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Antigo Regime

Quatro pilares:

 Absolutismo: poder absoluto na mão do rei legitimado pelo direito


divino
 Mercantilismo: aplicação do monopólio na vida econômica. Se quem
regula a vida econômica é o rei e a coroa necessita de dinheiro, a forma
de garanti-lo é justamente utilizando o poder real (exército) para intervir
na economia e estabelecer monopólios (de produção de determinadas
manufaturas, do exclusivo metropolitano). Aplicação desse sistema
monopolista aonde o Estado intervém completamente na economia.
 Sociedade estamental: baixíssima mobilidade social; nascer nobre
significava morrer nobre e nascer camponês significava morrer
camponês.
 Hegemonia clerical: educação religiosa, a base para sustentar tudo isso.
Obs: convém destacar o regime do padroado real, uma reação da igreja
católica ao cenário de que reis poderiam simplesmente criar sua própria
versão da religião ou que virassem protestantes. Maior autonomia e
autoridade religiosa era conferida a coroa que tinha o objetivo de
proteger e expandir os limites da cristandade.
Iluminismo
É possível falar em uma evolução natural da razão ao longo da história. Na
antiguidade, a razão é nascente. Na idade média, a era do teocentrismo e da teocracia,
para os mais conservadores, a razão morreu. No renascimento, há um resgate da razão
da antiguidade. Na revolução científica (século XVII), a razão se torna “adolescente”; ou
seja, se antes havia uma razão filosófica, esta passou a ser aplicada ao mundo natural
(à física, à biologia, à astronomia, à cartografia) para poder explica-lo, desafiando assim
os dogmas da igreja. É neste momento que surge o método científico, a prática de
formular hipóteses e fazer testes. O iluminismo seria, então, a razão na sua fase de
maturidade, tendo como bases filosóficas o racionalismo e o empiricismo (olhar para
natureza para testar hipóteses e compreende-la). A utilização do método científico e
da razão filosófica seria voltada às ciências humanas (à economia, ao direito, a política,
à administração pública). Sua ação seria firme e madura para desafiar e transformar a
organização da realidade social dos seres humanos. O esclarecimento intelectual seria
premissa para emancipação humana.

Iluminismo x Antigo Regime


Para os iluministas, as bases do que era chamado por eles de “antigo regime”
eram completamente irracionais, absurdas, não funcionavam e precisariam ser
transformadas. As propostas iluministas surgiam para corrigir seus erros.
O absolutismo era uma loteria genética e um enorme risco à população; a
proposta iluminista, então, seria a de uma monarquia constitucional que limitasse os
poderes do Rei caso ele fosse um déspota.
A intervenção do Estado na economia por meio do rei (coroa) – e através da
doutrina mercantilista – atrapalharia; o acumulo de metais era irracional e geraria
inflação. O mundo corre melhor sem intervenção, sendo governado pela natureza
(“mundo natural segue por conta própria” / “laissez faire, laissez passez” – os
fisiocratas foram a primeira escola econômica do mundo e defendiam que quem
deveria governar a economia era a natureza, não o rei)
A sociedade estamental deveria ser substituída pela igualdade civil de todos os
homens perante a lei. As pessoas poderiam não ser iguais, mas detinham potencial de
serem. Os iluministas não eram democratas dado que também defendiam ideias como
o voto censitário e a meritocracia. Os homens possuíam diferenças notórias de renda,
de capacidade, intelectuais e religiosas, porém devem ser iguais perante à lei. Não
poderia haver um grupo de homens a serem tratados de forma diferente.
A hegemonia do clero deveria ser substituída por uma educação laica.

