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Este livro está constituída de


uma parte teórica e outra prá-
tica.
Na .primeira, composta de
dez capítulos, o autor expõe as
A UMBANDA
suas teorias e os seus conce'-
tos sobre a estrutura e a evolu
ATRAVÉS
ção, através dos séculos da Lei
de Umbanda, na sua concepção
DOS SÉCULOS
a mais perfeita e sublime ideo-
logia religiosa.
Na ~EgL ·ndaparte, também
constituída de dez capítulos,
são dadas valíosas e interes-
santes explicações sobre a.s prá-
ticas umbandístas e seus ri-
tuais.

~re de O.Curninó

..v
Q.

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ALUIZIO FONTENELLE

A Umbanda
Através dos Séculos

5ç, EDIÇãO

Editora Espiritualista, Ltda.


20211 Rua Frei Caneca, 19 - ZC-14
Caixa Postal 7.041 - ZC-53
Rio de Janeiro - RJ

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PARTE TEÓRICA

oaps.

I - A razão de ser deste livro.

II - O que significa a palavra UMBANDA.

III - A Umbanda através dos séculos.


VI - A verdadeira origem do primeiro homem que habitou

a terra,

V - Algumas religiões e sua origem.

Allan Karde,c,

VI - O Cristianismo - As religiões desmembradas do Cris-

tianismo. - Os reformadores (Valdenses - Wyclife

- Buss - Jerônimo e Luthero) - A era kardecísta

e seu fundador.

VII - Umbanda, futura religião do Universo - Domínio 0.08

espíritos.

VIU - A codificação da Umhanda - Trabalhos filosóficos

e doutrinários.

IX - Prova kármíca - Livre arbítrio - Reencarnação.

X ~ A falsa Umbanda que se pratica no Brasil - Tabus

- Imagens - Amuletos, etc.

PARTE PRÁTICA

XI - Ambequerê-Kibanda e o ritual arro-brasíleíro no

"Candomblé" .

xn - Como deve ser cultuada a verdadeira Umbanda

Sua verdadeira divisão.


Rio de JaneIro, RJ - 02818

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6 ALUIZIO FONTENELLE

XlII - Trabalhadores da Unha do Oriente - Entidades hín-


dus, suas indumentárias e rituais.
I

~
XIV - Orixás da Umbanda.
XV - A Medicina do espaço e o poder da vontade - Ma~la
- 'Passes e operações astrais,
XVI - A Umbanda Iniciática - Os Exus e suas ralanges.
XVII - Rituais da Umbanda.i--; Ourandetrísmo.
XVIII - A alta sígntíícação dos pontos cantados e riscados.
XIX - Pembas, Ponteiros, Ouríadores, Amalás, etc.
XX - saravã Umbanda !".

ALUIZIO FONTENELLE

* 23 MAIO 1913 - t 3 JANEIRO 1952

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A minha querida esposa, HELENA NOVAL FON~


TENELLE DA SILVA, companheira imeeparâ-
uei de todos os momentos, a minha sincera
homenagem.

AL UÍZIO FoNTENELLE

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iRMÃO! ...

MEDITA DEMORADAMENTE SOBRE A


TUA CONDIÇÃO DE ENTE HUMANO, E PRO-
CURA CONHECER A RAZÃO DE SER DOS
TEUS INúMEROS SOFRIMENTOS. ACOMPA-
NHA A EVOLUçaO DA MAIS PERFlill:TA
IDEOLOGIA RELIGIOSA QUE É A UMBAN-
DA, E VERASQUE OS TEUS TEMOHES SE
DISSIPARÃO, QUANDO TOMARES CONHE-
CIMENTO DO MUNDO ESPIRITUAL, ONDE
OS BONDOSOS ORIXAS TE MOSTRARÃO A
SUBLIMIDADE DAS LEIS DIVINAS, DANDO-
TE FORÇA PARA SUPORTARES COM A RE-
SIGNAÇaO DOS FORTES, OS MAIS ATRO-
ZES PADECIMENTOS MORAIS, MATERIAIS
E ESPIRITUAIS.

VEM ...

A UMBANDA REDENT,ORA E AMIGA TE


ESPERA! ...

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1.0 VOLUME

PARTE Tf;ÓRICA

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'J.,

· i.r

CAPÍTULO I

A RAZÃO DE SER DESTE LIVRO - .


Pelo muito que' tenho ouvido falar; pelas observa-
ções feitas durante longos anos de trabalho como prati-
cant-e da SEITA; e, sobretudo, pelo que tenho lido sobre
a UMBANDAe seus propósitos; querendo combater de
uma maneira pode-se dizer acintosa, as inverdades que
não só se praticam, como também, se espalham através
de livros e panfletos que tratam dessa intrincada ma-
téria, foi o que me levou;a publicar esta obra" na qual
venho de público', demonstrar cientificamente e dentro
da maís perfeita concordância em face à TEOGONIA
RE,LIGIOSA,que a UMBANDA,é a única religião que
sobre a face da terra tem a autoridade suficiente para
falar e tratar das COUSASDiVINAS.:
Ao me referir ao termo UMBANDA,quero enqua-
-drar todo aquele que, contra ela se manifesta, seja desta
nu daquela religião,- e, digamos mesmo, em face ao
Ecletismo Uniuersal,

Na alta concordância das religiões; quando aprofun-


damos a matéria ao âmago da sua criação, verificamos
que todos os caminhos provêm de uma única fonte; e
que, a UMBANDA,é a razão de ser de todas as religiões.
Embora pareça-nos um tanto irrisória essa afirma-
tiva, estou convicto de ser essa uma verdade; e, como

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18 ALUIZIO FONTENELLE
A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 19

não pode haver dúvidas quando se afirma categorica-


netrar nas escolas onde a Umband.a !o.sse encarada sob
mente que uma determinada teoria é ou não verdadeira,
o ponto de vista científ~co e ~out~narIo... . _
nada mais fácil para! mim se toma, do que provar-Ihes
Na segunda, já a minha tínalidad e foi a de arrastar
o que acima foi dito.
aos que têm o desejo real de encarar a Urn;banda como
Dessa maneira, desej o que fique bem patente tudo
religião apontando-lhes aquilo que de sublime e de su-
o que acabei de expor, pois, a partir deste momento vou
perior ~xiste por detrá~ do que o vulgo, sem base e ~e~
./ deitar por terra e discordar por completo, de todas as
cultura, costuma apelidar de MACUMBAS, FEITIÇA
teorias e conceitos que da Umbanda fizeram e fazem

RIAS, etc. ,. I d-
não só certos Urnbandístas, como também aqueles que,
Nesta obra, você poderá muito bem ca~preen er. o
desconhecendo a sua verdadeira origem, julgam-na uma
porque da sua sublimidade, uma vez que, nao faço mis-
religião de idiotas, de obsedados, enfim, de indivíduos
térios e nem tão pouco crio dogmas so"?Tea verdade que
deslassíficados e sem princípios, para os quais só inte-
de fato existe, e que o passado do~ .seculos atesta., .
ressa o bem estar e os prazeres da vida mundana, pouco
Prossigamos então na obra ínícíada, e no capítulo
se importando que provenham desta ou daquela -forma.
seguinte, vejamos como ente~~o a U~b:~da, segundo a
Por este motivo, vem à luz do público, a primeira
minha próprda opinião, e quiça, a opimao daqueles que
obra doutrinária e iii.;IJosóficaesc, rãta nos moldes das
realmente conhecem profundamente essa concepçao re-
Academias, para que aqueles que se julgam aptDs a
ligiosa, que é sublime em todos os seus pontos de vísta.
combatê-Ia, tenham a hombridade de o fazer, em face
da presente exposição, a qual não comporta a dubiedade
de interpretações nem as falsas demagogias religiosas.
Em retrospecto a um passado de lutas, quero de-
monstrar também que estou a cavaleiro da situação,
pois, obras de minha lavra já se espalham pelo Brasil
a fora, e quiçá, além das fronteiras da Pátria, onde
demonstro de modo claro 'e insofismável, que aquela
mesma Umbanda cujos véus venho hoje rasgar, j á pos-
suía sobre ela a autoridade de dirigent :
Ao serem elaboradas as obras: 4''0 ~I PIRITlSMQ
NO CONCEITO DAS RELIGL E A E DE UMBAN-
DA", e "EXU", ambas de mính utcría, qui apenas de-
monstrar d público, n 1'1 f t conheci-
mento que, U P i s u. b 1 1 um que se
pratica na quas t t 1 t l" 1"" n r sil, para
lanç r uma bra U I tualm nte serve,
de /lV .AD(EM'E Mil to, t , J i ndo-s nessas
prátícas relígt SQ, , 1"1 ~ ti' Ia. f 11 idad de pe-

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:~:.

3 _ É abençoOU De'Us o dia sétimO, e 'O santificou;

porque nele descansou de toda a sua obra, que

JI)euscriara e fizera.

A FORMhÇAO DO JARDIM DO EDEN

CAPÍTULO II

4: __ Estas são as origens dos céus e da terra, quando

foram criados: no dia em que o 8enhor Deus fez


o QUE SIGNIFICA A PALAVRA UMBANDA
a terra e os céus:

5 _ E toda a planta do campo que ainda não estava


A palavra UMBlANDA . .fi'
na terra, e toda a erva do campo que ainda não
ou ainda, etimOlogicamen:t:I~~:~~~ .N~ZUZ DE DEUS,
brotava; porque ainda o Senhor Deus não tinha
Na Luz de Deus é, . ' . DIVINA.
feito chover sobre a terra, e não havia :homem
por analogia, uma v~z ~: L~rmo por ml~ concebido

para lavrar a terra.


correta da palavra U~,ANDAZ D~VI~A, e a tradução
6 _. Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda
em PALLI (*) na ual f ' ca~pllada do original
ESORITURAS 'e q oram escritas as SAGRADAS
face da terra.
que no seu GÊNESIS .,
7 _ E formou o Senhor Deus o ho'mem do pó da terra.
trando que a Bíblia na m . ja vem demons-
e soprou em seus narizes o fôlego da vida: e o
é do que a traducão inc esma parte re~erida, nada mais
homem foi feito alma vivente.
(corno podemos ver' den~~~et~do I?al~z para o HebraicO
8 _ E plantou o Senhor Deus um jardim no Eden, da
vejamos então: . proprio Gênesís) e q'ue

banda do Oriente: e pôs ali o homem que tinha

formado,
Diz a Bíblia:
9 _, E o Senhor Deus fez brotar da te'rra toda a árvore

agradável à vista, e boa para comida: e a árvore


Gênesis :
da vida no meio do j ardim, e a árvore da ciência
1 -- ASSIM os oéus e a terr
do bem e do mal.
2 foram acabados~ a e todo 'O seu exército

10 _ E saia um rio do Eden para regar o jardim; e dali


- E havendo Deus acabado di ,.
se dividia e se tornava 'em quatro cabeças.
que tinha feít d no ia sétimo a sua obra,
1 o, escansou no sétímodí '
11 _ O nome do primeiro é Pison; este é I() que rodeia
a sua obra" que tinha feito. e ImOdia de toda
toda a terra de Havilá, onde há ouro.

12 _, E o ouro dessa terra é bom: ali há o bdêlio, e a


(* ) Palfi: -- primeira lín .
pedra sardônica.
que suas mais remota" índíca gua f_alada no Oriente Médio e
13 _ E o nome do segundo rio é Gibon: este é o que
~:a!quer tratado científico ~aboes =.c~~pmvadas através 'de
, 10, e
Amca. re a hístória da índia Egít
rodeia toda a terra de Cush.

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ALUIZIO FONTENELLE

A UMBA.ND,A ATRAV~'DOSSÉc'ULOS 23~


14 - E ? nome do terceiro rio é Hidd .'
vai para a ban da d' ekel, Es~ e o que
o oriente da Assí . .:
25 .~ E ambos estavam nus; o homem e sua mulher;
to rio é o E'ufrates .a ssiria: e o quar-
15 E . .
. e não se envergonhavam,
- tomou o SenlJ:wrDeus
jardim do Eden para o 1 o homem, e o pôs no
16 -- E ordenou o Senhor D avrar e o guardar.
O mesmo Génesis, porém no seu original em Palii:
.,., toda a árvore do·jard~USao ho~e~, dizend o: De
E Deus criou Adima e Eva, entregando-lhes uma parte
.1' .--, Mas da árvore da .A ~ comeras lIvremente
da terra que lhes era especialmente destinada e que se
- ClenClado bem d .
nao comerás' porque no' e o mal, dela
chamava IDEN, fazendo-lhes no entanto a terminante
certamente ~orrer~s, dJlaem qiUedela comeres,
proíbíção de verificar o que existia fora daquelas fron-

teiras estabelecidas, dizendo-lhes apenas que, aquilo

pertencia aos Exus.


COMO DEUS CRIOU A MULHER
Cumpre-me esclarecer, que o termo ADÃO foi co-
18 E d'
piado por analogia do seu original em Palli "ADIMA" ,
- lsse o Senhor Deus' N- .' ' b
esteja só: far-lhe-eiu'm aJO ,e om que o homem
e que, subentende-se esta analogia, urna. ~ez que no
como diante dele. . a aJudadora que esteja
hebraíco, a pronúncia do "i~'aberto, é feita com bastan-

te dificuldade, o que podemos verificar para maior con-


19 '- Havendo pois o Senhor D
todo o animal do cam eus formado da terra
cordáncía de minhas palavras, através do alfabeto he-
os trouxe a Ad- po, e toda a ave dos céus
braíco, onde todas as letras cuja pronúncia correspon-
. ao, para este ver com lh '
de ao "i" empregado na língua Latina ou Nórdica, é
na; e tudo o que Adã o es chama-
viven,!e, isso foi o seua~~hamou a toda a alma
substituído por acentos especiais que lhe emprestam o
;20 - E Adao pA me.
som gutural.
, os os nomes a tod d '
Esclareço ainda, que o termo EXU,pertence ao ori-
ceus. , e a toda a best dO o ga o, e as aves dos
h a o campo' m
ginal PallJi, bem como ao original heimuco, tendo a síg-
Oiffi:emnão se achava' ,as para o
. como díante dele. aJudadora que estivesse
níf'ícação de: "POVOS".
21 -- Então o Senhor Deus fe .
Cumpre notar que esa significação de "EXU" é
sobre Adão, e este adorm: ca~ um sono pesado
empregada especialmente para significar um povo me-
suas costelas e cerrou ceu: e tomou uma das
nos protegido, isto na concepção atual desse mesmo
22 - E da costela que o Se a carne em seu lugar.
termo, empregado presentemente. nas Uonbandas, que
formou uma mUlher,~~r Deus tomou JO homem,
distinguem essas entidades, como espíritos afeitos ao,
23 - E disse Adão: Esta; rouxe-a a Adao.
mal, e, que naquela época referia-se a eles, porém, como
. e agora o d
espíritos em estado embrionário de formação.
e carne da minha carne' s ss~ os meus ossos,
porquanto do varã foi te ta sera cha.mada varoa
Voltando ainda ao que diz o Gênesis no seu origmal
24 _ Portanto dei , o o~ ornada, '
em Polli, sabemos que:
erxara o varao o se .
Tendo no entanto Aâima o desejo de conhecer o que
e apegar-se-á à sua u pa~ e a sua mãe,
carne. mulher, e serao ambos uma
era a vida fora daquelas: fronteiras, convidou Eva para

fazê-lo, ao que ela, receosa procurou mostrar a Adilma

que se assim o fizessem, atrairiam sobre si; a ira dei Se-

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24' r: ALU 1 ZI O .s-o NT E N'EL'L E"

A UMBANDA ATRAVES DOS SÉCULOS 25

nhor, porém, acabando em perfeita harmonia de idéias,

manuscritos hebraicos, deixados por Ahrão, e hoje tra-


acompanhou seu companheiro Adima.. na perigosa tra-
vessía ...
duzidos em diversas línguas.

Ao fazer essas comparações, quero mostrar ao dis-


E ne~te mesmo instante, abrem-se os céus descen-

tinto leitor que, antes de exístir a Bíblia, já existia


do "VINU~",(*) e transmitem-lhes a palavra 'do Cria-

muita 'coisa escrita sobre a mesma matéria, [emdiversas


dor, que fOIassim pronunciada: "TURIM EVEI TUMIM
UMBANDADARMóS".. . . ,
línguas e que divergindo essas teorias sob múltíplos

aspect~, deu origem à criação de inúmeras religiões,


. po: analo~ia, e por não poder absolutamente dar a

muitas das quaãs ainda hoje existem espalhadas pelo


tradução perfeita dessa frase, devido a que essas pala-

mundo inteiro.
~ras representam ul? segredo de alta iniciação, o qual
e dado a conhecer aqueles que possuem o grau de sa-
Da própria Bíblia, surgrram duas religiões distintas:
cerdotes, por se tratar de alta magia, vou no entanto
a BATISTh\ ea CA'DõLICAAPOSTóLICA ROMANA;
traduzi-Ias da seguinte maneira:
sendo que esta última tomou um maior increme:nto, di-
"Por ordem de Deus é dado o teu destino "
vidíndo a opinião dos povos, sendo que no Brasil, dada
"M'ultiplicai~vospois, e.uma vez que transg~~distes
a nossa formação social, ela é a religião predominante,
os s~us mandamentos, tereís agora em encarnações su-
devendo-se isto tudo ao podenio do TRIBUNAL DA IN-
eessrvas, Ú' aperfeiçoamento da alma, até ganhardes de
.QUISIÇaO,. que dominou intensamente a velha Europa,.'
novo o RJillNODA GLÕRIA.

e que, forçou-nos a adotá-Ia inteiramente, porque outra


"Baíxou sobre a face da terra, a luz da lJImbanda."
não foi a nossa concepção e instrução religiosa .
.E de~ta fo!ma,. podemos verificar que, sendo o oe-
Após ter o leitor tomado conhecimento de que existe
n~Sl 1.S escnt? .!1lamais de 15 mil anos, pois, até esta data
algo mais antigo que a Bíblia, e o que, a esse respeito
fOI transmItIdo segundo a própria lei pelo sistema da
foi escrito, está compilado em uma língua hoje morta,
KabbaZah, o que impossível se torna determinar-se a
por forças das circunstâncias, mas, que naquelas eras,·
pata da sua co:upilação, mas que, subentende-se facil-
predominou de modo total, sendo que ainda nos,nossos
mente ser anterI~r ~o prime~ro Iivro de Moysés.
dias, pelos avançados estudos de letras clássicas que f~-
Segundo a Bíblía, M~ys'essubiu ao monte Siruü; pa-
zernos através das Universidades nas Faculdades de FI-
ra receber de Deus as Tabuas da Lei, que reunia em si
losofia, é que podemos determinar que do SÂNSCRITO
os d~z mandamentos; no entanto, no original escrito em
originaram-se quase todos os atuais idiomas. Cíhegamos
f Ja,Zlz, esses, mesmos mandamentos já eram conhecidos
também à conclusão de que, esta língua mater, teve
milhares .de a~os antes do advento do próprio Moysés,
origem em um passado remoto do idioma Palli, e que,
e outrossím, so nos foram dados a conhecer" através dos
posso sem nenhum receio de errar, afirmar que, se o

Paiii j á se perde na poeira dos séculos, a palavra UM-

BtANDAtambém se perde, pois, no Gênesís dos "VE-


.' (,~) Vinús - na terminologia Palli, significa: Espíritos
DAS", ela é pronunciada pelo VEHBO DIVINO.
~uro~, segundas pessoas de Deus, e por analogia subentende-se
Pelo exposto, quero completar aqui, que a palavra
COmOyEM. MA~UEL, e, que na religião' católica' é denominado
UMBANDA,foi pronunciada pela primeira vez, quando
por ••esns- Crísto ,

pela primeira vez o homem transgrediu a LEI DIVINA.

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A UMBAND~ ..ATRAVÉS DOS S~CULOS 27,


26 A L U I Z I O F O'N T E N E L L E

diz: _ nenhum termo análogo pode ser formado, 9.uan-


Portanto, 'lógico se torna a minha afirmativa em ch-
do na eoncordãneía direta não exista a conoo!dân~la: dos
ser-vos que" a UMBANDA veio aJOmundo, quando o
princípios; o que quer dizer claramente: .nao exístíndo
mundo entrou na sua primeira formação social, isto é:
na língua africana e em nenhum dos dialetos negros
quando na terra apareceu o primeiro casal que foi
existentes no mundo, a palavra UMBANDA, foi por .esses
ADÃO eEVA.

escrítores, e Babalaôs de Orixá, formada a analogía do


Acontece porém, que a maionia daqueles que se dis-
que os escravos pronunciavam A.MBEQUER"E:-KJIBAND'A,
põem a escrever ou mesmo comentar sobre o termo
que significa: Graruie Cura,ndezro.., e que esses ~esmos
UMBANlDA, em seu princípio etimológico, pecam pela
senhores querem tornar analogo a 'palavra UMBANDA,
base, ao afirmarem que a Umbanda nos foi trazida pelos
como uma variação ou defeito de lmguagem.
escravos africanos que aqui apertaram l1JQS meados do
Século XVI, quando nem ao menos se lembram de que
Pelo exposto, pode-se facilmente verificar que, não
uns pobres escravos, sem a menor formação de cultura,
existindo numa língua uma determinada palavra, como
e, praticando algo que nada de semelhante existe no
pode a essa mesma língua, ser atribuída a paternidade
que se pratica atualmente nessa; seita, pudessem ínter-
do termo?
ferir na concepção de um povo já algo mais adiantado
En.tretanto como a Nnalidade desta obra, é mostrar
e mais esclarecido, uma vez que, a estes pobres escravos,
ao mundo o que de verdadeiro existe na concepção desta
era-Ines negado até o direito de viver, quanto mais, de
religião, que, uns classificam de ESPIRITISMO, outros
ditar regras religiosas a uma nação que cambaleante
de MAGIA BRANCA e a maioria chama de UMBANDA,
tentava dar os seus primeiros passos de progresso.
misturando-a de todos os modos, e procurando ínterpre-
Lavro aqui no entanto, o meu preito de gratidão a
tá-la de todas as maneiras; vou em continuação a este
esses heróis anônimos, que com o suor de suas faces, e
capítulo, discernir de um m~do clar~ e efici~nte, todos
muitas vezes vergastados aos rudes golpes dos chicotes;
os seus porquês, a sua evolução através dos séculos, d~~
e atados aos pelourínhos, constituíram os alicerces de
de os pníncípíos da formação do mundo, da er~ km ·decz.s-
uma nação que hoje de sfruta das honras de pertencer
ta do candoblé e finalmente, até os nossos dias atuaís,
ao conclave de nações que formam o poderio universal. .
o~de o home~ procura adaptá-Ia ~ era progressista
Quero deixar patente também, que, respeito e acata
que atualmente atravessamos, embora incorrendo em
as suas concepções religiosas, que, embora afastadas em
grave erro por desconhecer Integralmente a sua verda-
grande parte da realidade, não deixam de ser no entan-
deira finalidade, a sua verdadeira origem, os seus ver-
to, na sua forma empíríca, uma prática da ciência espí-
dadeiros rituais" etc.
rita; mas, quero também lembrar ao meu prezado leitor
- A esses mesmos homens a quem foi dado o direito
que, aquilo que os escravos africanos importaram do'
de descobrir a síntese das maiores maravilhas que vêm
continente negro, foi o que se denomina de "CANDO-
beneficiando a humanidade, inclusive a desintegração
BllÉ" , e agora: falando a esses escritores e BABALAôS
do Á'DOMO; a esses homens quero mostrar o Alfa e o
DE ORIXÁ que por aí pululam aos montes, tentando
Omega da maior expressão Divina que é a UMBANDA.
tíeturpar e fazer confusão da verdade, que, quando fala-
Com o firme propósito de esclarecer tudo quanto
rem ou escreverem no sentido etímológico de um. termo,
existe de verdadeiro, nesta concepção religiosa que é a
lembrem-se primeiro da grande fórmula cíentírlea que

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28 A L U I Z 10 •.FO N T E N E L L E

Umoatuia, I?elo·fato de tratar-se de uma religião que


procura nmícamente elevar os homens rio conceito de
Deus, evocando o sobrenatural; não medirei esforços,
no sentido de que não haj a dúvidas quanto à veracidade
das minhas afirmativas, de vez que, basear-me.eí apenas
no que de concreto existe, através de obras consideradas
de grande valor cíentíãco.

CAPÍTULO lU

A UMBANDA ATRAVES DOS SÉCULOS

Eis-me frente a frente com um problema por demais

complexo, no que diz respeito à verdadeira concepção

que se tem feito através dos tempos, de uma ideologia,

como é a Umbtsnda, sublime emtodos os seus pontos

de vista.

As ínverdades que se têm praticado, e quase tudo. Q

que se tem escrito, através de Iivros que procuram mos-

trar a sua origem, não têm sido absolutamente perfeitos,

de vez que não se fundamentam de fato na realidade

dos acontecimentos.

A Lei de Umbanda, essa lei divina, tem sido detur-

pada com teorias absurdas, que não condizem absoluta-

mente com a época adiantada que ora atravessamos. O

homem de hoj e, procura desvendar os mistérios que cer-

cam quaisquer atividades, e estuda os porquês de tudo

{)que llhe possa dnteressar em todos os setores da vida


atual. Entretanto, porque não aprofundarmos os nossos

-conhecimentos, no que diz respeito às religiões? ..

Porque não nos aprofundames em procurar. desco-

brir a verdade que paira sobre as nossas cabeças no que

concerne às forças sobrenaturais, que nos dirigem os

passos, anos e vontades, mudando completamente o

.rttmo das nossas intenções? ..

Se procurarmos mergulhar o nosso pensamento no

.âmago de uma concepção, em busca de mostrar a ver-

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A UMBANDt\ ATRAVÉS DOS SÉCULOS 31-


30 ALUIZIO FONTENELLE
~
mundo, aquilo que d~ fato é perfeito e integral desde
dade que de fato possa existir quando queremos que ve- a
sua primeira forma~aQ.. . ~
nha à tona aquilo que é necessário e real dentro de uma
Desta maneira vejo-me obrigado a ag~:,_n~ pela
relígíão, nada mais fácil para nós se torna provar o que
força das eíreunstnctas, e sim, por um capricho tao co-
desejamos, desde que, conheçamos profundamente a ma- mum
a todo aquele que procura praticar uma Umbanda
téria sobre a qual pretendemos! discutir.
sincera e quando possui a dirigir-llhe os pensam:ntos,
Façamos !Um estudo completo daquilo que as gera-
entidades de "grande luz espiritual". E:n:b~ra veJa,...~e
ções passadas nos deixaram, e, com um pouco de inte-
obrigado a usar de algumas verdades esotenc~s, ao :dl~-
ligência, formulemos concepções perfeitas, e, logo sur-
sertar neste terreno, com o fito de reforçar amda: ma~s
girá a luz de que tanto precisamos. o
meu pensamento, procurarei dentro da v~rdadel~a 10-
Ao encararmos as questões religiosas, no tocante à
gica, mostrar,. não por meio de fórmulas cheIas,de ütera-
crença em Deus, necessário se torna que pratiquemos a
tura, e sim, de um modo claro e compreensívet. tudo
verdadeira caridade, concebendo o AMOR UNIVERSAL;
aquilo que desejo .
e para isso, é precsío que o homem sinta o Cristo dentro
A minha única finalidade é -mostrar como conh~-
dó seu próprio' coração, e se reintegre na sua condição
cedor profundo das questões espirituais, e oomo prati-
de ser perfeito, tal como foi idealizado e criado pelo
cante da Umbanda durante vários anos, que, tudo qw;n-
Deus Onipotente. to
existe sobre a face da terra evolui, como tem evoluído
Se o homem conceber a verdade, e cultuar uma re- o
Espi1 'itismo na Lei de Umbanda.
ligião sem preconceitos de qualquer natureza, procuran-
Alguém me perguntará!... .
do auferír mais Iuzes com o intuito único de enriquecer
_ Porque nasceu a UlV.IBANDA?..
os seus conhecimentos pessoais, estará seguindo o camí-
E eu responderei .. " . .
Illho da perfeição; servirá à humanidade dentro da evo-
A tjmbanda nasceu com os séculos, para uma maIOI
lução universal, e estará progredindo moral e .espiritual-
aproximacão do homem ao seu oríador. .'
mente, dentro dos princípios básicos nos quais se fun-
.Á uriíbanda nasceu com 'Ü homem, e ? .acompanha
damentam todas as crenças reiligosas. Este é o 'caso da
através da sua existência material e sspírítaial, desde
UMBANIDA.
que o mundo é mundo.
Do muito que se tem dito a respeito dessa lei, vou,
Pelas próprias palavras do Pai Onipotente: "TU~
no entanto, abordar um magno problema fílosóflco-re-
RIM-EVEI, TUMIM-UM.BANDA,DARJ.VIjôS",ditas pela
ligioso, que é justamente como se devia conceber essa
boca dos seus ministros, temos a certeza absoluta de
LEI, através da sua primitiva origem, de vez que, diver-
que, uma nova ORDEM baixara sobre a terra.
gem de maneira assustadora, todas as opiniões a seu
"BAIXOU SOBRE A FACE DA TERRA, A LUZ DA
respeito.
UMBAr-."D"~.
É meu desejo esclarecer pontos de vista, nos quaís,
Deus na sua bondade infinita, querendo dar ao ho-
baseado nas minhas próprias convicções e sobretudo,
mem pec~dor, a oportunida~~ de reabilitar-se,. e :?:v:~
criando concepções sobre o que se tem feito através de
de novo à sua primeira oondíçâo, deu-lh~ o castIgO.: Gê
estudos psicológicos em tudo quanto diz respeito à prá-
nesís, 3,19. No suor do teu TOi:;tOcomeras o teu pao, até
tica da Umbanda, ninguém até hoje procurou mostrar

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32 A LU I Z I O . 1.<'O-N T E N Ê--LL E

A UMB'ANDA · ATRAVtS DOS "stCULOS 83'

que te tornes à terra;. porque dela foste tomado: por-


quanto és pó e em pó te tornarás".
..Haveriam de cumprir-se as Sagradas Escrituras; e,
Deu-lhe também, através do que se denominou
na consumação dos séculos, o homem será obrigado, pe-
"KARMA"" o direito de reabilitar-se: "Multiplicai-vos
10 0050 das responsabilidades que assumiu, uma vez que~
poüs, e 'Uma vez que transgredistes os meus mandamen-
dotado de todos os conhecimentos e da força que lhe fOl
tos, tereis agora em encarnações sucessivas, o aperfei-
dada em condições de quase igualdade para co~ Deus,
çoamento da alma, até ganhardes de novo o REINO DA
"Gênesis, 3. 22 - Então disse 'o Senhor Deus: EIS o que
GLóRIA".
o homem é como um de NÓ3,sabendo o bem e o mal;
Oomeçara a partir daquele momento, a evolução do
ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome tam-
mundo, e com ele, a UM'BANDA.
bém da árvore da vida, e coma e viva eternamente: ",
Era preciso entretanto, que a Lei do Equilíbrio Un,i-
ver-se-á na contingência de escolher qual das duas .fo..r-
tJe 1'sal predominasse nos mundos, uma vez que ao ho-
cas o levará à VI'l 1óRIAou à DERROTA nasua condiçao
roem fora dado conhecer as forças do Bem e do Mal.
perante 'o Criador.
Essas forças seriam os pólos: POSITIVO e NEGA-
TIVO, o ALFA 'e:o OMEGA, o BELO e o FEIO, o MAIS
e o MENOS, para que as igualdades pudessem subsístír.

Como a verdadeira tínalídade deste capítulo, é um-


Assim, tínnam que predominar no mundo essas
duas correntes perfeitas, onde o HO:MEM e a MULHEH
var-lhes que a UMBANDA provém ~os séculos, 0:urr;e~
haveriam de representar esse perfeito equilíbrio.
lhor: surgiu no mundo com o apareclm~nt~ ~o pnmeiro

homem que habitou a terra, nada mais ~acll se t~)lna


O HOMEM é o pólo positivo" e a MULHER, o pólo
negativo.
mostrar-lhes através de explicações perteítas, aquilo a

que me propus elucídar. _ .


Deus ré a encarnação do BEM e do BELO, ao passo

Pelo fato de que inúmeras interpret~oe~ f(~ra~ da-


que SATANAZ é a encarnação do MAL e do FEIO.

das às questões religiosas, no tocante a exístêncía de


Criadas todas essas concepções, não poderia o Ho-

Deus e dos.homens, onde alguns constderam_como sendo


mem fugir a essas forças; uma vez que ele próprio pro-
a Bíblia a revelação divina das comunícações de Deus,
curava desvendá-Ias.

embora escrita pelas mãos do homem co~pllador d.?s .


Na própria ordem Div!lna: UMl3ANDA,essas duas
ratos, sendo o autor do G~NESIS; e que mais tarde Joao
forças ali estavam representadas:
o vínente, nos transmitiu por es~rito osJatos do Evange-
Um - (uno ,----De, us - infinito -- força do Bem _
lho pregado por N. S. Jesus CflS~; nao vem absoluta-
pólo positivo).
mente corroborar com as concepçoes formuladas no ver-
BANDA - (divisão - lado oposto - força do Mal
dadeiro G:ÊNESIS no. seu origi~al ~,m Palli, de.vez que,
-- pólo negativo).
antes do primeiro livro de Moysés, ja se conhecíam esses
Oom a multiplicidade do gênero humano, essas duas
mandamentos, milhares de anos antes do advento. do
forças teriam forçosamente de estar representadas no
próprio Moysés, uma vez que haviam sido transmítídos
próprio homem. Caim. e Abel não fugiram absolutamen-
há mais de quinze mil anos. .
te 1,>., essa concepção.
Antes de cometer o pecado, era dada ao homem a

c:ondição de comunicar-se diretamente com o seu Cria-

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A UMBANDA ATRAVÉS DOS s~cULOS 36


34 ALUIZIO FONTENELL~

Na própria LEI DAUMBANDA, furmadapelas duas


kior, poís ibastava-lhe evocá-Ia nos seus pedidos para
correntes, isto é: o BEM e o MAL; aqueles que dísvírbua-
que a palavra divina se manifestasse. '
ram
e desobedeceram as Leis Divinas, procuraram no
Em virtude do afastamento do homem, que pro-
lado
oposto, os seus desígnios. Assim, com a mesma
curou no pecado, furtar-se à aproximação de Deus f!lcou

força, criou-se o reino de Satanaz. O "FOVO DE EXU" J


por essa razão impedida essa. manifestação espiritual
que
habitava, o Iado oposto do EDEN" invadiu todas as
que era a comunicação C<m1o mundo dos seres invisíveis'

regiões da terra, e a maldade dominou o mundo.


r ~eus, comunicava-se com o (homem através do se~
Mais uma vez, a grande "fórmula" esotérica e kaba-
espírito, e su~. o~dens eram por ele ouvidas tal e qual,
Iístíca, entrava na concepção da "grande síntese":
quando nos dírígímos a qualquer ser mortal.
AO~ ht?mens que se seguiram às gerações de Adão e
Eva, pn:r:clpalmente àqueles que procuravam em Deus
"UMBANDA"
o cumpr~ento de suas Leis, foi dada a MEDIUNIDA-
DE; que amda. hoje s~ .conhece através dos tempos, se-
UM _ (U\l10- Deus ,- infinito - força do Bem -
gun~o as teorias e~p~ntas, nas quais se acredita que pólo
positivo - Eden). .
?eu~, n~ ,sua magnaruma bondade, permitiu ao homem
BANDA _ (Divisão - lado aposto - força do mal
mfluencla-~o com ,as manifestações espirituais, para que _
pólo negativo -' Reino de E:Xu).
pudesse Crle~tar aqueles que precisassem de luzes, para
O homem, tomado pelo desespero, desorJentadore!o
o seu apeJ:f~lçº.amentc:>material e espiritual.
pecado, conhecendo perfeitamente o bem o mal, nao
FOI desta maneira que surgiram os verdadeiros
pestanejou em fazer o seu PACTO DE HONRA com Sa,-
PROFETAS, que nada mais eram do que grandes MÉ-
tanaz: e, aquele mesmo AGENTE MAGICO UNIVER-
DIUNS, incumbidos por Deus para derramarem sobre a SAL.
que tentara e conseguira deturpar a consciência
terra, 'os ensínamentos e leis pelas quaís se deveria reger
humana, prometera ao homem tudo o que estava ao seu
toda a humanidade.
alcance, 'desde que ele o adorasse.
~oysés, ao subir ao monte Sinai, para receber as
Mais um passo fora dado, para o equilíbrio das duas
TABUAS D~ LEI, recebeu também a dádiva divina na
forças ...
representação das manifestações medíúnícas, conhecidas
Quem ? venceria? .
como CLARIVID~NCIA, INTUlçaO, PSIC'OGRAFIA.
~ .
etc., etc., ou melhor: recebeu a LUZ DA UMBANDA.
Prossigamos através dos séculos ...
. Da mesma forma, João Batista, tendo a graça di-
O homem bom, amava e ama a Deus sobre todas as
v~nat de conh~cer a yrD®NCIA, transmitiu através dos
cousas.
tec~l<os_os mais sublimes fatos do Evangelho. Portanto.
O Homem mau, amesquinha-o e zomba dele, certo
Crel? .nao haver dúvidas quanto aos fenômenos da Lei tie
que Satanaz é o "ABSOLUTO".
~pll'ltal de ve~ que, na LUZ DA UMBANDA se nave-
Prossegue na terra e no espaço, essa luta títãníea
riam de cumprir todos os mandamentos e vontades im-
entre os dois grandes adversários: O BEM e o MAL.
postas pelo Pai Onipotente.
Com eles, evolui a Umbanda, na certeza de que a

marcha do tempo não pode parar.


Vejamos agora o reverso da medalha ...

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A.LU:IZIO FONTENELLE ·
A UMBANDA ATRAV~S DOS Sl!\CULOS 37

Formaram-se legiões' e Iegiões; e, o mundo inteiro,


torno do seu "NIRVANA", que o apontava como a mo-
desde os primórdíos das civilizações, ainda hoje luta te-.
rada dos deuses, onde seus flhos encontrar-se-iam com
nazmente pela conquista da sua evolução.
os ancestrais, que tiveram na vida material.
A luta continua; e, o homem, procurando aproxí-
mar-se do Deus Onipotente, busca na sua concepção, um
Vejamos a evolução 'sofrida pela Utnbanda através
d'undamento ou religião que lhe dirija os passos, para
das épocas, e estejamos certos de que as finalidades têm
chegar até lá.
S11doas mesmas, isto é: procurar nas evocações divinas,
Mudam-se os nomes, criam-se Deuses, porém, o de-
o aperfeiçoamento da alma, sabendo que exíste algo
do mágico da Umbanda, continua mostrando a toda a
além da vida material, que resume em si tudo aquilo que
humanidade, a sua força espiritual.
se deseja de bom e de belo, ao deixarmos 'Ü invólucro
Vem o PAGANISMO, e com ele a força destruidora
carnal que tanto nos atormenta 18 nos faz sofrer a dor
do "Povo de Exu". Adoram-se deuses de barro e de pe-
física,
dra; de bronze e de ouro; em completa. desobediência às
Analisemos a concepção dessa crença, os seus dog-
leis divinas.
mas' , e ,ve]amos como em tudo se assemelha à verdadeira
Surge a MITOLOGIA, e com ela o POLITEíSMO,
Umbanda.
Aparecem as doutrinas rílosóücas e religiosas de
Vamos encontrar em Siddhârtha Gautama, 'O príví-
Brahma, Buddha e Confúcio, e com elas também evolui
Jegíado fundador do Buââhismo, um predestinado pelo
a' Umbanda.
Deus Onipotente, para derramar entre o seu po~o os
Os profetas anunciam a vinda dos seus messias, e
ensínamentos das suas leis, em perfeita comunhão de
eis que o Deus Onipotente resolve enviar à terra o seu
idéias e pensamentos.
filho amado, para a redenção da rmísera humanidade.
Vejamos ainda como culbuavam a crença no sobre-
-Chegamos à era de ORISTO, e com ele, ainda mais
natural, certos de que essa força índômita, os conduzia
se solidificou a concepção da sua Lei Divina, a "UM~
através dos diversos planos espirituais, até a morada dos
BANDA".
DEUSES.
Façamos urna pequena parada. Volvamos nossos
Porque então, meus caros leitores, não uníficarmos
pensamentos à era Budâhista, e procuremos compará-Ia
todas essas crenças, de vez que tanto faz chamar-se
às concepções espdrítuaís que hoje se praticam e 'se
"CÉU" ou "ARUANDA", "NIRVANA" ou "INFINITO",
cultuam dentro do Espiritismo.
a verdadeira morada daquele que criou todos os mun-

dos? ..
·Vejamos como os híndus, nos SAGRADOS LIVROS
DOS VEDAS, tão bem souberam díscernír e comentar, a
Estudemos, pois, todas essas concepções, e estou
sagrada epopéia do "MARRABARHATT", que o supre-
certo de que não me enganei quando afirmei e afirmo
mo Mestre WYAZA, soube interpretar através de
que a UMBANDA será a futura religião do mundo, tal
300.000 versos: e, na velha China milenária, com o uso
como o toí, no período da sua formação.
da "PLANlCHETA", recebiam as últãmas palavras dos
Não se pode ser materialista, quando se tem a cer-
seus entes queridos, que bem souberam traduzir, nas
teza de que a Natureza é a obra imortal do maior ar-
belezas do seu Espiritualismo, na descritiva feita em
quíteto do Universo.

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38 ALUIZIO FONTENELLE

.A .' <?om~se pode co~trarj ar as leis de Deus, quando a


ciencia ainda nao pode chegar a uma conclusão de
mesmo saber a verdadeira origem do homem?
Como se pode duvidar da existência de fenômenos
espirit~ais, se a todo o momento se nos deparam com
f~:os. Incapazes de serem eíucídacos pela própria
ciencra»
Qual será a nossa condição na terra, quando temos
CAPÍTULO IV
a certeza de possuirmos um cérebro que pensa, e que
pode com a sua capacidade criadora modifiar muitas
A VERDADEIRA ORIGEM DO PRIMEIRO
das vezes a própria estrutura da te~a?
É muito simples. Fomos feitos à imagem de Deus e
HOMEM QUE HABITOU A TERRA
d'entr~ de nós mesmos, extiste uma força criadora q~e
poderá _ser boa ou ma, conforme as nossas próprias
eonvicçoes,
t Por divergirem grandemente as opiniões sobre o

aparecimento do primeiro homem na terra, e, não ~ese.

jando deixar passar d esapercebido este ponto de VISta,

principalmente, por s~ ~ratar de ~~ assunto ~ue diz

respeito ao trato das enumeras relígíões conhecidas no

mundo inteiro, como também, porque a ciência tem pro-

curado estudá-ío com verdadeiro carinho, vou aproveitar

este capítulo, para, não só elucídar esse caso sobre o

ponto de vista religioso, como também, explanar o co:?-

ceíto que faço, e o meu modo de entender, sobre tao

íntríncado problema.

