e da experimentação, da constatação da autoridade, da dúvida
metódica, do racionalismo como fontes do conhecimento através de teorias
como o Heliocentrismo(Terra não é o centro do universo).
 Esses filósofos não foram além dos princípios teóricos, então os iluministas
procuraram ajustar aqueles princípios à criação de uma ordem social e
política, conciliando os princípios de liberdade com o corpo social e o corpo
político da nação.
 Corpo social- os filósofos consideram que não é racional uma sociedade
estruturada em ordens determinadas pelo nascimento e submissas a uma
vontade instituída por Deus inalterável à ação do homem.
 Corpo político- os filósofos consideram que o carácter divino do poder
monárquico e o exercício do poder absoluto é contrário ao entendimento
racional.
 É racional que o exercício da governação dependa do consentimento dos
governados e decorra no respeito dos direitos naturais do indivíduo (são
absolutos, universais e invioláveis). Esses direitos são a liberdade de
pensamento e expressão, a igualdade perante a lei e a livre apropriação e
usufruto da propriedade.
O valor do indivíduo
 Era contra o individualismo - O indivíduo e os seus interesses devem
prevalecer sobre o coletivo, pois uma comunidade não é mais do que uma
soma dos indivíduos da mesma forma que o interesse coletivo resulta da
soma dos interesses particulares e a estes deve ser submetido.
 Esta conceção de progresso social explica a defesa da abolição de todas as
restrições à livre realização das capacidades do Homem no sentido de
promover o seu progresso e bem-estar.
 É na prática a defesa do princípio da livre iniciativa e da livre concorrência,
que é recebido com bastante agrado pela burguesia capitalista, que via como
grande injustiça a sua menoridade social e política.
 A defesa do direito natural- os iluministas consideram que só a natureza era
perfeita, logo a sociedade tinha de seguir a ordem e harmonia da natureza
para conseguir ser perfeita.
A ordem natural determinava que a liberdade, a igualdade, a fraternidade
e a prosperidade eram direitos imprescindíveis aos cidadãos e que
nenhuma ordem jurídica os podia por em causa. Apesar disso, os
iluministas não defendem a liberdade social absoluta. Admitem apenas a
igualdade ao nascimento e afirmam que a natureza habilita os homens
com diferentes aptidões intelectuais, o que provoca a desigualdade de
fortunas livre e honestamente constituídas, tal como a ocupação de
melhores cargos pelos melhores trabalhadores.

A separação de poderes
 O contrato social- A responsabilização dos monarcas perante a nação é
instituída no Contrato Social. Esse contrato foi defendido por John Locke na
obra “Dois Tratados sobre o Governo” para a Inglaterra parlamentar de finais
do século XVII, em que é reconhecida a igualdade entre os homens e em que
a legitimidade dos monarcas é condicionada pela livre vontade da população
e pela obrigação em garantir a paz, a segurança e a liberdade dos súbditos.
A ideia de Locke viria a ser reforçada por Rousseu na sua obra “Contrato
Social”. Rousseu afirma-se como defensor da soberania popular ao
considerar que o soberano não é nada mais que o executor da vontade
nacional e que a subordinação dos governados aos governantes não põe
em causa a liberdade individual se for garantida por um contrato social
que garanta os direitos naturais dos cidadãos. Este contrato dá origem às
constituições que iram legitimar as novas monarquias liberais.
 Separação de poderes- Na obra “O espírito das leis”, Montesequieu condena
a forma opressiva de exercício de poder e defende a monarquia
representativa em que o rei governa de acordo com as leis fundamentais e
reparte o poder com outras instituições. Também defende o princípio da
separação de poderes, reconhecido como uma forma importante de garantir
a liberdade dos cidadãos e de conseguir o exercício equilibrado da
governação. Os poderes deviam de ser exercidos com total independência
uns dos outros:
- o poder legislativo era exercido por uma câmara eleita pelo povo, a quem
incumbe a tarefa de fazer as leis.
-o poder executivo era exercido pelo chefe de estado(rei) e seus ministros,
a quem cabe a função de mandar cumprir as leis.
-poder judicial era exercido por tribunais independentes, a quem cabe o
julgamento de quem viola as leis.
Humanitarismo e tolerância

 Voltaire considerava que a religião limitava a liberdade de pensamento e o


uso da razão, colocando em causa o progresso do Homem.
 Apesar disso, ele não rejeitava a ideia de Deus, apenas considerava que Deus
não seria pertença de nenhuma religião ou povo, ou seja, acreditava no
Deísmo
 Deísmo- crença na ideia de um Deus criador que deveria ser experienciado
individualmente por cada ser humano.
 Esta visão tinha como objetivo combater o fanatismo religioso e promover a
tolerância e liberdade de culto- um dos direitos inalienáveis defendido pelos
iluministas.
 Os iluministas insurgiram-se contra os atropelos à dignidade moral, efetuada
pelo direito penal através de práticas medievais como o trabalho forçado, a
execução aviltante e dolorosa e a tortura.
 Defendiam a separação entre a igreja e o Estado, visto que a imposição de
uma só fé apenas tinha gerado guerras e que a fé pertence ao foro intimo de
cada um;

Difusão do pensamento das luzes


 As ideias iluministas foram rapidamente propagadas. Essa difusão aconteceu
através dos salões das famílias nobres e burguesas(frequentados pelos
intelectuais),dos clubes privados e da imprensa periódica
 A crítica violenta à sociedade, ao poder político e à igreja desencadeou uma
onda de mau estar.
 Foram inúmeros os iluministas encarcerados no qual as suas obras eram
queimadas ou colocadas no índex(livro que continha todos os livros
proibidos.
 A enciclopédia foi o meio que criou um impacto maior na sociedade.
Continha um conjunto universal de conhecimentos, inseridos no
pensamento iluminista. As duas primeiras edições terão sido queimadas e só
29 anos depois é que terá conseguido ser publicada.
 Estas ideias iluministas e a sua difusão também terão contribuído para a
eclosão das revoluções liberais que puseram fim ao Antigo Regime, tais
como a Revolução Francesa, e a Revolução Liberal do Porto.

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