Grandes pensadores e ideias políticas e econômicas


Teoria liberal:

 Locke (1632-1704): Foi o grande pai da teoria política liberal dos


séculos XVII e XVIII. Sua principal obra foi o “Segundo Tratado do
governo civil” (1690) por meio da qual condenava o absolutismo,
partindo da premissa de que o governo era um mal necessário e reside
sobre uma base contratual. Desenvolveu uma teoria de governo
limitado com a qual se propôs justificar o novo governo parlamentar
estabelecido na Inglaterra após o fim da Revolução Gloriosa. O governo
não poderia se exceder ou abusar da autoridade conferida pelo
contrato político, caso contrário o povo teria o direito de dissolvê-lo ou
de se rebelar contra o mesmo. Direitos naturais, governo limitado e
direito de resistência.
 Voltaire (1694- 1778): Condenava o governo despótico da mesma
forma que via na cristandade o pior dos inimigos da humanidade
(anticlericalismo). Assim como Locke também entendia o governo
como um mal necessário cujo propósito devia se limitar a fazer
observar os direitos naturais. Na sua visão, todos os homens são
dotados pela natureza de direitos iguais à liberdade, à propriedade e à
proteção das leis. Ainda assim, não era um democrata, dado que
entendia que a forma ideal de governo seria uma monarquia
esclarecida ou uma republica sobre controle da classe média. Temia as
massas.
 Barão de Montesquieu (1689-1755): outro estudioso de Locke e
contemporâneo de Voltaire. Sua célebre obra o “Espirito das Leis”
(1748) propôs novos métodos acerca da teoria do Estado. Não era um
contratualista no que tange a origem do Estado e entendia que o
significado da lei natural deveria ser procurado nos fatos da história.
Na sua concepção, a forma de governo adequada se harmoniza com as
condições físicas e o nível de progresso social das nações. Para a
França, considerava ideal uma monarquia limitada dado que seria
grande demais para uma República. Sua principal contribuição, no
entanto, se deu pela teoria da separação dos poderes. Se todo governo
seria suscetível a degenerar em despotismo, a autoridade do governo
deveria ser dividida nos seus três ramos naturais: legislativo, executivo
e judiciário. A única maneira de evitar a degeneração seria que cada
ramo do governo agisse como um freio para os outros (freios e
contrapesos).
Teoria democrática:

 Jean Jacques Rousseau (1712-1778): Contratualista, ele foi o grande


assentador das bases do que se entende por democracia moderna.
Democracia e liberalismo, embora nos dias atuais se mesclem, na sua
origem eram ideais distintos. A democracia histórica se interessava
menos pelos direitos individuais e muito mais pela instauração de um
governo popular, sendo inseparável de uma ideia de soberania das
massas (o desejo da maioria seria a lei suprema da nação).
Pressupunha também a crença na igualdade natural de todos os
homens, a oposição a privilégios hereditários e fé na sabedoria e
virtude das massas. As obras mais significativas de Rousseau, o
“Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os
homens” (1755) e “Contrato Social” (1762), defendiam a tese de que os
homens viviam originalmente em estado natural que seria um paraíso.
Os males sociais e os graus de desigualdade que se desenvolveriam nas
relações humanas seriam consequência do estabelecimento da
propriedade privada. A única esperança para garantir os direitos de
cada um e evitar um cenário de conflito permanente seria a de
organizar uma sociedade civil aonde todos esses direitos fossem
cedidos à comunidade a partir de um contrato social aonde cada
indivíduo se submeteria à vontade da maioria. Se no pensamento
liberal de Locke apenas uma parte da soberania seria cedida ao Estado
e o resto permaneceria nas mãos do povo, para Rousseau a soberania
seria indivisível e toda ela passaria a comunidade quando se constitui a
sociedade civil. A vontade geral da comunidade seria pela expressa
pelo voto da maioria, seu tribunal de última instância. A autoridade do
Estado, expressa por meio da promulgação de leis fundamentais,
deriva da vontade geral da maioria de uma comunidade politicamente
organizada, sendo o governo tão somente a agente executivo do
Estado. O efeito seria o de fortalecer a liberdade autêntica de criaturas
racionais obedientes a lei ao invés de suprimir a liberdade do
indivíduo.
Nova teorias econômicas:

 Fisiocratas: na segunda metade do século XVIII alguns escritores


começaram a criticar os postulados tradicionais em relação ao controle
público das finanças propagado pelas políticas mercantilistas. Estava
alicerçado nas concepções básicas do iluminismo de redução dos
poderes do governo e de preservar ao indivíduo a maior parcela de
liberado possível. Enquanto um desdobramento do liberalismo político
preconizava que a esfera da produção e distribuição da riqueza estava
submetida a leis tais quais as da física e da astronomia. Nomes como
François Quesnay (1694-1774), Marques de Mirabeau (1715-1789),
Dupont de Nemours (1739-1817) e Anne Robert Turgot (1727-1781)
foram alguns dos nomes desta escola de pensamento econômico cujo
grande objetivo, inicialmente, era provar que empreendimentos
naturais – agricultura, mineração, pesca, etc. – são mais importantes
para a prosperidade nacional do que o comércio. A natureza seria a
grande produtora de riqueza e deveria ser mais prezadas que a
indústria que delas exploram seus recursos e extraem valor. Com o
passar do tempo, no entanto, tal ideia foi abrindo espaço para libertar
a atividade econômica das restrições impostas pelo Estado. Era
necessário, então, se abster de qualquer interferência nos negócios a
não ser que fosse imprescindível para garantia da propriedade e da
vida. “Deixai fazer e deixai passar, o mundo marcha sozinho” era a
máxima que expressava o ideal de não ser fazer nada para atrapalhar a
ação das leis econômicas naturais. Outras concepções foram
incorporadas tais quais a santidade da propriedade privada e a dos
direitos de livre contrato e livre produção.
 Adam Smith (1723-1790): o maior de todos os economistas do
iluminismo. Embora seja contemporâneo dos fisiocratas e tenha
tratado conhecimento com muitos deles, jamais se colocou sob a
bandeira dessa escola. Em 1776, escreveu sua célebre e clássica obra
“Riqueza das Nações” a qual, muito embora aceitasse a premissa do
“deixai fazer”, era da opinião de que certas formas de interferência
eram desejáveis. A intervenção estatal deveria se concentrar sobre a
prevenção da injustiça e da opressão, do avanço da educação e saúde
pública e manutenção de empresas necessárias aonde o setor privado
não poderia se instalar. Foi a grande referência para os economistas do
século XVIII e XIX e para a própria ambição da burguesia de pôr fim a
um sistema político que bloqueasse a liberdade econômica.
Absolutismo ilustrado
O modelo inglês e o crescente poderio econômico deste Estado ao longo do
século XVIII exerce grande influência sobre os demais países que desejavam alcançar a
Inglaterra. Contudo, os ingleses haviam limitado a autoridade do rei através de um
processo político violento que conferiu maior poder ao parlamento controlado pela
burguesia, consolidando a hegemonia desta classe. Dado que isso não poderia ser
posto em prática, o absolutismo ilustrado representou a aplicação circunstancial das
propostas iluministas que não viessem a desafiar o poder do rei (como viria a ser o
caso da limitação do seu poder, criação de um parlamento, implementação de
liberdades civis, constituição etc.). O propósito era modernizar a estrutura do Estado
em favor do próprio absolutismo; em outras palavras, aplicar ideias racionais sem abrir
mão das prerrogativas principais do antigo regime. Ao fim ao cabo, não deixa de ser um
iluminismo à serviço da coroa. Uma contradição do absolutismo num contexto de
ascensão da burguesia e enfraquecimento gradual e paulatino da aristocracia. Algumas
das medidas características do período seriam a modernização da educação,
estabelecimento de liberdades religiosas, incentivos a construção de manufaturas, etc.
Líderes e pessoas de Estado marcantes deste período: Marques de Pombal (primeiro
ministro), José II, Carlos III, Frederico II, Catarina II.

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