Tendo esclarecido em capítulos anterlores, que o

aparecimento do homem na terra, seg;u~d.o a própria

Bíblia ,tinha sido em virtude da vontade dívina, na qual,

o Deus TOdo Poderoso, o criou à sua semelhança; e, que,

de acordo com o Gênesis escrito no seu original em Palli,

'(primeira língua falada quando da formaç~ d~ mU?-d?)

Adíma e Eva, ou Adão e Eva segundo apropna Bíblia,

foram destronados do Eden em virtude do conheci-

mento do Bem e do Mal, incutidos pelos agentes mági-

cos uniuersaie (POVO DE EXJJ) , sendo esses os prin-

cipais causadores e responsáveis por este ..tremendo

erro.

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40 ALUIZIO FONTENELLE
A UMBANDA ATRAWB DOS SltCULOB 41

Este fato foi mais uma conseqüência da Lei do Equi-


chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho
líbrio Universal, pois, a partir dessa época, a terra seria
Enoch:" .
dívírtída em duas facções ou ralanges: a do BEM sob a
Jmpossível se tornaconeeber-se a veracidade dessa
proteção de Deus e a do MAL Boba força destruidora
passagem bíblica, porque, sendo Caim e Abel os prim~i-
de Satanaz. ,
ros filhos de Adâo e Eva, e, uma vez morto Abel, Caím
Ainda, segundo o Velhio Testamento, Adão e Eva
conhecera uma mulher com a qual se casara e dessa
conceberam dois filhos: Caím e Abel, nos quaís devido
união nascera um primogênito. Donde teria vindo essa.
ao pecado, as duas poderosas correntes estavam perreí-
mulher?
tamente representadas. Abel, era a encarnação do Bem,
Vamos procurar interpretá-Ia ...
ao passo que em Caím, incorporava....se o Mal.
Primeiro: - Por suposição; uma vez que, alguns
Guiado pelo mal, Caírn, atraiu para si a semente da
anos se passaram entre a morte de Abel e o casamento
maldade, germinando em seu coração a vingança a
de Caím, poderia ter se dado o caso de que novas gera-
inveja e ,Q ódio, matando a seguir o seu próprio irmã~.
cões se formaram da parte do terceiro filho de Adão e
A partir deste momento, a maldição de Deus atingiu
Eva, o qual se chamou Seth; e, desse vínculo da família
a terra,. regada pelo sangue inocente de Abel; e por sua
'tenha surgido então a mulher que Caim conhecerae
vez, .Ca~, ao ser chamado à responsabUidade pelo seu
com a qual se unira.
ato índigno, mergulhou-se no caos da degradação e do
Segundo: - Também por suposição, poderíamos
castigo.
interpretar esse fato, baseando-nos nas teorias Científi-
Conhecendo-se a existência do Génesis, escrito se-
cas, as quais procuraram provar a existência de outras
gundo a própria lei, pelo sistema que se denominou de
criaturas humanas, concebidas pelo fenômeno denomi-
Kaballah, há mais de quinze mil anos, ou melhor: muito
nado "transformação", no qual o homem passava por
antes .do aparecímento do prvmeíro livro de Moysés, no
diversas fases, até chegar ao estado da suacontormação
q~e ~IZ respeito a~ velho. testamento tão decantado pela
atual. Nesse caso poderia conceber-se perfeitamente
Bíblia Sagrada, ja se tinha dele conhecimento antes
esse estado de coisas, uma vez que, seria bem possível
me~mo ~o aparecimento do próprio Moysés, e que a se-
que Caim, ao emigrar para outras terras, viesse a encon-
guir, o irmao deste, Ahrãn, os escreveu posteriormente
trar um elemento feminino em condições idênticas às
na língua hebraíca, compilados entretanto do verdadeiro
suas.
original rou:
Terceiro: - Ainda por suposição, poderíamos per-
Existe numa das passagens bíblícas, um ponto bas-
feitamente acatar a teoria de Darunn, quando afirma
tante obscuro, no que diz respeito à expulsão de Adão
que o homem descende do macaco; e, assim sendo, po-
e Eva do paraíso, ao qual poderemos dar várias ínter.,
deria ter sido provável o aparecímento da mulher de
pretações,
Cairo, oréunda de uma dessas tribos símíescas,
Diz a Bíblia:

Por outro lado, formulo eu a minha concepção.


Gênesís 5. O primeiro homicídio.
Interpretando esse fato, tendo como ligação, não o
. J 7 - E conheceu Caim a sua mulher e ela conce-
principio da formação terrena, e sim, o incidente havido
beu, e pariu a Enoch: e ele edificou ~ ctdade., G
nos paramos .celestíaís, quando o Senhor IJe.us, destí-

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42 ALUIZIO FONTENSLL.
A Ui\mANDA ATRAWS DOS seoutós 43

tuíndo-a LUCIFER do seu elevado. cargo. junt o. ao. Im-


"E disse Deus: produza a terra alma vivente con-
pêrso Celeste, atirou-o sob a pecha de "EXU" (traidor),
~orme a sua espécie; gado e répteis, e bestas feras da
juntamente com a sua corte (POVO DE EXU), para
terra conforme a sua espécie; e assim foí" . . . .
o. reino. das trevas; e que, esse remo era justamente
"E disse Deus: Façamo.s o.nomem à nossa Imagem
o.infinito ou "uâcuo " onde mais tarde se daria, segundo.
conforme à nossa semelhança: e domine sobre os peixes
a ciência, a formação das nebulosas, entre as quaís es-
do. mar, e sobre todo. o réptil que se m?ve sobre ,a. ter-
tava a própria terra.
ra" . .. "E criou Deus o.homem à sua unag~:" a ~:
Ao. manifestar-se a vontade e o. poder divino em
gero de Deus o. criou: macho. e fê~ea: os criou .;' ' 10.1
criar os mundos, todo o ~osmo.s se movimentou. Cria-
o dia da criação de todos os animais da terra e do.
ram-se os planos: do. espírito, da energia, da matéria, e
aparecimento do homem, o sexto dia do mund? .
da mardtestoção; a seguir, a Vo.Zde Deus projeta a sua
"Assim os céus e a terra e todo. o. seu exercito. to-
J'ontade através do infinito, transmutações se processam
ram acabados. E ha~endo. Deus acabado no dia sétimo a
e mudam de estado. Do estado extátíco potencial, passa
sua obra, que tinha feito, descansou no. sétimo dia de
ao estado dinâmico; re tudo entra em movimente.
toda a sua obra, que tinlha feito.". .. foi o.,d~ em 'u:
Formam-se turbilhões de átomos, que gravitando em
Deus descansou e destinou ao. descanso, o. setuno e últí-
torno de si próprios, manifestam-se com irradiações de
mo. dia da criação. do mundo.
calor, de luz e de vida. IÉ o. énícío da formação dos
mundos, e o.princípio. de todas as cousas,
* * >I<
Surgem os dias do Gênesis descrâto por Moysés:
Explicada entretanto pelaciêndia, a fo.rmação ,?-O
"Haja luz - e houve luz". Este foi o primeiro dia
mundo, concebe-se que, pelo }enômeno. da g;avItaçao,
do mundo.
girando os astros em torno de uma força centrífuga, deu
"E disse Deus: Haja uma expansão no meio das
origem à formação de uma grande neoutosa, a qual des-
águas, e haja separação entre águas e águas" '., foi
prendendo tragmentos, e uma vez esgotada.a torça cen-
o. segundo dia do mundo.
trífuga de propulsão estancaram em determinado Po.~t?,
"E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos
passando a girar em torno do núcleo. central da prnm-
CéU3num lugar; e apareça a porção seca, e assim foi" ...
tíva nebulosa descrevendo. suas próprías órbitas. Pelo
foí o.terceiro dia do. mundo.
fenômeno. do.'atrito e continuando a girar com velocl-

r , • •

"E disse Deus: Haja luminares nas expansões dos


dade cada vez maas crescente em torno do próprio eIXO,
céus, para haver separação. entre o dia e a noite; e sejam
acabaram por incendiar-se, ocasionando. a iluminação
eles sinais e para tempos determinados e para dias e
ou luz formando-se deste modo todo o. sistema plane-
anos" . '. foí o.dia da criação. do sol, da lua e das estre-
tário. À . seguir, devido ao. resfriamento da superrícíe de
las, o. quarto dia do. mundo. .
cada um dos fragmentos deslocados, rormaram-se .as
"E disse Deus: Produzam as águas abundantemen-
crostas, as quais isoladas por camadas multiforn;es per-
te répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da.
mitiram a procnlaçâo de seres vivos e de vegetais,
expansão dos céus" .. , foi o.dia da criação. dos peixes e
dospássaros, 9 quinto de exístêncía do mundo. .

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A UMBANDA ATRAWS DOS Sl!:CULOS 45:,


44 A t 'u I Z I O ,F O NT EN E L L E

COMO SE COMPREENDE O MUNDO


Por outro lado? ~ncarando~se a formação dos mun-
ESPIRITUAL
dos, pela parte espiritual, cOfl:Cebe--seaté certo ponto a
~ontade de Deus, que com a ajuda dos e spirítos constru-
Sendo o "Espaço" habitado por espíritos, esses por
tores, dota~os de grande evolução hierárquica executou ua
vez animam 05 seres vivos, constItuindo o que se
a sua gradíosa obra. '
onhece nas Ieís espíritas com o nome de Mundo EspiJ

, .Esses grandes espíritos, co~. autoridade de poder,


íbual. Sendo inúmeras as categorias dos espíritos, e
e como exe~u~ores da vontade dívína, passaram a exer- or
terem sido emanados das Leis divinas, são dotados
cer uma atI~lda?-e A perfeita na execução e no cumpri- e
inteligência, e sentimento. Encarados sob o ponto de
mento da açao dma,?1ica ditada pelo Verbo Divino.
vista fluídico, pois outra não é a sua condição nos di-.
. Com a revotução sofrida nos diversos planos espí- v
rsos planos espiritua.is, correspondem as suas forças

rltuaís, ~ ao término da formação dos mundos, foram os


fluídícas, aos planos ou esferas vibratódas nas quaís se
Exus atirados para a terra, que deixou de ser treva desde
manifestam. Ao espírito humano após a desericarnação
o momento em que surgiu a luz.
omente lhes é dado a consciência da liberdade, após
<?'ormose tratava de espíritos puramente inferiores
terem atingido no grau humano, a verdadeira compreen-
e afeitos ao mal, foí-Ihes dada a ordem de perambulare~
são; daí a concepção que se faz de um espírito que pos-
ora em 'estado embrionário de formação, ora pertencen- sui
personalidade, ao manifestar-se na condição de
~es c?mo entes encarnados, a um tipo de raça puramente
l'Egun" (espíritü de morto).
ínteríor, com. todas as características animais. Acredi-
Todos os seres sepirituais habitam os Espaços Infi-
ta-se 9-~eo Pitecamtrop o-erecto, de Java, tenha sido uma
nitos e, somente quando lh !e's é permitido, descem ao
transição dessa espêcíe de seres.
mundo material; e, de acordo com ,a Lei K.ármlÍca, muitos'
~~r outro lado, antes de existirem as raças Adâmi-
são obrigados a passar por inúmeras. provas e experiên-
cas, ~a outr~ raças se lhes anteciparam. Eram homens
cias terrenas, para fins unicamente purJficadores.
obscuros e bárbaros, grosseiros e egoístas, que não fa-
Segundo a escala hierárquica dos espíritos, exístem.
lav~m como homens comuns, e sim, expressavam-se por
três clases desse habitantes dos planos espirituais:
meio de, s~ns ~turais acompanhados de gestos horren-
Espíritos Inferiores ou atrasados, compreendendo
dos e.'ll11mlc.asl~concebíveis. Alímentavam-se como ver-
toda a casta de elementos maus, ignorantes, sofredores,
dadeíros animais, e seus olhos não conheciam lágrimas
obcessores, etc., que não possuindo luz espil'lltual, são
e nunca riam. Seus prazeres eram gritos de besta-fera'
obrigados por uma lei de jus tiça, a fhabitar o reino das
e suas d?res roucos gemidos. Fugiam da luz preferind~
trevas, sob o domínio do roio de Exu. Esses seres estão
a obscuridade e as trevas. '
localizados ora no espaço trevoso, no humbral, ou na
. Vol~ando agora ao ponto de partida, quando formu-
crosta terrestre, na qualidade de espíritos encarnados ou
181 a minha co~cepção sobre a origem da mulher que
d,e3cncarnados. Esse plano inclui todas as falanges do
pertenceu a caím, ~c~edit(). que tenha sido um desses
mal. sob o domínio e direção de Exu-Reí Luoífer, da-
seres, na forma femmma, a companheira daquele ue
tados entretanto de grande força maléfica.
for~ exortado por ~eus, ao cometer o primeiro horclcí-
Os Bons Espíritos, integrando as falanges dos coope-
dío; e por essa razao, coube-lhe por castigo essa união
radares do Bem, são encarregados dos trabalhos de au-
uma vez que, aos maus cabe o lmal.' ,

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46 ALUIZID FONTENELLE

xílío, proteção e encaminhamento nos diversos planos


espirituais organizados em famílias com a denomina-
ção de Entidades, compreendendo todas as Linhas que
compõem 'o ciclo evolucíonal dos espíritos que atíngíram
determinada ascenção espiritual, posuíndo força fluídi-
ca suficiente para combater o mal. Alguns são conside-
rados guias individuais, tal, como acontece entre os pra-
CAPÍTULO V
ticantes da Umbanda. Aos de maior grau hierárquico,
alguns os consideram com a denominacão de An-
[os-de-Ouarda, ~
ALGUMAS RELIGIÕES E A SUA ORIGEM
_ Os Espíritos Superiores, são aqueles que integram
a administração do Kosmos, cooperando com as divin-
-""'-p;:ra que se pudeses dar uma classificação verda-
dades máximas no que diz respeito às reencarnações e
deira e perfeita sobre as religiões, seria necessánlo es-
estudo do Karrma. São os que regulam e estabelecem as
tudá-las sob o ponto de vista filosófico; e pelo fato de
condições de provas e castigos. Ajud am na construção nos
interessar apenas o que diz; respeito à origem e
ou destruição' das regiões que precisam de remodelação.
existência através dos séculos, dessas concepções, será
Esses espíritos são dotados de grande poder, e' pela sua
preferível que estudemos apenas os países e povos que
elevada condição hierárquica, agem com autoridade as
cultuavam, nas suas diversas modalidades.
própria. São os componentes das íalanges mais próxi-
Comecemos então pelos povos selvagens.
mas de Deus, ou melhor: são 00 denominados Ministros
ou Arcanjos.
AS RELIGIõES NA AFlRICA
Existe ainda uma classificação em separado para os
espíritos denominados criadores, que ao lado de Deus,
Pelo fato' da enorme divergência entre os povos afri-
são incumbidos de dar forma e criar novos tipos em to-
canos, no que diz respeito à sua raça, em vi!tude da~
das as manifestações espírituaés. A esses espíritos são
invasões e conquistas dos povos que a dommaram,. e
chamados "Salvadores", "Redentores ", "Messias " entre bem
difícil descrever-se ao certo, qual a religião predo-
os quais figura o próprio Jesus Cristo, quando na sua
minante no continente negro.
última manírestação, na personificação de espírito en-
Sabe-se que pelo menos seis raças tiveram influên-
carnado.
cia na formação desse povo. Os líbicos da costa seten-
Por útímo, segundo as crenças espirituads, está lo-
tríonàl, os egípoios e etíopes, formavam no número das
calizada a esfera celestíal, onde se considera como Di-
raças situadas nas costas do mediterrâneo, formando a
víadade Absoluta, o próprio DEUS.
chamada família Chamitica, as quaís possuíam relações
de
parentesco com as raças Semitas. Da mesma forma

'sur~'iram traços de parentesco pré-hístóríco entre os

Bas~os e os tserberes localizados na Africa Betentrional.

Para os lados do Sul conheciam~se os Núbios das mar-

gens do NUo superior, e os Fu,las~na orl:;l.me.ndiQnai

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48 ALUIZIO FONTENELLE
A uMBANDA ATRAWS DOS "ssotn.os 49

do grande ~e~erto; formando [untos uma raça verdadei-


zer: "assim como eu morro .e regresso à vida, assim tu
ra~ente dístínta , Os verdadeiros negros ocupavam o
morrerás e voltarás à vida".
meio do continente, ao passo que na parte meridional
outras três raças ali viviam: os cofres, lwtentotes e bos-
A religíão dos hotentotes bem como a dos cafres dis-
comanos,
tinguiam-se da dos negros, pelo fato de não adotarem o

feitícismo (arte da íeítiçaría). Comportava apenas ore


. Oonsíderavam-se os hotentotes como: degenerados,
rendas às almas e aos espíritos, e nunca, feitiços pro-
Juntamente com os anões habitantes do centro do hin-
priamente ditos.
te~la,,:~ africano, e pertencentes aos restos de uma raça
Quanto aos negros feiticeiros, consideravam-se mé-
prImJt~va.especial. Acredita-se mesmo que algumas ra-
dicas e adlvlnhos utilizando-se de arnuletos e artes m~~
ças egIpc~as, tenham se misturado aos povos africanos .
gicas. Entre suas práticas relígtosas o seu ritual é m~l~
.C~nsIderam•. alguns historiadores, a Africa dividida:
to complicado, contendo um_amfIlll.dade de ~ab~2 e sao
em tres partes: O sul, o centro e o norte.
dados ao uso de tatuagens produzidas por mcisoes na
.A parte que compreendia a Africa menldíonaj era
.pele e pintadas de diversas formas. Acr:dltam num
habitada pelos caíres, a leste, pelos hotentotes, e a oeste
Deus superior, criador do mundo, embora nao 'o'adore~,
pelos boscomanos, '
preferindo na maioria das vezes cultuar a crença n~s di-
. .Toda a ~egião da Africa era composta de inúmeras
vindades maléficas, daí a origem do Ambequerê-Kíban-
tribos, e ~sIm, conheciam-se como pertencentes aos ca-
da, ritual utilizado pelos negros Gêges, Nagôs e Bantus, .
fres as tribos: amaxosas, amazulus, betctiuanas, ouahe-
cujas onlgens são mais recentes.
reros, etc. Pertencendo aos hotentotes, conheciam-se as
Outra crença comum aos negros é o ritual por eles
seguintes. namaques e coranas, existindo ainda os gri-
praticado no que diz respeito aos sac~ifíc~~ expíatóríos
q'lf'!s e os bastardos, resultantes da mestLçagem euro-
aos espíritos (para a afastamento das íntelícídades), com
pela.
oí'erendas de animais mortos e alimentos prediletos dos
.. ~evid() a sere~ por de~ais confusas as tradições
seus deuses com a finalidade de profetizar' aconteci-
religiosas dessas tribos, acredita-se que muitas delas não
mentos, curar males causados por bruxarias, fazer cho-
possuíam religião, entre elas a dos cafres.
ver, etc. .
Os negros cuIt.uavam o feiticismo, e alguns dos seus
Acreditando eles em que a doença e a morte não
deu~es sao conhecírírs, com os seguintes nomes Utixo
são acontecimentos naturais e sim por influência de ma-
Tsuzgoab e HeitS'i-eibib, da parte dos hotentotes. Morim~
lefícíos e encantamentos, entregam-se a toda sorte de
e Unculuncuhi da parte dos cafres. Entretanto não se
práticas mág.cas, as quais, executadas ao som de ins-
sa?e ao certo, se esses nomes designavam deuses natu-
trumentos de toda a espécie e gritos bárbaros, dizem-se
rais, espír~tos, feiticeiros, defuntos ou antepassados.
possuídos de entidades ou "Orixás" que os acobertam
Acreditavam os negros africanos que os seus mor-
de qualquer malefícío,
to~ apareccam aos parentes, geralmente na forma de
São dados quase que exclusivamente à prática da
animais, ~ por isso procuravam esculpir totens de diver-
magia negra, e seus trabalhos se resumem em grande
sas maneiras, Outros adoravam a lua, e acreditavam
parte na aplicação e uso de beberagens, com as quaís
que ela enviava uma lebre junto ao homem para lhes di.
pra tíeam o curandeírísmo.

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50 ALUízfo ~ÓN~ENEL~E
A UMB'ANDA ATRAVÉS DÓS S~CULOS 5í

Algumas dessas tribos v.eram para o Brasil, e nós


rij6§ aimorés, etc. muitos dos quaís pertencentês !no-
nosos dias atuais, é bem grande o número de descen-
va g~ração. Nos Pampas existiam os abip ~es, os arauca-
dentes deses povos africanos; pois, deve-se 'a eles a ori-
nos, os pa tações (Teuelches) e 'os f uegu1.c:nos, nas r~.
gem do negro em nossa terra.
gtões da Patagônía. Ao longo da costa OCIdental, habí-

tavam povos de civilízação bastante adiantada. Ao nor-


AS RELIGIõES NA AMÉRICA
te (Região da Nbva-Granada) estabeleciam-se os chib-

chas ou muiscas, enquanto que ao sul habitavam os p e-


Apresenta-se a raça americana com um misto de
ruvianos, localizados nas margens do lago Titicaca. Na
mongóis e de rnalaíos. Entretanto, não se pode ter ver-
região de Ouzco predominavam os Incas, pertencentes
dadeiramente certeza do parentesco dessa, com outras
ao povo dos quíchuas (kechua), de origem aimara.
raças.
Das suas religiões prãmitívas, tem-se conhecimento
Sabe~se ao certo flue houve relações entre o antigo
de que praticavam a magi:a, acreditando nos espíritos
e o novo mundo antes da descobertada América, pelo
dos elementos. .
fato de que os povos islandeses conheceram a Groenlân-

Cultuavam os peles vermelhas, o TtC,~einsmo,o qu~l


dia no período da Idade Média, quando desceram ao

possuía um alto significad~ religioso, pois o totem nao


longo da corta para os lados do sul. Anda existe a in-

representava apenas um objeto de culto, nem tampou:o


terpretação dada por alguns etnógrafos, de que os habí-

significava um objeto tsoiado como se encara a q'll:estao


tantes da costa ocidental da América do Norte, tinham

do feitiço, de vez que representava uma deter:nmada


comunicações com os povos asiáticos. Quanto. aos abo-

categoría de obj etos quase sempre representativos de


rígenes americanos impossível se tornou até hoje pr oce-
der-se a urna clasífícacão cíentíüca.
animais oU:vegetais. .' .

O Totem não era encarado como SImples obje to de


Con~~ecem-se ent;etant!) diversas tribos de 'índíos
culto pois tanto' o "c1an" como apopulação ou mesmo
amen'canos, distinguindo-se entre si, apenas por carac-
um ~divíduo isolado, pertenciam integralmente ao seu
terísticas especiais. Exíztem os peles vermelhas, que ha-
totem ídentirícando-se material e espiritualmente com
bita.m a oeste das montanhas Rochosas desde a costa do

ele: daí suraírem alguns rituais utdlízados nos "Can-


mar, até o Oregon; essas tribos são chamada atap ascas
dOblés",' nos'"quais seus oríxás .são representados por
(Chippeway) , iroqueses, alqonquinos, aacotas (índios
verdadeiros ídolos totêmícos.
Síoux) . apalaches (Creeks) , natchez, habitantes do baí-
Posto à margem o totemismo, cultuavam os peles
X) Mis3jS S,'pi, com ligações de parentesco de um lado
vermelhas uma religião perfeitamente · individuali~~da
com os apalaches, e do outro com os índios mexicanos.
com o atual espiritismo, recebendo eles um culto prIVIle-
No México conhecem-se os eWc7.dmecos, os toltecos

gíado, dando a esses espíri~j ()S:O nome :de .-rn:amt1!s,os


e os astecos. Na América Central, os maias, e na costa
quaés, em virtude de pc;ssmr.€'ffipOUDSindiv:- ídualídade,
setentrional da América do Sul, os araoacos e índios
relacionavam-se aos fenômenos naturais.
caraibas.

Ao mais alto grau dos manítus, se designava de


Quanb aos habitantes índios da América do Sul,
"Grande Espírito", atribuíndo-se a esse fato a concep-
dístnguem-se as tribos brasileiras, nas quais encontra
ção de que os índios americanos eultuavam uma relí-
mos os tupis, çuarams, botocudos, urubus; xaoantes, ca-·
gíão monoteísta,

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52 ALUIZIO FONT_ENELLE-
-.

A UMBAL'Ú>J\ .'ATRAWS DOSSlilCULOS 53


.A representação dessa entidade máxima -era feita
sob a forma de um animal, estando em relação quer
palmente o Sol, na evocação dos seus filhos, com os no-
com 00 fenômenos naturads, quer como símbolí- mes
de Manco Copa c e Mama Gelo, tendo como origem
zandoa alma dos seus ancestrais. Cultuavam gran- os
seus antepassados tncas. Além do Sol, adoravam
demente a magia, dando a alguns fenômenos a ainda
outros deuses, na interpretação de deus da água e
encarnação dos seus deuses na forma humana, atríbuin-. deus
do fogo, ou sejam: viracocna e Pachacamec. E,
do-lhes variados mitos. Em out110Scasos, essas entída- ainda
numerosa falange de espíritos, denominados
des estavam representadas pelos próprios fenômenos na-
Buacas.
turais, como o caso do Manoboso, a qual atribuíam ser"
MUJÍtasdestas entidades deram origem à formação
o vento forte do oeste, como divindade épica e herói de de
lima das linhas nas quais se divide a Umbanda que
grandes empreendímentos. se
pratica atualmente no Brasil, ou sej a a 3?-linha -
Praticavam a antropofagãa, sacrificavam elementos LINHA
DO ORIENTE,. onde aparece a 5<;1- falange, diri-
humanos e possuíam como culto religioso, o uso do fu- gida
pela entidade de nome Inhoarairi, que segundo a
mo, no qual o "cachimbo da paz" representava um ato
história das civilizações, foi o primeiro Imperador Inca,
puramente religioso, de perfeita comunhão entre si. ,
antes da era Cristã.
Quanto à parte civilizada dos povos da América, re-
velavam eles tantos nos costumes como na parte reli-
-AS RELIGlôES DOS POVOS DO PACíFICO
gíosa, as suas idéias quase análogas com os povos sel-
vagens dos mesmos continentes.
Pelo estudo geográfico feito, no que diz respeito ao
As divindades mexicanas dividiam-se em duas par-
Pacífico, sabe-se que essa região está dividida ou com-
tes: uma" considerada como deuses Inferlores ou domés- posta
de cinco grupos de ilhas, ou sejam: o arquipélago
ticos (Tepitoton); e a outra, chamados deuses da natu-
indico ou Malaio; na região nordeste, a Micronésia, com-
reza, onde se encontram as seguintes divindades: Tlaloc,
posta, das ilhas: Maríanas e Carolinas, bem como os ar-
deus da chuva; Centeotl, deusa da terra. Entretanto,
quipélagos de Marshall e Gilbert; na região central, a
os seus príncípaís deuses eram denominados: Quetzal-
Melanésía, compreendendo a Nova Guiné, os Novas Hé-
toatl, Tetzcatõcpo ca e Huitzilopoctüli. O primeiro
brídas, a Nova Caledônía e outras ilhas de somenos im-
era "representado como símbolo, tendo uma serpente ala-
portância; ao sul, a Austrália (Nova Holanda) e a Tas-
da; o segundo trazendo como símbolo um espelho, e
mãnía; na parte leste, os numerosos arquípélagos da

Poünésia,
o terceiro, simbolizando um colibri. Outras entidades
eram representadas pelos povos ida América Central, ,
Três raças distintas se conhecem no Pacífico: a Aus-
com as seguintes característícas: uns simbolizando a ser-
traliana, compreendendo os povos da Nova Holanda e
pente, e outros simbolizando a cruz, cuj os deuses princi-
daTasmãnía: a Papua, na Nova Guiné, e a raça Poliné-
pais eram chamados GUCUl 17liatez Votarn,com idênticas síca,
na Polinésia.
características do deus mexicano Quetzaleoatl.
Assemelham-se entre si essas raças sob a questão re-
No Peru, as civilizações, estando no mesmo nível
ligiosa, pois acreditam nos espíritos e nas almas do ou-
das civilizações mexicanas, suas formas religiosas no en- tro
mundo, embora não conhecendo propniamente a ma-
tanto eram inteiramente diferentes. cu~tuavamprinci- gia.
Acredita ainda no sobrenatural, e na ressurreição
dos-
homens brancos.

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A~UIZJO FONTE~~L~~
A :t1MBAND,A .A'J'R:AVÊS .. DOS SÉCPLOS '.55

Na Polinésia, o seu povo adota em:quase todo o seu e


da população cristã indígena; subsistindo diversas tri-
ritual, os mesmos sistemas das religiões conhecidas co- bos
pagãs. Na Samatra, por exemplo, existem os bata-
mo selvagens e bárbaras; praticam 6 anímismo e ren-
que; em Bornéu, os tiaiaques; em outras ilhas e ínclusí-
d~m culto à .natureza, praticando toda a espécie de ma- ve
as Celebes predominam as tríbco a!fures.
g.a, predommando a evocação de entidades afetas a
Acreditam esses povos em que cada homem possui
superstições. uma
alma, e que" durante o sono essa alma abandona o
Eu tre as suas divindades conhecem-se inúmeras as
corpo, tomando outras formas, transformando-se em
quaís denominam de Atua, denominando tanto aos' es-
aves, etc. Possuíam poderes sobrenaturais praticando
píritos, como as entidades, com o nome de Tiqui. O prin- a
feitiçaria. Ofereciam presentes às almas dos mortos,
cipal deus polinésío é TANGALOA (tangaroa ou Taa- por
acreditarem que esas almas voltariam novamente à
roa), na concepção;de deus do céu e do mar.
terra. Adoravam plantas e animaís, dentre as quaís, o
Na Nova Zelândia, o sistema religioso é representa-
arroz figurava 'em pr.meíro plano. utilizavam-se de
do por um mito, no qual existe a separação de Papa e
amuletos, atríbuíndo-Ihes- virtudes mágicas, bem como
de Rangi (o céu e a terra). O Deus principal da sua mi-
eram dados ao ccstume de dar caça às cabeças, associan-
tologia, é o Mauí, representado como 'Um deus solar. Re- do-
se ao culto dos crânios.
presentam as regiões celestes, na slgnírícaçâo de.Po, rei-
Posteriormente a eSS8Gcultos, vieram 'os cultos da
no dos deuses, e o reino dos mortos com a significação
natureza, com todos os seus mitos, inclusive o da crença
de Pulotu. em
que haviam núpcias entre o céu e a terra por oca-
. Entre suas práticas religíosas, citam-se o uso da ta-
síão do íníc' o das estacões chuvosas. .
tuagem, que vem justamente corrooorer com um dos
Entre os seus deuses, destacam-se Ratu-Quidul (na
preceitos religiosos nrtllízados na prátíca do "canâobté ",
ilha de Java) , deusa do O-ceanodo Sul que habita o fun-
muito cultuado no Estado da Bahía, nos noiSSOS dias dJ
do mar num: palácio maravilhoso, e que comanda
.atuaís.
urna legião ou exército de espíritos que vivem nos ro-
Cultuavam grandemente a lei de TaTrJ, caracterís-
chedos. Ao lado dessa deusa está um monstro (Ni-belo-:
tica essencial aos cultos da alta ínicíação, I~nde as pes-
ronç), com todas as características do deus do mal.
soas, cousas, fenômenos, etc, estavama repreesntadoe ne-
res. Esses tabus eram divinos ou interditos, e em noas,
AS RELIG:IôES EGíPCIAS
isto é: acessíveis ou não, aos profanos. Cultuavam, ao
deus Oro, a quem atribuíam caráter divino.
Tudo o que existe de mais interessante sobre as-re-

l!'giões dos pOV'2SEgípcios, é o que encerra o "LIVRO


No arquipélago Malaío, o estado religioso é uma
.DOS MORTOS", em cuj os textos, par serem muito hete-
mistura de emigrantes malaíose autóctones, com sinais
rogêneos 'os seus elementos, dão-nos apenas alguma cou-
da influência civilizada. Houve emigração da Civilização sa
dos rituais fúnebres, dos amuletos a serem deposita-
Híndu, prlncípalmente entre Java, Madoura e Bali, onde, dos
sobre as múmias ou nos sarcóíagos, etc.
devido a essa mistura originaram-se numerosos cultos, .
Os textos "einscrições contidas nas pirâmides egíp-
dando origem à adoração de ídolos pertencentes a ~SS;l
.cías, "encerravam todo o mundo divino dos seus cultos .:
raça. Ainda se encontram vestígios do domínio e~ro~1;1 Os
Egípcios viam em tudo, seres dív.nos. Para eles, a

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. 11

AturzIO FONTENELLE
A UMBANDA ATRAV~S DOS StCULOS 57

natureza era divina e em todos os seus mistérios existia


Destacam-se como os mais conhecidos, os seguintes:
a divindade. T!a!illbémnos corpos celestes, na terra e
o boi APIS de Mênfis, Mnevís, <O boi sagrado de Rã, em
no Nilo caudaloso e misterioso existiam deuses podero-
Heliópo!is, e o carneiro de osais em Mendes.
sos dos qúaís se vaüam os antigos Egipcios. Acredita-
Além do culto dos aníma.is, existiam os cultos lo-
vam na exístêncía de animais fabulosos e terríveis, tais
cais. Os deuses locais eram considerados aos olhos dos
como: as esfinges, 03 grifos, certos de que no sussurro
seus adoradores como as divindades mais poderosas e
das "folb.l.1-gens,as vozes divinas se faziam ouvir. Atri-
criadoras de todas as causas, e se apresentavam de ma-
buíam dons sobrenaturais aos animais, onde eram con-
neira bastante variável. Corrhecím-se os deuses Anhur,
s'derados como deuses, e outros como demônios. Acre-
Tum e Horus, e Edfu, como deuses solares; Set, Amon
tlitavam que 'O mundo dos mortos era povoado tarrto
e Min, como deuses da terra; Kmacmu, Harchejitú e Osi-
por deuses como por demônios, tendo essas entidades,
ris, deuses do NUo; Hator, deus do céu. Algumas pro-
formas humanas O'U de animais.
víncías do antigo Egitc> (nomas) tinham como patronos
Para os povos egípcios, tudo o que encarna a natu-
deuses como Ne.t, Sokit e Hator. -
reza era tido como deus, assim, as árvores, O'S animais,
Inúmeras foram as divindades cultuadas pelos po-
03 homens :e mesmo os edifícios, eram considerados co-
vos egípcios, e ainda, além dos cultos locais, havia um
mo tal. Conhece-se em Tebas, o templo de Amon-Rá,
certo número de divindades que eram adoradas em todo
o qual era invocado e figurado como uma verdadeira
o vale do rio Nilo, as quaís não possuíam de um certo
deusa.
modo o seu culto particular. Eram esse deuses os se-
Acreditavam: na reencarnação, e tanto os deuses
-guintes: Rá, deus solar; Ah, lua; Nuit, céu; Seb, deus
como os demônios podiam estabelecer a sua morada
'da terra, e Hapi, deus do Nilo. -
em toda a parte, excercendo boa ou má influência, con-
forme suas próprias designações.
Rá, f,olio deus mais universalmente adorado no Egi-
Entre os animais que faziam parte dos seus cultos,
to. E.Ie não habitava sobre a terra, tal como os deuses
encontravam-se os gaviões e os gatos, como divindades
locais; segundo as suas crenças, navegava ele na sua
benéficas; o crocodilo e o hipopótamo, como amaldiçoa-
barca através do c-éu e do infinito; era 'O benfeitor da
dos.
humanidade e da natureza, fonte da vida, senhor do
Grande parte deses animais tiveram a sua santi-
templo, e defensor do Egito. Rá, era a luz que destruía
-dade glorificada, devendo aos deuses e deusas o seu
as trevas, combatendo a serpente das nuvens. Muitas
culto pelo fato de lhes atribuírem essas formas. Ado-
lendas se formaram! em torno do Deus Rá, considerado
ravam serpentes, gansos ou gatos, tal qual como um
o primeiro Rei do Egito.
adepto do feiticismo adora o seu feitiço ou patuá. Ge·
Uma das lendas sobre esse Deus, é a seguinte: isis
ralmsnte, haviam cultos nos quaís um animal era
com seus encantos mágicos, forçou o rei Rá, que j á se
escolhido e considerado como sendo a encarnação
encontrava velho, a dizer-lhe certos segredos esotérícos,
de um desses deuses, e assim sendo, erígiam-lhe
convidando-o a partilhar com ela o seu grande poder
templos, cercavam-no de sacerdotes, realézavam-lhes
divino. Fazendo-o picar por uma servente venenosa,
festas, etc. Eram - .considerados como animais sa-
preparada por tsts, não quis a deusa entretanto destruir
grados.- -
o -veneno do -eorpo doDeus, enquanto ele não-lhe d-is-

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p8 '.: 4 'I;i.U, :I:l I O F O 'N T E ,NE.l;,.·~E


A U~A;ND~' A'!'Rt\ vas 1)9,S, s~cULOS~9

sesse O seu. nome oculto; e uma vez que lhe fora revela-
Pelo exposto, podemos tirar conclusões perteítasso-
do, deu a Horus 03 seus dois ~ollhoso" Sol; e a Lua.
ore as crenças antigas, comparando-as com as crenças
Horus é considerado o Deus ma's importante do
do mundo moderno.
antigo Egito. Ele .~representado como um deus solar,
As divindades tomaram nomes diferentes, porém,
'figurando no céu com um grande rosto, em cuj os olhos,
os cultos se compreendem numa mesma condição, na
direito e esquerdo são vistos o sol e a lua; o rosto dessa
qual, O' sobrenatural faz parte integrante de todasas
divindade está emoldurado por quatro madeixas de ca-
Ideologias relígíosas,
belo, ou pelos quatro filhos de Amset, Hapi, Duamutefe
Comnaremos !015 deuseaegípcios com os deuses dos
Quebehsonuf.
nossos aborígenes, e com as entidades máximas que se
Entre as divindades que se conhecem através da his-
cultuam nas Umbandas, e veremos nitidamente a seme-
tória religiosa do Egito, conhecem-se ainda: .Seb, a terra;
lhanca Que existe nos cultos da natureza, nos fenôme-
Nuit, o céu, divííndades cosmogônícas de culto local.
nos solares, e principalmente na evocação dos mortos,
Tum, senhor de On (Heliópolis) no Baixo-Egito, consi-
onde se concebe de um modoclarol e ãnaotísmável, a
derado como deus solar. lusas (deusa) esposa de Tum.
crença na reencarnação.
Ftah, grande deus de Mênfis; Totunen- Sokaris, deus
f ,. ' ,
runerano, etc., etc.
,AS RELIGIõES BABILôNICAS E ASS1RIAS
Todos os deuses egípcios formam legiões, entre as
quaís também .se destacavam os agentes do mal ou de-
Sabe~se que os povos semitlcos da região norte.vou
mônios.Entretanto, quando o Egito saiu do seu isola-
sejam : Babilônios, Arameus, Assíríos e Fenícios, estão
mento, entrando em contato com a Asia, Africa, etc.,
jnteiramente lígados.no que diz respeito à sua linguagem
outras dívíndades ficaram conhecidas, e Inúmeras cren-
e pensamentos, Quanto às religiões, têm todas elas um
ças se formaram em torno das divindades estrangeiras.
núcleo comum.
Um fator preponderante que influiu em todos os
No ramo arameu, em virtude da sua dispersão, so-
conceitos relígíosos dos povos egípcios, f,oi o culto lar-
mente em alguns lugares O'seu culto se centralizou. NO
gamente dlfundido na crença de além-túmulo, onde a
Jenício, Entretanto, a sua reügíão foi muito mais, desen-
, morte, a sepultura, e a v,ida espiritual, constituía a base
volvida.
principal dos seus mitos e superstições. O embalsama-
As religiões deses três estados tinham em comum
mente, por se tratar de 'uma operação complicadíssima,
o .culto de uma divindade feminina, com o nome de Istar-
era ~xe'c~tado.pocr nomens encarregados das necrópoles,
Astartéa.
e. obedecia a nt~al todo próprio. As múmias eram depo-
, A' religião babílôníca é reconhecidamente um na-
sítadas em sercoragos de pedra, de madeira ou mesmo
turalismo políteísta ou a.nda, representada como a- re~
de papelão, e sobre elas colocavam-se os amuletos, os
ligíâo de um povo puramente agricultor, vivendo num
quais asseguravam ao morto o direito, de empreender a
país sumamente fértil. Na concepção que faziam sobre
'SU!;1. última viagem.
os fAnômenos que representavam o curso diário dos as-
','.Osseus túmulos eram chamados de "casas eternas ",
.trose o retorno 'anual das estações, são paraeles mctívos
'~ entre muitos, conhecem-se as célebres pirâmides, nas
,~e tO'das as alegrias e esperanças. Tinham n.a,l'epl'e$~Jk"
.q~~i~~e, Jl~positaY~mos. corpos dps :r?i,s ,~' !rnperadores.
tação quotídíana '90"$91 ,~ à,a lu.ª" a,,~@~~~I'!,~;, §º.$

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A UMB'ANDA ATRAVÉS DOS - stcULOS .t~l'

RELIGIÕES ASSíRIAS E FENíCIAS


'deuses do céu e da terra, reinando sobre a face terres-
tre, derramando os luminares da vida. Para esses po-
vos, eram nas forças da natureza que as divindades
o domínio semíta ocidental estendeu-se para os Ia-.
se revelávamo COIDO deuses representativos de suas dos
do Mar Mediterrâneo e do Eufrates. Na zona norte
crenças, conheciam-se: na Babílônía do norte, o deus
dessas regiões, como vizinhos desses povos" conta:,,~m-
solar de Siparra, o Belde Nipur, o deus do sol primaveril, se
os hititas e os povos da Asía Menor, e daí, ?s~Sl~lOS,
Marduc, na Babilônáa; o Nebo de Borsípa, atribuindo-se
Fenioios Filisteus '€' Cananeus terem quase que ídêntícas
ao mesmo o crescimento das searas, Nergal, deus de
conçepç6es religiosas, e práticas análogas nos ~~us ri:
Cuta, considerado como deus celeste' e que mais tarde
tuaís. O fator primordial desses cuãtos semítícos ~
tornou-se um deus do mundo subterrâneo, em vir.tude jus
tamente a feição de um naturalismo de forma poli-
de ser considerado como a entidade que demandava' o
teísta. Seus deuses eram considerados os senhores do
calor do sol, que destruía e secava. céu
e da terra; reinam no céu e na terra, tidos como
donos ou senhores do país ou da cidade onde, eram es-.,
Na região babilônica do sul, Ur é o deus lunar e
peeíaímente cultuados e adorados. Seus de~es exer-
senhor dos céus, modificando-se mais tarde, e apare-
ciam a sua ação nos pontos onde era manifestada a
cendo com a denominação de "grande Anu", o que si-
energia criadora das forças naturais; assim; as ,nas-
cendo com a denominação de "grande Anu", o que sig-
centes dos rios, os lagos, as árvores sagradas, etc., eram
nifica ainda "senhor dos céus".

tidos como lugares de oulto, As árvores sagradas, ~e-


Entre as entidades ou deuses j á citados, encontram-
sempanhavam um papel preponderante nos seus rítuaís.
se ainda: Ninib (Ningirsu) da Birpula, e o deus solar de a
"aschera" era um culto sagrado, no qual, "uma estaca
Larsa; Agané, na região norte e Uruc na região sul, as-
espetada no chão indicava I(} lugar onde a divindade se
sociados ao culto da rainha dos céus Isiar, a estrela da
manifestava e exercia o seu grande poder. Por outro
manhã e da tarde, que segundo as crenças, conduz as
lado os seus deuses eram representados sob horrendas
forças benéficas 'e' criadoras da noite. Ea, deus do
formas, caracterizadas por toscas figuras de animais.
culto de Eridu; Sarnas, deus da "casa do sol", adorado
pelos soberanos da Babilônía sententrional, em Siper,
Entre as divindades sírías, encontra-se .Haâãaâ,
junt ament com sua esposa Aa, deusa que espalha a
como entidade máxima. No culto de HierápoIis,. aI?r~-
vida, deusa da humanidade. Anutt, a estrela da manhã,
sentavam-se Atargatis e As tartéa, que segundo a história
sob a dupla figura de deusa d aíertilídade e de deusa
religiosa da Assíria, ~e:presenta~~a união dos cultos de
da guerra, adorada na ciade de Sipar de Anunít; Bel,
Asiartéia e do Adônzs. Asiartéia era' representada por
deus das forças atmosféricas, tendo como mensageiros uma
deusa que tinha a seu serviço grande número de
os "demônios das tempestades", ao lado de sua esposa
eunv.cos vestidos de mulheres, os quaís, com ono.me~e
Beliis, adorada como a soberana, a mãe, a deusa da
Galos, eram chefiados por um deles) com a denomínaçàn
terra, na cidade de Nipur; Sin, deus da lua, com o nome de
Arquigalo. Como animais sagrados, encontravam-se
de Nanar, o tacho.. considerado como o filho prímogê-
ospeíxes e as pombas, onde aparece a ~eusa perketa"
nito de Bel; é quem ilumina a noite obscura; é o "pode- a
qual era representada com corpo de peixe. .'
roto·touro-de-Anu"(o céu), o deus criador.

