Absolutismo: poder absoluto na mão do rei legitimado pelo direito
divino Mercantilismo: aplicação do monopólio na vida econômica. Se quem regula a vida econômica é o rei e a coroa necessita de dinheiro, a forma de garanti-lo é justamente utilizando o poder real (exército) para intervir na economia e estabelecer monopólios (de produção de determinadas manufaturas, do exclusivo metropolitano). Aplicação desse sistema monopolista aonde o Estado intervém completamente na economia. Sociedade estamental: baixíssima mobilidade social; nascer nobre significava morrer nobre e nascer camponês significava morrer camponês. Hegemonia clerical: educação religiosa, a base para sustentar tudo isso. Obs: convém destacar o regime do padroado real, uma reação da igreja católica ao cenário de que reis poderiam simplesmente criar sua própria versão da religião ou que virassem protestantes. Maior autonomia e autoridade religiosa era conferida a coroa que tinha o objetivo de proteger e expandir os limites da cristandade. Iluminismo É possível falar em uma evolução natural da razão ao longo da história. Na antiguidade, a razão é nascente. Na idade média, a era do teocentrismo e da teocracia, para os mais conservadores, a razão morreu. No renascimento, há um resgate da razão da antiguidade. Na revolução científica (século XVII), a razão se torna “adolescente”; ou seja, se antes havia uma razão filosófica, esta passou a ser aplicada ao mundo natural (à física, à biologia, à astronomia, à cartografia) para poder explica-lo, desafiando assim os dogmas da igreja. É neste momento que surge o método científico, a prática de formular hipóteses e fazer testes. O iluminismo seria, então, a razão na sua fase de maturidade, tendo como bases filosóficas o racionalismo e o empiricismo (olhar para natureza para testar hipóteses e compreende-la). A utilização do método científico e da razão filosófica seria voltada às ciências humanas (à economia, ao direito, a política, à administração pública). Sua ação seria firme e madura para desafiar e transformar a organização da realidade social dos seres humanos. O esclarecimento intelectual seria premissa para emancipação humana.
Iluminismo x Antigo Regime
Para os iluministas, as bases do que era chamado por eles de “antigo regime” eram completamente irracionais, absurdas, não funcionavam e precisariam ser transformadas. As propostas iluministas surgiam para corrigir seus erros. O absolutismo era uma loteria genética e um enorme risco à população; a proposta iluminista, então, seria a de uma monarquia constitucional que limitasse os poderes do Rei caso ele fosse um déspota. A intervenção do Estado na economia por meio do rei (coroa) – e através da doutrina mercantilista – atrapalharia; o acumulo de metais era irracional e geraria inflação. O mundo corre melhor sem intervenção, sendo governado pela natureza (“mundo natural segue por conta própria” / “laissez faire, laissez passez” – os fisiocratas foram a primeira escola econômica do mundo e defendiam que quem deveria governar a economia era a natureza, não o rei) A sociedade estamental deveria ser substituída pela igualdade civil de todos os homens perante a lei. As pessoas poderiam não ser iguais, mas detinham potencial de serem. Os iluministas não eram democratas dado que também defendiam ideias como o voto censitário e a meritocracia. Os homens possuíam diferenças notórias de renda, de capacidade, intelectuais e religiosas, porém devem ser iguais perante à lei. Não poderia haver um grupo de homens a serem tratados de forma diferente. A hegemonia do clero deveria ser substituída por uma educação laica.
Grandes pensadores e ideias políticas e econômicas
Teoria liberal:
Locke (1632-1704): Foi o grande pai da teoria política liberal dos
séculos XVII e XVIII. Sua principal obra foi o “Segundo Tratado do governo civil” (1690) por meio da qual condenava o absolutismo, partindo da premissa de que o governo era um mal necessário e reside sobre uma base contratual. Desenvolveu uma teoria de governo limitado com a qual se propôs justificar o novo governo parlamentar estabelecido na Inglaterra após o fim da Revolução Gloriosa. O governo não poderia se exceder ou abusar da autoridade conferida pelo contrato político, caso contrário o povo teria o direito de dissolvê-lo ou de se rebelar contra o mesmo. Direitos naturais, governo limitado e direito de resistência. Voltaire (1694- 1778): Condenava o governo despótico da mesma forma que via na cristandade o pior dos inimigos da humanidade (anticlericalismo). Assim como Locke também entendia o governo como um mal necessário cujo propósito devia se limitar a fazer observar os direitos naturais. Na sua visão, todos os homens são dotados pela natureza de direitos iguais à liberdade, à propriedade e à proteção das leis. Ainda assim, não era um democrata, dado que entendia que a forma ideal de governo seria uma monarquia esclarecida ou uma republica sobre controle da classe média. Temia as massas. Barão de Montesquieu (1689-1755): outro estudioso de Locke e contemporâneo de Voltaire. Sua célebre obra o “Espirito das Leis” (1748) propôs novos métodos acerca da teoria do Estado. Não era um contratualista no que tange a origem do Estado e entendia que o significado da lei natural deveria ser procurado nos fatos da história. Na sua concepção, a forma de governo adequada se harmoniza com as condições físicas e o nível de progresso social das nações. Para a França, considerava ideal uma monarquia limitada dado que seria grande demais para uma República. Sua principal contribuição, no entanto, se deu pela teoria da separação dos poderes. Se todo governo seria suscetível a degenerar em despotismo, a autoridade do governo deveria ser dividida nos seus três ramos naturais: legislativo, executivo e judiciário. A única maneira de evitar a degeneração seria que cada ramo do governo agisse como um freio para os outros (freios e contrapesos). Teoria democrática:
Jean Jacques Rousseau (1712-1778): Contratualista, ele foi o grande
assentador das bases do que se entende por democracia moderna. Democracia e liberalismo, embora nos dias atuais se mesclem, na sua origem eram ideais distintos. A democracia histórica se interessava menos pelos direitos individuais e muito mais pela instauração de um governo popular, sendo inseparável de uma ideia de soberania das massas (o desejo da maioria seria a lei suprema da nação). Pressupunha também a crença na igualdade natural de todos os homens, a oposição a privilégios hereditários e fé na sabedoria e virtude das massas. As obras mais significativas de Rousseau, o “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens” (1755) e “Contrato Social” (1762), defendiam a tese de que os homens viviam originalmente em estado natural que seria um paraíso. Os males sociais e os graus de desigualdade que se desenvolveriam nas relações humanas seriam consequência do estabelecimento da propriedade privada. A única esperança para garantir os direitos de cada um e evitar um cenário de conflito permanente seria a de organizar uma sociedade civil aonde todos esses direitos fossem cedidos à comunidade a partir de um contrato social aonde cada indivíduo se submeteria à vontade da maioria. Se no pensamento liberal de Locke apenas uma parte da soberania seria cedida ao Estado e o resto permaneceria nas mãos do povo, para Rousseau a soberania seria indivisível e toda ela passaria a comunidade quando se constitui a sociedade civil. A vontade geral da comunidade seria pela expressa pelo voto da maioria, seu tribunal de última instância. A autoridade do Estado, expressa por meio da promulgação de leis fundamentais, deriva da vontade geral da maioria de uma comunidade politicamente organizada, sendo o governo tão somente a agente executivo do Estado. O efeito seria o de fortalecer a liberdade autêntica de criaturas racionais obedientes a lei ao invés de suprimir a liberdade do indivíduo. Nova teorias econômicas:
Fisiocratas: na segunda metade do século XVIII alguns escritores
começaram a criticar os postulados tradicionais em relação ao controle público das finanças propagado pelas políticas mercantilistas. Estava alicerçado nas concepções básicas do iluminismo de redução dos poderes do governo e de preservar ao indivíduo a maior parcela de liberado possível. Enquanto um desdobramento do liberalismo político preconizava que a esfera da produção e distribuição da riqueza estava submetida a leis tais quais as da física e da astronomia. Nomes como François Quesnay (1694-1774), Marques de Mirabeau (1715-1789), Dupont de Nemours (1739-1817) e Anne Robert Turgot (1727-1781) foram alguns dos nomes desta escola de pensamento econômico cujo grande objetivo, inicialmente, era provar que empreendimentos naturais – agricultura, mineração, pesca, etc. – são mais importantes para a prosperidade nacional do que o comércio. A natureza seria a grande produtora de riqueza e deveria ser mais prezadas que a indústria que delas exploram seus recursos e extraem valor. Com o passar do tempo, no entanto, tal ideia foi abrindo espaço para libertar a atividade econômica das restrições impostas pelo Estado. Era necessário, então, se abster de qualquer interferência nos negócios a não ser que fosse imprescindível para garantia da propriedade e da vida. “Deixai fazer e deixai passar, o mundo marcha sozinho” era a máxima que expressava o ideal de não ser fazer nada para atrapalhar a ação das leis econômicas naturais. Outras concepções foram incorporadas tais quais a santidade da propriedade privada e a dos direitos de livre contrato e livre produção. Adam Smith (1723-1790): o maior de todos os economistas do iluminismo. Embora seja contemporâneo dos fisiocratas e tenha tratado conhecimento com muitos deles, jamais se colocou sob a bandeira dessa escola. Em 1776, escreveu sua célebre e clássica obra “Riqueza das Nações” a qual, muito embora aceitasse a premissa do “deixai fazer”, era da opinião de que certas formas de interferência eram desejáveis. A intervenção estatal deveria se concentrar sobre a prevenção da injustiça e da opressão, do avanço da educação e saúde pública e manutenção de empresas necessárias aonde o setor privado não poderia se instalar. Foi a grande referência para os economistas do século XVIII e XIX e para a própria ambição da burguesia de pôr fim a um sistema político que bloqueasse a liberdade econômica. Absolutismo ilustrado O modelo inglês e o crescente poderio econômico deste Estado ao longo do século XVIII exerce grande influência sobre os demais países que desejavam alcançar a Inglaterra. Contudo, os ingleses haviam limitado a autoridade do rei através de um processo político violento que conferiu maior poder ao parlamento controlado pela burguesia, consolidando a hegemonia desta classe. Dado que isso não poderia ser posto em prática, o absolutismo ilustrado representou a aplicação circunstancial das propostas iluministas que não viessem a desafiar o poder do rei (como viria a ser o caso da limitação do seu poder, criação de um parlamento, implementação de liberdades civis, constituição etc.). O propósito era modernizar a estrutura do Estado em favor do próprio absolutismo; em outras palavras, aplicar ideias racionais sem abrir mão das prerrogativas principais do antigo regime. Ao fim ao cabo, não deixa de ser um iluminismo à serviço da coroa. Uma contradição do absolutismo num contexto de ascensão da burguesia e enfraquecimento gradual e paulatino da aristocracia. Algumas das medidas características do período seriam a modernização da educação, estabelecimento de liberdades religiosas, incentivos a construção de manufaturas, etc. Líderes e pessoas de Estado marcantes deste período: Marques de Pombal (primeiro ministro), José II, Carlos III, Frederico II, Catarina II.
Democracia e Jurisdição Constitucional: a Constituição enquanto fundamento democrático e os limites da Jurisdição Constitucional como mecanismo legitimador de sua atuação