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A UMBANDA ATRAV:êS' nos s];5eúLós 63 .

Entre os' deuses fenícíos encontra-ss Baal, consíde-


Foram: precisas OITO PRAGAS, para que Fátaô .
rado como o deus do.céu, o qual eracultuado principal-
abandonasse o seu intento, e deixasse seguir a Moysés e
m~nte nas mon:tanhas. o. seu poder é ao mesmo tempo
seu povo, através das escaldantes areias do deserto.
críadore funesto, caracterizado por símbolos tirados do
Por sua vez, o homem, sentíndo todos os reveses e
rei~o. animal, a exemplo. do touro. e do leão, onde lhe
todas as condições impostas pela própria natureza, sen-
atribuem o poder gerador e destrutivo do calor solar.
tia a necessidade de dar expansão aos seus instintos, e
Ti?ha como símbolos os vegetaís e as energias que no
assim, as idéias se mult'plícaram, e cada um julgou e
seio da natureza orígrnam a vida. .
criou um Deus à sua maneira, proliferando de modo

assustador, a questão da crença '8' da religião.


COMO S~ ORIGINARAM ALGUMAS
Espalharam-se as raças humanas pela face da ter-
RELIGIõES
ra, e com elas suas religiões.

Com. ã imultíplâcação do elemento humano sobre a


O BRAHMA}"TISm
face da terra, quatro condições essenciais concorreram
para que o homem procurasse dentro da sua imagina-
BRAHMA, Deus mitológico da época brahmãníca,
ção, a criação de alguma cousa que o identificasse pe-
foi o prímelro Deus da índia sob o império dos VedaS,'
rante o criador de todas as cousas.
considerado o craídor dos mundos, dos deuses e de'
A PES'rE, a FOME, o MEDO e· a MORTE, toram
todas as criaturas. Teve dois períodos) sendo o primeiro,
oselerrtentos primordiais, para induzirem o elemento
reservado ao período Iilosófíco da religião hindu no seu
humano a procurar dentro de uma concepção, o leni-
estado prímíblvo, ou Vedismo; e o segundo, a sua for-
tIVOe o bálsamo. para as suas aflições.
ma panteístíca da índia de nossos dias atuais, ou IN-
, Seria necessário que o homem temesse a alguma
DUÍSMO.
causa, por isso criaram-se as religiões, baseadas uníca.
Para 0.3 hindus, o Deus Brahma representa O papel
mente no dogma de' que uma força superior regia os
de primeira pessoa da trindade, denominada Trimurti,
destinos de toda a humanidade.
tendo ainda a denominação de Vichnú para os sacerdo-
JEOVAH, o Deus de Israel foi o primeíro a impor a
tes v.chnuítas, ou de Civa, para os sacerdotes cívaítas.
sua condição, ao incutir no seu povo o poder da sua for-
Sua representação é feita par uma estátuaconten-
ça e o medo ao seu castigo. Ao ditar a Moysés os seus
do quatro cabeças e q:uatro braços) segurando um rosá-
mandamentos, impôs-lhe também o. dever de adorá-to e
rio ou ainda: mon.tado num cisne 'ou num pato.
obedecê-Ia.
r Antes do Brahmanimo, já existia :O Védismo, sendo
.J~OVA!I era ~ .Deus vingativo, e procurava pela
este substituído por aquele, entre os séculos XII e VII
força, incutir no espírito dos seus fillhos, a víolêncía das
antes da era Cristã.
suas pragas.
Segundo a crença brahmane, o universo cria~o por
Muito sofreu o povo do Egito, quando, sob a tutela
Brahma, é dividido em três regiões: uma super.or, a
do segundo Faraó, quis impor o domínio sobre o povo de
qual é composta da sobreposíção de seis céus,conside-
Israel.

rados como,residências dos diversos deuses; os dois mais.

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64
A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 65

elevados denominam-se: Svarga ou paraíso de Indra, e


o BUDDH1SMO
BrahJma-Laka ou Brtüvma-oruuia, o paraíso de Brahma.
Quanto ao planeta terra, consideram-na dívãdída

, Sendo a sua origem primitiva na índia Central, na


em sete continentes concêntricos, separados por sete ma-

região conhecida com nome de Nepaul, é hoj ~ o BU.dJd~is.~


res, estando agrupados em torno da montanha santa,
mo conhecido como uma doutrma de carater filosófí-
denominada Méru, que sustenta o céu.

co-~eligiOSo,na qual o Deus Buddha é ao mesmo tempo


A parte inferior da terra, denomina-se Pâtala, con-
síderam-na dividida em cinco andares, determinada
ponto nevrálgico e fundador.
como a habitação dos demônios, onde o último andar
a Buddhisnio, que no princípio era co~ider3f1()i
é o inferno ou Naraka.
como uma simples seita filosófica, nasceu sob a mfl?~n~
Ainda, segundo a teoria brahmãníca, a duração do
ciá pessimista que reinava naquela ;er~, e 'O ~€'u:propósito
Universo é representada por 2.160 milhões de anos cor-
era libertar-se dos males da transmígraçao ou renas-
respondentes a um dia ou uma noite de Brahma~ caindo
cença perpétua da alma, uma ve~ que não ,havia conse-
a seguir no caos, para se a obra novamente reínícíada
guido ver-se livre dos laços da VIda material.
pelo Deus Brahma, ao despertar. .
Foi o fundador do Buddhismo, Siddhârta Gautama,
Quanto ao que diz respeito à ímortalídade. da alma,
sendo no entanto mais conhecido com 'Onome de Buâ-
acreditam os brahmanes, que o homem sofre a influên-
âha, CtJkya-Munii.
cia da transmígração ou metempsícose, desde o ele•..
Cakya-Muní, considerado como um persünage~' se-
mente planta, até o homem propriamente dito.
mí-hístóríco e semí-mítíco, era um príncipe Cakya. Aos
Dizem os adoradores de Brahma, que a sua origem
vinte e nove anos de idade, esse príncpie, aband<?nando
provém da boca do próprio Brahma, e que, por direito
sua tribo e sua família, rejeitou 'Oreino, pa:a dedicar:-~e,
de nascimento, consideram-se superiores às três outras
em lugar ermo e solit rio, ao culto da oraç~'O,com o fun
castas existentes, e que são: os. guerreiros DUaS cha-
de conseguir um meio de salvar a humanídade, que s~
mados kchatriyas; os busgueses ou vaciyas, e os operá-
afundava no desespero. . _
rios ou lavradores, denominados çuâras.
Após seis anos de solidão e prof~nda medItaç~o,
Possuem a sua hierarquia sacerdotal, de vez que os
voltou à eívílízação, declarando-se ungído de sabedoria,
membros das três primeiras castas: brahmanes, kcha-
e denominando-se BuJddha (sábio iluminado?, OU me
triyas e vaciyas, só têm o direito de receber instrução
Ihor: possuidor da essência divina e verdadeíra ..
r.eligiosa, chamando-se a essa investi dura, o nome de
Começou a pregar a teoria de que ~odos os ho-
dv:dja, o que quer dizer: "duas vezes tuuioe "; isto, em
mens sob o ponto de vista religioso são ig~als,e ,que_tod?
virtude do segundo nascimento, que lhes conferem a
aquele que. se entreg~sse ~ es~UJd.0e a ~editaçao, .a:.
alta iniciação e o uso do cordão sagrado.
renúncia e à abnegação de SI proprao, obteria comoAfe~-
Por sua vez, aos çuâras não é. dado o direito de
cidade um descanso eterno no NIRV ANA, .corno premio
receber a instrução relígíosa ou melhor: a alta iniciação;
da própria ciência, .,..
constituindo como único ato de merecimento o cumpri-
Pelo fato de que Cakya-Mum nada deixara escrito
mento .e a obrigação de darem aos brahmanes os dona-
com relação às suas teorias, seus .discípulos sentiram a
tívos por eles exigidos.
necessidade de unificar suas doutrínas, e, de acordo com

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66 ALUIZIO FONTENELLE
A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 67

as Escrituras cíngalesas, datadas do ano 478 foi adotada


~ánkhya de Kapila, que afirmava a existência da eter-
pelos sábios europeus a obra dos concílios de Râdjâgri-
nidade bem como a indestrutíbílidade da matéria ele-
lha e de Vaiçâli. Cakya-MunJi morreu no ano de 543
mentar, a qual, sob a influência de uma lei mecânica
Antes de Cristo.

Iatal, e ainda, sem a influência ou intervenção da von-


Após a morte do sábio, o Buddhismo entrou numa tade
e do poder divinos, agregava e combinava os ele-
nova fase, completamente diferente de até então. Os
mentos de molde a produzir tudo o que existe no Kos-
díscípulos de Cakya-Muni, embora sabendo que o seu mos
Universal.
mestre não aspirava para si uma origem divina ou mes-
Acreditavam os Buddhistas que a alma dos seres
mo sobrenatural, pois, desejava apenas que os mesmos
vivos sofre as mesmas leis que o universo, ou melhor:
lhe votassem um culto de reconhecimento e respeito, fo- que
se transformam ou evoluem durante todo o YUCA
ram aos poucos modificando essa veneração, e em pouco (o
que representa na lei espírita o KARMA), passando
tempo passaram a adorá-Ia. Dessa maneira C'akya-Muni
pelos períodos da vida animal ao homem, e do homem
reconhecidamente inimigo dos deuses" inimigo do sacri- aos
deuses, sofrendo entretanto: alternativas de elevação
fício e da oração, teve o seu culto modificado, e em seu e
queda, de conformidade com as virtudes ou vícios, pro-
10UVOl' fizeram-se sacrifícios, criaram-se orações, escul-
curando no aperfeiçoamento destruir os vícios,para atin-
píram-se imagens e erigíram-se templos. Tornara-se, o gir
o estado de NIRVANA.
Buddhísmo uma verdadeira religíão.
Tinham eles pavor ao que denominavam de eterni-
Dessa religião, formaram-se dois partidos: o Hina-
dade de renascímentos, que constitui o tão temível cas-
yâna, baseado nas escrituras, e o Mahâyâna, que criou tigo
da transmigração.
um sentido esotéríco, nos ensinamentos do mestre. Esses
Para remediar entretanto esse mede, procurou
dois partidos tomaram no entanto rumos díferentes,
Cakya-Muni dar-Ines remédio, proclamando como dog-
sendo que o Hínayâna conservou o seu ímpérío na índia ma
o que ele denominou de : "QUATRO VERDADES
do Sul, ao passo que o Mahâyâna passou :a exercer o seu
EXCELENTES",ou sej am: a Dor, a Produção, a Cessação
reinado nas bandas do Norte.
e o
Caminho. Assim sendo, procurou ínterpretá-Ias da
Como não podia deixar de acontecer, o gênio do mal
seguinte maneira: A dor como elemento dnseparável da
teria forçosamente que exercer o seu forte domínio. As-
existência; a existência como produto da ignorância; a
sim sendo, a escola Mahâyâna mergulhando no declínio,
extinção da ignorância destruindo o poder dos senti-
procurou abraçar o veneno da filosofia especulatíva,
dos; o caminho como sendo a revelação da vida para a.
caindo na torpeza das maiores, extravagâncias. Seus
obtenção dessa extínção,
erros produziram, o que se havia de esperar e o Buddhís-
mo Mahâyâna caiu estrepitosamente.
Considerou a vida como tendo oito bons caminhos,

compreendendo: a ciência; a observação das cinco ín-


DOGMAS DO BUDDRI8MO
terdições (matar, roubar, cometer adultérao, mentír e

embriagar-se); a abstenção dos "dez pecados" (assasí-


Tirados quase que exclusivamente da fil.osofiaBrah-
nío, roubo, torníeação, mentira, maledicência, injúria,
mâníca, foram os dogmas do Buddhísmo, pois baseavam-
murmuração, inveja, ódio, e erro dogmátíeoj ; a prática
se unicamente na tííosotía da escola materialista do dos
"seis virtudes" (esmola, mor:alidade perfeíta, pa-

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A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 69


68 ALUIZIO FONTENELLE
que
o Buddhismo sofreu uma decadência acentuada,
ciência, energta, bondade, caridade ou amor ao pró- vindo
a extinguir-se completamente, pelos fins do século
ximo). XVI.
Considerava o homem como possuidor do livre ar-
O Buddhismo chinês, a princípio pertenceu à escola
bítrio, tornando-se responsável pelos seus atos, sofren-
H1ln,ayâna, porém, a seguir foi dominado pelo sistema
do fatalmente as conseqüências de todo o mal praticado,
Mahâyana, que prevaleceu definitivamente. No ano de
não havendo poder algum sobrenatural que os pudesse
Mahâyana, que 'prevaleceu: definitivamente. No ano de
atenuar ou destruir. 520,
o míssíonárto índio Bodhi-dharma, fundou a escola
Pregava o dogma de que os sábios teriam como re- de
Dhyâna (ou da Meditação), absorvendo completa-
compensa das suas virtudes, renascer de conformidade mente
as outras seitas que antigamente predominavam.
com os méritos; que o indiferente ou pecador renasceria
Finalmente, em virtude da ignorância do clero Bud-
forçosamente em condições essencialmente inferiores-,
dhísta Chinês, que se deixou dominar pelos ataques da
O inferno não seria 'eterno, e os deuses gozariam nova
teoria Confucionista que acabava de surgir, o Bud-
apenas de iUID poder e felicidade relativas, estando sujei-
dhismo perdeu quase toda a sua prepotência e consíde-
tos à obrigação de renascer; entretanto só os buddhas racão
no Estado Chinês. Ainda assim, a maior parte
não renasceriam e possuiriam a beatitude perfeita, ao dos
chineses, ainda concorrem para a manutenção dos
atingirem o estado do Nirvana.
templos Buddhistas. ..
Pelo exposto, podemos. perfeitamente comparar o
A partir daquele momento, novas teorias surgiam
Estado do Niroana ao "Reino de Aruanda" na Lei de na
lengendária China; e, Confúc:iJoo, f lilósofoh, istoriador
Umbanda, onde iOS Orixás Maiores jamais desceriam à e
homem de Estado chinês implantava uma nova seita
condição humilde de encarnar ou voltar à terra após o
re1igiosa: o CON\FiUCIONISMO.
aperfeiçoamento espiritual.
A
ORIGEM DO BUDD {H!SMONO INDO-CHINA,NO
o APERFEIÇOAMENTODO BUDDHISMONA CHINA
JAPAO E NO THIBET

Pelos dados históricos existentes tem-se como cer-


Estabeleceu-se na Indo-China, nas regioes denomi-
to, de que a China foi o primeiro pais invadido pelo Bud-
nadas: C'ambodge, Sião e Birmânia, a doutrina bud-
dhismo. Segundo alguns autores, em 2:25antes da era
dhista Hinayâna, ao mesmo tempo que a China aceitava
Cristã, foi feita uma primeira tentativa, a qual não lo- essa
doutrina. Os seus preceitos religiosos no entanto
grou, contudo 'um resultado satisfatório. Entretanto, no não
foram modificados conservando-se íntegraís na sua
ano 65 da era atual, conseguiram os míssíonáríos bud-
pureza primitiva, tal qual haviam sido concebidos na
dhistas ensinar e ministrar essa religião. Pouco progre-
simplícídade do seu aparecimento.
diu o Buddhismo na China principalmente até quase o
Para o Japão, o BlUddhismofoi levado em 552 por
fim do século IV, quando por essa ocasião, em virtude
intermédio de uma embaixada de missionários buddhís-
de um movimento de grande 'envergadura, que se pro- tas
eoreanos, pertencentes à escola Mahâyâna, a qual só
longou até o século X, conseguiram os chineses novas
adquiriu o direito de estabelecer-se e existir, no fim do
glórias para o Buddhísmo, conquistando outros povos.
século VIII. Assumiu o Buddhismo Japonês no decorrer
Foram eles 'Os japone ses e coreanos. Acontece porém,

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70 ALUIZIO FONTENELLE

A UMBANDA' ATRAVÉS DOS SÉCULOS 71'

do século XI o privilégio de verdadeira crença. e grande povo


da Mongólía, conseguiu destronra o rei do Thibet,
voto de fervor, desempenhando um papel de magna im-

apoderando-se do poder temporal, se?-do a s~a posse


portância nas perturbações sofridas que originaram :;J,
confirmada pelo imperador Khang-hi; e, mais tarde,
existência do feudalismo. Ainda hoje no território j a.~ após
a sua morte, foi pelos seus sucessores conservada
ponês, conta o Buddhdsmo entre os seus crentes e adep- até
a geração atual.
tos, com mais de dois terços da população.
Já no Thibet somente muito tempo depois desses
acontecimentos foi que se estabeleceu o domínio reli-
o CONFUCIONISMO
gioso buddhista. Embora contando com a proteção do
H~eiStrong-Tsan Gam-po tiveram os buddhistas que lu-
tal' tenazmente contra a relig.lãn indígena existente, de-
Com o nome <deKhong-tseu ou Khong-fu-!eu, ou
nominada Bom-pa.
ainda: sábio mestre ou doutor Khong e mais tarde
No período de 740-786, estabeleceu-se finalmente o
"CONFÚCIO": foi esse grande filósofo historiador e ho-
Buddhísmo no 'I1hibet, contando com o apoio do Rei mem
de Estado chinês, o criador e impulsionador da,
Khri-Strong de Tsan, quando fíez ir a essa região os
doutrina Contuctonista. ..
monges Santa Rakchita e Padma Lambhava, que con-
Nascido no ano de 551 Antes de Orísto, no remado
seguiram introduzir as doutrinas místicas da Escola de
Lu onde seu pai era o governador (Tatu), descen-
Yogatcharya, com o culto dos denominados Dhyâni-
dente' de uma antiga família denominadB: Kh'l!ngJ por
Buddhas. sua
vez oríunda de nobres fundadores da dinastía !che~
Embora tenazmente perseguido por muitos anos, .
(1134 .A.C.), era Cbnfúc~o, dotad~ de ~;ande íntelí-
conseguíu o buddhismo reconquistar uma situação
gêncía, de grande sabedoria €i perfeito c~ater. Pel~ r?-
privrlegíada, predominando durante um certo tempo,
tídão de seus atos viu-se cercado de honra!Ias, e o pr<?pno.
para mais tarde cair no domínio da superstição e na de- Rei
não !hesitou em confiar às suas maos, as maiores
llnonolatria.
funções de' Estado. . .
Mais uma vez o gênio do mal, lançava suas garras .
Preferindo demitir-se, com a Iínalídade de se votar
para derrubar todas as teorias e conceitos do bem.
inteiramente à causa religiosa do seu povo e d~ gover-
Algum tempo durou ainda essa situação, até que
nantes, iniciou e preparou com a leitura dos livros ca-
o monge Tsong-Khapa, do mosteiro de Gah-Idan, dntro-
nônicos (Kings), os quais eram conhecid?s como ~te~
duaí li uma reforma' eficaz, restabelecendo toda a pureza
liberais ou sejam, a música, o cerimonuü, aarzt~-
que existia nos antigos dogrnas búddhícos.
tica, a ~sgr'rima e a arte de conduzir um carro; a ~r~en-

tação e a educação daqueles que procuraram seguir a


Tsong-Khapa morreu em 1471, e seu sucessor, Ge- sua
dooutrina.
doun-Groub introduziu novas bases na constituição hie-
Sendo a China divadída em pequenos Es.tados, e~
rárquica sacerdotal, adotando para essa modificação o
breve os seus soberanos procuraram na doutnna d? .sa-
nome de Iamísmo, tomando desta forma um título: bío,
disputar para si os ensinamentos que ,lhes faciltta-
Dalai-Lama. Já pelo ano de 1624 o quinto Delai-Larni: vam
a arte de governar, procurando deste modo o amor
por nome Ngavang Blobzang, valendo-se da ajuda do aos
seus povos.

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72 ALUIZIO FON~ENELLE
A UMBANDA ATRAVÊe DOS SÉCULOS 73

. Estando afastado de sua pátria por longo período


tros deuses, são considerados como sendo os espíritos
de tempo, e desesperado pelo fato de ter perdido sua
punifícados dos primeiros antepassados da nação. Para
muíner, seu filho, e seu melhor discípulo, de nome Yen
Contúeto, a moral verdadeira, era a própria perfeição.
hoei, resolveu o mestre voltar ao seu torrão natal, con-
Considerava a moralidade como sendo superior à
sagrando-se durante o resto de sua vida ao ensino de
própria natureza, e como pertencendo ao primeiro prin-
sua doutrina.
cípio da formação do universo.
Conseguiu reunir perto de 3.000 discípulos. Morreu
Acreditava ainda que: "O céu e a terra são qram-
com a idade de setenta e três anos, em 479' antes da era
des sem dúvida:; no entanto, também neles o homem
Cristã, tendo antes revisto os Kings, e dado um último
encontra imperfeições"; e, por isso, considerando a re-
impulso às suas obras de literatura e filosofia.
gra moral como <O> maior dos fundamentos; dizia: "o

mundo não pode contê-ia ",


Não morrera entretanto a grandiosa obra de' Con-
Pregava e recomendava como principais virtudes, a
lúcio, pois, seus discípulos ao continuá-Ia, propagaram-
moderação, a j ustiça, e, sobretudo a humanidade.
na através de todo o imenso território chinês, tornando-
Foi Confúcio quem afirmou muito antes da exis-
a base da civilização chinesa e princípío fundamental
tência do próprio crdstíanísmo, um dos seus princípios
'das soeãedades, que até os nossos dias são seguidos por
essenciais, ou seja, a doutrina: "Procede para com os
todas as classes sociais do Império Chinês.
outros como quererias que eles procedessem para
Os Reis '€' Imperadores, ao votarem-lhe honras
contigo".
divinas, mandaram erígír-Ihe templos e estátuas, te-
cendo-se em torno de sua memória um culto de vene-
ração como o verdadeiro benfeitor da grande nação
chinesa.
Um grande amor pela humanidade, revelam as obras
filosóficas de Confúcio, nas quais, o Ta-hio (grande es-
tudo), o Tchrung-ywng (fixidez do meio) e o Lunq-
yu, bem demonstram o princípio básico no qual se fun-
damenta a doutrina divina: "amar d próximo como a
noo mesmos ".
Baseado no sistema sobre o qual o homem tem de-
\Veresrecíprocos com relação entre: príncipes e vassalos,
pais e fílhos, povo e governo, criou o princípio no qual
se fundamenta a família, na qual devem ser encarados:
O' respeito aos pais, o culto aos antepassados, o zelo ao
nome, numa fórmula de perfeita conciliação entre os
/seres.
Corno verdadeira religião nacional, instituiu e ínsís-
(tiu no culto dos antepassados, onde o Chang-Ti e os ou-

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A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 75

dogmas e moral do Cristianismo. Acredita-se que todas

as almas retomarão seus corpos, a fim de comparecer

ao tribunal de Deus, no dia do Juizo Universal, onde

receberão o castigo ou prêmio pelas boas ou más ações


CAPÍTULO VI
ímpetradas durante a passagem pela terra. S'egu~do os

católicos, cismátieos ou protestantes, essa alma vai para


o
céu ou para o inferno; e ainda, segundo acrença ca-
o CRISTIANISMO - AS RELIGIÕES DESMEM-
tólica, irá para o purgatório, segundo a desobediência
BRADAS DO CRISTIANISMO - OS REFORMA-
das leis da igrej a.

Como dogma fundamental da lei cristã, está a fé


DORES _. A ERA KARDECISTA E SEU
na qual Jesus Cristo é o filho de Deus feito homem, as-
FUNDADOR ALLAN KARDEC
sumindo na terra a natureza humana, unindo a Divin-

dade e a humanidade em uma só pessoa, vindo a este

mundo para a salvação da humanidade sofredora, e que,


o CRISTIANISMO
morrendo na cruz, ressuscitou, subiu aos céus, e está

sentado à direita do Deus Todo Poderoso, e há-de vir


Deu-se o nome de Cristianismo, à religião surgida
novamente à terra, a fim de julgar os vivos e os mortos

no dia do juízo final, para estabelecer definitivamente


em Roma, nos tempos de Nero, professada pelos chama- o
Reino de Deus.
dos Cristãos, os quais professavam a lei de Cristo ou
Admitem ainda todas as crenças cristãs 1,0 dogma
Chrestos, com a significação hebraica de bom, doce, agra-
da Santíssima Trindade, na qual consideram o Pai, o
aâoet; saudável) nutritivo) etc. Cristo, não representava
Filho e o Espiriio Santo.
nome próprio, e sim, o equivalente a Messias, ou enviado
Jesus C'risto é o filho de Deus, que foi enviado pelo
de Deus.

Pai, e por sua vez, este lhe enviou o Espírito Santo) que
A crença cristã afirma a existência de um só Ente,
através do batismo, era ministrado ao homem o sacra-
o qual consideram corno: imutável, absoluto, infinito,
mento da iniciação cristã ou filiação do homem a Deus.
onipotente, onipresente e criador único de todas as subs-
De documentos da Escritura Sagrada, admitidos
tâncias. Dessas substâncias compreende-se a criação dos
pela igreja c atólica, consta o seu cânone ou catálogo,
entes espirituais puros (anjos), das matérias (astros),
com 73 números, que, começando do Livro do Gênese, .
e dos homens, considerados de origem mista, por conter
Êxodo, Levitíco, etc ., vai até o Apocalipse de S. João. O
em seu Eu espírito e matéria ou corpo e alma. Deus é
conjunto desses escritos forma a chamada Bíblia católi-
esse ser imortal .esse espírito supremo, consciente e onís-
ca. Entretanto alguns desses livros não são admitidos
ci~nte. Acreditam os cristãos que os anjos, por serem
na Bíblia Protestante; tais como: o de Tobias, Judíte,
?rIaturas de Deus, permanecem no céu os bons, e no
Sapiêneia, Eclesiástico, Baruque, I e II dos Macabeus,
mferno aqueles que se rebelaram contra as suas leis.
etc .
Tem como ponto fundamental a filosofia cristã, a
Também com o advento da reforma, Luthero ex-
crença na imortalidade da alma, condição essencial aos
cluiu da Escritura a Epístola de São Paulo aos Hebreus ,

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76 ALUJZIO FONTENELLE
A UMBAND/i ATRA VES DOS SÉCULOS 77
a Epístola de Santiago, a de São Judas e o Apocalipse.
Da dissidência havida entre os praticantes do cristianis-
'tos e ínsertos em outros, a fim de que permanecessem
mo, surgiu a separação dos descontentes, e na época
com número exato. Passaram-se a adorar imagens.tem
atual encontram-se várias religiões desmembradas do
'completa desobediência às Leis Divinas. Houve ° pro-
cristianismo.
testo em virtude de que com o- estabelecimento do pa-
Da própria Bíblia, surgiram duas religiões distintas:
písmo, a fé em Cristo deixava de ser o. verdadeiro funda-
a Batista, que seguia o evangelho; e a Católica Apostó-
mento da igreja, taribuindo-se ao papa o poder de auto-
lica Romana.
ridade em confiar e perdoar os erros dos homens. Foi
Os seguidores de Cristo, apesar da perseguição so-
imposta ao povo, a condição de que o papa representava
frida, foram tomando alento, e o cristianismo triunfava
o mediador de Cristo sobre a terra, e que ninguém podia
sobre o paganismo. Os pagãos idólatras, aos poucos iam
chegar-se ao Pai, senão por seu intermédio, e que por
sendo induzidos a aceitar a fé em Jesus Cristo, reconhe-
esse motivo devia ser incondicionalmente obedecido e res-
cendo-o como o filho de Deus, aceitando e crendo na
peitado. O papada encheu-se de força e de dinheiro, à
sua ressurreição. Aospoucos, foram os pagãos se con-
custa das chamadas "indulgências ", e no século XIII
vertendo ao cristianismo, e dessa mistura surgiram tam-
instituiu-se o mais hediondo e horripilante instrumento
bém as desinteligências. A Bíblia como padrão de fé
da catequese romana - a Santa Inquisição.
fôra posta à margem, e a liberdade religiosa foi consi-
Tornara-se o papa o maior déspota do mundo, e a
derada como heresia, formando-se vários partidos. Sur-
igreja católica atingiu clímax do seu poderio universal.
giram os conflitos religiosos, e numerosos fiéis desliga-
ram-se da igreja apostatada.
Constituindo doutrina fundamental da igreja roma-
AS RELIGIõES DESMEMBRADAS DO
na, o Papa representava o ponto vital da igreja univer-
CRISTIANISMO
s~l de Cristo, investindo-se de autoridade suprema sobre
bISpOSe pastores do mundo inteiro. Desta maneira ori-
Pelas iniqüidades sofridas pelo. povo, em virtude da
ginou-se a usurpação, e o papado, para evitar que o povo
supremacía papal" não poderia a terra permanecer du-
tomasse conhecimento das Escrituras Sagradas, pro-
rante longo período nesse estado de coisas. A luz da
curou ocultar a Bíblia, pelo .fato de que ela",exaltava a
verdade não haveria de ficar totalmente extinta, pois,
Deus, e mostrava ao homem a sua verdadeira posição
alguns homens ainda guardavam a fé irrestrita no su-
perante ao criador de todas as coisas. Ao povo não lhe
premo criador de todas as coisas; e assim, outras idéias
foi mais dado o direito de ler esse livro ou mesmo possuí-
surgiram, e novas religiões fundamentadas no verdadei-
10, ficando deste modo entregue aos sacerdotes e prela-
ro cristianismo, apartaram-se do poderio de Roma.
dos, incum?id_os de m~nistrar aos cristãos as. suas pró-
Em primeiro plano, vieram os Ytüâenses; que resis-
pnas convicçoes. AsSIm sendo, o papa investiu-se de
tiram às imposições e à autoridade papal. Aferrados à
plenos poderes, e veio a ser quase que universalmente
-doutrina cristã, em verdadeiro contraste· com as falsas
recon~ecido como o enviado de Deus na terra, possuindo
'doutrinas apregoadas por Roma, lutaram denodadamen-
autoridade sobre a Igreja e sobre o Estado. Os manda-
te durante alguns séculos. Foram os Valdenses os pri-
mentos da Lei de Deus foram suprimidos em alguns pon-
meiros entre os povos da velha Europa, que conseguiram

uma versão exata das Sagradas Escrituras, pois, séculos

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78 ALUIZIO FONTENELLE
A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 79

antes da reforma religiosa j á possuíam eles.a Bíblia ma-


pouco, a ponto dos reis e nobres negarem a autoridade
nuscrita, traduzida em sua própria língua.
papal, recusando-se a pagar os seus tributos à igreja.
Como verdadeiros seguidores de Cristo, sofreram
O reformador foi chamado a defender os interesses
também a perseguição e o vilipêndio. Suportando toda da
coroa britânica contra as pretenções de Roma, e du-
a série de iniqüidades, continuaram a testemunhar a rante
dois anos foi o embaixador real, junto aos Países
verdade de Deus, e embora perseguidos de morte, lança-
Baixos. Voltando à Inglaterra, foi nomeado pelo reí,
ram a semente da reforma, que continuou com as obras
reitor da Universidade de Lutherworth.
de Wycliff'e, Huss, Jerônimo, Luthero e muitos outros.
O papada romano decretara a morte de Wycliffe

porém, o papa que assinara a bula, morrera antes de ver


JOHN WYCLTffFE
executado o seu plano de destruição do reformador .

Citado mais de uma vez perante os tribunais ecle-


Muito tempo antes da reforma, com exceção dos
cíátícos, Wycliffe vencera, e com ele, o "Protestantismo"
Yalâenses, os povos não puderam ler a Bíblia, em vírtu- dera
os seus primeiros passos.
de da existência de apenas alguns exemplares, bem como
pela imposição da igreja católica; que o proibia termi-
JOÃO HUSS E JERÓNIMO
nantemente. Entretanto, no século XlVI,surgiu na In-
glaterra um homem que foi o arauto da reforma não
Joll,oHuss, nascido na Boêmia, ,filho de pais humil-
só para o seu país de origem, como também para o be- des,
iniciara seus estudos numa escola provincial, con-
nefício de toda a cristandade.
tinuando na Universidade de PTaga, como estudante de
Esse homem foi John Wyeliffe, que lançou o seu
caridade, os seus conhecimentos .de humanidades. Fa-
veemente protesto contra Roma e suas arbitrariedades .
zendo rápidos progressos e distinguíndo-se pela sua in-
. John Wyclíffe, recebera uma educação liberal príví-
fatigável aplicação .aos estudos, em pouco grangeava a
legiada, e, concebia o temor de Deus como princípio de
simpatia e estima geral. Uma vez completado rapída-
toda a sabedoria. Como conhecedor profundo da flloso- mente
os mais altos degraus, foi admitido na corte.,sen-
fia escolástíea, e perfeito manejadordas leis c ivis e dos do
a seguir nomeado professor, e maís tarde reitor da
cânones ?a igreja, não hesitou em mostrar os erros que
Universidade onde havia começado seus estudos.
se cometiam contra a verdadeira finalidade do crístia-
Anos após o recebimento das ordens sacras, foi João
nísmo , Ainda como estudante, aprof'undou-se no estudo Huss
nomeado pregador da ca.pela de Belém.
das Sagradas Escrituras, as quais ro existiam escritas
Por essa ocasião, um cidadão por nome Jerônimo,
em línguas mortas, e assim, encaminhou a sua obra re- filho
de Praga, tendo trazido da Inglaterra os escritos
formadora. de
Wycliffe, associou-se a Huss; e este, lendo minuciosa-
Wycliffe,denunciando os abusos e erros sancionados
mente esses escritos, coníderou-o perfeitos e resolveu en-
pela autoridade romana, veio trazer as luzes da razão
veredar pelo mesmo caminho que o seu autor, afastan-
e s~us.ensinamentos ,c?meçaram a exercer poderosa in~ do-
se completamente de Roma.
flu :,ncla sobre os espíritos diretores da nação. Por esta
Durante algum tempo sofreu da mesma forma que
razao, os chefes católicos não viam com bons olhos a 'o
primeiro reforrnador, todo o ódio do império papal, e,
força dominante que o reformador alcançava pouco a mais
tarde, aliando-se definitivamente a Jerônímo, em-

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80 ALUI ZIO FONTENELLE


A U~ANDA ATRAVÉS nos :SÉCULOS 81

preenderam ambos a obra meritória da reforma que


Firmando-se nos seus princípios, embora certo das
avançou rapidamente. '
conseqüências que lhe acarretariam suas idéias, passou
Inúmeros incidentes acompanharam a vida desses a
negar sucessivamente a autoridade do papa, o celibato
dois denodados retormadores. Primeiro foi Huss, conde- d?s
padr.es, a j erarquia, os votos monásticos, o purgató-
nado à morte pela fogueira, e a seguir, Jerônimo, após no,
a missa e o culto aos santos. Por esse motivo exco-
várias citações perante os tribunais inquisitoriais roma-
mungado, e ainda, por ter queimado na praça pública
nos, foi também levado à fogueira, por não ábjurar da de
Wittemberg a bulla do papa, fato esse passado em 16
sua oposição contra os mandatários da igreja. de
dezembro de 1520. Tendo sido citado perante a Dieta

d~.Wor!llsem 1521, Luthero ao apresentar-se ante o con-

CIlIofOIdest~rrado do império, em virtude da recusa de


MARTINHO LUTHERO
submeter-se as ordens papais. .

Contando com o apoio do seu protetor Frederíco de


Dentre os reformadores que se incumbiam de guiar
Saxe, ficou Luthero oculto durante dez meses no cas-
a igreja, e tirá-Ia das trevas do papismo, destaca-se Mar-
telo de Watburgo, onde principiou a escrever numerosos
tinho Luthero.
panfletos. A seguir, de 1522 a 1526 percorreu toda a Ale-
. Tendo nascido em Eisleben (Thuríngía) , em 1483,
manha, pregando a Reforma. Casou-se com Catarina de
.Martinho Luthero, reformador religioso da Alemanha,
Bore, em 1525, e no período compreendido entre 1526 a
passou a sua juventude na cidade de Mansfeld. Era Lu-
1529, trabalhou no sentido de organizar a sua igreja,

contando com a colaboração de Melanchton, que segun-


th~ro descendente de camponeses, e muito jovem, com
a Idade de i 14 anos, foi mandado para a escola latina de do
a história, foi o principal autor da confissão de fé es-
Magde·~)Urgo,de onde se passou para a de Eisenach, logo
palhada em Augsburgo, em 1530.
a seguir. Em 1505, recebeu na Universidade de Erfurt,
Perigava entretanto a sua obra, em virtude da guer-
o grau de mestre em filosofia; Tendo entretanto inter- ra
dos camponeses; porém, a formação da liga de Sma-
rompido os seus estudos de direito, entrou para o con-
kald, em dezembro de 1530 assegurou-o sobre o futuro
vento dos Agostinhos de Erfurt, recebendo em 1507 o da
sua grandiosa obra de reforma. Em 1534, estalou a
sacerdócio. Publicou entre os anos de 1516 e 1518 as
revolta dos anabatistas, sendo a seguir imediatamente
obras de Tauler e o pequeno livro de Teologia Germânica.
abafada. Luthero empregou os últimos anos de sua exis-
Concebera ness.a ocasião a idéia central da sua teologia,
tência desenvolvendo a sua doutrina, defendendo-a con-
na qual concebia que: "o homem caído, privado de Deus, tra
as objeções dos seus antagonistas, e mesmo do exa-
para sempre incapaz de sair do seu nada, é salvo pela
gero de alguns de seus seguidores ou discípulos, que pre-
pura graça de Deus". Com o advento das "indulgências"
tendiam modificar-lhe alguns conceitos. Luthero muito
postas a venda por imposição do papa do romano, ofere-
sofreu com o Estado da Alemanha, e segundo alguns,
ce~~se.a Luthero a ocasião própria para a ruptura com
acredita-se que se tenha suicidado, sendo entretanto in-
a Igreja de Roma. Luthero atacou o ínquísídor Tetzel
verídica essa Suposição.
(1517)., sendo obrigado, por esta rebelião, a refugiar-se
Como escritos que o identificaram, fícou-noã; além
em Wíttemberg, sob a proteção de Frederico, eleitor de da
sua tradução clássica da Bíblia, inclusive os seus co-
Saxe.
mestários (1522), a célebre carta à nobreza alemã, es-

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A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS

éiitaelU'15~0~;,oCativelw deBàbilônia, e} :Í:l'1520;Contra


Ao criar-se na França o Espiritismo de Allan Kar-
a bula do Anti-Cristo, também em 1520; Exortação a
dec, nada mais foi feito do que dar-se nova modalidade
paz, em 1525; do servo árbitro, ainda em 1525, etc. Fi-
ao culto da Umbanda, por outra: continuar-se a ordem
nalmente, conhecem-se através da obra "Ditos de Mesa",
cüvína, que assim expre{;sou,TURIM EVEI, TUMIM
dê autoria de amigos 'Íntimos de Luthero, escrita em
UMBANDA,DARMOS. "Baixou sobre a face da terra a
1,566, as palavras e gracejos que Q reformador exprimia
LUZ DA UMBANDA".
livremente noconvívío da intimidade com os seus adep-
Por esta razão meus caríssimos leitores; porque con-
tos. '
, ,

tinuarmos a lutar indevidamente por uma causa que e

nossa humanamente nossa, espiritualmente nossa, e na


, A ERA KARDECISTA E SEU FUNDADOR
qual ~e irmanam todos os nossos sentimentos? ..

Por que razão se


degladiam mutuamente KARDE-
ALLAN KARDEC
CIS'TAS, UMBANDISTAS e QUINBANDIS'TAS,quando

na realidade se deveriam dar a mão, e caminhar como


Eí-nos chegados a um dos pontos básicos, no qual
verdadeiros irmãos, procurando a LUZ que está diante
se fundamentam todas as teorias espirituais: O KAR-
dos nossos olhos, bastando para vê-Ia, apenas encarar
DElCISMO. " '.
com sentimento e amor todas as manifestações espiri-

tuais que nos vêm de cima, isto é: do próprio DEUS? ..


Antes porém..dé explanar-vos a minha opinião sobre
Deixemos de parte esses preconceitos tolos da socie-
tão delícada têoriª,.,vou em duaapalavras.rmostrar-vos
dade corrompida, e unamo-nos numa CODIFICAÇAO
um ponto de vístaque ainda hoje suscita uma tremenda
perfeita, para que a religião do futuro seja o ESPIRI-
dúvida entre os praticantes do.próprio kardecísmo:
TUALISMO, ponto básico de toda a condição humana,
" .,... ,

que deseja a perfeição espiritual.


'l.a - Allan Kardec jamais criou a terceira revela-
A época das demandas religiosas já passou, meus
., ção; de vez que, elajá existia através dos sé-
bons amigos ...
culos, nos próprios fenômenos espirituais que
O mundo atual precisa de homens que em vez de
acompanharam a evolução do mundo, desde
Bombas Atômicas, empunhem cânticos e pr~ces ao Deus
os prímórdíos da sua existência;
Todo Poderoso, para que a humanidade nao se afunde

no caos da ignomínia e do desespero. Façamos do P?SSO


:2.a - Deve-se a Allan Kardec um preito de eterna
livre arbítrio I uma força poderosa de amor ao próximo,
gratidão pelo muito que fez em prol das. cau-
é nunca uma 'arma de ataque e de devastação. Procure-
sas espirituais, pois que, embora, nunca te-
mos evoluir material e espiritualmente, e estou certo de
nhàsido "MÉnrUM", procurou iluminar o es-
que a nossa condição humana se tornará cem por ce~to
pírito da humanidade inteira, instituindo e ~
proveitosa. Avancemos pelo mundo, procurando cnar
formando uma concepção perfeita, no que diz
em vez de destruir. Aproveitemos 03 ensínamentos que
respeito a evocação dos trabalhadores do
nos são ministrados pelos "Guias Espirituais, e, pode-
bem, que militam nos diversos 'planos espiri-
mos estar certos que; tanto os Espíritos de Luz do Kar-
tuais. . ,
decismo, como os"Pretos Velhos" e "Caboclos " de' Um-

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.,

84. A L U I Z,IO F O N T E N E L L E

A mvmANDA ATRAVl 1lS DOS Sli:CULOS 8'5

"banda, e os ((OrixáS da Quimbanda", nada mais são do

comerciais e, no silêncio dá noite, dedicava-se em escre-


que os verdadeiros missionários da fé.

ver gramáticas, aritméticas e outras obras didáticas,


Todos os fenômenos que surgem atualmente na ter-

bem como fazia traduções de livros alemães e ingleses.


ra, tem a sua razão de ser; e por isso, estudemos com

Foi professor das cadeiras de filosofia, astronomia, quí-


/ o devido carinho todas as manife~tações espirituais e,

mica e física, no Liceu Polirnático. Dedicando-se ao estu-


chegaremos a um ponto no qual nao haverá mais dúvi-

do do magnetismo, veio por esse motivo, travar relações


das quanto. ao aperfeiçoamento do homem, que foi ídea-
ltzado e criado a imagem de Deus.
de amizade com o magnetizado r de nome Fortíer, que

lhe falou sobre o caso das mesas girantes, fenômeno esse


ALLAN KARDEC
que atribuía ao magnetismo. Fortier dizia-lhe que não

só era capaz de fazer uma mesa girar, como também fa-


Nunca é de mais enaltecer ou mesmo rememorar a
lar e responder às perguntas, fato este que suscitou a in-
existência na terra, de homens que pugnaram pelo en-
credulidade do jovem professor.
grandecimento de uma causa nobre; e, neste caso.ien-
Assim se expressou Léon Riv.ail: "Isso acreditarei se
contra-se a situação privilegiada de Allan Kardec.
me provarem que uma mesa tem um cérebro para pen-
. Eis portanto, em síntese, a sua verdadeira bíogra-
sar, nervos para sentir e que se pode tornar sonâmbula" .
fia:
Não mudou entretanto de idéia, pois, ao assistir ao
, L~ON HIPPOLYTE D~NIZART RLVAIu, foi o no-
fenômeno das mesas girantes, criou suas próprias con-
me que na terra recebeu o fundador do Espiritismo na
vicções, considerando o caso como um simples estudo
França, e que adotou o pseudônimo de ALLANKARDEC.
magnético. Entretanto, como costumava freqüentar a
Nascido em Lyon, na França, em 1804, ali começou os
casa de uma determinada família por nome Baudin, que
seus primeiros estudos, para completá-Ias mais tarde na
se achava instalada à rua Rochechouart, onde se realí-
cidade de Yverdum, na Suíça. Teve como mestre o céle-
zavam sessões hebdomadárías, ali iniciou seus estudos
bre professor Pestalozzí, de quem foi um dos mais desta-
espíritlstas , Não fossem as insistentes solicitações de
cados e eminentes discípulos. Completou o curso de ba-
alguns membros da família, e de pessoas que freqüenta-
charel e:~ ciências e letr~sl, formando-se logo a seguir
vam a casa, entre as quais se conheciam: Carlotti, René
er,nmedícína , ~o ~ransfef1r-se para a capital da França,
Taillandier, Thíedeman-Manthêse, a família Sardou e
ai ~u~dou um Instituto de ensino nos mesmos moldes do
Didier, teria Léon Rivail, abandonado completamente o
colégio de Yverdum, admitindo como sócio, um seu tio
espiritismo, em virtude das suas inúmeras ocupações.
materno. Por infelicidade sua, seu sócio, deixando-se do-
Aconteceu entretanto, que essas mesmas pessoas, lhe
minar pelo jogo, em pouco tempo arruinou-o, deixando-
confiaram 50 cadernos contendo manuscritos de comu-
lhe de saldo após a liquidação do instituto, apenas a ím-
nicações espirituais, para, que ele os coordenasse e estu-
portâncía de 45.400 francos, que Léon Rivail resolveu
dasse. Bor sua vez, por intermédio de um dos médiuns
d~positar ~m casa de um negociante, que por sua vez
da casa, foi-lhe dada uma comunicação na qual lhe dizia
VIera.a falir, dando-lhe desta maneira um prejuízo total.
que no tempo dos DRUIDAS, chamava-se ele ALLAN
Contínuando na luta, apesar do duplo revés sofrido, re-
.KARDEC, e esse espírito que se manifestara, ordenara-
solveu o moço encarregar-se da contabilidade de casas
.lhe que se dedicasse ao estudo das manifestações espiri-

tuais, e que ele próprio se. encarregaria de o auxiliar

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:86 , A'LUIZIO 'FONTENELLE


A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 87
nessa penosa tarefa. Foi po is, por intermédio desse bon-
Não descansemos; pois a tarefa a ser cumprida é
doso Guia Espiritual, que Léon Rivail, iniciou grandiosa
bem árdua, e o mundo, ainda precisa passar pela sua
obra. C?m os esclarecimentos prestados por esse Guia,
verdadeira fase de recuperação. O EspirituaUsmo virá
e te~ndoJuntado todos os cadernos, e da 'composiçãoe da
forçosamente com o tempo, e com ele, outros brahmas,
fu~ao de todas as perguntas e respostas, formou o seu
coníúcíos, kardecs, etc., surgirão.
primeiro livro, que se íntítulou O LIVRO DOS ES'PíRI-
Aproveitemos todo o tempo de que dispomos, para
TO~, cuja primeira edição foi dada à luz do público, em
um exame perfeito de consciência, e, logo vamos ter a
Abnl de 1857, adotando o seu autor, o pseudônimo de
certeza de que o trabalho a ser feito para a reconstru ...
ALLANKARDEC, com o qual se tornou universalmente
ção, será muito maior do que para a destruição. As fa-
C'onhecid? A s~guir.,.fun:I0u a Revista Espírita, que sob
langes espirituais não. dormem, e seus conselhos nos che-
a sua oríentação e' direção, foi publicada pela primeira
gam rápidos e firmes, dando-nos perfeita consciência da
vez em Janeiro de 1858.
penosa tarefa a ser cumprida.
Já em 1.0 de Abril desse mesmo ano, fundava.a So-
Continua de pé o fenômeno que impulsiona todas
ciedade Espírita de Paris, que em 1860 conseguira ins-
as condícões humanas. Continuará o homem a pesquí-
talar-se em sua sede própria.
sar através do sobrenatural; aquilo que ele julga perfei-
Encetando diversas viagens de propaganda em prol
to. e que o levará ao "Nirtana", das teorias de Buddha;
da sua doutrna, Kardec visitou Sem, Lyon, Mâcolfl., Saint-
ao "Céu', dos Católicos e Protestantes; ao "Reino de Aru-
Etienne e Borâeaua; vindo a falecer em Paris, no ano
anda" da Umbanda, e ao "Reino de Oluru.m" da Quim-
de 1869.
,banda. ,.' ,'" .
Vivera portanto 65 anos, o fundador e principal orí-
E continuará através dos séculos, a ordem divina:
entador de uma doutrina que ma-is tarde iria revolucio-
nar a ciência, e que se alastraria através dos mundos
- ,
TURIM EVEI, .TUMIM,UMBANDA, DÂRMÔS,
numa evolução constante, em prol de descobrir a que
exístealém da vida material.
"Baíxou sobre a face da terra Luz da Umbanda",
Façamos um minuto de silêncio em homenagem
àquele que prestou o seu tributo de honra em benefício
da nobre causa espiritual; e, não esqueçamos também,
aquele ESPíRITO DE LUZ, que ajudou Kardee na com-
pilação de sua obra redentora e amiga, de vez que a ele
tudo se deve, por ordem do Pai Onipotente.
Aproveitamos ainda esse mínimo espaço de tempo,
e com os olhos semícerrados, volvamos às páginas do
passado, e evoquemos as figuras ímpares de Moysés,
Bra,~n:a, suaano; Coniúcio. Wyclijje, Luthero, Huss;
Jerônimo, etc., que foram outros tantos espíritos ílumi-
nados por Deus para dar orientação aos que se encontra-
vam num mundo de obscuridade.

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A UMBANDA ATRA ~S DOS sJ !:CULOS 89

marcará passo embora a índole do seu povo sej a de mol-

de a conceber rapidamente essa questão religiosa.

Não estamos mais na época de acreditar em lendas,

e nem tão-pouco concebermos fantasias que não condi-

zem absolutamente com a realidade dos fatos. A reli-

gião católica já atingiu ao seu clímax, e o nosso povo já

está farto de mentiras, Em todos os países civilizados,


CAPÍTULO VII
procura-se descobrir a verdade que existe através dos

faustosos salões onde se enclausuram os magnatas do

ouro, na ofuscante faustosidade do Vaticano. Jesus, o


UMBANDA, FUTURA RELIGIÃO DO
Pai misericordioso e 'Onipotente, não pregava ao povo,

sentado em tronos deouro, e nem tão-pouco envergava


UNIVERSO
_ríquíssímas indumentárias. Seu aspecto era simples e

nobre; e o seu verbo era apenas de bondade, de igualda-


Este é um magno problema a ser encarado pelos
de e de amor ao próximo.
povos do futuro. O homem idealizador e prescrutador
Hoje, tudo se deturpa ... o clero está de m.á?s da~as
ele todos os fenômenos que encerram os mistérios da
com a política, e a figura de Cristo é m.ercantlhzada Ig-
SUa origem, e de tudo quanto possa existir na vida de
nobilmente. O crucifixo é uma verdadeira obra de ~rte;
além-túmulo, com certeza há de chegar a ume conclu-
e os templos são verdadeiras maravilhas, que condIzem
são satísfatóría , >
perfeitamente com os raustosos palácios de Nero ..v:olta-
A história das religiões têm-nos dado elementos su-
mós novamente ao paganismo, com a capa de míssíoná-
ficientes para verificarmos com exatidão, o progresso
náríos do Divino Mestre. Mas... o Criador de todas as
-cada .vez mais crescente, no tocante ao que se concebe
coisas, não permitiu; que todos os seus legítimos porta-
como religião, de vez que o homem culto e inteligente
vozes nós os ESPíRITAS verdadeiros, nos encarregare--
_.) ,
mos de ~strar onde está a verdade de Jesus Cristo, a
nao se deixará arrastar por falsas demagogias, nem por
falsos credos. Ele precisará pesquisar profundamente a
verdadeira fé cristã, que conduzirá os povos à suprema
questão religiosa, firmando-se nos conceitos puramente
glória de servir a Deus.
reais que a própria razão lhe ditará. O homem do futu-
Foram-se os tempos da ignominiosa INQUISIÇAO...
ro tirará suas próprias conclusões, à medida que os fenô-
_surgiram as REFORMAS RELIGIOSAS ... e agora, a~ro-
menos espirituais forem surgindo à sua frente. Ainda é
veitando-se o que há de puro numa concepçao perfeita-
cedo para conceber-se uma teoria formal e profunda so-
mente espiritual, surgiu para o mundo civilizado uma
bre os mistérios que envolvem o mundo e os seres huma-
nova aurora e com ela a LUZ DA UMBANDA.
nos; entretanto, é preciso que comecemos desde já abrir
Poderão as cívilízacões do futuro, encarar as ques-
os olho~ àqueles que desejam enveredar por uma senda
tões religiosas por um prisma mais acertado, de vez que,
sem espinhos, e sem os achaques da ignorância. O Brasil
íá não é mais concebível, misticismos incoersíveis, em
infelizmente ainda conta com um número elevadíssim~
torno de um problema que é essencialmente básico para
de analfabetos; e, por esta razão, a sua evolução ainda
a educação de um povo. --

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A :UMBANDA ATRAVÉS DOS .. SÉCULOS ,91

· "., A situação do momento; . exige' provas mais írrefu-


taveis. de todos o~ fenômenos que surgem a cada passo;
Os homens procuram por todos 03 meios, um ponto
e, a.ssIm, necessarío se torna que os doutos procurem
no horizonte, que matematicamente lhes prove que de

fato existe um Deus; no entanto, a matemática divina


esmiuçar a verdade que ainda se encontra na obscurida-
de modificar-lhe a própria estrutura.
1hes mostra a todo o momento, que ele está mais próxi-

mo doque imaginam. Inconscientemente o homem se


Omundo está passando por uma verdadeira meta-
afasta dele, crente de que, procurando-o no infinito o
morfose, e as desinteligências se acentuam de um modo

alcançará com as suas próprias mãos. Mero engano ...


co~p~etamen te incompreensí vel , O egoísmo humano
Deus está no teu próprio coração, e não o sentes porque
atII;gI~ o seu ponto máximo, e, dia virá, em que, íncon-
és mau.
cebIvels. ~ataclismas assolarão a face da terra, a ponto
de modIfIcar-lhe a p;róprlaestrutura.
Joga fora essa tua tola concepção de grandeza; põe

de lado os teus sentimentos impuros .,eabraça conscien-


O ho~em está: esquecido de Deus, e seu único pen-
temente os ditames nobres do teu coração, e terás en-
sa:n~nto e dar vasao aos seus sentimentos torpes de dó-
contrado a relígíão pura, sublime, de que tanto preeísas
minto e de destruição. Ninguém "está satisfeito como

para o teu bem estar material e espiritual. .


que possuí, e a ânsia de prover para si todos os bens
matef1~is, leva-o ao abismo do desespero e da incem-
.preensão ,
Várias gerações j á passaram sobre a face da terra;

várias religiões aparecem e desaparecem com O' co~rer.dos


A maldade impera nos corações humanos, e o egoís-
séculos; entretanto, uma delas, ou melhor: a primeira,
mo domina todos os sentimentos.
<? homem ju lga-se forte, potente e imperioso, quan-
ainda perdura, e perdurará, enquanto o mundo for mun-

do. Refiro-me a Umtõaruia; pois, encarada sob os mais va-


do nao passa de um polichlnelo nas mãos do destino.
riados pontos de vista, modificando o seu ver~adei~o n~-
Ele não desconfia que outra força superior o domina, 'e
me desde os primórdios da existência terrena, jamais dei-
o traz algemado aos grilhões da 'fa.t,alidade. Nem todos
xará entretanto de ser Um banda, o verdadeiro sellti~o
são.predestínados; pois, por mais int€1igente e curto, por
que se dá no ESPIRITUALISMO, em qualquer condição
mais sábio, e por mais alto que se considere estar mais
que o queirar encarar.
depressa ruirá por terra. '

Já é tempo de refletirmos um pouquinho mais ....


A Umbanda será a futura religião que domdnará no

mundo, de vez que, é ela oriunda da vontade divina. O


, Deixemos de lado certas considerações que a socie-
Espiritismo na Lei de Umbanda será encarad? como ver-
'dade nos impôs, e olhemos para o horizonte, onde o pla-
dadeira religião, pelo fato de que os seus~egUldo!es est~-
no horizoutal encontra-se com o plano vertical, forman-
Tão em contato mais direto com as manítestações espi-
do o infinito. É para lá que nos dirigimos. O caminho
rituais, que outra coisa não representa, a não ser o cum-
é longo, porém, se' o alcançarmos, estaremos. certos de
prímento das leis divinas. . _,
haver descoberto m.;.!s um fenômeno científico: o FIM
A Umbanda a que me refiro, nao e essa Um~an?a
DO MUNDO.
mistificada e misturada com o diversos credos fetíchís-
Assim é a religião ..
tas de hoj e conhecidos no Brasil inteiro. Será uma Um-

banda codificada, uma Umbanda pura, na, qual se apro-

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92 ALUIZIO FONTENELL~
A UMBANDA ATRAVÉS DOS S~CULOS 93

veit.ará de todas as religiões existentes na terra, somente


DOMíNIO DOS ESPíRITOS
aquilo que for sublime e perfeito.
Qualquer leigo compreenderá perfeitamente a ques,
po ,9atoli?ismo por exemplo, só se aproveitará a or-
tão espiritual, quando eu lhe mostrar o que representa
ganizaçao, pOIS, tudo o mais é falho inclusive os dez
verdadeiramente a condição que liga o espírito à ma-
m atndamentos da Lei de Deus que fora~ miseravelmente
téria.
d
e urpados.
O fato das religiões espíritas lidarem com espíritos

propriamente ditos, não vem absolutamente corroborar


bl' Das religiões protestantes, restará unicamente a Bí-
com 01 que se costuma interpretar como a crença no so-
s Ia, nos~seus pontos onde existir a verdade, de vez que os
brenatural. É bem verdade que, em, todas as religiões,
e~~ pa~to::es, por serem por demais apegados ao fa-
por existirem os dogmas, esses dogmas são interpreta-
na ismo, nao quererão dar o braço a torcer uando co-
dos como uma simples questão de fé. Entretanto, no es-
nhecerem de fato onde está a LUZ DIVINA'. q
piritismo, essa fé acentua-se grandemente, por razões

perfeitamente concebíveis. Digo isso, simplesmente pelo


bonsn,~e~~:a~~ religiões espíritas, aproveitar-se-ão os
seguinte: todo aquele que admitir a existência de uma
fe t - . ~ . que, c_Onhecedores perfeitos das maní-
alma dentro do seu corpo, há de forçosamente admitir
t}. aç<:~sespmtu,aIS,. nao se deixarão arrastar pela mis-
a existência do espírito; e assim, a questão de fé deixa
~IIc~çao. Os kardecístas, por exemplo che arão à

de existir, para dar lugar a uma concepção. Eu, por


clusao de ,a.ceitar irrestritamente as ~ond~ões qU~o~=
ga~ o eSPIrl~.à matéria, nas quaís se concebe m
exemplo, não tenho fé na minha alma, porém concebo-a
entIdades espmtuais se distinguem de do' d que as
perfeitamente dentro do meu corpo, pois se tal não tos-
os "Guias E ··t . IS mo os ' 10
se, não seria quem sou.
força !lu'd' sptr: uai«: .possuem Luz Espiritual e gr~nde
Diz Allan Kardec: "Os espíritos não são, como mü-
s t tca, consegumdo por essa razão dom'm a
garmente se acredita, uma criação distinta das outras.
ma:r ~lementos, forçando-os a praticar o bem p r os
razão e que nas práticas da U b d . or essa
São almas das pessoasque viveram na Terra ou em ou-
maiores resultados; 2.0 _ Os ~ ~~ ~,se cons~~uem os
tros mundos, despojados de seu envoltório corporal ".
mortos, evocados nas práticas d% k:rd~~ espírítos dos
quando muito apenas a Lu .. CISmo, possuem
Agora digo eu : como se interpretaria a existência
tê~ força suficiente para c~~~~~~~~al~:l.por isso não
de fenômenos totalmente incompreensíveis, que surgem

a cada momento na vida de todos nós, lndependente-


Quat;tto aos praticantes dos "CANDOBLJi:S" e aos
mente da questão religiosa? ., Porque corremos ao ce-
..que praücam a M~GIA NEGRA", estes serão devida-
mitério, a fim de depositar flores nas sepulturas dos
mente_ orientados, e, mstruídos em novas práticas aban-
nossos entes queridos, que nos abandonaram aqui na
d.onarao por completo os rituais bárbaros que os' ídentí-
terra, muitas vezes em situações precárias, e em ocasiões
fíeam , O Espírítísmo na LEI DE UMBANDA em sua nova
quando mais precisávamos deles? ..
fase, surgl::a com o progresso do mundo; novos horízon-
É muito simples, meus bons amigos. .. Quando nos
:tes nos serao apr~sen~ados, e '0 mundo marchará de fron-
lembramos dos nossos mortos, sentimos uma vibração
teerguída, .em direção ao aperfeiçoamento universal.
interna toda especial, que nos afirma categoricamente,

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94 ALUIZIO FONTENELLE

A UMBANDA ATRAVES DOS SÉCULOS 95

que eles estão bem próximos a nós, rios escutam, e sen-


O PERISPfRITO - camada fluídica ou envoltório
tem .cono::co todas as emoções que vibram nos nossos
leve, incolor, intermediário entre o Espírito e a matéria.
sentimentos Derran:amos as nossas lágrimas, e todo o
Pelo fato de existir a questão da hierarquia, que se
c?rpo fr~me na emoçao de um instante de sentímenta.
conhece através das manifestações espirituais, alguns es-
~;smo. EIS aí a "ALMA", meus amigos. " Eis portanto o
píritos permanecem presos ao orbe terráqueo, ao paso
ES~fRITO", que os doutos consideram como sobrena;
que outros evoluem.
turcas.

A esses espíritos evoluídos, denominam-se "ENTI-


Não formu~amo~ hipótese, quando na solução de
DADES ESPIRITUAIS" ou "GUIAS", e a um sem nú-
um problema nao existem incógnitas. O Espírito existe
mero deles está afeto o encargo de dirigir os diversos
sobre a face da terra e em todos os planos do mundo
planos, quer espirituais, quer materiais. Por essa razão
astrah, da mesma forma que tu tens certeza que dentro
o mundo sofre o domínio dos espíritos, e o homem deixa
do teu peito, bate um coração. .
de possuir o que ele denomina de "LIVRE' ARBíTRIO" .
_Serías cap~z de arrancar do teu, próprio peito o c'o-
Por outro lado, sofrendo ele a perseguição que lhes mo-
raçao, colocanao-o na palma da mão, para te certifica-
vem os "EsrpíTitos das trenas", surge o que o vulgo co-
res que ele de fato existe e te pertence? .. Não acredi-
nhece com o denominatívo de "FATALIDADE".
to. .: s~bes que O' ten~, porqoe ele pulsa dentro de ti,
A verdade está, em que todos nós somos dominados
porem, jamais o poderas ver. Podes ver o meu ou o do
pelos espíritos, seja de sta ou daquela natureza; e, se
teu s~~elhante, .n~t;Ia condição toda especial: Assim é
soubermos controlar as suas manifestações, deixará de
o espírito. .. assrm e a tua alma.
existir <o caos, e guiados por aqueles. a quem denomina-
Quando abandonares o envólucro carnaj, aí então
mos "ESPÍRITOS DE LUZ", o mundo sobreviverá às he-
com:p:r:eenderá.s,O' grand~ mist~rio que liga o espírito à
catombes, e o curso das "LEIS DIVINAS", tomará o seu
matéria, e quiça, voltaras aqui, para orientar-me ainda
devido rumo .
mais, nessa sublime condição, que é a existência dos
.Esta será uma das razões porque a UMBANDÃ será
espíritos através de todos os infinitos.
a futura religião do Universo: A humanidade, conhece-
P~ra que ,s~ tenha uma verdadeira oríentação do
dora perfeita das forças espirituais, procurará dentro do
q~~ seja o espírito que integra o corpo humano, neces-
verdadeiro espiritismo, o lenitívo para as suas aflições,
S~rIO se ~orna u~a explicação detalhada dessa concep-
a 'razão do ser das suas privações, €' os caminhos que a
çao , AsSIm, consídera.ss, como parte integrante de todo
conduzirão à morada do Pai Celeste estarão abertos pela
o ser rumano, três elementos essenciais; são eles:
força poderosa dos mentores, guiados e orientados pelo

Verbo Criador.
A. ALMA OU ESPfRITO - cérebro ou inteligência
o~de Imperam, a vontade, o pensamento, o livre arbí-
Nas irradiações das poderosas Ialanges do bem, os
trio, e o senso moral.
sublimes "PRETOS' VELHOS", os audazes "CA,BOCLOS"

e todos os maiores da Umbanda, derramarão sobre a hu-


O CORPO, ?U MATÉRIA - envólucro físico que
manidade sofredora, o bálsamo consolador .
suste~ta o espírito, pondo-o em contacto com o mundo
TURIM EVEI, TUMIM UMBANDA, DARMóS
exteríor, formando o EU.

Baixará sobre a terra, a luz da Umbanda .. ~~"

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Condificar-se uma lei é enquadrá-Ia em todos os

seus príncípíos, solidificando-a por meio, de regulamen-


tos
severos, aos quaís todos terã-o que submeter-se.

Já é tempo de se pensar em fazer da verdadeira

UMBANDAurna religiã-o perfeita, dentro da lei, dentro


dos
princípios da moral e da razão, banindo-se das so-

ciedades toda a corrupção e a falta de bomsenso.

CAPÍTULO VIII
Estamos numa época em que, tudo aquilo que não
é
verdadeiro, se destrói por si mesmo. As antigas reli-
gíõesestão em decadência moral e espiritual. O cato-
A CODIFICAÇÃO DA UMBANDA TRABA-
licismo já não merece o nosso respeito, por que está to-
LHOS FILOSÓFICOS E DOUTRINÁRIOS ~
talmente .deturpado nos seus princípios cristãos, e a

mentira Impera em todas as suas práticas .. Os demais

cultos bíblicos, por estarem demasiadamente aferrados


_ Há muito se fala de uma codífícaçãc na LEI DE ao
fanatismo de uma bíblia mal traduzida e proíun-
UMBANDA; entretanto, quem lançará a pedra funda-
damente enxertada com teorias e conceitos puramente
mental? '. Quem se atreverá a arcar com a enorme
materiais, contam com um reduzido número de adeptos,
responsabilidade que atrairá para si a ira dos potenta-
sendo portanto postos à margem. No entanto, o ESPI-
dos das inúmeras relígàões que dominam na mundo in-
RlTUALISMO, por se tratar de uma crença cem por
teiro? Sim, aquele que se atrever a isso, lutará com
cento cristã, pois, outra não é a sua finalidade, terá
todas as dificuldades possíveis e ímagtnáveís, contra to-
que gozar, num futuro próximo, os louros' de uma vi-
dos e contra tudo, de vez que não se pode, criar uma
tória divina, ocupando no cenário mundial o seu de-
potência ou edificar-se um majestoso edíríoio, sem um
vido lugar.
alícerce sólído que possa suportar a fúria de todas as
O Espiritismo' não é uma religião de loucos, nem
tempestades.
tão-pouco de fanáticos; ,é uma religião que cultua em
Quando falo em codificação da UMBANDA,não me
sua crença um veddadeíro sentido de humanidade e Ira-
refiro ao aglomerado que se possa fazer entre algumas
ternidade entre os seus irmãos. rÉ um culto depro-
tendas espíritas, sujeitas a um determinado "centro"
fundo sentimento de fé, Naquele que procurou redímír
que as possa dirigir. Não é nada cLisso.A CODIFiICA-
toda a humanidade.
ÇAO a que me refiro, é uma luta tremenda que se terá
Nunca as le.s de Deus foram rejeitadas no verda -
que realizar em torno de milhares de "centros", "ten-
deiro espiritismo, e tão-pouco ise fizeram pactos com
das", "terreíros", "templos", etc., com a finalidade de o
Demônio. O perfeito espírita é como todo homem
separar o "joio do trigo", unificando-se todas as ínter- de
ciência: procura conhecer profundamente todas as
pretações espíritas em torno de um só poder, de uma só
reações positivas e negativas, para delas tirar proveito;
ORDEM, sendo essa ordem incontestavelmente UNI- O
espírita que forconfiecédor profundo dos poderes ma-
VERSAL.
térícos de Batanaz, forçosamente saberá utilizaressa for-

----------------------- Page 50-----------------------

ça, tirando dela, bons proveitos, transformando-a em


CpMO COMEÇ~IA EU A çODIFIeA~~()
verdadeiros benefícios.
DA LEI DE UMBANDA
O tempo das lendas já se passou, e Q Interno de
Em primeiro lugar, reunindo em local amplo e .es-
Dente existe na ieoncepção infantil das crenças mal
paçoso, adrede preparado, uma legião de médicos, eíen-
erientadas. O homem de amanhã será mau, se- a sua
tistas, literatos, etc., inclusive chefes de centros karde-
índole, e a educação que receber desde o berço, forem
cístas, de Umbanda e·mesmo da Quimbanda, bem assim,
perniciosas e enraízadas pelas mentiras de religiões pou-
como todo aquele que de fato se julgar um verdadeiro
co escrupulosas.
"MEillUM", e, fazendo-se uma sessão espírita sob a di-
Diz Um velho adágio popular que: todos os eam:«
reção de um único bj omem capaz de dirigi-Ia, obter-se-ia
nhos nos conâueem. a Roma; por essa razão também ·(lJg~
das entidades máximas que baixassem, uma orientação
eu: todo aquele que, dentro de um princípio pUifo ,e
precisa para a regulamentação dos primeiros pontos bá-
sincero se dírígír a Deus, estará indo para, ele.
sicos a serem estudados.
Voltemos ainda ao ponto de vista da Godificação
Poderiam surgir nesse caso, desavenças e contradi-
gª U,mbanda.
ções, mas, em compensação, se teria a certeza absoluta
Pelo fato; de alguns autores terem tocado nesse pon-
de onde está a verdade, de vez que, fácil seria desmacarar
to essencialmente básico, que seria' a Codificação de
o embuste e a mistificação', quando os médiuns incor-
todas as correntes espírltualístas, vou agora expor
porados fossem argüidos por elementos capazes e de
também o meu ponto de vista, e o modo como encaro
grande envergadura moral e intelectual,
essa questão tão delicada. . .
2.0_ A distinta classe médica daria o apoío ne-
Antes, porém, quero salientar que não descansarei
cessário às práticas do EspiritualismÜl,quandoeste lhe
enquanto não tiver dado o primeiro passo. para a rea-
desse provas ,lrrefutáveis da existência de uma força
lização dessa obra, e, embora não possuindo meios ma-
superior que não está na alçada da própria rnedleína.
teriais para o irA~cio,estou certo que alguém virá a,
Por SUa vez, 0.3 grandes cientistas teriam a oportuní-
eompreender a, magnitude desse vempreendímento, e
da de de estudar os fenômenos que .lhes fossem apre-
íorçosamente, aliada a elementos criadores e abnegados
sentados nas manifestações espirituais, e outras con-
derensores da, seita, poderão realizar o que por enquanto '
cepções nos seriam então atribuídas.
só se concebe na, ímaginação.
3.0 ,- As autoridades federais e municipais esta-
Se dentre aqueles que ,se viram beneficiados pela,
riam em contacto direto com a direção, a fim de im-
Umbanda e mesmo entre os inumeráveis defensores da
pedir a fraude e as prátícasdo exercícío da falsa me-
seita, existir uma corrente. poderosa de boa vontade, aqui
dicina. O curandeírísmo seria posto à margem, para dar
estou para dar ínícío à luta, irmanado pelos mesmos
lugar a que a classe médica fosse chamada a dntervír,
sentimentos que nos unirem, dentro de uma perfeita:
quando os casos a sere:m resolvidos assim o exigissem.
compreensão, E? cheios de ânimo e fé, poderemos lançar
4,0 - Formar-se-ia umconclave mundial de ver
~ 1pedra fundamental do grande e. monumental edifício.
dadeiros espíritas, e ministrar-se-iam ensínamentos
, Agora" vej amos sa as ' minhas çonvícções se çpª4lJ~
perfeitos àqueles que desej assem trabalhar íívremente,
nam corn p~ vossos pensamentos, '
8~j eJt9s entretanto a aprovação da ?].J;t,!dÇl.de:mâ~, ~m,ª.

----------------------- Page 51-----------------------

10.0 A L U I Z I O F O N T E N E L L E

A V}.!IBAND.A 4 TRAVÉS DOS S:mCULOS ·1.01


Todos os centros reger-se-iam por intermédio (t
t:ma sede central, a: <;lualse encarregaria de julgar, ruI
1Il comum ver-se, na maioria dos terreiros que pra-
tír ordens, e permitir ou não o seu funcionament I
m o espiritismo nas suas diversas modalidades;
ainda, reconhecer ou não a idoneidade dos trabaU"c.
oaa que, pouco conhecendo da questão espiritual;
da seita.

gam-se cegas e despreocupadas, na certeza de que


5:0 - Acabaria a exploração, e a organização t 1'111,
auferindo grandes luzes, quando na realidade, es-
o apoio governamental.
s ndo apenas j oguetes das falanges do mal, que
O Espiritismo puro surgiria forçosamente não d li
lt s vezes as levam à loucura e à degradação.
do lugar a dissídios, tornando-se desta maneira útil n
Os indivíduos ínconscíentes, que procuram dentro
homem e às sociedades.
píritísmo obter uma mediunidade forçada, nada
~erminariam a~ práticas e nltuaís absurdos que n (I
stão tazendo, do que criar uma mentalidade fie-
eondízem com >O adiantado grau de civilização que 01'11
c sem força, sujeitos portanto à fraude espiritual,
atravessamos) e estou certo que a UMBANDA verdad i-
llo!"nn,n.do-sepresa fácil dos maus elementos, ãncorrendo
ra, a UMBANDA que Jesus Orísto pregou sobre a fa lt
'r ve erro de copiar na íntegra as incorporações e
da terra, surgiria Iímpída e pura, em toda a sua fina
1s manítestações espirituais que observam nos seus
dade redentora. .
panheíros de trabalho. É bem verdade que o homem
., ?o _ As.ins~ituições espíritas ter~am tínalídade p •
· a influência do meio; entretanto,um verdadeiro
tríótíca e ca~ltatIva, O povo seria orientado nãó pel
uta Espintwal " não se deixa arrastar por tais ínfluên-
ho~~ns, ,e SIm pela palavra fortalecida das entidad
, e possuí uma característica toda sua, possuindo
espírítuaís que as transmitiriam diretamente de De'
m a sua verdadeira modalidade de' trabalho.
Seriam banidos os místífícadores e os vendilhõ '
I por essa razão que na maioria <dostrabalhos que
dos templos. A caridade seria dada a mãos cheias
r tícam nos terreiros de Umbanda, sofrem alguns
uma nova era de progresso surgínía para a humanid -
íuns o vexame de se verem desmascarados, pelo fato
de, de vez. que não have~ia sofismas nem falsas p'l'
uc não possuem eles verdadeiramente 'Uma ENTI-
~~ss.as, pOI~,o erro e o crime não teriam a bênção ecl •
consigo, e por outro lado, julgam estar recebendo
SIastl~a,. e SIm, 'Ü cas~igo divino) na própria conscíêncír
unícações do Astral, quando na realidade o que eles
do cnmmoso: que sena atormentado pelo REMORSO ..
é puramente objeto da sua imaginação,
Essa seria a verdadeira codificação -da LEI DE UM ·
Alguns querem passar por reveladores do futuro ou
BANDA.

como grandes euradores, e não raro, têm-se dado


TRABALHOS FILOSÓFICOS E DOUTRINARIOS
nos quaís, os tolos e por demais crédulos, deixam

r vidas preciosas que poderiam ser salvas pela me"


Outro ponto de vista, que deveria entrar forços •
a da terra, deixando-se arrastar por uma falta de
~ente n~ concepção das práticas do espiritismo, é o que
nso e compreensão.
dIZ respeito aos seus trabalhos filosóficos e doutrinário,
N..o..,fui testemunha ocular deste caso; no entanto
Todos os médiuns deveriam ser instruídos e or1 I •
onhecimento, por intermédio de pessoas que me
tado~ nas práticas espirituais, a fim de evitar que o m 10
mllreclem crédito, de que, certa vez, um indivíduo levan-
ambiente as deturpasse para dar lugar à místírícaçã ,
d t rminado centro espírita uma criança atacada

a ínfecção sem grandes conseqüências, sobreveio-·

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lhe o tétano, dando-lhernórte imediata, em virtude do


Outro ponto de vista de suma importância, e que
descaso é da inconsciência do médium (médium total-
muitas vezes passa despercebido de muitos, é o fato das
mente consciente), e da ímbeoilidade do genítor, que não
entidades empregarem um idioma todo especial, quan-
procurou um clínico, para uma orientação mais segura.
do as palavras são dírígídas de espírito para espírítc,
Infelizmente pululam por aí aos montes" determí-
Alguns que se ju lgam entendidos, pensam ser essas
na?os <;entros, onde, de espiritismo só têm mesmo nome,
frases soltas, dialetos "Gêges", "Bantus", etc., quando
P?lS, ha pouca ver~onha, o desmazelo pela saúde do pró-
estão redondamente enganados. Aquilo que as entidades
ximo: e a ve~dadelra caridade é posta à margem, para
falam entre dentes, é nada mais nada menos da que o
pensar-se unícamente .na exploracão e na indecência
tdíoma "IJUDICE" ou língua dós éspíritós, o qual so-
corruptíva e degradante. •
mente é compreendido entre as próprias entidades.
Onde se cultua a verdadeira Umbanda, deve exístír
O que acontece geralmente nas práticas das Umban-
o estímulo ou pelo menos a boa vontade que tem todo
das que se cultuam no Brasil, é o fato de que, por serem
aquele que deseja aprender o que de fato existe de real
dás que sé cultuam no Brasil, é 6 fato de Serem
é verdadeiro nas manifestações do espírito, quando em
julgarem que todos os rituais empregados são de origem
contacto com a terra.
africana; tal como acontece com o "CANDOBl.4É",onde
Numa Umbanda codificada, deveriam realízar-se
os seus ínícíados são obrigados a aprender grande par-
trabalhos filosóficos e doutrinários, que mostrassem aos
te dos dialetos africanos, com a :f:i,nalidade de ajudar
crentes, todos os porquês das condições do homem sobre
.a manifestação dos seus "orixás", o que quer dizer
a terra, bem como as funções meritórias que devem de-
perfeitamente, não serem os seus médiuns totalmente
sempenhar em benefício da coletividade.
inconscientes, pois, se o fossem; não haveria necessidade
Os verdadeiros médiuns, quando analfabetos deve-
'desse aprendizado.
riam receber instruções seguras e firmes, no mod~ como
Daí conclui-se o seguínté: á maior parte dos mé-
conceber a questão da mediunidade, exortando-os ao
diuns são totalmente conscientes, e por essa razão não
cumprimento de suas obrãgações como elementos verda-
sabem interpretar e transmitir' devidamente as comuni-
deiramen te abnegados.
cações que recebem das suas entidades;
Aquele que conhece de fato a Umbanda, já está
, PÔr outro ladó, 'O médium, presunçosa e tolo. dese-
farto de saber que', quando um médium inconsciente,
j ando atrair para si a atenção da maioria, dos assisten-
récébe como entidade espiritual um "preto velho " ou um
tes, inicia uma série de interferências próprias da sua
'<caboclo", estes, ao apresentarem-se nessa modalidade,
pouca inteligência, julgando que assim procedendo, é
f~zeni:-Í1oapenas por .uma questão de ética, urna vez que,
tido como possuidor de uma grande "erüuiaâe", quando
aos espíritos de luz, Ines é dado o direito de se apresen-
.na realidade não passá de um simples místíãlcador e o
tarem sob qualquer forma ou aspecto, por motivos e
seu trabalho mediúnico não é nada mais nada menbs do
questões puramente espirituais. Acontece entretanto,
que um ANIMISMO grandemente pronunciado.
que a linguagem "tatibitate" por eles empregada, é con-
q espalhafato é muitos grítos vhístérlcos que se
séqüêncía de uma filosofia toda especial nas suas expres-:
observam em inúmeras reuniões' espíritas, principalmen-
sões, assemelhando-se perféítamênte às parábolas de:
-te na Umbanda, nada mais representam do que uma
(:}JJ.isto,quando, pregava no inundo material. "
"éhcEmaçãõ',dé, próprióinédiuITl,qüerenàe. mostrar com

----------------------- Page 53-----------------------

I
ALV IZIO FONTENELLE
A UMBANDA ATRAVl 11S nos sactnos 105

/
isso, estar possuído de uma. força medíúníca
fora do testações espírítuaís ao seu -bel
prazer. Por outr<? lado,
comum, o que j ustíüca absolutamente o meu
ponto de quando o médium verdadeiro
começa a produzir, ISto é,:
/ vista.
quando a sua entidade irradia verdadeiramente beneü-
Outro fator ímportante que deve ser
observado nas .cíos, e acerta, como dizem
os pobres de espíráto, ele se
questões de doutrinação, dos médiuns, é ocaso
da íncor- sente orgulhoso de si mesmo
e desanda a cometer arbi-
poração e desíncorparação.
trariedades ocasionando o que se verifica em inúmeros
, Quando as entidades espirituais têm
perfeito domí- casos muito conhecidos,
nos quaís esses pobres médiuns
níosobre os seus "cavalos" ou "aparelhos", e
com eles vão aos poucos perdendo a sua
ótima mediunidade, da~~
trabalJ:1am há muito tempo, deve haver
forçosamente do lugar à mistificação
e o que é pior: à degradaçao
uma fínalídade perfeita, e por essa razão, não
vejo mo- moral.
tivos para encenações dos médiuns, que se
atiram no TodolS os trabalhos de
Umbanda deveriam ser ím-
chão espalhafatosamente, dando lugar muitas
vezes a pares, isto é: deveriam seguir
uma orientação única.
críticas e comentários entre os próprios
trabalhadores Deveriam formar-se e
instituir-se organizações filiadas
.da seita.
a. um órgão único, e tanto kardecistascomo umbandís-
.No meu modo de entender, o médium
somente so- tas e demais entidades
espíritas, reger-se-iam por uma
fre certas manifestações desagradáveis,
quando está sede principal bem
organizada. ,
possuído de espíritos obsessores, ou então o seu
trabalho Alguém quereria contestar
o m~u ponto de, ~ista,
depende da incorporação de "EXUS", que
geralmente argumentando que não se
pode obrigar um espírito a
os deixam seriamente transfigurados.
entrar na fila, isto é: obedecer aos homens, e submeter-
, Ainda concebo outraman.irestação de
espíritos cas- se às suas imposições; no
entanto quem já dirigiu "cen-
tigando o seu aparelho, quando esse médium,
por ter tros espíritas", sabe perfeitamente
que as próprias entd-
transgredido os seus preceitos, sofre das
próprias entí- dades primam pela ordem
e pelo perfeito andamento
,dades o castigo merecido. Aí, ele é obrigado
por uma dos trabalhos espirituaiS.
Para isso" é muito comum
força superior a entregar-se" muitas das
vezes, até ao J'o,rmarem-se correntes
doutrinadoras entre elementos
desespero, com graves conseqüências para o
seu próprio capazes. Outrossim, a
organização seria somente entre
corpo. Quanto ao mais, considero animismo, e
não me- os homens, pois, os "pretos
»euias", "caboclos" e demais
diunidade.
'éntidades, trabalhariam livremente, como têm trabalha-
Não será tão fácil submeterem-se os
trabalhadores do até hoje,
independentemente da vontade humana.
,da Umbanda a um regime de-verdadeira
inícíaçâo: pois, , Temos absoluta
certeza de que, quando o médium
-a .maíor parte dos homens que nela trabalham,
e de con- consciente, souber organizar-se,
a entidade que o acom-
~9rmidade com o tempo no qual praticam essa
crença, panha forçosamente organízar-se-
á; pois, quem estudar
Julgam-se quase todos semideuses ou melhor:
babalaôs perfeitamente o que seja
renômeno espiritual, há de
de or~xá, e não quererão dar a' mão à-
palmatóría, por compreender que:
acreditarem-se grandes iluminados.
a primeira manifestação que atua num indivíduo,
O: erro clamoroso dos que trabalham como
médJ:'uns, éa obsessão; a seguir, uma
vez retirado esse obsessor,
n~ hostes da Umbanda, é julgarem-se grandes
enten- .cs entidades "Guias Espirituais",
se apresentam, e aí,
_ :~~,dos,,,qll~rerell).e cada um de per si , entender
as .maní- _eonceoe-se O que se conhece com o
nome de l(riediunid(L-

•• ~', - N " • •• • • ,.' ,,' - ", ." •

----------------------- Page 54-----------------------

'iOõ

de. Com a continuação dos trabalhos, esses "Guias " sé


velhos e caboclos com os .mesmos nomes, t~ii§ cômp:
firmam no subconsciente do inãJtvíduo e dá-se então o

~'ai Joaquim, Pai Guiné, Pai Francisco, Ca~od6 Art~;


fenômeno da "aiinââasie espiritual ". Quanto mais tem-

Caboclo Aimoré, Romrpe-Mato, etc., etc., nao quer dizer


po Sepassar, mais desenvolvimento vai tendo o perispi-
que sej am a mesma pessoa. 00 que acontece é o séguín-
rito do médium, e ao cabo de algum tempo, é ele quem
te: cada médium tem o seu verdadeíro ANJO-D:A-GU~
recebe sozinho as irradiações> dos seus protetores. Fi-
DIA, e é este que recebe as manifestações ou irradia-
nalmente, o nosso próprio ANJO-DA-GUARDA é quem
ções dos espíritos de luz, Por essa razão, cada um
trabalha, recebendo todas as comunicações. Esse é que
trabalha a seu bel prazer, incorpora da máneíra que
é Q verdadeiro fenômeno que se conhece com o nome ' de
quer, pois o subconsciente ou períspíríto do médium é
"MEDI UNIDADE ".

quem manda.
Para provar-lhes a veracidade do que acabo de afdr-
Mesmo nos trabalhos de Magia Negra, essa mani-
mar, começarei explícando-Ihes .o seguinte:

festação se enquadra perfeitamente. , ,',


"O médium trabalha durante muitos anos com um

'. Aqueles que se dizem incorpora~os CO~ exus, r~~~~~~


determinado "Guia", e de uma hora para outra, esse
dessas entidades do mal toda a orientação, e o perispi-
·"Guia" avisa que abandonará aquele aparelho, póís

fito do médium, mais uma vez se manifesta. _> "


atingiu um determinado grau de elevação espiritual é
Essa finalidade na manítestação dó espírito en~re-
não voltará mais à terra. Entretanto, o que aconteceu
tanto, foge à regra geral, quando o rnédsum rece~.~
fol 6 seguinte: Esse Guia recebeu a incumbência de
incorporação de um "~~UN" (esp~ito de mort<», pelo
doutrinar um novo médium, neste ou em outro planeta,
lato de que esses espírütos, por :r:a:opossuírem rorça
isto é: teve necessidade de prestar em outro lugar a sua
fluídíca, embora possuam Luz Espzrztual (quaJ?-do.<:>,~:.
cooperação ou "caridade", a fim de elevar-se espiritual-
píríto é bom, e O' que deseja fa zer tem uma fI?ahdã<I~
mente. Com o afastamento dessa entidade, oucro espírí-
boa), tem necessidade de tomar posse verdadel~lt~?~~,
-to passará a influenciar aquele aparelho, embora já n ão
do' aparelho (médium mconsciente), pa!a a tra~sm~s_~~
Júija necessidade d e doutriná-lo, "domesticá-Io", porque
das ordens que recebe e que foi íncumbído de tránsmítir
'ó' terreno já estava preparado. Esse é um dos Inúmeros
aos entes encarnados.
easos que acontecem na vida de milhares de médiuns
. Para finalizar, aquele que conseguir ~e provar, co~
'qÚe trabalham no espírítésmo,

fatos verdadeiramente palpáveis, que e~ta e?1desac2r??


Como até aqui ainda não provei o que desejava,
com o meu ponto de vista, a esse d~rel a mmhl:l.ma~o.}l;
vejamos agora o seguinte caso:
palmatória. Caso contrár~o, mantenI:0 e rnant~~L~~S.~'
, . Ao afirmar que os bons médiuns trabalham únícà-
concepção, até que as mmha~ ,«e1}:~:dc:-des,~spz~~t1!:~z.~.
inexte recebendo das entidades astrais a força espiritual
eóritradígam o que por intuiçao me fízeram conceber.
'ÓUé ós caracteriza, provo da seguinte maneira:
- Algum médium, que tenha saído do lugar onde
trabalha, j á conseguiu encontrar o seu "GUIA PROTE-
TOR" b~ixado em outro médium, sendo ímedíatamente
, -- .. .. .. ~,- •.". --."
'iêcô:hlheéido pór ele? . '. Não acredito que tal fato ténha
"ãfõ'líté-cidó;:' poís, "O fato' ele-'fulconti'âr' ihúriiérós piét6s

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108 A L U r Z I o ' F o N T E N E L L E

, .Quanto às perturbações e obsessões que atacam as


pessoas, es.sas, sao manifestações de espíritos maléficos
ClU sem .luz, e muitas vezes são o produto de trabalhos
de maçui negra, que exercem um poder fantástico sobre
as criaturas humanas.
, Como reina no mundo a maldade, e as hostes de

CAPÍTULO IX
Satanaz se comprazem em destruir toda a obra de Deus
não é de admitir que os trabalhos de "tetiçarta: encon~

PROVA CÁRMICA - LIVRE ARBíTRIO-


trem g.uarida acentuada nos corações denegridos pela
perversidade.
REENCARNAÇÃO
. ~or outro lado, como o homem veio à terra com a
fmalIdade de resgatar uma dívida, é por isso que muitas
PROVA CÁRMICA
v:ezes achamos impossível que uma pessoa de bons sen-
tímentos, sofra, a perseguição, dos espíritos das trevas;
Deve-se a nossa condição Cármica ao fato da deso-
no entanto, no íntimo dessa cniatura, .existe um mistério
bediência das leis de Deus, pelos nossos primeiros pais
ou um mal feito que somente ela é sabedora. Por isso é
(segundo a Gênesís bíblica), quando o Senhor" ao ex-
que os trabalhos de Magia Negra têm grandes resul-
pulsá-los do paraíso, assim se pronunciou:
tados. '
"GÊNESIS, 4 - Tentação de Eva e queda do ho-
Outros acreditam que só pelo fato de assistirem à
mem.
h1i~sa, ou por outra, rezarem indefinidamente pela Bíblia
13 - E disse o Senhor Deus à mulher: Porque fi-
estao com Deus, e por isso, livres das perseguições dos
zeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e
agentes do mal. Enganam-se redondamente. Esses com
eu comi.
mais, fa?i1ida?: est~.o su~eitos aos piores desígnios, pois,
14 - Então o Senhor Deus disse à serpente: Por-
o propno Cristo nao deixou de ser uma vítima de Sa-
quanto fizeste isto, maldita serás mais que toda besta,
tanaz ..
e mais que todos os animais do camp: sobre o teu ven-
O que os homens precisam, é combater o mal co-
tre andarás, e o pó comerás todos os dias da tua vida.
nhecendo perfeitamente as ciladas e as tramas' dos
15 .---.E porei inimizade entre ti .8 a mulher, e entre
"Açentes Mágicvs Uniuerstüs", lutando com as suas pró-
a tua semente e a sua semente, esta te ferirá a cabeça,
pnas armas. Aí sim, a humanidade não se deixará
e tu lhe ferirás o calcanhar.
arrastar pelos "cantos da sereia", e, irmanada com os
16 ,.......,E à mulher disse: Multíplicarei grandemente
pod~e~ das verdadeiras entidades, obterá a perfeita
a tua dor, e a tua conceição; com dor parirás filhos; e o
condição de bem-estar material e espiritual.
teu desejo será para o teu marldc, e ele te dominará.
, Que se pratique a Umbanda verdadeira, essa Um-
17 - E a, Adão disse: Porquanto deste ouvido à voz
banda poderosa e benfeitora, e o mundo entrará na sua
de tua mulher, e comeste da, árvore de que te ordenei,
fase essencial de pt..0gresso e de elevação aos páramos
dizendo: Não comerás dela: maldita é' a terra por causa
de ~ma compreensao perfeitamente caridosa, e mais
de ti. Com dor comerás dela todos os dias da 'tuavída.'
próxima de Deus.

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110 ALUIZIO FONTENELLE

18 - Espinhos, e cardos também, te produzirá; e


, Primeiro=« 03:E'spíritos puros, conforme ~rde.g~§
comerás a erva do campo.

classifica, que sãoa0ueles que já atingiram o_grfl,u.~a~


19 - No SUOT do teu rosto comerás o teu pão, até
XiIDOdaI perfeição, e encontram-se em situação prívde-
que tornes à terra; porque dela toste tomado: porquanto
és pó, e em pó te tornarás."
gíada junto a, Deus.

Entretanto a verdadeira Gênesis no seu original em


, Sequtuio -,: Os Espíritos semipuros, ou ~queles q~~
"Pali" afirma que, tendo "ACLima"OIU Adão, desrespei-
se encontram no meio-termo da escala espiritual, ~os
tado as ordens divinas, passou-se juntamente com Eva
quaís predomina unicamente o desejo. do bem. Para
para o lado oposto ao ffiden, onde habitavam "seres 80-
esses o carrna deixa de ser pesado, em VIrtude dos bene-
brenaturaís" ou "Ea {US", reino de Satanaz na terra, os
fício; que terão que prestar, servúndo como mediadores
quaís possuíam forças maléficas conhecedoras realmen-
entre as falanges dos numerosos guias espirituais.
te do bem e do mal. Foi por essa razão que o castigo
Terceiro - Os Espíritos imperfeitos, ou aqueles que
divino não se fez esperar, e a ordem suprema se fez
se encontram no meio-termo da escala espiritual, nos
i
quaís predominam a completa ignorân:ia das boas
ouvir imediatamente: "Turim eve , Tumim Umbaruia,
Darmõs",
ações, o apego ao mal e todas as perversoes que re~r~

dam o progresso espírítual. Para' esses o carma c,?nsLSte


t!Por ordem de Deus é dado o teu destiiu» ... "
em voltar inúmeras vezes à terra, em encarnaçoes ~u."
"lvIultipI~cai-vos, pois" e uma vez que transgredístes
cessivas para que se cumpram as leis divinas, e·possam
os seus mandamentos, tereís agora em encarnaçoes su-
eles,através de novas evoluções, sofrer todas as conse-
cessivas; 'o aperfeíçoamentoría alma, até ganhardesde
qüêncías dos seus maus atos e ações; até que, puritíca-
nove I) Reino da Glória".
dos no sofrimento e na dor, possam por sua vez atingir
, ,Baixara nessa ocasião sobre a face da terra a Luz
QS graus do aperfeiçoamento, Para eles, o carmar é
da Umbanda, e a PROVA CARMICA, s~Yia,'p?is, a reden-
acelerado ou retardado de acordo com o seu grau de
ção de todos os transgressores das LeIS DIVInas.
aperfeiçoamento, de' vez que são os próprios responsá-
Portanto, lógico se torna conceber-se o Carma ou
veis pelo que fizerem pró ou contra a sua própnla exís-
Vida Cármica, como a provação que cada um tem que
têncía espiritual.
passar, quer na vida rr:aterial c0r.?-0espiritual, .q~an~o
Já para os espíritos encarnados, materializados, ()~
nos propusermos a analisar 9S fenomenos da espirituali-
melhor: para os SERES HUMAN/OS.,esse carma repre-
dade. ,
senta o destino bom ou mau, feliz ou infeliz, que acom-
, A prova cármica tanto pertence ao espírito, como à
panha os seus passos durante o curto traj eto da vida
matéria; e ela pode ser boa ou má, de conformidade com
material.
as 'boas '0'11 más ações impetradas pelo elemento humano.
Para que se possa observar melhor os fenômenos da
, Ppr essas razõesé que existem, tanto no espaço como
vida cármica, bastará que examinemos, uma por uma,
no orbe te rráqueo , 03 diferentes graus de hierarquia.
a vida dos entes humanos, e aí então teremos uma visão
Qu~ndo nQS referimos a espíritos desencarnados.
perfeita do destino de cada uma das criaturas. Uns pos-
yªmo_~~l'l(l~ntrªrtrês earaeteres essençíaís, que os <tis-
suem 'mais e outros menos. Uns sofrem mais a outros
t4.ªg ·q.~mfl.ª ?§çl;l:la, };1i~.rárquica:','
m~~los~U~§' ~~~()pons,.ep seu carma ~ menos '~es~cJ0i

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1'12 AL U I Z I O F O N T EM E L L E

AUMBANDA ATRAWS DOS SÉCULOS 113


outros são maus, e o destino da mesma maneira os

díção. Essa, segunda condição, é interpretada pelos


acompanhará mais cedo ou mais tarde, punindo-os com
terríveis sofrimentos.
próprios fenômenos da Natureza, que contrariam sobre-
Ninguém pode escapar do fenômeno cármíco, uma
maneira o meu ponto de vista. As fraquezas orgânicas,
vez que ele nasce com o elemento humano e o acompa-
os fenômenos cósmicos ou natura.s, as condições. que
nha através dos planos espirituais, através da morte, até
regem as manifestações espirituais, podem perfeitamen-

te contrariar o meu livre-arbitrismo.


a consumação dos séculos.

Livre arbítrio não significa somente movimento ou


LIVRE ARBíTRIO
força; é também 'Um fenômeno psíquico criado pelo cére-
EstandO' profundamente ligado ao Carma, é o LI-
bro, que nos faz executar aquilo que temos em mente.
VRE ARBíTRIO uma condicão essencial na vida huma-
Podemos criar uma vontade dentro do cérebro, co-
na. Muito se tem discutido nas Faculdades de Filosofia,
rpo também poderemos deixar de executá-Ia, por não
sobre questão do Lune-arbitriemo, onde uns o conside-
encontrarmos meios para isso. Aí, entra a questão do
ram como o poder da vontade que tem o homem de
fatalismo. Alguns acreditam que a fatalidade existe, e
reger-se a si próprio, ao que outros o consideram como
que é acessível a cada um; no entanto, a fatalidade que
uma condição imposta não por vontade própria, e sim'
alguns conhecem como tal, nada mais representa espí-
encarado sob o ponto de vista do Fatalismo. livre
rítualmente do que o CARMAque acompanha a exis-
arbítrio e fatalismo, são dois pontos filosóficos díame-
tência dos seres encarnados .na terra. O fatalismo é
traI mente opostos.
encarado como uma condíção de força superior, quando
Explanando o meu ponto de vista sobre a questão
na realidade é uma condição imposta a todos os que
do Livre Arbítrio, encarado e estudado com respeito ao
aqui se encontram em cumprimento de uma pena.
espiritismo" dígo apenas o seguinte:
Tal como a um encarcerado lhe é dado o conheci-
O homem possui na verdade o livre arbítrio: po-
mento d~ tempo que permanecerá cumprindo a sua
rém, a esse livre arbítrio, é imposta uma condição
pena, assim também ao espírito lhe é transmitida a sua
essencial. Ele pode dizer o que deseja, pode usar a sua
condi9~o cármíca. O que acontece entretanto, é que
força de vontade, porém, dentro de uma determinada
o espírito ao encarnar, esquece-se completamente dos
condição. Essa condição resume-se apenas num tenô-
compromíssosassumldos, obtendo então para orãentar o
meno apartado da inteligência, que o faz submeter-se a
seu raciocínio, o livre arbítrio que o onduzirá através
uma vontade superior à sua própria, e que o faz mudar
danava condição que lhe foi imposta. Quando esse
completamente o ritmo das suas intenções. Eu possuo
livre arbítrio. assume proporções deturpadas, aí então
o meu livre arbítrio em querer executar um determinado
surge o fatalismo ou a fatalidade, para moderar-lhe os
sentimentos.
trabalho, movido pela minha força de vontade, porém,
posso estar sujeito a ser contrariado nas minhas ínten-
Segundo as teorias espírítas, o homem não depende
ções, por uma força superior ao meu .íâvre arbítrio, OU
da fatalidade, pois, se assim fosse ele não teria respon-
à mínha própria vontade. Daí, redunda o fracasso do
sabilidade pelo mal que praticasse, bem como, pelo mé-
11V1'O arbítrio, que fica submetido a uma segunda con-
rito das boas ações. Desta maneira todo castigo seria

inju sto e toda a recompensa, por sua .vez se revelaria um

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114 : A L.U. I Z I O F. Q NT EN E L L)!i .


A UMBANDA.~ATRAVÉS DOS. ~:SÉCULOS ue :

verdadeiro contra-senso. Por essa razão, 'o livre. arbitdó


quaís admitia-se que em São João se achava reenearna-
que todo homem possui, é conseqüência de uma justiça
do o espírito do profeta Elias, bem como pelas palavras
divina; ou por outra: é o atributo que o coloca num
proferidas pelo mestre, que assim dizia: "ninguém po-
nível bastante elevado sobre as demais criaturas, con-
deráver o reino de Deus se não nascer de novo".
ferindo-lhe sua verdadeira dignidade.
Outro fato que vem corroborar perfeitamente com
Sem o lívre-arbítrio, o homem se veria reduzido a
odogma espírita da reencarnação, é o da conseqüência
um autômato, e todas as suas faouldades morais e inte-
surgi da entre os povos antigos, principalmente os'
lectuais se tornariam conseqüência do seu próprio erga-
Egípcios, Hindus,etc. que embalsamavam ou cre-
nísmo, redundando nesse caso em verdadeiro fracasso
mavam .os corpos dos seus mortos, na certeza de que
o senso da responsabilidade, e nenhum mérito poderiam
uns aproveítaríam o mesmo corpo, quando chegasse o
ter as suas práticas.
dia do juizo universal, e outros, para que fossem purifi-'
Sem a condição de livre-arbítrio, passaríao.homem
cados.pelo fogo, e voltassem em condições mais evoluídas.
a uma situação de inferioridade, e seus atos bom ali
. Entretanto, na era kardecísta, e mesmo na época
maus seriam considerados como atributos de umtata-
atual; concebe-se o fenômeno da reencarnação como
lismo fora de lógica, .e conseqüentemente irreal. .
uma imposição aos espíritos, para que se purifiquem,
O homem possui portanto oIívre-arbítrkxnascír-
em resgate às suas dívidas.
cunstâncías onde impera a sua vontade e o seu Tacmcí-
nío; e, no entanto, perde-o, quando está suje:itoaiot,.Ças,
Todo espírito que não conseguiu, por esta ou aquela
superiores que' o tornam incapaz de reger-se a si próprío,
forma, atingir um certo grau de elevação espiritual, será

obrigado, de acordo com a Lei Cármica, a reencarnar


RE;ÉNCARNAÇAO
inúmeras vezes, até a depuração total de suas culpas.

O próprio espírito, segundo as crenças, escolhe ele


A reencarnação é um dogma instituído pelo espi-
mesmo a sua nova condição ao reencarnar, com a fina-
ritismo, tal como antigamente, fazia parte dos dOgI1 1as.
lidade de aperfeiçoar-se, e com isso purificar-se perante
das leis judaicas, sob o nome de ressurreição. Acontece
Deus e a sua obra. Os espíritos que conseguiram uma
entretanto, que os judeus interpretavam esse ponto de
certa condição de aperfeiçoamento espiritual e que por
vasta sob o aspecto de que a ressurreição, era a volta à
essa razão conseguiram a sua depuração, poderão re-
vida de um corpo já morto, fato este completamente de-·
encarnar em qualquer outro plano de ordem superior,
batido e não aceito pela ciência, por julgar improceden-
variando também a missão que terão a cumprir nesse
te tal acontecimento. Já no espiritismo, a reencarnação
novo período de evolução espiritual.
é a volta ou retorno da alma ou espírito a um no-
Ainda segundo as crenças espíritas, o espírito ao
vo corpo, em condições completamente diferentes, de'
reencarnar conserva todo o adiantado grau de aprimo-
vez que o espírito, ao reencarnar, passa novamente pelas
ramento que possuía, isto é, a inteligência, a cultura,
fases do nascimento, crescimento, etc., sem relação al-
etc, sem importar no entanto em aperfeiçoamento es-
guma com o antigo corpo.
piritual, pois é preciso não confundir aprimoramento
Concebeu-se no espiritismo o fenômeno da reenear' ..·
intelectual, com evolução espiritual. O primeiro repre-
nação pelos .ratos .cítados nas passagens bíblicas,nQs
sentá dons materiais que se adquirem cultivando a ín-

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116 A L U I Z I O :ir O N T E N E L L E

telígêneía, ao passo que o segundo se adquire aperfei-


çoando o espírãto,
Por essa razão, surgem muitas vezes, em determí-
nadas épocas" crianças prodígios, que assimilam com a
maior facilidade determinadas condições psicológicas;
ao passo que outras criaturas, por mais idade que pos-
suam, não conseguem elevar o seu nível cultural, a um
CAPÍTULO X
determinado grau de aperfeiçoamento.
Pelo exposto, conclui-se que: a reencarnação é uma
.A FALSA UMBANDA QUE SE PRATICA NO
condição do espírito, para o seu aperfeiçoamento e ele-
vação aos páramos celestíaís,
BRASIL - TABUS - IMAGENS,

AMULETOS, ETC.

Amigos leitores ...


Eis um ponto. de vista, para o qual vou dedicar um

particular carinho, de vez que, essa questão merece de

fato um tratamento todo especial, por se tratar de uma

concepção totalmente errônea, no que diz respeito às

práticas de Umbanda em todo o Brasil.

Portanto, ao escrever este capítulo, no qual trata-

rei do falso emprego da crença umbandista na quase to-

talidade do território brasileiro, quero deixar bem pa-

tente o meu ponto de vista, embora venha ferir suscepti-

bilidades e suscitar polêmicas clamorosas.

Tudo o que se tem feito em prol da Umbanda, quer

no Rio de Janeiro, quer nos demais Estados onde se

cultuam práticas espirituais, não condiz absolutamente

com a SUa verdadeira finalidade.

Interpretada erroneamente pela maioria, a trmban-


f
da que atualmente se pratica no Brasil está ainda bem

longe da realidade. Essa mistura de credos, essa falta

de bom senso, essa ígnorâncãrr de preceitos religiosos,

nada mais têm feito do que ocasionar uma verdadeira

balbúrdia, numa concepção que é, acima de tudo, divina.

A Umbanda nunca foi o que se tem visto e comentado

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118 ALUIZIO FONTENELLE


A m.ffiANDA ATRA vas DOS SÉCULOS 119

através de livros e reportagens [ornalístícas, que a êon-


No J3;tasil, por exemplo, o aparecimento do "AM-
fundem de uma maneira, pode-se dizer, calamitosa.
BEQUERÊ-K:lBANDA", mais tarde concebido pelos
Dlgo e afirmo, que é totalmente falsa a Umbanda
nossos negros como Candomblé, serviu de ponto de parti":
que se está praticando no Brasil inteiro. iÉ falsa, porque
da para o estudo do sobrenatural, da mesma forma que
.está longe de conter a verdade na qual ela inteiramente
os antigos se aprofundavam na arte da MAGIA. Por sua
se baseia. É falsa, porque querem atribuir-lhe qualída-
vez, o catolicismo, impondo a sua condição, veio detur-
des que não condizem absolutamente com os seus pon-
par ainda mais a crença dos pobres negros afrácanos,
tos de vista, a começar pelo seu próprio ritual. IÉ falsa,
Com o aparecimento no Brasil, do Kardecismo, aí então
porque misturaram em sua teogonía, em sua 1iturgia,
é que a confusão se tornou cada vez mais acentuada.
etc., quase tudo o que contêm as demais religiões.
O Catolicismo íntlltrou-se no Candomblé, e este, por
Essa mistura de aíricanísmo, de catolícísmo, etc., a
sua vez, procurou imitar nas práticas do kardecismo as
que se quer atribuir o nome de Umbanda, não passa
suas manifestações espírituaís. Com o correr dos tem-
de uma falta de compreensão e de bom senso, de vez
pos, os exploradores das situações descobriram nas prá-
que, a verdadeira Umbanda, está longe de ser o que se
ticas do 'Candomblé uma riquissíma fonte de renda, e daí
está praticando atualmente.
então foi concebida e criada uma nova modalidade na
Alguém poderá dizer que eu estou querendo criar
prática espiritual, que passou a denominar-se "Quim-
uma nova religião; no entanto, vou provar-Ines como
banda ", na qual se aproveitaram todos esses fenômenos,
estou certo nas minhas considerações, e acredito que
para uma prática mista, de feitiçaria e religião.
grande número de verdadeiros umbandistas hão de me
Passam-se os tempos ...
dar razão, pelos motivos que vou citar.
Aqueles que não estavam satisfeitos com o catoli-

cismo, e, mal orientados no kardecismo, p~r circunstân-


Em primeiro lugar: - A religião espírita nunca fez
cias talvez oriundas da falta de compreensao, ou por ou-
distinção entre Kartiecismo, Umbanda ou Quimrbanda,
tra, sentindo nas suas vidas uma outra força para a qual
bem como o Candomblé nunca deixou de ser uma verda-
não encontravam uma explicação, resolveram utilizar-
deira religião de origem africana. Quando digo espiri-
se das práticas da Quimbanda, com uma finalidade mais
tismo, refiro-me a toda e qualquer manifestação do es-
meritória, isto é: procurando evocar entidades tão for-
pírito, em contacto com os seres encarnados; por esta
tes como as entidades do mal, porém, visando 'Unica-
razão, nem Kardec descobriu o espiritismo, nem tão-
mente o bem. Sem o querer, depararam com uma nova
pouco os povos africanos tiveram esse privilégio. O ver-
relígàão, para a qual deram o nome de Umbanda, nome
dadeiro espiritismo é o que se concebe como "LEI DE
esse talvez transmitido pelas próprias entidades, que
UMBANDA", que foi emanado por Deus, e que acom-
desejavam ver esclarecidos verdadeiramente esses fenô-
panha o homem através dos séculos, desde a sua origem. .•
menos, para os quais o homem não havia até então con-
, O que tem acontecido, é que o .homem, procurando
seguido interpretação. Haveria de surgir para o mundo,
descobrir' nas rnanírestações espirituais um ponto bá-
fosse em qualquer época, a LUZ :DAUMBANDA; e as-
sico para um estudo mais aprof'undado, tem ínterpre-
sim, criou-se essa concepção rcligüosa, a qual basean-
tado posváríasmaneíras e das maãs variadas formas,
de-se verdadeiramente nas Leis Divinas, evoluirá natu-
ôS:fenômenos:que' se: lhe apresentamacada passo.
ralmente.

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120 ALUIZIO FONTEN .ELLE


A UMB'ANDA ATRA ~S .DOS.· S~CULOS ~ .121

o erro dos que praticam atualmente' a Umbanda,


Ofato da Umbanda lidar com espíritos dessa natu-
está não só nas suas concepções, como tambémno modo
reza; nãoquer dizer que se mantenham certas tradições
como a cultuam, pelo simples fato de quererem íntro-.
africanas, e nem tão-pouco sejamos induzidos a seguir
duzír no seu ritual elementos de outras religiões, indo
certos preceitos que bradam contra a opinião pública,
de encontro ao pr.ncípío fundamental dessa Lei.
em completo desacordo com as normas que se deveriam

seguir, cultuando uma Umbanda melhor conceituada e


Numa verdadeira Umbanda, não devem existir abso-
perfeita, tal como o desejam e exigem certas entidades
lutamente altares, onde se preste culto aos santos que
de grande lu~ espiritual.
a igreja católica canonizou, pois isso acarreta um mís-
Para que não surjam dúvidas quanto à minha aflr-
tícísmo incompreensível de adoração a fetiches criados
matíva e °meu ponto de vista sobre como' deve ser en-
pela igreja católica, em completo desacordo com as Le's
carado o verdadeiro culto da Umbanda, no capítulo XII
de Cristo, que foi bem explícito em determinar: "Nada
voltarei ao assunto, para mostrar-Ines como deve ser
se faça à minha imagem ou semelhança". Portanto, es-
cultuada a verdadeira Umbanda, e qual a sua verdadeira
ses bonecos que enfeitam os altares das igrejas e de inú-
divisão.
meros centros espíritas, nada mais representam do que
uma desobediência às Leis de Deus.
TABUS, IMAGENS, AMULETOS, ETC.

Por outro lado, certos rltuaís utilizados nessa falsa


É muito comum utilizar-se nas diversas práticas da
Umbanda de hoje, estão em completo contraste com a
Umbanda, o uso de "tabus ", "imagens ", "amuletos ", e
nossa evolução moral, material e espiritual. O que se
o.utr.os apetrechos próprios das religiões puramente re-
faz, é misturar rituais bárbaros provindos do aírícanís-
tíchístas. Entretanto, a religião católica, embora não
mo, com práticas católicas e concepções kardecistas o
estando enquadrada no rol dessas religiões, costuma em-
que não condiz absolutamente com uma Umbanda cem
pregar nos seus cultos muita coisa idêntica com a
por cento divina, e diferente daquilo que o vulgo aceita
intenção de atrair 015 seus fiéis incutindo-Ihes' no espí-
e cul tua como emanada de Deus. .
rito o uso desses apetrechos. ' .
Deve-se em grande parte essa tremenda contusão,
Asslm vemos as medalhas com imagens de santos,
ao fato de que os médiuns que deram início a essas prá-
os terços, rosários, etc. que nada mais são do que uma
ticas, nenhuma cultura possuíam, e nem tão pouco se
representação simbólica de tudo isso. .
inclinaram a elucidar certos fenômenos espirituais:
Que se utilizem todos esses obj etos nos diversos cuL
Criando nos seus subconscientes a mentalidade de que
tos religiosos, ainda estou de acordo; porém, o que não
as entidades, pr etos velhos, caboclos, etc. tinham que se
posso conceber, é que sejam eles encarados corno oriun-
sujeitar à linguagem e práticas observadas nos terreiros
dos de coisas divinas, depositando-se-lhes uma fé exage-
de QC1imbanda, (poís outra não foi a escola na qual
rada e sem fundamento, o que acarretaria voltarmos
tiveram o seu princípio), adotaram esse sistema, que até
novamente ao Culto Pagão das Divindades.
hoje vigora, e v.gorará até que os próprios espíritos, por
Até um certo ponto, sou de opinião que se deposite
ordem divina, modifiquem inteiramente esse modo de
uma confiança írrestríta em "patuás", "amuletos", etc.,
manírestar-se,
quando se tratar de magia, e quando a finalidade desse»

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.123
122

objetos seja unicamente por uma questão material, isto


bora mudamdo-lhes o aspecto; pois as cruzes; as meda-
é: para dar sorte em negócios, etc., por urna ~imples-
-lhas onde estão gravadas as imagens de santos, etc.
questão de superstição, pois, acredito que ahumanidade
nada mais representam do que simples amuletos. , '
inteira jamais deixará de acreditar nessas coisas. Digo,
, 'lÊ preciso não confundir .0 a:nul~toco.m o s~u ~inô-
ísso pelo fato de que, conhecendo perfeitamente a Magia,
nimo "talismii "; pois, o talísmã nao se traz, íntima-
posso muito bem assegurar a grande influência que esses
mente ligado à própria pessoa, tal como se da com o
objetosexercem no subconsciente das pessoas, transfor-
amuleto. Aquele, segundo certas crenças, possui uma
mando-Ines por completo o seu, modo de agir e pensar.
virt,ude mais intensa. Segundo alguns, o amuleto pode
, Como a finalidade deste capítulo é tratar justamen-
afastar os peúgas, as doenças e até mesmo evitar a mor-
te dessa questão, vou, em poucas palavras, descrever a
te de quem o possui; ao passo que o talísmã, 3: 1é!ll.des-
origem e o porquê do uso desse objetos, para que aque-
ses mesmos dotes, possui o poder de atacar os immigos,
les: que nada conheçam, possam orientar-se a respeito.
ou afastá-Ias definitivamente.

AMULETIOS
TABUS

A palavra amuleto vem da língua latina amuleiumi;


, A palavra tabu, de origem poli~ési31'.traz ~ signUi~
com a mesma significação. O amuleto é representado
cação de: sagrado. tÉ uma crença mitológâca, orIUnda de
por uma medalha ou objeto Semelhante, que as pessoas
instituições religiosas da oceania, e principalmente da
trazem consigo, por uma questão de superstição, e ao
Pollnésía. O tabu representa 'um caráter sagrado em
qual 'atribuem a virtude do afastamento de imalefí-
determinada pessoa ou coisa, a qual constitui uso proí-
cíos, doenças, olho çranâe, etc.
bido.
Foram os povos Galdeus,' Egípcios e Persas, os prr-
Segundo a enciclopédia, a palav.:'a tabu" com os ,~e-
melros e introduzir a crença dos amuletos, desde tempos
rivatívos de tapu. e kapu, em certos dialetos, 'e um oposto
ímemoriaís. Também os Judeus os usavam, com as mais
à palavra noa, a qual era aplicada a toda pessoa ou ~ou-
variadas interpretações. Os' amuletos consistiam na re-
sa cujo con tato ou uso podia ser indepe~d~nte ou livre,
presentação, em : forma de fíguras, de deuses, como anéis
sem constituir perigo algum. Segundo. inúmeras cren-
mágicos e mesmo fragmentos de pergaminhos sobre os
ças religiosas, podiam ser ~abus quaisquer seres ou
quais se encontravam gravados os seus caracteres sagra-
objetos os quai.s eram respe1tados como cousas sagra-
dos, ou mesmo as inscrições de livros sagrados. Da mes-.
das. Os' chefes, os sacerdotes, os feiticeiros, os cadáveres,
ma forma; os Gregos e Romanos conceberam o uso dos
as mulheres em determinadas condições, etc. represen-
amuletos, .devído talvez às relações que trataram com
tavam verdadeiros tabus. Quando os tabus se referiam
os povos asiáticos.
a objetos, armas ou apetrechos de guerra, eram consi-
,Segundo a hístórãa das religiões, e enciclopédias, o
derados invíoláveís, e sujeitos aos mais tremendo~ ~~ .•
uso dos amuletos teve larga repercussão durante, ao ida-
tigos aqueles que os violassem. Em a~guma.s. r~11glOes
de média, na qual todas, as religiões cristãs deles se utí-
fetlchístas, os tabus representam objetos dívínos, e
l~aya:m~ElnboJa ,cohdenados pela igreja católica, não
acreditavam plenamente nos castigos por parte dos deu-o
de~ou:ela. de-introduzir .essa .erença nos amuietosr.em-
séS;·11 quem sé atrevesse a violá':'los;, , ' ",' ," :.

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·A UMBAND,A ATRAVÉS DOS SÉCULOS 125


Os tabus também representavam divindades, bem
como, faziam parte das indumentárias e rituais de ínú-
sentam do que uma intensa propaganda católica, com a
meras crenças religiosas dos povos antigos.
finalidade única e exclusiva de conseguir-se maior nu-
Na época atual, já o tabu praticamente não existe,
mero de adeptos, e conseqüentemente, maior renda para
prãncípalmente no Brasil e outros países, onde a cívilí-
a suntuosidade do Vaticano.
zação procura dar um cunho de maior progresso, não
Ainda chegaremos à conclusão de que, quando o
admitindo certas teorias que não condizem com o adían-
homem encarar devidamente as questões relígãosas, não
tado grau de cultura destes tempos modernos. Entre-
se deixará imbuir por falsos princípios e falsos credos,
tanto, em alguns países como na Africa, Asía, etc. ainda
guiando-se unicamente por uma força superior e divina,
perduram, em certas crenças, essas concepções mito-
a qual não admitirá absolutamente o 'fenômeno da fé,
lógícas.
baseando-se naquilo que se vê, e sim, naquilo que: se

sente. Essa, será a sublime condição da Umbanda. Mos-


IMAGENS
trar a verdade, onde ela verdadeiramente se encontra.

Encaradas somente sob o ponto de vista religioso,


as imagens são as representações de figuras humanas,
simbolizando cultos religiosos, nos quais se apresentam,
principalmente na religião católica, os mártires da cris-
tandade.
Essas imagens não deixam de ter o seu simbolismo
tabulesco, uma vez que pela igreja católica é considera-
do ímpío, ou hereje, todo aquele que as menospreza.
Contrários a essas representações simbólicas, foram to-
d?S .os reformadores, e por essa razão, nas concepções
bíblícas e protestantes, esses símbolos não são absolu-
tamente concebidos.
. As imagens sacras foram instituídas pelo papado de
Roma, em completa ínobservãncía aos ensínamentos
cristãos, e surgiram com a finalidade de incutir, no es-
píri.to dos leigos e ignorantes, a idéia de fixação real das
e?tldades consi?eradas celestíais, para melhor proveito
tirarem do sentimento humano, na questão, de ver para
crer.
No Brasil, as imagens nos foram trazidas pelos sa-
cerdotes catequizadores, e a primeira missa aqui rea-
lizada, bem como as procissões que se realizam, trans-
portando-se imagens, nada mais representaram e repre-

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(. "

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CAPÍTULO XI

AMBEQUERÊ-KIBANDA E O RITUAL AFRO-


-BRASILEIRO NO CANDOBLÉ

Foi precisamente no século XVI, que O'S primeiros


.navios negreiros apartaram às plagas do norte do Bra-
sil, ou melhor: no Estado da Bahía, e trouxeram-nos os
primeiros negros, que na qualidade de escravos, vinham
destinados a trabalhar na lavoura.
Esses pobres negros, oriundos das diversas regiões
africanas, ao se sentirem ísolados, enxovalhados e ati-
rados à ignomínia de trabalhar unicamente para o Se••
nhor branco, sob o látego dos chicotes, lamentavam os
seus sofrimentos por meio de preces e pedidos aos seus
deuses, para que lhes minorassem as agonias e as dores,
entregando-se a rituais próprios, os quais, oriundos das
cívílízações passadas, dos povos que cultuavam o feti-
chísmo, utilizavam-se deles para festejarem os seus
"Orixás"; cantarem as suas vitórias, enfim: evocarem as
entidades superiores do Astral, num culto verdadeira-
mente bárbaro.
Foi assim, que na primitiva história da nossa civili-
zação, da colonização das nossas terras, na catequízação
dos nossos índios, que jun tamente com os jesuítas, aqui
apareceram os negros: NAGÔS ou YORUBA. GÊGES,
BANTUS, BARBADIANOS, LOANDAS, GUINÉS, MA-
LÊS, ANGOLAS, etc., e com eles os seus cultos religio-
sos .

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AUMBAND,A ATRAWS DOS S1i:CULOS 133


132 'A L U I Z IO "FO N T E N E L LE

Surgiu desta forma uma nova religíão no Bra...


da verdadeiramente nos princípios e ensínamentos do'
síl, na qual os seus praticantes, na maioria elemen-
Mestre, e mesmo dedicando-se ao culto das evocações
tos incultos e maus, procuraram criar em' torno des-
com o mundo astral superior" terá a denominação de
sa nova seita um mito de que as suas práticas eram
ESPIRITUALISMO. Essa será a verdadeira Umbanda, a,
dedícadas exclusivamente à evocação das falanges de
Umbanda que J:sus Cristo praticou na Terra, e a única
Exus, entidades essas dirigidas pelo Agente Mágico Uni-
que permanecera sobre a face da Terra, de vez que todas

as demais relígtões desaparecerão, ou se fundirão nela.


versal (Demônio ou Satanaz).
Em virtude do aparecimento, no Brasil, da religião
COMO SE CULTUA VERDADEIRAMENTE
surgida na França, baseada na concepção filosófica de
O "CANDOBLÉ"
Allan Kardee, denominada' ESPIRITISMO, no qual se
Conforme expliquei anteriormente o CANDOBLlÉ
confirmava a presença dos espíritos dos mortos, nas reu,
níões realizadas com o fim de evocá-los, alastrou-se pelo
surgiu primeiramente no Estado da B~hia oriundo da
Brasil inteiro a crença no sobrenatural, e por fim, in-
mistura de rituais praticados pelos escr~vos que ali
conscientemente denominou-se de Espiritismo, a todos
apertaram, vindos dos diversos países aos quais estavam
os rituais e crenças fetichistas trazídas pelos negros afri-
s~bmetidos e que, ramificando-se através dos estados

círcunvízínhos, foi pelo próprio povo erroneamente de-


canos.

nominado de Umbanda , E pelo fato da pluralidade


Passam-se os anos, ..

desses cu!tos, o termo Umbanda também se pluralízou.


O homem branco, procurando imiscuir-se com os

Infelizmente, denominam-se UMBANDAS todos os


negros, e dotado de mais capacidade e cultura, aprovei-

cultos fetichistas que se praticam no Brasil. '


ta grande parte dos rituais praticados nos Candoblés,
°CiANDOBLE não deixa de ser uma religião" ou
nos Canger.êse mesmo na Quimbanda; e, com o advento
da Lei Aurea busca melhores desígnios nessas crenças, e
melhor: é uma verdadeira religião; pois, assemelha-se

às demais religiões que pratícamrítuaísevocatívos das


concebe o que hoje, erroneamente, conhecemos com o
nome de UMBANDA, a. qual, alguns escritores querem
en.tidades dos planos Astrais, superiores e inferiores,
fazer crer, também é oriunda dos povos africanos.
tal~ como as c~nças: Ortod.oxa, Positivista, Ançlicana;
Ao ser dado' erroneamente o nome de UMBANDA a
B~amane, , ~udzsta, Coniucionista, Protestante, ma-
essa reunião de credos, nos quais se encontram:' o ESPI-
nuca, Catolzca, etc. nos quaís acredita-se na existência
RITISMO de Allan: Kardec, os cultos NAGú, BANTU,
de seres sagrados, onde se encara o fundamento da fé.
GÉGE, MAL)!:,LOANDA, AMERíNDIO, ete., inclusive o
? candoblé simboliza perfeitamente os Cultos:
próprio CATOLICISMO, criou-se uma tal confusão, que
Nago, Bantu, Gêge, Malê; GUiné, Amerríndio Cabinda
se tornará sumamente difícil retirar-se esse nome dessa
Bençuela, Loanda, etc. tanto de origem afri~na co~

ameríndia. .
religião que se alastrou de tal modo pelo Brasil inteiro,
que ser~ prererível continu.ar ~omo está, a fim de que
Não deve o Candoblé ser considerado ou encarado
nao surjam maiores complicações e maiores embaraços
como ciência,. e sim como religião, pelo fato de que,
aos seus praticantes e adeptos.
CIÊNCIA é a incerteza de fatos ou condições que se nos
~ preciso entretanto que se separe o joio do trigo,
apresentam na vida :naterial, de um modo permanente,
poís, surgirá no futuro uma nova relígíão, a qual basea-
estando por esse motívo aguçada a nossa curiosidade em

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134. '~ALUIZTO :FON'T'ENELL:B


A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 135,

0
descobrir a verdade palpável, ou melhor: quando que-
1. ) Os chamados ESPíRITOS DE LUZ,encarnan-
remos ter certeza absoluta daquilo que se ignora; e, por
do as forças da Natureza, considerados como
conhecermos apenas uma parte, formulamos hipóteses,
ELEMENTAIS. São os espíritos evoluídos que
até a conclusão de que aquilo realmente existe.
se projetam através dos planos superiores do
mundo Astral, e que aceitam, como qualquer
Por outro lado, RELIGIÃO é a crença naquilo que
elemento humano, os AMALAS (comidas de

não se vê onde se formulam dogmas, que devem ser


santo), quando incorporados nos seus mé-
aceitos apenas por questão de fé. É acreditar sem obje-
diuns. .
ção nas verdades reveladas, que vão passando de gera-
ção a geração, acreditadas apenas por aqueles que se-
2.0) 0'S EGUNS ou espíritos desencarnados, consi-
guem este ou aquele culto. .
derados como ELEMENTARES. São as almas

ou espíritos dos mortos, ou ainda: os espíritos


Sabendo-se que religião é todo culto que contém
humanos que ainda não atingiram as mais al-
O seu cortejo de divindades, ou TEOGONIA; a sua LI-
tas camadas espirituais do mundo astral, su-
,!:URGIA ou Cerimonial; e os seus oficiantes ou pratí-
j eitos, muitas das vezes, a novas reencarnações.
cantesque obedecem a uma classificação hierárquica,
po.sso af~~ar que o C!andoblé é na realidade uma per-
3.0) Os EXUS ou espíritos diabólicos, considerados
feita relígíão, verdadeíramente integral em todos os sen-
como servos ou escravos dos Orixás, servindo
tidos.
de intermediários entre os Orixás Menores e

o homem. São essas entidades que se incum-


'Tanto a teogonía, como a líturgía e a hierarquia

bem de castigar os filhos de fé quando erram,


que se pratica no Candoblé, não passam de uma mistu-
de vez que aos Oríxás não é dado o direito ao
ra de credos, os quais variam de conformidade com as

castigo e tão-pouco se incumbem da prática


seitas afro-brasíleíras. No entanto, as suas práticas são
do mal.
perfeitas, e tudo o que se distingue como fazendo parte
do seu ritual define-se de um modo claro e ínsofísmável.,
Com relação à escala hierárquica dos praticantes,
A composição dessa seita, inclui na sua teogonía a
iniciados ou sacerdotes do culto no CANDOBL,Éconhe-
crença nos seus deuses, considerados como ORIXAS
ce-se como chefe principal o chamado PAI DE SANTO
MAIORES, constituindo o que se denomina de SUPRE~
com outras denominações tiradas dos dialetos negros,
MA CORTE DE ARUANDA,onde as mais altas divinda-
tais como: BABALAô, BABALORIXA, BABALUAÊ, ou
des .irradiam para a Terra a sua força fluídica, sem no
ainda: Chefe de Terreiro, Senhor de Olurum, Chefe de
entanto darem-se ao trabalho de baíxar neste planeta.
Rebanho, Príncipe de Umbanda, etc. etc. no lado mas-
Possuem no entanto esses Orixás, os seus subalternos,
culino; e MÃE -DESANTO ou BABA, no lado feminino.
os quais, com a denomínação de Orixás Menores, tra-
A seguir vêm os OGANS; homens que dirigem os
zem até nós as ordens e as irradiações que desejam es-
trabalhos de incorporação dos médiuns, ajudando o PAI
palhar sobre a Terra.
DE SANTO, na entoação dos pontos. cantados e zelando
Como entidades superiores, consideram os pratícan-
pela perfeita ordem dos terreiros, e que atuam. como di-
t~s do Galldoblé, os seguintes: .
rigentes materiais dos trabalhos.

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136. A L ur z t o F ..O.NT :E RE LJ;,;:m'


A UlY1~ANDA' ATRAV'tS DOS' SJí:,CULOS 137 .

, Seguem-se, as denominações Pequenas Mães ou "JI-


guição, fingindo que admitiam perfeitamente os deuses
BONANS''',encarregadas de tudo quanto diz respeito ao
cristãos, dizendo que na sua linguagem os seus deuses,
ritual, isto é: danças, despachos e preparo das ínician-
eram os mesmos deuses católicos.
das, quando após passar pelos períodos de iniciação, es-
Desta maneira, criou-se um novo mito, e até os nos-
tarão aptas a trabalhar em público.
sos dias, os praticantes dessa seita evocam a XANGO
Como intérpretes e ajudantes do Pai de Santo, vêm
(ou Bérí - Chefe do Oyó, capital de Yoruba, terra de
os Cambonos, que ainda com as denominações de Cam-
negros Nagôs), como SÃO JERóNiMO; a TIMIM ou TI-
bones ou Cambondos, são os encarregados de preparar
MIM-OXIOE ou simplesmente OX:OCE, como SÃO
e facilitar a chamada dos fílhos de fé, ao se dirigirem
SEBASTIÃO; a OGUM-GBONKAou OGUM, como SÃO
ao Babalaô.
JORGE; a XAPANÃ, ou OBALUAU:,como SÃO LAZA-
A seguir, encontram-se os irmãos de seita ou me-
RO; a INHANÇÃ ou IANÇÃ, como SANTA BARBARA;
lhor: Filhos de Santo (homens) e Filhas de Santo (mu-
a OXUM ou AXUM, como NOSSA SENHORA DA CON-
lheres), denominação dada a todos os médiuns julgados
CEIÇÃO; a IEMANJA ou IAMANJA, como NOSSA SE-
em condições de incorporar ou receber os Orixás Meno-
NHORA DA GLÓRIA, etc., ete.
res, Esses médiuns são também chamados de: cavalos,
Depositam os praticantes do Candoblé a sua crença.
aparelhos, moleques " etc., quando manifestados, isto é:
num Deus Supremo, considerado o PAI DOS ORlXAS,
quando incorporados com os seus Guias Espirituais.
encarado como o criador dos mundos e rei supremo da
lf'inalrnente, vêm os músicos ou componentes da
corte de "OBATALA", considerado esse reino também
CURIMBA; encarregados de executar os hinos e batu-
com o denomínatívo de "SUPREMA CORTE DE
ques próprios para facilitar a aproximação dos Orixás.
ARUANDA".
Como instrumentos' utilizados pelos praticantes do
Para o 'povo de Nagô, esse Deus SUpremo denomí-
Caruioblé, conhecem-se os "aiaoaques", "macumbas",
nava-se Olurum, o qual também é assim conhecido na
"tambores", "gingês", "alabés", etc. os quais num ritmo
prática da Quimbanda.
ensurdecedor, acompanham os cânticos de guerra e as
Acontece, porém, que esse Deus tomou várias deno-
evocações dos bravos "Orixás " . .
minativos, de acordo com os demais cultos, e assim,

para O'S negros Bantus, Angoleses, Loandas, Costa-Afri-


COMO SURGIRAM AS DIVINDADES DO
canos e muitos outros, é conhecido com os seguintes'
"CANDOBLÉ"
nomes:

zomu, Zambi-Maior, Senhor do Bomfim ·(pelo povo


Das lendas africanas, surgiram as divindades prin-
da Bahia) , Ganga, Ganqa-Maior, Malungo, Zambiapun-
cipais, que com a denominação de Orixás Maiores, são
go, Arué-Zambi, etc. etc.
evocados nos terreiros onde impera o CANDOELÉ.
Tendo o culto Nagô, por terem os seus descendentes
Acontece no entanto, que, com a ímposíção sofrida pe-
em maior número, dominado totalmente os demais
los negros, quando os missionários católicos proibiram
cultos negros, foi considerado o mais perfeito, e por
terminantemente que eles praticassem esses cultos retí- ,
essa razão, seus Orixâs prevaleceram em todos os ri-
chístas, admínistrando-lhes entretanto as crenças ca-
tuais fetichistas.
tólícas, esses negros procuraram furtar-se à perse-

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ALMIZIOFONTENELLE
A UMBANDA. ÀTltAVJi:S DOS :Sl!:CULOS

Assim, são eles evocados: com os respectivos' retí-


arco e flecha, frigideira de barro, pedra. Insígnia:
ches, amalás, curíadores, indumentárias, etc.
arco e ·flecha. Indumentáría: verde. Amalá: carne
OXALA, OBATALA, ZAMBI, SENHOR DO BONFIM,
de carneiro, galo e milho verde.
OLURUM (Chefe Supremo da Corte Celestíal) -
Jesus Cristo na Lei Católica. - Para evocá-lo, usam
IBEGI ou NABEIJADA - São Cosme, São Damíão e
os praticantes da seita os seguintes fetiches: anel
Daum na Lei Católica - (Gêmeos, protetores das
de ouro, chumbo ou prata. Como ínsígnías: um
crianças) - Têm como fetiche suas próprias ima-
bastão de pastor com pequenos sinos e um alrorge
gens, representadas por três garotos, trazendo nas
ou bolsa de pele de carneiro. Como amalá, oferecem-
mãos um bastão recurvado e na outra uma palma.
lhe: carne de cabra e pombos. Vestem-se de branco,
Amalá: bombons, balas e doces. Cor da índumen-
usam contas brancas e pulseiras de contas brancas,
tária: rosa e branco. Cor das contas: várias cores.
e cor de cumbo. O dia preferido para a sua evoca-
ção é às sextas-feiras.
OMULU, OMULUM ou XAPANÃ - São Lázaro na LeI
Católica (Deus da peste, principalmente da varíola.
OGUM, OGUM-MEG.Ê!, OGUM DAS 7 ENCRUZILHA-
Considerado na Lei Quimbanda como dono e Se.
'. DAS, OGUM NARU.Ê!, OGUM ROMPE-MATO,
nhor dos Cemitérios) - Fetiche: caveira, píaçava
OGUM-IARA, OGUM-MALEI, OGUM-NAGô -
com búzios, velas de sebo. Insígnias: lança, caveira,
São Jorge na Lei Católica - (Chefe das demandas,
tridente de Exu. Amalá: bode, galo preto, acaçá,
espirituais, deus da guerra). - Fetiche: pá, foice,
farofa com azeite de dendê, pipoca, orobó. Cor da
lança, bigorna, malho, enxada, ferro. Insígnias: lan,
indumentária: verde, amarela. Cor das contas:
. .ça e espada. Amalá: carne de bode, -cabeça de boi,
preta e branca ou verde e preta. Pulseiras: bronze
galínhola (galinha da Angola), galo. Indumentá-
ou latão. Dias sagrados: quintas-feiras. Curiador:
ria:' todas as cores, porém, de preferência: verme-
rnarafo, azeite de dendê, sangue de galinha.
lho. Colares contendo enfeites de todas as cores.
Pulseiras de bronze e ferro.
INHANÇA ou IANSÃ - Santa Bárbara na Lei Católica

""--(Deusa do vento e da tempestade. Deusa da vin-


XANGó-AGODô ou B~RI - São Jerônímo na Lei ca-
gança) - Tem como fetiche: pedra 'meteorito.
, tólíca - (Rei da cachoeira, chefe das quedas dágua
Insígnia: espada e o raio. Amará: bode, galínha;
e das pedras, deus do relâmpago) - Fetiche: me-
acarajé. Cor da indumentária; vermelha e verde.
teorito. Insígnia ou ponto: lança e machadinha.
Contas: de cor vermelha coral. Pulseira: cobre, la-
Amalá: galo" tartaruga, bode, caruru, rabada de boi
tão. Curiador: cerveja branca, água de cachoeira.
com agrião. Indumentária: cor roxa ou vermelho-
cardeal. Contas: de cores vermelha e branca. Pul-
IEMANJÁ ou IAMANiJÁ- N08sa Senhora da Glória na
seiras: de latão. Seu dia sagrado: quartas-feiras.
Lei Católica - (Deusa da água salgada) - Fetí-

che: conchas e estrelas do mar. Insígnias ou pon-


OXOCE, O:XOCE DAS MATAS, etc. _ São Sebastião na
tos: leque, espada. Amalá: pombo, milho verde,
Lei Católica - (Rei e Senhor das .florestas, .chefe
bodeeastrado. Cor da índumentáría: vermelha,
das matas, deus da caça) - Tem como fetiche o
azul-escuro, cor de rosa, branco. Contas:. ",pingo-

----------------------- Page 70-----------------------

140'A L U I Z I O F o N T E N E L L li:

A UMB'ANDA' ATRAWS nos ..s.ncur.os 141

d'água", "águasomarinhas". Pulseiras: aíumnío,


XANGô-CAó - São João Batista na Lei Catôlíca t-«
prata.
(protege os que sofrem por injustiça). -Fetiche:
carneiro. Insígnias: cruz de Cristo, bandeira e ca-
OXUM ou AXUM - Nossa senhora da Conceição na
jado de pas tor. Amalá: Cabra, galo, porco. Indu-
Lei Católica - (Deusa dos rios e da água fresca) -:...
mentária: vermelha. Contas: vermelha, branca, cor
F€)tiche.: pedrinhas roladas. Insígnias: leques" sinos
de rosa.
pequenínos, espelhos, Amalá: peixes do rio, taínha,
EXU - (Satanaz - demônio - Deus do mal- rei das
cabra, galinha, feijão fradinho. Contas: amarelas
trevas) - Fetiches: barro, ferro, madeira. Amalá:
azuis. Pulseiras: latão. '

bode, cabra, galo preto, farofa com azeite de dendê,


OXUM-MARÉ - Nossa Senhora Aparecida na Lei Ca-
porco. Indumentária: vermelho e preto. Contas: ver-
tólica,- (Deusa 'do Arco-íris). - Fetiche: pedra.
melha, preta. Pulseiras: bronze. Curiador: marafo,
Amala: galo, bode. Contas: Cor alaranjada. Curía-
charuto, pemba preta.
dor: Cerveja preta, água com açúcar.
Pelo exposto, podemos notar que cada Orixápossui
NANA ou NANA-BURUCU - Santa Maria Madalena na
seu fetiche próprio, e tudo quanto diz respeito ao culto

das divíndades .:
Lei Cat~lica - (D~usa da chuva - que protege as
p~antaçoes) - Fetiche: pedra. Insígnia: espada de
Antigamente os praticantes do Candoblé não se uti-
Sao Jorge, vassourinha de palha com búzios. Ama-
lizavam de fetiches esculpidos, porém, com o advento
lá: boi, bode, galinha. Indumentária: branca, e
dessa mistura de credos, já é comum mesmo no estado
azul-escuro. Contas: branca, vermelha, azul. Pul-
maior dessa crença, que é o Estado da Bahia, ver-se nos
seiras: alumínio. Curíador: água da chuva.
seus pegis as imagens utilizadas nas igrejas católicas.

Esses fetiches são guardados nos "Estados" ou "Pe-


IROCó - (Deusa das matas e das cachoeiras) - Fe-
gis", tratando deles o praticante a quem é dado o nome
tiche: gameleira. Amalá: galo, fumo. Indumentá-
de ACHOGUM, o qual é encarregado do sacrifício dos
ria: verde, amarela. Curtadores: cervej a, vinho
animais, quando se fazem os "EMBÉS" (orerendas), e os
branco. .
"EBÓS" (despachos para Exus), constando de comidas

e bebidas (amalás e curiadores) .


IFA - Nossa Senhora das Dores na Lei Católica -
Em virtude da expansão dos cultosretíchístas espa ..
(Deusa mãe '- que protege as parturientes) - Fe-
lhados em toda a América do Sul, originaram-se várias
tiche: dendêzeíro (fruto). Contas: verde amarela.
crenças com relação aos Orixás, e assim, concebem-se em
Amalá: galinha, cabrito.' ,
alguns países essas entidades relacionadas com os san-
tos da Igrej a Católica, da seguinte maneira:
XANGô-CAó -São João Batista na Lei Católica -

JESUS CRISTO - OXALA - OBATALA - Na Bahía,


protege as almas que entram no céu ou Aruanda)

representado como Cristo crucítícado, é chamado e


....,-Fetiche: chave. Insígnias: pedra, palmas. Ama.
considerado SENHOR DO BOMFIM. Em Havana
lá: bode, carneiro, galinha. Contas: azul, branca,

(Cuba), é chamado Nossa Senhora das Mercês (Vir-


roxa.

gem) ou senuenma Sacramento,

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142 A'L'U I .Z:'I O F O N TE NE'LL E


A UMB'ANDA- ATRAVÉS 'DOS",S:il':CULOS

díndo-se essas linhas em outros tantos ramos Ou suddí-


qGUM - NÇ> de de Janeiro é São Jorge; em Cuba é São
Pedro; nos C'andoblés baianos, é Santo Antônio.
visões, denominadas tiüançes, cabe a cada uma o poderio

ou mando a determinado Orixá ou Chefe.


'OXOCE - No Rio de Janeiro é São Sebastião; na
Tal como se conhece nas Leis de Umbanda e Quim-
Bahia é São Jorge; em Cuba é Santo Antônio.
banda, a divisão dessas linhas nos cultos do CANDOBiLÉ

obedece à seguinte classificação:


XANGô '- Em Cuba é Santa Bárbara; na Bahia, com
. os nomes de: XANGó-AGODó, XANGó-AGAJó e
PRIMEIRA LINHA: - LINHA DE SANTO OU DE
XANGô-CAó, são respectivamente: São Jerônimo,
OXALA - Tem como chefe principal Jesus Cristo
São Pedro e São João Batista, sendo que em alguns
(Senhor do Bonfim). Integra-a a "LEGIÃO
terreiros, alguns ainda consideram também a Santa
DOS SANTOS", quais sejam: "São Casme e São
Bárbara como sendo XANGó.
Damião (inclusive Daum); Santo Antônio, Santa

Rita de Cássia, São Francisco de Assis, Santo Expe-


,II~EJI - NEiBElJADA - DOIS-DOIS: - Na Bahia e
dito, Santa Catarína, São Benedito, e os Arcanjos:
no Rio de Janeiro, são considerados como: Sãó
São Miguel, São Gabriel e São Rafael.
Cosme e São Damíão ~ (Compreende a falange dos
gêmeos.i na qual se inclui ainda o aparecimento de
8EGUNDA LINHA: - LINHA DE IEMANJA oU IA-
DAUM e CR!SPIM - CRISPINIANO) .
MANJA - Assistida e dírígída por Nossa Senhora

(Virgem Maria), também denominada "Linha do


IEMANJA ou IAMANJA: - No Rio de Janeiro é
Nossa Senhora da Glória; na Bahia, é Nossa senho-
Mar"; composta de 7 legiões a saber:
, ra do Rosário e também N. S. da Piedade.

Legião das sereias: - sob a proteção e'<chería de


'úMULU ou OMULUM: - No Estado do Rio de Janeiro
Mãe Oxum ou Axum (N. S. da Conceição) .
, é São Lázaro; na Bahia é São Bento.
Legião das Caboclas do Mar: - Sob a oríentação e
:LúCIFER ou SATANAZ: - Conhecido como EXU em
Nanã-Burucu (Santa Maria Madalena).
quas:, todos os cultos fetichistas das Umbandas.
Legião das Caboclas do Mar: - 8'0 ba orientação e

direção de Indaíá ,
Em face desta exposição, é fácil conceber-se gran-
Legião das Caboclas dos Rios: - Chefiadas por
de influência do Catolicismo junto aos cultos fetichistas
Iara, a Deusa dos Rios (Mitologia Nagõ).
que praticam a crença no sobrenatural, que apesar de
Legião dos Marinheiros: - Sob a chefia de Tarimá.
tudo, não deixa de se uma prática do Espiritismo, nas
Legião dos Calungas: - Dirigida por Calunga ou
suas inúmeras modalidades.
Calunguinha.

Leçuio da Estrela-Guia: - Sob a proteção e direção


Concebem os praticantes do CANDOBLl!::,na sua
da Virgem Maria, na aparição como N .S. dos
religião, uma divisão em 7 linhas ou legiões, nas quais
Navegantes.
se, enquadram as entidades maiores e menores, consti-
(Alguns cultos atribuem a direção dessa Legião, a
tuindo um verdadeiro' SETENARIQ; e ainda: :.SU,bdivi-
Santa Mq.tia Madalena,ou a San.t'Ana).

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'144 - ·At.U·IZIO·FONTENEr;~E •
A UMS·A .NDAATRAvts DOS 'Sl!:CULOS

TERCEIRA LINHA: .- LINHA DO ORIENTE OU DA


Sétima Legião: --.: De MARCUS PRIMEIRO"":;' ce-
MAGIA, cujo chefe, São João Batista, dirige os mes-
sar ou Imperador Romano, qUe comanda a
tres da ciência oculta, e toda a legião de sábios, que
_Legião dos Gauleses, Fenícíos, Romanos e .g.,e.:
se dedicaram aos estudos da cartomancia, astrolo-
• mais' raças européias, muitas das quaís' iã
gia, grafologia, ciência ocultas etc. Está também
desaparecidas .c, .
sob a sua guarda e direção, a orientação dos grandes
médicos ecuradores do espaço, manobrando as le-
QUARTA LINHA: - L!NHA DE OXOCE - Dirigida
giões dos híndus, de Zartu, dos discípulos de José de
por São Sebastião, é constituída pelos espíritos pu-
Ar~m~téia, d03 Incas, Chineses, Mongóís, Rabis,
rosque amparam os sofredores, os necessitados de
Egípcíos, Muçulmanos, Aztecas, Esquimós, Marro-
caridade, utilizando o processo de passes e prati-
q~inos, fndio~ etc: ets. Das sete legiões que com-
cando o curandeírísmo por meio de ervas e bebera-
poem a terceira líriha, conhecem-se os Candoblés
gens. Integram essa linhas, 7 legiões, com a seguin-
bem como nas Umbandas, como seus principais che~
te constítuíçâor . ..
fes e Orixás, as seguintes entidades: .

Legião de Urubaiiio - Chefiada pelo caboclo Uru-


Primeira Legião: - De ZARTU, que chefia a Legião
" batão.vque segundo a opinião de alguns, é. con-
dos povos hindus. .
siderado como sendo o próprio. São Jorge, di-
Segunda Legião: - De JOSÉ.DE ARIMATÉIA, o
vergíndo nO'" entanto grandemente essas. opi-
mestre da kaballah, mestre de Cristo na Alta
niões, pois, outros o evocam como São Sebastião.
iniciação esotérica . Chefia a Legião dos Médi-
No entanto, de acordo com a mitologia Bantu,
cos, Cientistas e propagadores dos "Ttiros Adivi-
essa entidade é conhecida como sendo o chefe
nnatôrios",
de uma poderosa tribo dê amerÍÍülibs, "que ado-
Terceira Legião: - De JIMBAR~, que comanda a
ravam o Deus Tupã (Deus do fogo), e que mais
Legião de Arabes, Turcos e Marroquinos.
tarde se tornou um.Orixá , .
Quarta Legião: - De ORI DO ORIENTE, que che-
Legião de Àraribóia -' Chefiada pelo guia espiritual
fia a Legião de Mongóis, Chineses, JapOneses,
ou Orixá que tem o mesmo nome. (Cacique
Esquimós e demais descendentes das raças
Arariooia - na crença dos nossos aborígenes) .
orientais.
Legião da Cabocla Jurema - Dirigida pela entidade
Quinta Legião: - De INHOARAIRI, que segundo a
como' chefe o' Caboclo das Sete Encruzilhadas
história das antigas civilizações, antes da era
(ou Caboclo das 7 matas), dirigindo as falanges
de Cristo, foi o primeiro Imperador Inca. Che-
das matas, na evocação dos chefes índíos: Tu-
fia a Legião dos povos Egipcios, dos Aztecas,
pis, Aímorés, etc,
dos povos Incas e das antigas cívílízações desa-
Legião dos ' Peles Vermelhas - Dirigida pelos cací-
parecidas dos povos Caldeus .
ques das tribos de índios americanos.
Sexta Legião: -De ITARAIACI, chefe de antigas
Leçuioâos Tamoios - Sob a direção de Grajaúna.
tribos dei índios Caraíbas, da região das Guia-
. Legião da Cabocla Jurema - Dirigida pela entidade
nas. ..
do mesmo nome.

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1;46 ALUIZZO FONTENE~LE


AUMBANDA ATRAVÉS DOS'SÉCULOS 147
Legião dos Guaranis ...,..Dirígida pelos caciques Gua-
. Legião de Ogum.Naruê - Sob a díreção de Ogum,
ranis.

aliada à ralange do povo Naruê (escravos de


QUINTA LINHA: - LINHA DE XANGó ~ Sob a díre-
várias raças) .
ção cÍe São Jerônímo, composta de sete Legiões,
Legião de Ogum de Malei - Dirigida por Ogum, alia-
assim compreendidas: .
da à falange do Povo de Malei ou linha de Ma-

lei (povo de Exu).


_ Legião de Inhançã ou Jansã - Chefiada por Santa
Legião de Ogum de Nagô - Sob a direção de Ogum,
Bárbara.
aliada à falange do povo de Ganga (linha de
Legião dos Caboclos do Sol e da Lua - Dirigida pe-
Nagô) .
las entidades que têm o mesmo nome (crença
indígena: Deus do Sol e Deus da Lua).
Legião do Caboclo do Vento - Tendo como chefe' o
SÉTIMA LINHA: - LINHA AFRICANA - Sob a dire-
Caboclo do Vento (crença indígena) .
ção de São Cipriano, é composta de 7 Legiões, repre-
Legião do Caboclo das Cachoeiras - Dirigida pelo
sentadas por pretos velhos oriundos de várias raças,
Caboclo das Cachoeiras ou das 7 Cachoeiras.
conforme as suas origens: São elas:
Legião do Caboclo Treme-Terra - Chefiada pelo
Caboclo Treme-Terra.
Legião do Povo da Costa - Sob a direção de Pai
Legião de Pretos Velhos - Sob a direção da falange
Cabínda.
de pretos velhos QUENQUEL~ e QUENGUEL:m
Legião do Povo de Congo - Sob a direção de Pai
DE XANGô (mitologia Nagô).
Gongo ou Rei Congo. '

Legião do Povo da Angola --:- Sob a direção de Pai


SEXTA LINHA: - LINHA DE OGUM - Dirigida por

José d' Angola.


São J()rge (Rei das demandas) contendo também 7

Legião do Povo de Benguela - Sob a direção de Pai


Legiões, a saber:

Benguela. .
Legião de Ogum Beira-Mar - Sob a direção de

Legião de lV[pçambique - Sob a direção de Pai Je-


Ogum, aliada à falange do povo do mar. (Dírí-
rônimo ,
gida por Indaiá) . .
Legião do Povo de Loanda - Sob a direção de Pai

Francisco de Loanda. '


Legião de Ogum Rompe-Mato ....:...Sob a direção de

Legião do Povo da Guiné - Sob a direção de Pai


Ogum, aliada à; falange de Oxoce (p()VO da
Guinê ou Zun-Guiné.
mata) .
Legião de Ogum ..lara.. ~ Sob a direção de Ogum,
aliada à falange das Caboclas dos Rios (dírlgí-
Pelo tato de que :,na época que ora atravessamos,
da por IARA) . .

não existe quase nenhum dos antigos escravos oriundos


Legião de Ogum-Megê - Sob a direção de Ogum,
dos povos Bantus, Nagôs, Gêges, Guinés, ete .. a mistu-
aliada à falange das Oaboclas dos Rios (dirigi-
ra dos cultos fez-se de tal maneira, que não se pode iden-
tantes da Costa d'Africa)... ' .
tificar verdadeiramente .a essência' do que roramreal-

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A UMBANDA- 'ATRA~S ,DOS-::stCULQS 149

mente esses cultos, que divergiam entre si, tanto na ror-


.: É ele o encarregado de ídentíücar no aparelho dos
ma.icomo na evocação das suas entidades espirituais; as-
médiuns, o Orixâ que baixou nq terreiro, a fim de pres-
sim, era sabido que os Nagôs e O'S Gêges não' evocavam
tar-lhe todas as homenagens. li: ele ainda o responsável
espíritos dos mortos ou "Eguns", trabalhando apenas
direto Ipelas demandas espirituais ou materiais que' por-
com os seus Orixás e os "Exus ", ao passo que os Bantus
ventura possam surgir, quando existirem desavenças en.
trabalhavam com todas as evocações, isto é: tal corno se
tre os médiuns.
pratica hoje em dia no Kardecísmo, evocando os espíri-
É ele quem pratica a adivinhação, e procede ao jogo
tos de desencarnados, misturando o seu ritual, aos cul-
dos Búzios, exercendo ainda o curandeírísmo, receitan-
tos: ameríndio, católico etc. '
do e dando passes. O período de iniciação de um Pai

de Santo é por demais demorado, e muitas vezes não

consegue atingir ao grau máximo do sacerdócio, devido


COMO SE FAZEM OS SACERDOTES OU
às grandes responsabilidades que tem que assumir jun-
INICIADOS DO CANDOB~É
to aos seus Orixâs,

Para dar ajuda aos Pais de Santo ou Mães de Santo

. tr '
o Candoblé nada mais representa do que uma Có-
ins uem-se os Ogans e os Cambonos, quando fazem
pia fiel do que se praticava antigamente com respeito ao
parte do setor masculino; e, Pequenas Mães, Jebonans e
Culto Pagão das Divindades, por eles cultuado no seu
Sambas, no setor feminino.
ponto de origem, e que embora assemelhando-se em tudo
. Fazendo parte do terreiro, vêm a seguir os Filhos ou
A uma -forma de Espiritismo, se personaliza de um modo
FIlhas de Santo, que são os médiuns já desenvolvidos ou
todo especial, o qual, por meio. de gestos, cantos e danças,
em desenvolvimento, que cedem seus corpos a manifes-
entremeados de rodopios com fundo cabalístíco, numa
tações dos Orixás. . .
coreagrafia es-sencialmente polícrômíca e folclórica, são
.. Só podem, no entanto, praticar verdadeiramente
dançados e riscados os seus rituais, ao som dos Ataba-
todo ? .ritu~l, aqueles que têm cabeça feita, ou cruzada
ques, Macumbas, Agogôs, Tambores, Rumpis, Agês, Ada-
em varias linhas.
lás, Xaque-xaques, etc.
Como parte do ritual, existem os pontos cantados e
Essas apresentações representam o simbolismo de
riscados, os quais são puxados ao som dos instrumentos
atos heróicos e bárbaros praticados desde um tempo re-
que fazem parte da orquestra.
moto impossível de determinar-se, e que, segundo eles,
. . .O~tros pr~ceit?s são necessários para uma perfeita
foram praticados por suas Divindades; e era desta for-
imciaçao nos rítuaís do Candoblé: Dar comida à cabe-
ma pela qual melhor podiam afogar as mágoas e cruci-
~", "Dar o amalá" (comida de santo), "Fazer Filho ou
antes saudades de suas pátrias longínquas.
Filna de Santo ", "Iniciação dos Iaõs" (fazer Mães de
No Caruioblé o chefe de terreiro é o PAI DE S~'tO
Santo ou Babás), etc.
e como tal possui todas as càracterísticas de mandante,
Várias são as fases que precedem à iniciação das
com respeito à indumentária da qual se, utiliza para a
taôs. Na primeira, é feita a oferta ou despacho a Exu
prática do seu ritual. O Pai de Santo ordena as "ma-
(EM de Exu) , utilizando-se nessa prática o sacrifício
cumbas", "curimbas " ou "cançiras", durante as quaís
de inúmeros animais, tais como: bodes, cabras, galos,
são atendidos t9dos 08 filhos-de fé.
pombos, galinhas de angola, tudo de acordo com as pre-

----------------------- Page 75-----------------------

150 , ' AL U I Z 1,.0 F O N T E N E L L li:

Ierêncías das entidades que deverão incorporar' nesse


médium. Esse ritual é feito dentro das "camarmhas"
lugar apropriado para esse fim, no qual as íníeiandas
permanecem pelo período de dezesseis dias .
. Na segunda fase, é a aparição em público pela prí-
m~Ira vez, onde se faz a cangira ou macumba indo de-
pOl~ para noyo' estágio nas camarínhas, para' aprender
CAPÍTULO XII
o ritual, e a língua africana.
Finalmente, volta a Iaô à cangíra, perfeitamente
COMO DEVE SER CULTUADA A VERDADEIRA'
ap!a , para exercer a sua função corno cavalo de u fi
UMBANDA. SUA VERDADEIRA DIVISÃO
Orixá,
Como índumentáría que os distinguem perfeita-
Conforme declarei no primeiro capítulo deste livro"
mente nos seus trabalhos de evocação aos seus deuses
que iria discordar por completo de todas as teorias e con-
utilizam os praticantes do Candoblé, variadas vesti:
ceitos que da Umbanda fazem aqueles que se dizem eu-
mentas, na sua maioria coloridas, tudo de acordo com
tendidos, e mesmo, dos que a ju lgam de um modo desai-
a vontade do seu Orixá. Os homens apresentam-se em
roso; quero agora, mostrar-lhes o meu ponto de vista e

. '

a maneira como concebo o culto de uma Umbanda cons-

geral vestindo urna calça comum, e blusas de cores ber-


rantes, usando em volta do pescoço colares e>enfeites
cientemente sincera, honesta e verdadeira.
próprios, condizentes com a linha na qual trabalham.
, Para ,co~1eçar,dividirei este terna em várias partes;
As mulheres, vestem-se de baiana, usando anáguas,
e, a proporçao que as ,for descrevendo, irei ao mesmo
batas e panos da costa, calçando sandálias, usando na
tempo fazendo comparações e dissertações, que julgo
cabeça turbantes e torsos de seda.
imprescindíveis para uma perfeita compreensão por par-
Eis, em síntese, a representação verdadeira do que é
te daqueles que porventura ainda nada conhecam de

Umbanda. ~
o Candoblé cultuado no Estado da Bahía, e em torno
do qual fazem-se os piores mistérios, confundindo-o
com a magia negra ou Quimbanda, indo de encontro a
INTERPRETAÇAO: - Em primeiro lugar, a Um-
uma religião que é, na sua essência íntima, um verdadei-
banda deve ser, por todo aquele que se dedica ao seu
ro culto pagão.
culto, interpretada de um modo especial, perfeitamente

condizente com a sua verdadeira tmalídade, isto é: res-

peitada tal corno são, todas as demais religiões.

A religião, em hipótese alguma, serviu de base para

menosprezo ou falta de respeito. Os templos de qual-

quer natureza devem ser respeitados e tidos corno um

ambiente onde se procura, na oração ou na meditação,

urna aproximação de Deus. Quando se entra em urna

~greja católica, todos o fazem com a máxima decência

.~ com ~ compreensão de verdadeiros crentes. Entretan~

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152 ALUIZIO FONTENELLE
A -UMBANDA ATRAWS DOS· S~CULOS 153

to, tal não se dá com a maioria dos que freqüentam


centros um certo número de elementos perfeitamente
"centros espíritas". O mau espírita julga que pelo fato
.eonhecedores do assunto; bem como, estar entregue às
de se tratar de uma sessão espírita, não se deve dar a
.autorídadeacompetentes a questão do seu corpo medi-
mínima importância, e o respeito' é coisa que não existe.
·único, o qual só poderá constar de indivíduos de moral
Acreditam muitos, ou melhor: crê a maioria dos que
'elevada, para evitar que pessoas de mau caráter ou con-
praticam ou freqüentam o espírítismo, que pelo fato de
.dições físicas duvidosas, pudessem intervir e deturpar a
lidar-se com espíritos,' são estes obrigados a "acertar"
·perfeita finalidade dos trabalhos. Deveriam todos os mé-
ou desvendar o futuro de quantos recorrem às suas con-
diuns ser examinados por uma junta médica, a fím de
sultas. Por outro lado, nenhuma consideração é dada
.evítar-se a questão do animismo ou da fraqueza cerebral,
por parte dos consulentes ao ."Guia" que está manifes-
.que acarreta muitas.das vezes o ingresso nos manicômios.
tado no terreiro, em virtude da falta de bom senso e,
Alguém poderá contradizer-me nessa minha concep-
muitas vezes, da educação, da falta de ordem e da falta
ção, baseando-se no fato da Umbanda ser considerada
de bons principias. .
como religião, e corno tal, não se conceber a interferên-
Já se foi o tempo em que o espiritismo era tido como
cia de autoridades policiais e nem tão-pouco de médicos.
"feitiçaria". Refiro-me à própria Umbanda. Agora a
·Entretanto, estou convicto de ser uma necessidade ado-
concepção que se está fazendo dessa crença é bem outra.
tar-se essas medidas, não só em benefício da coletividade,
Entretanto quando um indivíduo passa por uma série
como também para evitar certos abusos que bradam
de sofrimentos, quando tem a sua saúde abalada, e; ten-
contra a opinião geral. A Umbanda, por se tratar de
do recorrido a uma infinidade de médicos, estes dão a
·uma religião que está sujeita a fortes vibrações espírí-
causa como perdida, aí então recorrem ao espiritismo
.tuaís, tanto do lado bom como do lado mau, pelo fato,
na certeza de que ele será a sua tábua de salvação. Mui-
de lidar-se com O' mundo espiritual, não isenta. de en-
'tas vezes a justiça divina faz com que se consigam gran-
contrar espíritos fracos, que se deixam arrastar inconsci-
des resultados, mas ... o que acontece é sempre a "velha
entemente no terreno do hísterísmo e das fraquezas ce-
ingratidão". O indivíduo, completamente restabelecido
..rebraís.: . _ . ,:.. , "
dá o seu clássico pontapé, e o pobre médium que muita~
das vezes sacrifica até a sua própria saúde, é tachado de
MODALIDADES DE TRABALHO: - Deveriam ser
macumbeiro e é enxovalhado de todas as maneiras.
interpretados os trabalhos que se executam na Umban-
No meu m?~o de entender, a ~mbanda deveria pas-
'da, por dois modos: um, interpretado pelo lado cientí-
sar .por uma serre de reformas, ate que se enquadrasse
fico; e o outro, pelo lado religioso.
devidamente numa condição idêntica ao que se observa
Os trabalhos a serem interpretados pelo lado cíen-
em todos os cultos religiosos. Deveriam erguer-se tem-
-tíríco, deveriam constar de passes, curas pelos diversos
plos, dirigidos por homens de bem, que a cultuassem
·processos, ínelusíve operações espirituais; nos quais se
.c?~ todos os rigores de uma condição perféitamente 50-
'comprovaria a existência de forças superiores que muí-
cíável e dentro de uma moral profundamente sã.
:tos- aindadesconhecem, por não terem tido a felicidade

-de trabalhar numa Umbanda integralmente perfeita.


" .ORGANIZAÇ~O: -,-, Um~ Umbanda para ser per-
Quanto aos trabàlhos a serem interpretados 'pelo
.!_e~tª:~ent~.organízada, deveria conter [unto aos seus
lado religioso, deveriam constar de doutrinas e expla-

----------------------- Page 77-----------------------

:156
A UMBANDA ATRAVJtS DOS' SJ!:CULQS 1157

"terreiros ", assim concebo o culto da Umbanda, o qual


-me propus-comentar nesta obra.
Sob a questão do uso dos instrumentos de trabalho,

taís como: pemb as , ponteiros, curíadores, etc, restrin-


COMO PRESTAR A VERDADEIRA CARIDADE:
gir-se-iam pelas próprias entidades, e em sessões sem
Desde quê o médium seja íntegro na sua condição, a
público, por se tratar de "arte mágica", e por essa razão,
caridade pode e deve ser prestada de qualquer maneira,
não facultado aos simples assistentes.
em qualquer parte, bastando apenas que as pessoas que
se reúnem para tal fim, encarem essa questão puramen-
·te pelo lado espiritual, e nunca pelo lado material. A
ORGANIZAÇÃO DE TEMPLOS, CENTROS, TER~
-cura de obsessões, de moléstias, de perturbações de toda
REIROS ETC.: - No meu ponto de vista deveria ser
espécie, terá resultados satisfatórios, se os crentes prí-
abolido o uso de imagens católicas, e os altares conte-
·marem pela observância dos preceitos que acompanham
riam apenas uma simples cruz de madeira, que simbo-
todas as manifestações espirituais. A caridade dentro
liza a fé, e os pontos "esotéricos" e "caõausticos ", re-
da Umbanda, não deve ser objeto de apadrínhamentos
presentativos das forças próprias .de cada entidade. En-
·e nem tão-pouco privilégio somente entre amigos. Mui-
toar-se-iam hinos e cântícos próprios, que condizem per-
tas pessoas recorrem à Umbanda, julgando ficarem aco -
feitamente com a evocação das entidades. Estabelecer~.
bertadas de castigos e provações, simplesmente porque a
-se-íam condições regulamentadas para as diversas mo-
ela recorrem, embora trazendo nos seus corações a mal-
dalidades de trabalhos, e um corpo clínico deveria ser.
dade, a inveja e a corrupção. Estarão cometendo um
mantido, para a perfeita observância do: disposto nos
erro .lamentável; pois, a verdadeira Umbanda, quando
seguintes artigos do "CÓDIGO PENAL BRASILEIRO".
praticada por elementos verdadeiramente sinceros já-
(Decreto-Lei n.o 2.848, de 7 de Dezembro de 1940 e 6. 026J
mais acober~ará essas pessoas e os seus erros, sem' que
de 24 de Nooembro de 1943):
a regeneraçao ou o arrependimento seja na realidade
puro e sincero.
"Dos crimes contra a saúde pública:
A verdadeira Umbanda ensina o caminho do sacri-
fício ;,e o modo como poderão ser resgatadas as dívidas,
Exercício ilegal de medicina, arte dentária ou [armacén-
baseando-se unicamente nos princípios das Leis Divi~,
tica.
-onde não paga o justo pelo pecador.

Art. 282 - Exercer ainda que a titulo gratuito, a


INDUMENTÁRIA: - Numa :perfeita organização
profissão de médico, dentista ou far-
de Umbanda, a indumentária seria um fator primordial.
macêutico, sem autorização legal ou
.Todos os seus médiuns deveriam obedecer a um único
excedendo-lhe os limites.
padrão de vestímenta, a qual constaria apenas de Uni
uniforme branco (calça e blusão) para os homens, e
"balandrau" e calça para as mulheres; tal como se vê
Charlatanismo - Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura
.em diversas organizações que primam pela decência dos
por meio secreto ou infalível.
,-seqs.trabalhos.

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ALUIZIO FONTENELLE ·
A UMBANDA ÁTRA VÉS nos.. SJl':CULOS 1-59

, Curandeirismo - Art. 2H4 - Exercer o curandeírísmo:


Se quisermos encarar a Umbanda pelo lado religio-

so, devemos unir-nos mutuamente, e podemos ficar


I - prescrevendo, ministrando ou
cert?s de que ela progredirá incontestavelmente, por ser
aplicando, habitualmente, qual-
sublime em todos os pontos de vista.
quer substância;
Por outro lado, se quisermos encará-Ia sob o ponto

de vista científico, muito teremos que lutar, para pro-


II - usando gestos, palavras ou qual-
var à humanidade. inteira que a Umbanda não abriga
quer outro meio;
em seu .seio a prática da feitiçaria, e o.atraso que acarre-

ta a mI~tura de cre~os supersticiosos provindos dos po-


III - fazendo diagnóstico."
vos afrlCan?s. ,~rec~mos mostrar à ciência que a

UI?ba~da cíentíríca e uma realidade, e que não existe


Para que as práticas da Umbanda não entrassem
-m~sténo algum .~as suas práticas, uma vez que a pró-
em choque com o que preceitua o Código Penal Brasí-
pna medícína j a consegue curar enfermidades utili-
leíro; por não ser possível conceber-se um ritual perfei-
zando os fenômenos da "auto-sugestão" da "telepatia"
to sem o uso de gestos, palavras cabalísticas e outros
do "hipinotismo" etc etc. ' ,
meios empregados nas diversas' modalidades de traba-
Se a Medicina é uma ciência, a Umbanda também
.lho, que de outra maneira não poderiam ser perfeita-o
é, em dupla modalidade: CIÊNCIA E RELIGIÃO.
mente concebíveis, de vez que não é possível dar-se pas-
ses fluídícos sem a mímica adequada, necessário se tor-
A UMBANDA DENTRO DA SUA
naria que as autoridades competentes examinassem
VERDADEIRA DIVISÃO
esse ponto de vista sumamente religioso, encarando-o
não como crime, e sim como um benefício pará a' cole-
Pelos inúmeros trabalhos apresentados sobre a Um-
tividade.
banda, feitos por muitos escritores e entendidos no as-

sunto, quero neste capítulo mostrar a minha discordân-


Apesar de haver uma certa condescendência por
cia, na parte que se refere à divisão dessa seita.
parte das autoridades, nesse ponto de vista; ainda assim,
Sobre essa Umbanda comum que se pratica nos inú-
muitos centros têm-se encontrado em grandes dificul-
meros terreiros existentes no Brasil essa Umbanda mis-
dades, e não foram poucos os casos de prisões preventí-
tificada e misturada aos credos fe'tichistas conhecidos
vase mesmo de condenação de médiuns que nada mais
com os nomes de Caruioblé, Cangerês, Quimbanda
faziam do que prestar grandes benefícios aos necessita-
etc., estou de pleno acordo com a divisão da mesma em
dos. É bem verdade que a exploração e o abuso cam-
sete (7) linhas; entretanto, segundo as comunicações
pejam em toda parte; e por isso, necessário se torna
que me foram dadas por entidades do Astral trabalha-
uma medida extrema nesse sentido, e, estou certo de
dores das falanges de pretos velhos- caboclos' hindus e
que os verdadeiros Umbandistas, os denodados servido-
até mesmo pelos próprios EXUS, já . essa di~isão sofre
res da seita, primarão em cooperar para o engrandeci-
uma severa modificação.
mento de. uma Umbandapura, banindo do seu meio os
Não' é meu desejo criar uma nova religião, conforme
falsos e corruptores.
expliquei anteriormente; no eritanto,dõ que' faço .ques-

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A .UMBAND,A . 'AT :RAWS ,nOS,~IÍlCULOS


160.•

tão absoluta é de que, a partir deste momento, -todo


compreensível dessa divisão, vejamos o quadro na pági-
aquele que procurar dentro da Umbanda uma finalida-
na seguinte, que mostra o RE,INO DE'OBATALA, ou CÉU.
de digna para a sua própria evolução material e espirí-
Pelo exposto, o REINO DEOBATALA comanda 7
tual, procure com o raciocínio próprio de cada um, ve-
cortes, as quaís, por sua vez, comandam as 7 linhas de
rificar exatamente a distinção que existe entre uma e
Umbanda, que integram a "CORTE DE ARUANDA" .
outra concepção, de vez que não é possível voltarmos ao
primitivismo das religiões fetichistas, quando podemos
In tegrando a CORTE DE OXALA ou de JESUS
encarar essa questão por um lado mais humano, mais
CRISTO, vem a l.a Linha, denominada Linha de 5&1'0,
sociável, mais condizente com a nOSSa cultura atual e
também com o denomínatívo de Linha de Oxalá, cons-
com o progresso que se verifica em toda a condição hu-
mana. Os próprios espíritos evoluem, e por essa razão,
!P OBATALA

t~
eles mesmos são os primeiros a mostrar os erros que se
Reino di! D~u.J .,
cometem, embora que involuntariamente, quando os
Pai - Filho - Espírito Santo
ev'ocam?s, na ânsia de novos desígnios. Que se aprenda
a respeitar as LEIS DIVINAS, numa prática verdadeira-
". I ,.

.,
mente consciente, são os desejos das entidades do bem,
.s-: CORTE DE OXALA .~"-"""- -.
que nos trazem as luzes necessárias ao aperfeiçoamento
Jesus Cristo I
do corpo e do espírito.
I I I
>I: * *
CORTE DE CORTE DE CORTE DE

OXUM SÃO GABRIEL SÃO JOÃO

BAPTISTA

Maria Santíssima Arcanjo' (Profetas)


Para maíorclareza no que concerne à divisão da
. I
Umbanda, a qual chamarei de UMBANDA E$OTÉRICA
I I
E INICIATIC:A, farei as devidas comparações entre uma
CORTE DE CÕRTE DE
e outra, à medida que for descrevendo suas linhas; en-
SÃO RAFAEL CORTE DOS ANJOS SÃO MIGUEL

E SERAFINS
tidades etc.
Arcanjo Arcanjo
Dívíde-se .a Umbanda Esotérica e lniciática em 2
I I r
partes principais, chamadas REINOS. Esses reinos, obe-
CORTE DEARUANDA
decendo à fórmula esotérica UMBANDA, significam
,,-

..•. 7 Linhas de Umbanda

._- ..- -- -,- ..


duas forças: o bem e o mal, ou ainda: o CÉU, pólo po-
_ ..- - '''-'~''-'---'-'
sitivo, principio ativo masculino; e, a TERRA, pólone-
gativo, princípio passivo feminino. A essas duas forças
denominam-se: "REINO DE. OBATALA" e "REINO DE
tituída por espíritos das inúmeras raças habitantes na
ODUM".. Esses reinos estão constituídos de 7 cortes
Terra (desencarnados), inclusive pretos velhos, padres.
principais, as quais, por sua vez,' rormam as. subdivisões
frades, freiras e espíritos evoluídos (eguns). Essa linha
que constituem as 49 (quarenta e nove) línhasíntegran-
·é .dírígída por Jesus Cristo, e é composta de 7 íalanges
tes de cada uma dessas forças.: Para um.exemplomaís
formando. legiões . Está assim constítuídar..

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162
A UMB'AND,A ATRAV,g;S DOS SltCULOS 163,

l.a LINHA' - DE SANTO OU DE OXALA:


s.a LINHA - DO ORIENTE:

Legião de Zartu - Composta das falanges dos po-


Legião de Santo Antônio

vos hindus, chefiadas pelo próprio artu (Che-


Legião de São Cosme e São Damião
Legião de Santa Rita de Câssia-
fe Indiano).
Legião de Santa Catarina
Legião de José de Arimatéia - Integrada pelas ta-
Legião de Santo Expedicto
langes de Médicos e Cientistas.
Legião de São Francisco de Assis (semíromba)
Legião de Jimbaruê - Constituída por espíritos de

Árabes, Marroquínos e outros povos asiáticos.


Legião de São Benedito ou Benezet.

Legião de Ori do Oriente - Integrada pelos povos

do Oriente, pelos Japoneses, Chineses, Mongóis,


Integrando a CORTE DE OXUM (Maria, Santíssi-
e 'povos que habitaram a Groenlândia ea
ma), vem a seguir a 2<,1. Linha, LINHA DE IEMANJÁ
Atlântida (desaparecida).
ou IAMANJA, assistida e dírígída por N. Senhora, mãe
Legião de Inhoarairi ---.:Composta de Egípcios, In-
ele Jesus Cristo, integrada por 7 legiões, assim constí-
cas, Aztecas, Caldeus e muitas outras raças já
tuídas:
desaparecidas.

Legião de Itaraiaci - Formada pelas falanges de


2\\ LINHA - DE IEMANJA ou IAMANJA:
índios das antigas tribos Caraíbas, na região das

Guianas.

Legião. de Marcus I - Constituída pelas falanges de


Legião das Sereias - Sob a proteção de Mamãe
Oxum ou Axum.
Gauleses, Fenícios, Romanos e demais raças

européias.
Legião das Ondinas - Sob a direção de Nanã ou
Nanã Buruquê (Sant'Ana).
Integrando a CORTE DE SÃO GABRIEL; vem a 4.a
Legião das Caboclas do Mar - Sob a orientação e
LINHA -=- DE OXOCE, composta de 7 legiões, assim dis-
direção de Indaiá ,
criminadas:
Legião âas Caboclas dos Rios - Chefiada por
IARA (Deusa dos Rios).
4~ - LINHA DE OXOOE: Deus da Caça - Oríxá das
Legião dos Marinheiros - Sob a chefia de Tarímâ,
Matas) .
Legião dos Calungas - Dírígída por Calunga ou
Calunguinha.
Legião de Urubatão - Chefiada pelo Caboclo Uru-
Legião da Estrela Guia-Sob a direção e proteção'
batão.
de Santa Maria Madalena .
Legião de Amribóia - Chefiada pelo 'Cacique Ara-

ríbóía .

Legião âo Caboclo das 7 EnC1'uzilhadas - Chefia-


Integrando a CORTE DE SÃO JOÃO BATISTA,
da pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas, também
surge a 3.a LINHA - DO ORIENTE, constituída tam-
denominado Caboclo das 7 Matas, que tem a
bém de 7 leg-~~s com-as seguintes denominações:
seu cargo a direção das talanges dos povos ha-

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166 - A L U I Z I O F O N T E. N E L L E

ORGANOGRAl\ 1A DAS FALANGES DO


CORTE DE OXALA '- Planeta SATURNO - Línha de
. Santo ou de Oxalá.
POVO DE EXU
QORTE I)ili;OXUM - Planeta V:tlliUS- Linha de te-
manja ou Iamanjá.
CORTE DE SãO JOÃO BATISTA - Planeta .TúPITER
-- LÚCIFER - MAIO~AL ~
- Linha do Oriente.
CORT:EDE SÃO GABRIEL - Planeta MERCÚRIO _
Linha de Oxoce,
OORTE DE SÃO RAFAEL - Planeta SOL - Linha de
,PUT SATA.'1AKIA Exu Marabô AGALIERAPS - Exu Mangueira.
Xangô ,
CORTE DE SÃOMIGUEL ARCANJO- Planeta MARTE
I
, - Linha de Ogum.
ASCHTAROTH- Exu-Rei das
CORTE DOS ANJOS E SERAFINS - Planeta LUA---
ll~Z~BUTH - Exu-Mor Encruzilhadas
Linha de S. Cípríano.

. I
* :I< *
Vedamos agora a divisão da 2~ parte, na qual se
TARCHIMACHE - Exu Tranca. SAOATHANA - Exu Veludo

Ruas
concebe na Umbanda Esotérica e Iniciática, o "REINO
FLERUTY -, Exu Tlrirl NESBmOS - Exu dos Rios
DE ODUM" ou da Terra.

'--o
O organograma a seguir, mostra-nos o "reinado do
I
POVO DE EXU", no qual LÚCIFBR, o Maioral, coman-
.

SYltACH - EXU CALUNOA - ONOMO - CALUNOumHA


da as suas sete linhas de Agentes do Mal, integradas por
49 EXUS chefes. Estes, por sua vez, são os dirigentes
I
das falanges de Exus, tal como na divisão do "REINO
DE OBATALA'\ os "ORlXAS" são também os principais
BECHARD - Exu dos Ventos (Ventania)

F'RIMOST - Exu Quebra Oalho


chefes.
KLEPOTH - Exu Pomba-Olra (Mulher de 7 eXW;)

KHIL - Exu' das 7 Cachoeiras


Fazendo parte das falanges do mal, existem integran-
MERJFILD - Exu das 7 Cruzes
do o "REINO DE ODUM", .7.linhas de Exus, as quais,
CLISTBERET - Exu Tronqueira (ou Tronquêra)

SILCHARDE - Exu das 7 Poeiras


dJr,igidaspelo Agente Mágico "OMULU" ou "OMULUM",
SÉGAL - Exu Gira-Mundo

HICPACTH - Exu das Mat.as


Q incumbido pelo maioratparadirigir todo o povo
HUMOTS - Exu das 7 Pedras
que trabalha nos cemitérios. Algumas Umbandas e mes-
GULAND - Exu Morcêgo

FRUCISSIÊRE ~ Exu dos Cemitérios


mo a Quimbanda, costumam fazer crer que essa entidade
SURGAT - Exu das 7 Portas
do mal ré São Lázaro; no entanto, a verdadeira entida-
MORAIL - Exu Sombra. (ou das 7 Sombras)

FRUTIMI~RE - Exu Tranca-Tudo


de Omulum é o "DEUS DA PESTE", tal como sempre
CLAUNECH - Exu da Pedra N.egra.

MUSIFIN - Exu da Capa Preta


foi conhecido através de inúmeras religiões, e principal-
HUICTOOARAS - Exu Mara~á
mente, da verdadeira ' Umbanda.
-- '

----------------------- Page 82-----------------------

168 A L U I Z I O F O N T E N E L L E

Sobre a constituição e descrição das falanges do


mal, não farei aqui nenhum comentário, pelo fato de
não interessar-nos absolutamente essa parte, de vez que,
foge inteiramente à finalidade desta obra. Entretanto,
se o caro leitordesejar conhecer profundamente a atua-
çãodessas falanges, poderá tomar conhecimento através
CAPITULO XIII
do meu liVTOjá' publicado e largamente difundido , o
qual, como título de "EXU", traz de uma maneira ver~'
TRABALHADORES DA LINHA DO ORIENTE -
r dadeiramente perreíta, todos os comentários e caracte-.
rístícas dessas entidades.
ENTIDADES HINDUS, SUAS INDUNMEN- '
A seguir, poderá o leitor apreciar, através do orga.•
TÁRIAS E RITUAIS
nograma das falanges de Exus que trabalham sob as
ordens dê Omulu ou Omulum, a divisão das entidades
Este é um dos capítulos de grande interesse no que
do mal, que dominam nos cemitérios.
diz respeito às manifestações espírrtuads, pelo fato de

que os hindus foram quem mais de perto cultuou. e


ORGANOGRAMA DAS FALANGES DE EXUS QUE,
ainda coltua a crença espiritual, sendo talvez a tndía
TRABALHAM SOB AS ORDENS. ·DE 01\1:ULU'(ou'
o berço da grande MAGIA. Por esta razão, os "Guias
. OMULUM)
Espirituais " hindus, com a suprema sabedori~ de seus

espíritos grandemente iluminados epossUldores de


OMULÚ ou OMULUM

grande força fluídíca, têm conseguido verdadeiros mí-:


- ·r--l...-_D_O_n_o_e:...-s_en_h •or•...;.o.•o;ds• c_em_i_té_ri_os--!
l~gre.s, no tocante a curas e operações astrais.

Antes de entrarmos nas considerações verdadeira-


SERGULATH (Exú Caveira) '1 HAEI,. (Exú da' Meia Noite)
mente espirituais das entidades do espaço que, integran-
I
tes da 3? Linha - do Oriente, se apresentam nas ses-
sões de Umbanda, como Híndus, Maometamos, Rabis
PROCULO (Exú Tatá Caveira) SERGUTH (Exú-Mirim)
etc: quero primeiramente tratar dessa falange orien-
HARISTUM (Exú Braza) TRIMASAEL (E,,,í Pimenta).
BRULEFER (Exú Pemba) SUSTUGRIEL (Exú Málê)
tal, desde os prímórdíos das civilizações, onde vamos
PENTAGNONY '(Exú Maré) ELEOGAp (Exú das 7 Monta-
encontrar as primeiras religiões hindus, suas crenças"
nhas)
seus deuses, etc.
SIDRAGOSUM ~Exú Caran-
gola) DAMASTON (Exú Ganga)
MINOSUM (Exú Arranca-Tôcó) nIARITHIMAS (Exú .Kami-
os POVOS E AS CIVILIZAçõES IDNDUS
naloá)
BUCONS (Exú Pagão)
NEL BIROTH (Exú Quirombô)

Pelo que se conhece através da história


religiosa da
I
índia, sabe-se que o caráter do povo indiano é definido
AGLASIS MARAMAEL.
de um modo incompleto. Os híndus possuem um des-
Exú do .Cheiro (Cheiroso) I I Exú Curadô
prendimento quase total pelas causas terrenas,' e epca-_

ram. a vida materáal com um certo! desprezo, tornando"

----------------------- Page 83-----------------------

A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 173


~a:ALUIZIO FONTENELLE

ções requerem un: preparo todo e~pecial, sem o qual


" Os híndus das épocas prímítívas possuíam um vivo,

não pode ser possível a sua evocaçao. .


sentimento -da Natureza, e embora concebendo um único
Seu ritual é em tudo ddêntíco ao que praticaram na
Deus criador de todas as coisas, prestavam culto a uma
terra, e exigem uma índumentáría es~e~ial paraass~3:s
infinidade de outros deuses, os quaís tinham por função
práticas. Assim, quando um bom. mediun: tem a di~l:
dirigir os próprios fenômenos da Natureza. O Deus
gír-lhe o subconsciente ?~a entidade hmdu! podela
Ituira, por exemplo, lançava o raio e 'Certos fenômenos
realizar verdadeiros prodigáos na arte da medícína, da
atmosféricos, assim como Agní representava o fogo.
física, da química etc., bastando apenas seguir religio-
Súrya, representava o Sol, e v anma era tido 'Comoum
samente os seus preceitos e vontades.
dos mais altos atributos espirituais, nas castas védicas.
Gostam as entidades hindus de vestir a índumen-
A magia é no entanto a expressão máxima da reli-
tária própria do seu povo, isto ré: o uso, do turbante e
gião popular dos híndus. O seu valia! religioso, em vez
demais peças do seu vestuário, bem como, utilizam em
de possuir efeitos particulares de cura ou de proteção,
seus trabalhos todo o material pertencente ao ritual
tem por objeto a preservação da existência, fornecendo
da magia, o qual só é conhecido através de uma perfeita
a força necessária: para a conservação da própria vida ..
iniciacão esotéríca,
Pelo fato de cultuarem os povos híndus, grandemen,

- Incluem-se entre os povos das falanges orientais, os


te, as artes mágicas, as entidades espirituais que traba-

"Raois '' uMuçulm 1anos "', "Arabes", UMarroquinos ", "Ja-


lham nas suas falanges possuem um elevado grau de
poneses "', "Chineses ", "Mongóis ", "Egipcianos", "Azte-
adiantamento, e por essa: razão, quando qualquer deles
cas " etc. os quais se encarregam de desvendar para
que se manifesta nas sessões de Umbanda, pratica

os drent~s os altos sezredos do Ocultismo, Esoteris-


seus rituais, pode-se estar certo de que grande resul-
mo Cartomancia Quir~mancia, Astrologia, Numerolo-
tados se obtêm.

gia: Grafologia, Magia Mental, Alta Magia, Medicina


Segundo eles, um amuleto de ouro dá longa vida e
Homeopática, Medicina Operativa etc, etc.
novas forças. A sua terapêutica espiritual por meio de
São as poderosas entidades hind~s, as encar~ega~as
beberagens mágicas, cura radicalmente; e, se a morte
do exercício da medicina astral, e muitos casos tem. s~~o
está próxima, a sua magia pode fazer voltar a vida.
resolvidos pelo bisturi doo.espíritos, quando a medícína

terrena já não os pode resolver.


Nas Umbandas que se praticam ultimamente, nem
Aproveitando a oportunidade 'Para o, e~cerramento
todos os médiuns são capazes de receber como entida-
deste capítulo, quero demonstrar de público, o m.eu
des os elementos das Ialanges dos POVo,shindus. En~
agradecimento sincero à entidade do Astral Supenor
tretanto, quando acontece que um bom médium pode.
que me acompanha, e que, atendendo pelo nome de
trabalhar com esses "Orixás ", os seus trabalhos não po-
"RABI K Y AMANSU " como meu "Guia Espiritual"., me
dem absolutamente enquadrar-se com as manifestações
tem dado a conhecer as maravilhas do mundo espiritu~l,
comuns das demais entidades do espaço.
através da sua fílosofia sublime, dentro da concepçao
_Os hindus, por serem entidades de grande luz espi-
perfeita, de uma Umbanda puramente divina.
ritual, _epossuidores de poderosa força fluídíca, sã? tam-
bém por demais exigentes, e seus trabalhos e maníresta-

----------------------- Page 84-----------------------

A UMBAtroA 'ATRAVÉS D9S SÉCU.LOS 175


Concebe-se na Umbanda a existência de. um Deus

Supremo, que é considerado segundo a interpretação

dada pelas entidades "PRETOS VELHOS" como o

",GANGA MAII?R", ,chefe da Corte de Obatalá, e cujo

ftllho.,Jesus Cristo, e o seu ORIXA MAIOR ou Pai dos

Orixás. . '

Pela divisão da U'mbanda em sete (7) Cortes; cou-

be a cada entidade a incumbência de dirigir como ehe-


CAPITULO XIV
fe, o seu setor, designando-se esse chefe. pelo nome de

"ORIXA", resultando daí a denominação desse termo

dada aos espíritos superiores que dirigem os diverso~


ORIXAS DA UlVIBANDA
planos espirituais, sendo esses os chamados "ORIXAS

MAIORES", os quais por sua vez contam com o auxílio


Considera-se na Umbandacomo "ORIXA", toda e
dos Oríxás Menores, que são justamente todos os inte-
qualquer entidade do Astral Superior, que, na qualidade
grantes da "Corte de Aruanda",
de Guia Espiritual, é evocada nos diversos rituais ou

Pelo exposto, conclui-se que os Oríxás Maiores são


trabalhos nos quaís se depositam a fé -81 os altos destinos
dessa seita.
todas as entidades máximas que demandam dos Planos

Superiores as suas ordens, e que 03 Oríxás Menores, são


Os Oríxás dividem-se em duas categorias ou clas-

os seus subalternos.
ses, perfeitamente distintas, de acordo com :0 estabele-
cido pela thierarquia existente nos diversos planos espí-
Para que um espírito atinja a condição de Orixá ,'
rituais.
necessário se torna que esse espírito ascenda aos degraus
A palavra Oríxá tem a sua origem nos dialetos afri-
máximos na escala espiritual, qualidade essencial de

purificação perante o Supremo Criador de todas as


canos, e por essa razão criou-se uma concepção toda

cousas.
especial, para a designação das entidades, que dominam
nas manifestações espirituais .. ' '
Qualquer espírito pode chegar a esse grau máximo,
Pelos motiv:os que acarretam a ínríltraçãodo cato-
desde que, redimido totalmente de suas culpas, e, tendo
licismo nas nestes da Umbrunda, não só devido às im-
passado pelos vários subplanos e planos a escala hie-
posições do Tribunal da Inquisição, como também pelo
rárquica da espírítualídade, chegue ao ponto primor-
domínio exercido sobre os negros, pelos missionários
dial da perfeição. .
católicos, considerou-se como fazendo parte da Supre-
Não precisa ser considerado como Santo, na inter-
ma Oorte de Aruanda todos os Santos que a Igreja Ca-
pretação dada pela igreja católica, para um espírito se
tóliica canonizou; entretanto, na verdadeira Umbanda,
tornar num Oríxá, pois, na Lei Espírita não é conhecida
qualquer espírito purificado pode se tornar um Oríxá,
essa condição, uma vez que apenas se concebe como
independentemente de ser ou não canonizado pela
espírito de ItUZ,todo aquele que grangeou de Deus a
igreja, bastando para isso que tenha alcançado a supre-
suprema ventura de elevar-se perante ° seu conceito
ma gtóría da elevação espiritual.
nas:cop.çUç{)e~impostas pelas leis cármícas. . . I

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176 ALUIZIOFONTENEh~E
A U~l?A,NDA ATRAVES DOS ,SÉCULOS 177

, Na escola da espíritualídade existem duas concep-


que esses são os espíritos "GUlAS" e "PROTETORES"
ções perfeitas no que diz respeito aos espíritos, compre-
que baixam nos diversos terreiros e centros espíritas;
endendo-se do seguinte modo essa questão:
Por essa razão foram considerados' pelos primeiros
Primeira: - Existem os espíritos puros propría-
praticantes da Umbanda , e mesmo na ma~oria das re-
mente ditos, os quais integram a corte máxima do reino
ligiões fetichistas hoje existentes no Brasil, como fa-
de Obatalá, sendo que esses espíritos nunca passaram
zendo parte do seu cortejo de divindades, todos os san-
pela fase da reencarnação; e, como tal, são considerados
tos mártires reconhecidos pela igreja católica. Entre-
Arcanjos, Anjos e Serafins. Estes, são' chefiados por
tanto os ve~dadeiros "ORIXAS" da Umbanda não são
r São Miguel, que ocupou o lugar que era destinado a
na re~lidade somente esses santos; e sim, todo e qual-
Lúcifer, antes da sua derrocada fatal. Neste caso não se
quer espírito que possua "Luz Espiritual" e "Força Fluí-
encontra incluído o espínito de Jesus Cristo, Pelo fato
dica" bastante, para continuarem, como enviados ~
de que, a sua missão como fiLhode Deus junto à terra
]:?eus, a prática da caridade e os ensinam:z:ttos necessa-
não desmereceu absolutamente a questão hierárquica da
rios para a evolução do homem e do espírito, contra a
espíritualtdade, de vez que, segundo as leis divinas, ne-
forca de "SAT:ANAZ",rei e senhor das trevas.
cessária ~e tornaria a, sua vinda a este planeta, na
~Para que houvesse esse perfeito equilíbrio, foi que
qualidade de um verdadeiro homem, porém, dmbuído de
Deus lªI+çou sobre 'a face da te:ra ar "~UZ :Ç>f\ UMBAN-
qualidades puramente divinas, Como um verdadeiro
DA", que forçosamente reunirá todos os elementos do
Deus.
"Cosmos Universal ", 'integrando-os numa única condi-

ção: "O .A:PERFE[ÇOAMENTOUNIVERSAL".


A essas entidades não se deveria chamar de "Ori-

Dia virá em que as próprias talanges do mal se con-


xás", e sim, de príncipes de Deus, pelo fato de que, a
cretizarão numa concepção única, unindo-se aos bons,
interpretação dada ao Orixá, é de serem esses elemen-
para que se cumpram as Sagradas Escrituras, unifican-
tos considerados como espíritos que passaram pelas di-
do-se desta maneira o único reino perfeito, que teve
versas fases da reencarnação, e) pelo fenômeno da LEI
início na formação dos mundos, quando Deus prometeu
CARMICA, atingiram a plenitude de suas formas espi-
ao homem O' verdadeiro paraíso, ou sej a a "GLóRIA
rituais.

ETERNA".

Segunda: - Existe nos diversos planos espirituais


Desta exposição, concluímos que: na Umbanda,
a segunda concepção que se faz dos espíritos, sendo esta, .
propriamente dita,seus Orixás Maiores são representa-
a .designação de "EGUN", que é dada a todo espírito
dos pelos clhefes de Cortes, ao passo que seus Oríxás
que abandonou o invólucro material, (espírito de mor-
Menores s13t..0odos os espíritos integrantes do "POVO DE
to) e que está sujeito a várias encarnações, dependendo
ARUA.l\JDA" ou "Primeiro Céu", de conformidade com
exclusivamente do cumprimento das leis cármícas,
as explicações dadas pelas própnías entidades que cola-
Aos Eguns que atingiram a perfeição espíritual Ihes
boraram na, confecção desta obra.
é dada pelo Altíssimo a condição de tornarem-se "OR!-
Assim, pois, considera a Urnbanda o seu reinado,
XAS", derivando dai o conhecimento que se tematra-
tomando-se pOJ,' base a sua verdadeira divisão, integrada
vês das práticas e rituais cultuados nas trmbandas,; de
pelas seguintes entidades:

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178' ALUIZIO FONTENELLE

A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 179

OBATALA: ~Chefe_ Supremo da Umbanda, Deus, na


Como a finalidade deste capítulo é descrever apenas
concepção de: Pai, Filho e Espírito Santo.
os orixás da Umbanda, deixo de completar a escala es-

piritual desta seita, uma vez que, iria tratar dos Agen-
JESUS CRISTO - Filho iie Deus - Pai dos Orixâs.

tes do Mal e dos espíritos atrasados ou obsessores,ponto


MARIA SANTíSSIMA- Mãe de Jesus Cristo: - Chefe
este que não condiz absolutamente com esta parte que
da Corte de Oxum - (Oxum, representando o ES-
acabei de citar.
PÍRITO SANTO - 3~ pessoa-de Deus).

ARCANJOS: - São Miguel, São Gabríel, São Rafael,


São Ismael.

ANJOS: - Legião de milhares de espíritos puros, inte-


grantes do Reino de Deus.

SERJAiFINS -: Legião de milhares de espíritos puros,


chefiados pelas legiões de Anjos, s ob as ordens de
São Miguel.

ORIXAS .MAIORES: - Milhares de Espíritos purifica- ,


dos pela glória de Deus, inclusive todos os santos
mártires canonizados ou não. pela igreja católica,
que atingiram a plenitude de sua ascensão espiri-
tual. Nesta classe de entidades estão incluídos os
profetas, os apóstolos de Cristo e os reis sábios, que .
na terra tiveram incumbências divinas.

ORIXAS MENORES : - Todo o "Povo de Aruanda", no


qual se encontram os Pretos Velhos, Caboclos, Hín-
duas etc. etc., possuídores de "Luz Espiritual" e
"Força Fluídica", considerados com-o "ENTIDA-
DES" ou "GUIAS ESPIRITUAIS".

ESPíRITOS DE LUZ: - Eguns que atingiram elevado


grau espiritual, embora não possuam ainda "Força ·
Pluídíca", e que também são considerados como
"Guias Espirituais". (Não são considerados como
entidades) .

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A UMBAND,A 'ATRAVÉS DOS MCULOS 181

são os -veículos príhoípaís que regem esse fenômeno,

e o homem luta tenazmente, procurando na cíência mé-

dica, a eliminação parcial ou total do coeficiente deno-

minado "DOR". Entretanto, com o progresso que se

Vêm vérírícando através dos séculos, Deusvai aos poucos


CAPITULO XV
permitindo ao elemento humano, a descoberta de drogas

e tratamentos médicos que nos permitem, pelo menos,

amenizar em grande parte os sofrimentos físicos.


A MEDICINA DO ESPAÇO E O PODER DA

O fenômeno da morte é o responsável pela condição


VONTADE - MAGIA - PASSES E
humana, ria qual o homem busca os lenitivos para os
OPERAÇÕES ASTRAIS
seus sofrimentos, e o bálsamo para as suas dores. Lu-

tândo tenazmente contra essa forca implacável e des-


Existe em todas as condições da vida humana um
truidora que aniquila e destrói, e ~que,aliada ao fator
apego demasiadamente acentuado, no que diz respeito
primordial que é a ação do tempo, procura a humani-
ao "instinto 'de conse-rvação". O homem, temeroso da
dade sofredora, dentro da religião, uma explicação sa-
morte, procura por todos meios fugir a essa condição
tísfatória e os meios de ajustar-se à lei inexorável.
imposta por Deus, e, busca de todas as maneiras esqui-
Por outro lado, a ciência, Criadora e benfazeja , tam-
var-se a tudo quanto possa influir na derrocada da sua
bém, empresta um pouco da sua sabédoria com a fina-
existência material. Entretanto; vários fatores que di-
Íidade única de garantir, pelo menos algum tempo ,a
zem respeito à VIDA CÁ.RlVffCA, têm poder dominante
mais, a existência da matéria, que representa a fonte
sobre a vida humana, aos quais o homem, absoluta-
vital, da vida material do elemento humano.
mente, jamais poderá fugir.
Por essas razões, dizem os espíritas que a "MOR-
Não é somente o fator tempo, que influi nas con-
TE É A \t'1DA DA ALMA"; ao passo que outros, ín-
dições físicas e materiais do homem. Grande parte dos
terpretam-na das mais variadas maneiras. Para os sá-
nossos males físicos provém das nossas mazelas mo-
bios a morte não existe por ser um fantasma revelado
rais, de conformidade>com o dogma mágico, único e uni-
, . , .

horrivelmente pela ignorância e (f~aqueza dos Ieígos.


versal, que está na razão direta da chamada "Lei das
A morte, entretanto, é uma mudança de estado, na qual
analogias" .

o espírito abandona o corpo f'ísíco para integrar-se pe~~


As grandes paixões humanas, nas quais a humani-
feitamente em outra condição mais vantaj osa e mais
dade inteira se ímerge, são grandes causas para gran-
perfeita.
des males; e, de conformidade com a Lei CÁRMICA,
Para os crentes no espírítualísmo, a morte nunca é
os pecados mortais são assim denominados, pelo fato
instantânea, devido ao fato de operar-se esse fenômeno
de fazerem morrer física e positivamente os seres hu-
em gradações sucessivas, e lentamente, tal como no
manos.

sono, onde o espírito repousa ou se transporta a regiões


A dor física, nada mais ré do que uma condição im-
posta à carne, para a regeneração do espírito, em
do astral, fator esse perfeitamente concebível nos traba-
observância às leis que regulam a matéria. Os nervos
lhos de materíálízação. .
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182

A UMBANDA, ATRAVÉS DOS SÉOULOS 183


De acor~o com as leis espirituais, acredita-se que
a alma esteja presa à matéria, pela sensibilidade· e
mos verificar que, diminuindo a sensíbifidade, estamos
u.ma vez cessada essa sensibilidade, cessa a vida m~~
diminuindo a vida, pelo fato de que, tudo o que tiramos
ríal, ou melhor: a alma ou espírito afasta-se.
das dores físicas, influenciará forçosamente em proveito
Pelos vários fenômenos psicológicos, e mesmo pelos
da morte.
trab~lhos que se processam através do magnetismo, hí-
Por outro lado" se em vez de aplicarmos esses entor-
pnotIs:mo, etc., concebemos que o sono magnético é uma
pecentes nas operações cirúrgicas, os aplicássemos nos
letargía ou morte fictícia) sendo portanto passível da
curativos post-operatóríos, iríamos esbarrar forçosa-
vontade hfuma?a. _No entanto, quando num corpo se
mente num contra-senso calamitoso, pois, não seria con-
processa ~ etenzaça.o ou o torpor produzado por entorpe-
cebível que em determinados ca.sos, o paciente supor-
cen~es, tais como .0 clorofórmio, éter, etc., essa letargia
tasse devidamente a dor. Aí, entraria a questão da mor-
n:mtas ,:eze~termm~ ~uma morte definitiva quando" por
te, que é o complemento essencial do fenômeno da dor,
círcunstãneísj, e sp.eclals, a alma, sentindo-.se satisfeita
quando essa dor atinge ao grau máximo que o ser hu-
pelo seu desprenctJmento passageiro, faz como que um
mano pode suportar. Portanto, a morte entra a exercer ·
esforç.o para arastar-se definitivamente do seu corpo
o seu domínio sobre a matéria, quando a dor assume a
materíaí.

sua proporção máxima. A dor representa a luta da


M~ito tem lutado a ciência médica em benefício da
vida e, se a retirarmos totalmente da condição humana
humalll.dade, tentando extirpar a dor física· entretanto
pelo adormecimento através de entorpecentes, uma ou
se analIsarmos esse fenômeno, iremos enc~ntrar fatal~
outra cousapoderia acontecer: ou a morte do paciente
mente um ponto de vista que contraria sobremaneira as
sem a reação do organismo em virtude da ausência da
leis da própria Natureza.
dor, ou então, entre o processamento dos curativos, a
_ Se procura~mos examina:- detidamente essa concep-
dor voltaria e se tornaria contínua, seguindo-se o ritmo
çao, teremos dOISpontos de vista nos quaís nos devemos
natural da própria Natureza.
basear:
Em se tratando de espiritismo, mais uma vez as
Primeiro: Será possível abolir-se a dor com o em-
forças poderosas do mundo invisível vieram atestar a
prerzo do~ entorpecentes ou: do maçnetismo, para as ope-
supremacia dos espíritos, sobre os seres encarnados.
raçoes ctrurçicas ~em aietar os fenômenos físicos? " ..
Existe uma força essencialmente desconhecida, e que
Segundo: Será possível abolir-se a dor com a prática
pode operar os milagres tão comentados nas manifesta-
à?s entorpecentes, nos casos de curativos p ost-operaiá-
ções espirituais. Esses milagres são os que se conhe-
1"1OS, senu que esses mesmos fenômenos físicos venham
cem através da "MEDICINA DO ESP.A !ÇÜ",onde as ta-
,a sofrer qualquer reação? ..
langes, tanto do bem como da mal, podem perfeitamen-
. . Tan~o no primeiro como ~o segundo caso, esses pon-
te resolver a questão do fenômeno denominado "Dor»,
tos de VIst~_pod~m ser perfeítamsnts resolvidos; entre-
I/5€ID a necessidade do emprego de qualquer agente ex-
tanto surgrrao ainda algumas considerações que devem
terior, que venha a intervir como paliativo no combate
ser levadas em conta, tendo-se por base o seguinte:
a essa condição imposta pelas leis de Deus.
., Empregando nas operações o Clorofórmio ou ou-
tro qualquer entorpecente, bem co~o o magnetismo, va-
Os espíritos podem operar e curar qualquer ser hu-

mano, sem a intervenção dolorosa do corte, pelos Pr:?-

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184 ÁLUIZIO FO~TE~EtL~


A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 185

cessos materiais. A medicina do espaço, embora muí-


deve cultivar o poder da sua mente, na certeza de que
tos a desconheçam, está perfeitamente irmanada nes
novos hordzontes lhe abrirão as portas ao bom senso e
fenôn1ieTIios que se dizem espirituais, e hoje em dia, jáé
à razão.
comum ver-secam grande êxito, a realização de opera-
. Á . medicina espiritual, quando acompanhada de
ções astrais e de curas totalmente radicais, de índiví-
forte vibração, só pode trazer benefícios à humanidade,
duos que estavam integralmente desenganados pela me.
e estou certo que dia virá no qual grandes descobertas
díeína terrestre.
se farão no terreno da medicina material, onde a "DOR"

oassará a um plano de somenos importância.


Aliado à medicina do espaço, está o poder da von-
• A evolucão dentro da ciência, há de forçosamente
tade, no qual, o homem sente, através de uma vibração
sofrer o seu ~processo de continuidade, e as gerações do
toda especial, as características de uma força também
futuro não terão que enfrentar as vicissitudes dos sérios
poderosa, que' o anima e o conduz pelas sendas da es-
problemas da DOR FíSICA. ~í então, o ho~em ape-
piritualidade. Essa nova força dominante em todos os
nas viverá na terra em cumprímento ao fenômeno da
seres, é a fé no poder curativo das Entidades, a qual.
LEI GA.RMICA, onde as futuras reencarnações. passarão
grandemente acentuada, dará ao elemento humano a
a exercer-se dentro de um princípio simplesmente as-
convicção e a certeza do êxito total nas curas provoca-
eensíonal.
dás pelos espíritos.
':DaIcomo acontece comumente no terreno de todas
ElS praticas e circunstâncias mateniaís onde o homem
Um outro fator preponderante na existência huma-
precisa de um ponto de apoio' par.a se firmar, necessário
na, tê o que diz respeito à MAGIA, ou melhor: a MAGIA
.se to-:na <lu~ele procure manter a sua concepção, tendo
ESPIRITUAL.
em vísta urucam~~te um. desejo forte e perfeito, o qual,
Desde os prírnórdíos da exístêncía do mundo, que
baseado, ~uma fe Irre~tn~a) possa conduzí-lo ao perfei-
a magia vem exercendo o seu domínio sobre os povos,
to domínio do seu proprio eu. A forca de vontade o
baseando-se príncípaímente nos fenômenos que se dizem
d:sejo de obter aquílo que pretende, custe o quecust~r,
sobrenaturaís. Entretanto, a verdadeira magia, essa
da aIO h?~e.m nov:as energias, e,uma vez convicto de que
magia curadora e benfazeja, nada mais representa do
a sua~e .e maba~a.vel,,grandes progressos se conseguem
que uma condição imposta pelas forças da Natureza, na
~~. práticas esp~Tlt)U~isNã. o é s~~ente o fator supers-
qual o homem, possuíndo dons verdadeiramente supe-
~lÇ~~" que deve, ínfluir nas condIçoes ~'Umanas. Todo
níores, pode perfeitamente íntegralízar-se em melhores
~dIVldu,o ~evera cultivar essa força dominante que re-
condições.
stde no l~tlmo de cada um, e assim, grandes progressos
Numa Umbanda verdadeira e pura, a magia tem a
Ftlcançara n~ terreno das manifestações espirituais,
sua grande e poderosa finalidade. Um dos gr~ndes
,aquel~ que f~zer do seu subconsciente uma fonte de
princípios no qual se fundamenta a acertada teoria ~o
energIas dommadoras.
"SER OU NÃO SER", está justamente na Alta Magra.
Entretanto, para que se acentue cada vez mais o
Todo aquele que conhecer perfeitamente o que sejam
valor das irradiações benéficas que acompanham o ser
influências superiores, dominantes na plano material,
humano na sua trajetóriamatérial,ohomem pode e
há de forçosamente conhecer as teorias e fundamentos

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A UMBAND!l ATRAVÉS DOS SÉCULOS 187


186 ALtirzIo FONTENELL~

* * *
nos quaís s~ irmanam as condições do homem perante ó
Criador de todas as causas) o qual numa concepção pu-
ramente perfeita, nada mais praticou do que .a grande
Em todas as práticas espirituais, bem como em to-
arte mágica, quando deu início à formação dos mundos.
das as condições que ligam os fatores humanos ao cos-
Por esta razão, a Umbanda, quando professada devida-
mos universal, existe o dedo mágico de Deus, apontan-
mente, deverá ser bem compreendida, pelo fato de que,
da-nos os mistérios que nos envolvem. Assim, os passes
tuda nela se resume unicamente num dogma, o qual se
magnéticos dados pelas entidades ou guias espirituais, o
baseia nas revelações e nos cultos da ALTA MAGIA.
hipnotismi, as influências causadas pela auto-sugestão,

nada mais representam do que um dogrna místico de


Quem desconhece o que sejam fenômenos espiri-
alta magia, onde se apresenta a verdadeira iniciação
tuais, desconhecerá também o que a magia representa
cabalístíca, criadora das forças da espirítualidade,
para a evolução da humanidade. Todo e qualquer tra-
Quando num terreiro de Umbanda se recebem pas-
balha espiritual, somente é conhecido quando nele en-
ses, ou efetuam-se operações e procede-se ao tratamento
trar o fenômeno mágico, pois, magia e ciência se coa-
de moléstias por meio de rrtuaís próprios, o fenômeno
dunam perfeitamente.
que se apresenta é justamente o fenômeno mágico, onde

a força fluídica se irmana aos poderes mágicos da es-


O que os espíritos praticam, nada mais é do que
pirítualídade, sob as ordens das fontes criadoras desses.
pura magia; portanto, necessário se torna que nós.' os
poderes, os quais são emanados pela ordem divina, numa
iniciados na Umbanda, procuremos mostrar aos leigos
determinação imperiosa de poder e força,
todos os porquês dessa ciência, para que possam com-
Na própria significação do termo UMBANDA,essa
preender perfeitamente os fenômen?s. que l~g~~ o es-
força ou por outra, essa magia, se faz sentir através das
pírito à matéria, onde o homem se ve ímpossibilitado de
sete letras que o compõem, representando um signo CR-
descobrir a razão de ser da sua própria existência, e o
balístíco, que envolve todo um exército de forças sobre-
fator que o mantém preso à condição terrena. Aos
naturais, dominantes nos diversos planos, que formam'
grandes magos Ines foi dado o domínio do mundo, e
o aglomerado das fontes criadoras do homem e da Na-
assim aos espíritos conhecedores profundos dessa
tureza.
magn~ ciência, lhes é dado também .o domínio sobre os
Estudemos portanto a verdadeira magia que nos é
povos da terra. As ciências ocultas, a magia e todos os
transmitida pelos nossos "GUIAS ESPIRITUAIS"; e, es-
fenômenos que cercam a humanidade, são todos oriun-
taremos certos de que, o mundo de amanhã, estará a
dos da vontade divina, e por essa razão, no conceito que
salvo dos poderes maléficos que acompanham os ho-
fazem todas as religiões, encara-se esse problema de
mens através dos espinhosos caminhos que nos condu-
magna ímportncía como a fonte vital que domina as
zem pelas sendas tortuosas desta vída material.
criaturas humanas. A Santíssima Trindade, as chaves
do 'I'aro Adívinhatórío, as Clavículas de Salomão, a Pedra
Cultuemos uma Umbanda perfeita, onde as concep-
Filosofal, a Medicina Universal etc etc., são mistérios
ções que se formulam sobre as entidades espirituais

são de molde a instruir-nos, e nunca a deixar-nos num


que envolvem o mundo terreno, onde a MAGIA se faz
representar nitidamente. .
mundo de escuridão e ignorância.

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A UMBJ\.ND.j\ ATRAVÉS DOS StcULOS 189

na qlJaJ.i~adede, sábios" repre~entad~s .cabqlistic!1~ente

comó possuidore.s do Manto de Apolõnio; o domínio e o

poder, çle',Cof!tÍ'olaras fo.:rçasocultas ~a Nature~a, ou o

Btl$t.qo mágico dos patriarcas, conhecido nas leí de ka-

ballah.
CAPÍTULO XVI
il-a mesma forma que os cabalístas e. os magos, os

perfeitos .íntcíados na ~~i de. Umbanda lidam com a~

forças supremas de espmtuahdade! uma yez qu~ ~s e~


A UMBANDA INICIÁTICA - OS EXUS
tddades que manobram nas maniíestoções espírítuaís

utílízam-se de processos mágicos, ~m tudo semelhantes


E SUAS FALANGES
aos dogmas e rituais da Alta Magza.

Se fizermos uma comparação perfeíta, e levarmos


Compreende-se por iniciação, todos os tra?alhos o~
em conta tUdó o que se pratica numa sessão de Umba?-
estudos que se fazem, em prol ~e uma determinada sei-
da, vamos constatar perfeitamente a semelha~~a. ex;s-

tente entre uma ínícíação Umbandista e uma nuciaçao


ta ou religião, da qual se procura fazer do seu culto um
verdadeiro sacerdócio. Por esta razão, toda e qualquer
mágica. . .
religião possui ou deve possuir a sua corte de iniciados,
Nos rituais de magia, a lâmpada de Trismeglsto alu-
Data que exista verdadeiramente um culto, em toda a
mia o presente, o passado e o futuro, mostra~d~ 9: C'0:r:~-
~cepção da palavra. No catolicismo, a passagem, pelos
ciência dos homens e preservando as suas condições 11-
semináríos, daqueles que têm a pretensão de ordenar-se
sicas quanto aos fenômenos que os ligam materialmente
padres, nada mais exprime do que a INICIAÇÃO sa-
à terra. Do mesmo modo ao lançarem as entidades es-
cerdotal. Assim sendo, todo iniciado é um sacerdote da
pirituais os seus' "BúZi~s"l: ao riscare~ os s;..eus"P.~tos ",
sua religião. Na Umbanda que se pratica ultimamente
ao cantarem os seus hinos, nada mais estao pratIc~ndo
no Brasil, essa questão ainda não foi tomada na sua
dp que a verdadeira arte mágica. Assim cOJ?oo nume-
devida consideração, pelo fato de que a maioria dos seus
.I;Qnove (9) representa Para os mago~ cabalístas o dog-
praticantes, desconhecendo completamente o que seja
ma dos reflexos divinos,as 7 (sete) Iínhas de Umbanda
uma verdadeira iniciação, ju lga não ter a mínima ím-
do mesmo.modo exprimem a idéia divina em toda a sua
portância esse fator primordial, que é o verdadeiro co-
força, mostrando-nos os sete reinos pu poderes a~trais;

nnecímento das leis que dominam és planos espirituais.


Nos rituais de Umbanda, o manto de Apolônío esta

representado na índumentáría aprese12tada pelas. enti-


Aos que se dizem iniciados na Alta Magia, concebe-

dades espirituais, ao passo que o bastão dos patrtarcas


se essa iniciação, a todos quantos possuem três fontes

está bem representado e bastante definido nos ponteiros


principais de poder" e que .são: a força da inteligência
esclareeeâora da raéiio, conlíeéída pelos eabalístas como
que são atirados sobre os pontos riscados nos trabalhos
a Lâmpada de Trismegisto; o domínio de seus nervos e a
de cruzamentos e demandas espirituais. A arte mágica
••I
posse plena e intêgraí de si mesmos, que ós éol.oça em
da Umbanda é uma ciência que precisa ser bem estuda-

da, pelo fato de que, ao homem é dada a liberdade de agir


condição de superíorídaãs frente aos seus semelhantes,

e- de pensar, e, se desconhecer as forças que o cercam,

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A UMBAND,A ATRAVÉS DOS SÉCULOS 191


190 ALUIZIO FONTENELLE

tuaís da magia negra, onde a sua mente privileg"ia?a o


h.i.corre:r-ánum lamentável erro, deixando-se arrastar fa-
conduz ao perfeito contato com os entes que se dizem
talmente pela inconsciência da sua ignorância.
obrenaturais dominando desta forma as manifestacões
Denominava-se antigamente de Arte Sacerdotal e
, .

dos AGENTES MÁGICOS UNIVERSAIS, mais conneci-


Arte Real à ciência mágica, pelo fato de que a INICIA-
dos na gira Umbandísta com o denomínatívo de Exus.
çÃO dav~ ao sábio o domínio sobre as criaturas huma-
É preciso que saibamos de onde provém o mal, para
nas e força para dominar a vontade, tornando-se por
livrarmo-nos dele. Necessário se torna que ! aprofunde-
essa TaJi':ê.D um predestinado eutre os homens.
mos os nossos conhecimentos sobre as condições que re-
Om dos fatores que deve influir forçosamente como
gem às incorporações de entidades dos diversos planos
- privilégio de todo iniciado, é o dom da adivinhaçã~, o
espirituais, para que não admitamos erros clamorosos,
qual se concebe como sendo.,o c.?m:eciI::en~odos efeitos
que vêm de encontro aos preceitos que regem todos os
contidos nas causas e aplicação a ciencia, dos fatos,
trabalhos que se praticam na Umbanda, quando essa
conhecidos como dogmas universais, dentro de uma per-
Umbanda visa única e exclusivamente a prática do bem.
feita analogia. . ,
Concebe-se a INICIAÇÃO, como instrução educacio-
Aos iniciados é dado conhecer em resumo, a hístó-

nal, na qual o iniciado se instrui mental e espiritual-


ria e a vida de cada homem, pela razão de que cada in-
mente nos estudos das faculdades próprias da sua capa-
divíduo traz consigo estampadas na própria rísíonomía,
cidade e do seu esforço, em prol de um desenvolvimento
as condições cármicas da sua existência material e es-
maior, de percepção e força.
piritual. Por saber-se que o futuro é na ve~~ade .uma
Em outras palavras: resume-se a iniciação, em cul-
conseqüência do .passado, con~ebe-se no e.spmt~a!lsl ::lO
tua r duas espécies ou modalidades de mistérios dogmá-
que, todo espírítísta deve aprimorar a Alta IlllClaQao,
tícos, assim concebidos: Iniciação elementar ou a prática
para que o sacerdócio umbandista compreenda perfeita-
de mistérios superiores.
mente os altos significados das LEIS ESPIRITUAIS.
Na iniciação elementar, os trabalhos não compor-
Ao perfeito iniciado numa seita religiosa, o desco-
tam grandes conhecimentos, ao passo que na Alta Ini-
nhecido torna-se urna condição simples de pesquisa,e,
ciação, já os estudos dogmátícos são de molde a abran-
os poderes de que se torna imbuído como conhecedor
ger altos conhecimentos sobre ciências, metarísíca etc.,
profundo dos dogmas e mistérios da seita, nada mais
bem como o desenvolvimento acentuado das práticas
representam do que um ritual comum, que está acos-
ocultístas, nas quais se cultuam todos os rituais místí-
tumado a ver, professar e estudar . '
cos que comportam a ciência sagrada, a qual era minis-
, O iniciado não alimenta esperanças absurdas, e tão-
trada antigamente nos templos e santuários.
pouco concebe temores duvidosos sobre as manifestações
O fato de conceber-se na Umbanda a Alta Inicia-
espirituais, pelo motivo de que, não possuindo crenças
ção, não comporta dizer que todo Umbandista deve cul-
desarrazoadas, sabe perfeitamente o que pretende, em-
tuar tudo quanto concerne às Ciências Ocultas; pois,
bora muito lhe custe atingir o objetivo desej ado.
impossível se tomaria essacondição, pela razão que nem
Tornar-se um iniciado é estar a par de todas as
todos 00 .que se -aprofundam demasiadamente numa
condições que regem os cultos, e assenhorear-se dos mis-
determinada religião, são de rato conhecedores perfeitos
térios que envolvem os fenômenos espirituais. É estar
de tudo quanto lhe diz respeito. No entanto, seria pre-
senhor dos segredos que se apresentam nos dogmas e ri-

----------------------- Page 93-----------------------

I
192 ALUI ZIO FONTENELLE
A:V:rvmA~Dj\. .ATRA Vl!lS - DOS Sl!;CULOS

císo que todo Umbandista conhecesse pelo menos a sín-


nhecendo profundamente as ENTIDADES, írmanando-
tese dos fenômenos espirituais, a fim de evitar o desmo-
se perfeitamente com as condições que ligam o espírito
ronamento dessa concepção religiosa que é, acima
de à matéria, tornando-se por assim dizer, um
perfeito:"
tudo, perfeita em todos os seus pontos de vista.
SACERDOTE'DA UMBANDA. .
Um problema que se mostra por demais complexo
Perfeitamente integrados no que diz respeito à INI~
no que diz respeito ao culto umbandista, é just amente
a CIAÇÃO, são os adeptos e professantes dos
"CANDO--
questão do DESENVOLVIMENTO: _
BLÉS"; sendo porém, a interpretação dada a essa ini-
Geralmente costuma-se mandar para as sessoes
de ciação, como uma forma bárbara de cultuar
os preceí-
-desenv:olvimen.to, todo e qualquer indivíduo que se
apre- tos impostos a essa seita, que nos dias
atuais prócura
senta com pequenas qualidades ~e mé~ium, quand?
muí- conservar <todasas antigas tradições dos povos
que lhe
tas das vezes, essa qualidade nao existe, e o
.fenomeno deram a origem.
.
que se apresenta é, nada mais nada menos, do que. uma
Querem alguns escritores tachar como UMBÀNDA,
questão de animismo, próprio de pessoas mal
orienta- esses rituais ínícíátícos dos Candoblés,
quando na rea-
das; e, por esta razão, suj eitas a uma série de perturba-
lidade, essas práticas jamais se coadunam com a verda-
ções orgânicas que redundam, na maíoria dos casos, em
deira finalidade. e práticas observadas numa Umbanda
formidável MISTIFICAÇÃO.
cem por cento DIVINA.
. Nma perfeita iniciação umbandísta deveriam
ser 'Querer misturar Umbanda, com Candoblé ou Quim~
estudados todos os casos, ,e,8, preparação dos seus sacer-
banda, é ' o mesmo que misturar uma fina essência de
dotes poderia passar por três fases perfeitamente
dís- perfume ao conteúdo de! um .frasco contendo
simples
tintas, para que se conseguisse um êxito relativamente
água de uma torneira .
grande no culto dessa doutrina. . .
.-. O Candoblé, por- ser uma religião puramente íetí-
Em primeiro lugar proceder-se-ia ao preparo
físico chísta, e, pelo fato de sua origem bárbara,
pode conter
e mental do iniciado, onde se pudesse desenvolver-lhe
no. seu ritual, todas as fantasias exóticas que se costu-
os dons espirituais, evitando dessa maneira O'
problema mam apreciar nas camarínhas onde se
processam os -ri~
sério da m1stificação, pelo fato de que, não é possível en-
tuaís de iniciação das IAÔS. Entretanto, a verdadeira
caixar-se à força um GUIA ESPIRITUAL num médium,
Umbanda fogecompletàmente a esses absurdos, e a di-
quando esse médium não possui absolutamente
mediu- ferença entre ambas é de molde a não
deixar dúvidas
nidade.
quanto aos seus preceitos e finalidades. .
A seguir, viria forçosamente a concepção
perfeita Já é-tempo de se fazer a separação
entre o joio e o
da iluminação espiritual; e esse médium, consciente
da trigo, e, todo aquele que porventura desejar
conhecer
sua nobre função, passaria a uma outra escola, onde
a melhor o que seja de fato Umbanda, procure
entre os
doutrina abrangeria um estudo mais minucioso dos
te- seus adeptos o que mais conhecimento tiver
sobre essa
nômenos físicos e espirituais, que o enquadrariam
per- perfeita religião; bem como, procure entre as
obras um-
feitamente na sua condição de um perfeito iniciado.
bandístas.aquela que maiores e melhores esclarecimen-
Finalmente, dar-se-ia a INICIA:ÇÃOpropriamente
tos trouxer sobre as suas verdadeiras práticas, desde que
dita; aí então, o médium estaria apto a comunicar-se
estejam-escritas dentro de um preceito sincero, honesto,
com as altas camadas dos diversos planos espirituais,
co- e.sooretudo perreíto.
'

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W4.- . " A-L tr I Z I~O· , F O N T E 1'1E L L-E .,


A UMBANDA Al'RA VES . DOS SÉCULOS 195

. Que nos '.aqialltará: conhecer profundamente: uma


quando 'disse no meu primeiro livro "O ESPIRITISMO
Inlcíação do C'andoblé, quando não pretendemos abso-
NO CONCEITO DAS RELIGIõES E A LEI DE UMBAN.,.
lutamenteabraçar essa seita?
DA", que outras pedras seriam lançadaa em prol de uma
Melhor será que se conheça o trato' com as coisas
CODIFICAÇÃO DA LEI DE UMBANDA, dentro da sua
divinas; €i para isso, mister se ,faz que procuremos den-
verdadeira concepção e finalidade.
tro da verdadeira Umbanda um estudo ínicíátíco per-
feito, para chegarmos à conclusão de que será ela a fu-
tura religião que abrangerá todos os povos do universo.
OS EXUS E SUAS FALANGES
Nesta época de progresso que ora atravessamos, não
é mais admissível o processo de certos rituais bárbaros
Confome disse anteriormente] que um perfeit~ ini-
que não condizem com o meio ambiente ,em que vivemos,
ciado na Umbanda deveria conhecer de onde provem o
pois, os' sacrifícios e as perversidades que se' .pratícam
mal para Iívrarmo-nos dele, era preciso que esta obra
trazem-nos repugnáncca e estão em completo desacordo
conÚvesse, pelo menos, alguns dados sobre o que' se co-
com as Leis Divinas. A matança de animais e outras
nhece como AGENTES MAGICOS UNIVERSAIS, e as-
práticas dessa natureza, tão comuns nos cultos do can-
sim reportando-me a trabalhos feitos anteriormente, vou
doblé e da Quimbanda, já t iveram a sua razão de ser
neste capítulo transcrever alguns dados so~re os ele.
em épocas remotíssimas; porém, com o adiantado grau
mentos do mal ou espíritos das trevas, os quais na Um-
de civilização e mesmo com o elevado conceito das pró.
banda são conhecidos com o nome de EXUS.
prías entidades espirituais, já não se pode absolutamen-
Embora tenha comentado, se bem que sucíntamen-
te conceber .

te, nos primeiros capítulos deste livr,o, sobr~ a entldad~


. " Pratiquemos a Alta Magia, a Ciência Astral, e o
do mal, denominada EXU, nunca e demais esclarecer
culto da Umbanda, pondo de parte todas essas irregula-
outros pormenores dessa entidade, uma v~z que nec~s-
ridades sem ser preciso adotarmos esses rituais bárba-
sárío se torna que o perfeito umbandista seja de fato um
ros, uma vez que a verdadeira Umbanda disso não pre-
digno sacerdote dessa seIta.' . " .
cisa, e suas entidades espirituais possuem força suficien-
, Na terceira parte, capítulo X-O . E~~ através da
te para ~ prática de caridade, sem encenações e misti-
sua origem primitiva - seus nomes esotérícos - seus
cismos' absurdos.
caracteres eabalístícos ,..--.seus pontos cantados -: .seus
Para uma perfeita iniciação na Umbanda, não será
pontos riscados etc, da minha segunda obra espírítua-
apenas com o desenvolvimento de médiuns que se obte-
lista intitulada : "EXU", eu disse: ,
rão os resultados desejados. É preciso que esses elemen-
, "Por desconhecer completamente qualquer livro ?u
tos sejam doutrinados, instruídos e iniciados verdadeí-
tratado que esclar;C€Sse ao PÚ?l !co ~ que de ..fato eX1s~
ramente dentro de tudo quanto diz respeito a essa ídeo-
te nas diversas praticas do Espírttualísmo sobre as Entl-,
logía religiosa, para que tenhamos, no futuro, atingido
dades do Mal,' que com a denominação de "EXUS''' (Nas
o ponto máximo da nossa condição de perfeitos UMBAN.
Leis de Umbanda e Quimbanda) representam o que os
DISTAS;
C'atóUcos, Protestantes, etc ., denominam de De,J1ônios
, Esti:>Uao' inteiro dispor de 'quantos queiram comigo
ou Anjos M aus, e que na Doutrina de, Karde~ sao cha-
colaborar neste sentido e, mais uma vez,. tomo a arírmar
mados. de: EspÍl<itbs, do: Mal (também conhecidos como
----------------------- Page 95-----------------------

A LU IZrO FO: N T E'N E VI,. E


A 'UMBANDA ATRAWS. DOS_S~GULOS

espíritos obsessoresj , invocados nos trabalhos de MAGIA


subordinados, julgou-se no direito de ser maior que o
NEGRA; resolvi tornar pública mais esta obra, verdadeí-
próprio Deus. . . '
ràmente completa, sobre tudo quanto diz respeito. a essas
Por castigo foi-lhe imposta a pecha de "EXUD" (que
entidades. ,
quer dizer: povo traidor), e, enxotado, foi condenado a
Será necessário, entretanto, que se faça um parale-
habítar as profundezas da terra, tornando-se esse o seu
lo~ ante~ dei er:tr.armos no ass;mto e~ causa, para que
reinado.
nao surjam dúvídas quanto a veracídads das minhas
Aos demais anjos maus que acompanharam o seu
afirmativas, de vez que tudo o que aqui foi inserido não
chefe na revolta contra Deus, Ioi-lhes dada por ímpo-
é objeto de minha imáginação, e sim, uma exposição real
sição a situação de permanecerem sob as ordens do pró-
e verdadeira de como agem esses espíritos das trevas
prio Lúcifer, sendo-lhes apontado como habitação. o lado
pelo fato de que, foram as próprias Entidades EspirituaiS
oposto ao/EDEN (Paraíso Terrestre), situado no Orien-
que me trouxeram, através das suas explanações filosó-
te '- Ilha de Ceílão - permanecendo como espíritos em
ficas ~ doutrínárías, os ensinamentos necessários para a
estado embrionário de formação.
organização deste trabalho.
Entretanto, a designação de EXUD fOÍ sofrendo mar
,.. Orientado em grande parte pelos meus GUIAS ES-
dífícações, e já no original Palli, bem como no original
PffiITUAIS, pelos próprios EXUS, e ainda: aliado ao
Hebraico, passou a denominar-se EXUS com a significa-
meu profundo conhecimento sobre a MAGIA, como sa-
ção de "POVOS".
cerdote que sou dos diversos cultos de Umbanda; além
Nota-se entretanto, que a significação de EXU nes-
de .eonhecedor real de todas as práticas que se exercem
ses dois idiomas era empregada especialmente para síg-
nos diversos "terreiros " onde se praticam os "Batuques"
nificar um povo menos protegido, isto é: um povo sobre
<CCa dobl '" "O .A " ,
n e~! tmçeres ", etc., posso perfeitamente, co-
o qual caíra o castigo divino, e: que hoje, a concepção
mo catedrático no assunto, mostrar-ine, o que é verda-
desse termo é empregada atualmente, nas Leis.de Umban-
deiramente um EXU.

da e Quimbanda" para distinguir as entidades do mal,


<?omo comp~emento deste livro, baseei-me nos co-
que dominam os seres quer encarnados quer desencar-
nhecímentos obtidos através de literaturas sobre ALTA
nados, que trafegam pelas sendas tumultuosas da pro-
MA(~IAJ,para que ficasse completa a exposição que pre-
vação.
t~~dI fazer, bem como procurei orientação em obras re-
Com o aparecimento de Adão e Eva, querendo estes
Iígíosas que bem definem a verdade sobre as atividades
conhecer justamente o outro lado do EDEN, cuja proi-
dos "G:€NIOS DO MAL" :

bição lhes havia sido imposta pelo Criador, foi que se


.A palavra EXU nunca veio do latim e nem tão-pou-
originou o "PECADO ORIGINAL", pois ao travarem eo-
co se ,of1~'mou de qualquer língua afrícana, bantu, gêge,
nhecimento com o mundo dos Exus, foram por eles ini-
ame-?ndIO, etc. Essa palavra foi pronunciada por Deus
ciados na maldade, e a seguir, sentindo-se envergonha-
na l~~gua IJUDICE (língua dos espirritosh quando por
dos da sua nudez, procuraram cobrir seus corpos.
ocasIa.o da revolt~ havída nos páramos celestiais, entre
Expulsos como foram do Paraíso, ficaram Adão e
o~ ~nJos que. faziam parte da suprema Oorte do Céu;
Eva, bem como todos os seus descendentes, à mercê dos
~J~cIfer, o anjo belo, pretendendo a supremacia dos di-
Exus, e daí" surgiram na face da Terra todos os males
reítos que lhe outorgara o, Criador,' como .c:hefe dos Seus
que atualmente nos afligem.

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198 •.. 'ALUIZ:IO ~FO.N.TENELL~E ·.

', . Querendo Deus compensar aqueles que naTerra de-


iremos forçosamente integrar a poderosa .falange dos
selassem alcançar a redenção de suas almas, impôs ao
elementos das trevas.
ho~em. o voto de reger-as a si próprio, procurando no
Eles atuam da maneira mais variada possível .. Mos-
,sa~rlfíclQ, no sofrimento e na dor, elevar-ss no Seucon.,
trám-se mansos como cordeiros, porém o seu íntimo é
ceíto, até que pudesse atingir novamente a plenitude
uma gargalhada demoníaca de gozo.
de sua forma" como espírito perfeito.
, Poderemos usá-tos também como arma contra os
'Os filhos de Adão e Eva, multiplicando-se por or-
malefícios que nos fizeram, pois, interesseiros como são,
.dem do Divino Criador, espalharam-se pela terra, e hoje,
tanto se lhes dá que seja nossa ou de outrem, a alma ou
desconhece dores de tudo quanto. encerra o mistério da
espírito que pretendem arrastar.
.criação do m~ndo, entregam-se, completamente cegos, a
Todo aquele que desconhece as Leis Espirituais, e,
tl!do quanto Julgam poder dominar, sem a mínima no-
iludido pelas pregações católicas, protestantes etc. crê
çao de que o liure arbitric que pensam possuir, é apenas
aue os praticantes do Espiritismo lidam com Demônios,
uma modalídads de se afundarem cada vez m~is na ín-
.está cometendo um grande erro, pois, não possuindo o
'eonscíencía e no desespero.
:h9mem força suficiente para controlar os seus maus
.. ~inguém faz ~udo aquilo que quer, pois, uma força
instintos, aí sim, é dominado facilmente por esses ele-
supenor no~ ~omma; e, se conseguirmos muitas vezes
mentos, e o resultado é sofrer ainda mais as persegui-
um cer~ obj etivo, o resultadr, final está aquém da nossa
ções das falanges de Exus, fato esse que raramente
v~rdadelra co~preensao, pelo fato de desconhecermos o
acontece a quem, cultuando a verdadeira prática do Es-
dia de amanha.
piritismo, e, tendo a seu favor a proteção dos Guias Es-
É preciso que se saiba que os Exus exercem desde
pirituais que os dominam e trazem sujeitos às suas von-
.os prímórdíos da criação do mundo, um domínid ínten-
'tades, pode perfeitamente dominar esses Exus, utili-
80 so?~e os homens" e, pela Lei da Compensação, Deus
zando-os como escravos e não como obsessores,
permItIU aios descendentes de Adão e EVa que outros
_ - Nà Quimbanda, 0.$ Exus são invocados para os tra-
elementos mais. fortes os dominassem,' porém, esses ele-
balhos- de Magia Negra, e os resultados são sempre fu-
mentos, cuja denominação é 'conhecida com diversos
nestos, de vez que a inconsciência dos homens é de mol-
nomes, tais como: Entidade,s Guias EspiTituais, Orixâs
de a procurar apenas o prejuízo para o seu semelhante.
et.c. l~tam tenazmente contra 03 elementos do mal,
É muito comum hoje em dia, mesmo entre os ele:-
para Iívrar-nos das perseguições e de tudo quanto nos
mentos da alta sociedade, verem-se casos de larga pro-
retarda o progresso espiritual.
:cura aos Quimbandeiros, para que estes realizem traba-

'lhos de "macumbas", "feitiçarias ", "despachos!' etc.,


Os Exus possuem força poderosíssíma e se não to-
. - ,
com a finalidade de conseguirem desmanches de casa-
marmos CUIdado e nao nos apegarmos aos nossos guias
mentos, aproximações de amantes,enfim, uma série de
esp irituais, fracassaremos redondamente na senda pe-
"trabalhos" próprios dos Exus, num crescer constante
rigosa que é a existência humana.

de maldade, perversidade e falta de bom senso.


PodeD?-o~ Exus dar-nos forças suficientes para com
Pelo exposto, chegamos a uma conclusão de que d_e-
'Q; mal prejUdICarmos [os nossos semelhantes, porém. pro-
vemos conhecer perfeitamente as falanges do, MAL, tao
,vindo essa força dos gênios do mal se nos. descuidarmos
, .. -.. " .. - .,
bem como conhecemos as falanges do BEM. ,1

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200 A L U IZ I'OFO N 'l' EN E L LE

. '~or não querer expandir-me em tudo quanto diz


respeito ao povo de EXU, prefiro que o caro leitor caso
esteja interessado, adquira a obra anteriormente citada
pois, nela encontrará todos os conhecimentos que dese~
jar obter sobre essa respeitada entidade.
. . Quanto às falanges ~o POVO DE EXU, pelos grá-
rícos :ep~ese?-~a~os no capítulo XII deste livro, onde faço
mençao a dívísão dá Umbanda, encontrará o leitor os
CAPÍTULO XVII
principais chefes que dominam na MAGIA NEGRA nas
suas devidas classificações hierárquicas. '
Aconselho a todos quantos pretendem conhecer pro-
,RITUAIS DA UMBANDA - CURANDEIRISMO
fundamente aUMBANDA, que procurem estudar meti-
eülosamente todas as CAUSAS e EFEITOS das manifes-
Concebe-se como '''RITUAL'' de uma religião todos
tações espirituais, para que não façam um, conceito errô-
os trabalhos práticos que se realizam com relação ao
neo de uma religião que está longe daquilo que, o vulgo
culto, os quaís incluem não só a iniciação propriamente
tem pretendido considerar eOOIlO "FEITIÇARIA" ou
dita, como também, tudo quanto diz respeito aoproces-
."BAIXO ESPIRITISMO" .
-samento da evocação das entidades máximas, onde se
O espiritismo de Allan Kardecl professa a crença e
incluem as oferendas etc.
,a evocaçao dos '.'EGUNS" (Espíritos de mortos) , ao passo
No nosso caso, por nos interessar apenas o ritual
que a UMBAl' {DA, lida com os verdadeiros espíritos ílu-
:da Umbanda, deixaremos de parte as demais religiões,
~~mados, dos quaís muitos nem sequer passaram pelas
para tratar única e exclusivamente do culto Umban-
crversas fases de reencarnação. como é o caso de São Mi-
'dista.
guel Arcanjo e sua poderosa falange de Anjos e Serafins
Vários são os rituais que se praticam na trmbanda,
:' PCII'essa ~azão é gue se vêem nas práticas da UM.."
'nos quaís muita causa, ou melhor, grande parte é tira-
BA~A os ~mJagre,s tao anunciados, de curas e' graças
da de antigas religiões dominantes no mundo inteiro,
obtidas por Intermédio das poderosas forcas do MUNDO
'sendo que, na maioria, essas práticas já eram conhecidas
-ASTRAL SUPERIOR "
'através dos dogmas e rituais da alta magia, e que nos
'. Por sua vez, os "EX"(JS", controlados pelas forças
tempos atuais, alguns querem fazer crer terem sido
do B~M, e evocados por Umbandistas que os conhecem
.oriundos dos povos africanos.
p~r!elt~mente, também têm feito os seus progressos es-
A verdade entretanto, é que, tudo o que se faz COIIl
,pmtuals em busca" da perfeição e do EQUILíBRIO
respeito a ritual de Umbanda nada mais representa do
'UNIVERSAL. .
que seguír-se-na íntegra, os princípios básicos nos quaís

.a própria Umbanda se fundamenta, aliando-se, aos seus

trabalhos, as operações mágicas conhecidas desde tem-

pos ímemoríais.

., , Tornar-se-ia por demais extenso descrever, aqui,


j ',
tudo quanto encerra um ritual de Umbanda; entretan-

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-202 ALU IZIO FONTENEL~E

203

to, para que o prezado leitor tome pelo menos algum


conhecimento dessa matéria, vou em poucas palavras
Nas leiscabalístic~,s, esse processo de defumàção
procurar elucidar certas práticas Umbandistas, ao mes-
também é' usado em suas práticas. para a evocação dos
mo tempo que, comparando-as com alguns processos
poderes astrais, do mesmo modo que na Umbanda, o seu
antigos, mostrar a razão de ser dessas práticas, de vez
IMSO tem várias significações. Defuma-se um "terreiro"
que, tudo quanto Se concebe em matéria de evocar o
e as pessoas presentes, para acobertá-los das más influên-
sobrena tural, tem a sua finalidade e o seu ponto de vis-
cias, e para que se tenha bom ôxíto nas manifestações
ta esotérico. '
€liasentidades espirituais.
Para não falar em iniciação, tema este já abordado
Nos rituais de alta magia, o emprego dos perfumes
no capítulo XVI, começarei explicando o que represen-
e do fogareiro éem grande número, obedecendo en,.
ta um "DEFUMADOR" na Lei de Umban~a, e a finali-
tretanto, a sua classificação e uso, conforme as corres-
dade prática que isso representa.
pondências planetárias. O incenso pode e deve ser em-

pregado em toda e qualquer operação branca (Magia


DEFUMADOR

19raITca), pelo fato de que seus resultados são de mol-


O defumadol1, por se tratar de um ritual de alta
de a-produzir perfeitas manifestações espirituais e boas
magia, tem como principal fundamento o afastaments
influências astrais. Ao serem jo gados os perfumes ou
dos maus espíritos, que, segundo todas as crenças, são
ervas sobre as brasas do fogareiro mágico, deve-se ter
representados por uma tênue fumaça. As queimas de
em conta que toda a fumaça produzida traz nas evoca-
.ervas são concebidas como operações mágicas que pos-
ções um alto sentido vibratório, pois, através dessaru-
suem um poder natural, superior às forças ordinárias
maça, manifestam-se os poderes mágicos eas altas
da Naturza. Por ser de origem antíquíssíma o pro-
irradiações das correntes espirituais.
cesso dos def'umadores, trouxe-nos até a época atual
Utilizavam-se os antigos dos DEFUMADORES, para
a erença nos poderes benéficos dos perfumes queimados
es exorcismos mágicos, nos quais supunham captar
como incenso, e por essa razão, em todos os rituais reli-
para si as irradiações dos espíritos de luz. Assim, para
giosos essa prática é concebida, .ínterpretando-sa entre-
Saturno, queimavam enxofre; para Júpíter, açafrão;
.tanto por vários modos, essa questão. Na religião cató-
para Marte, pimenta; para o Sol, sândalo vermelho;
lica conhece-se o "turiinüo", que simboliza a divindade
paravênus, galo; para Mercúrio, mastique; e, finalmen-
-do, Messias por ocasião do seu nascimento, quando os três
te para a Lua, aloês.
"REIS MAGOS", além de outros. presentes, lhes ofer-
, Pelo fato >depossuir, a queima desses perfumes, um
taram OURO, INCENSO E MIRRA, representando as
alto significado, costuma-se, mesmo independentemente
forças da Natureza. O ouro, simbolizando a riqueza da
da questão religiosa, queimar "ALFAZEMA" quando
Terr~, e o i~censo e a mirra, como fatores mágicos, e' que
nasce uma criança, pela crença de que essa irradiação
só sao queImados, quando em Oferecimento aos verda-
:traz-nos alegrias e compensações. Portanto, todo aquele
deiros deUses.

que desejar, dentro de sua casa, paz de espírito e boas.


Esses perfumes divinos representavam um alto sen-
irradiações espirituais, deverá defumar constantemen-
tido eabalístíco, e o seu uso acobertava dos malefíclos
tesua resídêneía, bastando unicamente que o faça cons-
aquele que os utilizava. <:: . -:
ciente de queyao fazer esse trabalho, mantém sempre

----------------------- Page 99-----------------------

204
A UMBANDA ATRAVÉS DOS Sl!:CULOS 205

firme o seu conceito, e, procurando equilibrar os seus


incremento, .exercia-se o curandeírismo entre: as tribos,
bon~ pessamentos, busque a tranqüilidade de que tanto
com a finalidade de curar aqueles que se julgavam en-
precisa.
fermos, ou possuídos de seres infernais. Os curandei-
* * *
ros eram tidos como sábios, pelo fato de conhecerem

profundamente o uso de fórmulas químicas, obtidas


Pelo fato de que as sessões que se costumam rea-

com a íníusão de ervas e raizes, com as quaís obtinham


lizar nos "C'ANDOBLES", na "Quimb'anda", e mesmo
em alguns centros Umbandístas, não quer dizer que cer-
impressionantes resultados. Por outro lado, os curan-
·tos rituais efetuados nessas seitas, condigam perfeita-
deiros das, tríboseram também chamados "feiticeiros",
-. fente com a UMBANDA ESOTÉRICA E INICIATIC:A
pelo fato de que praticavam o que o vulgo chamava de
, .,
feitiçaria, por traba~harem com as correntes espirituais,
·que procura na verdade eultuar uma Umbanda pura e
·divina. As preparações para a abertura dos terreiros
n,a evocaçao de e1}t~dades.demoníacas. Durante o pe-
têm sofrido grandes modificações, e muitas práticas. já
r~odo da Idade ~.edla, mais acentuada se tornou a prá-
não são mais admíssíveís; por exemplo : os rituais bár-
tíca do curandeirísmo, estendendo-se até o período C'Om"
·baros foram totalmente eliminados. Os amalás foram
preendído entre os séculos XV e XIX. .
r~speitados até certo ponto, retirando-se deles a ques-
Na época atual, a questão do curandeírísmo deixou
·tão dos sacríf'ícios de animais, com excedo dos "Ebós"
quase que praticamente de existir, a não ser nas práti-
de Exu, quando esses ebós visam a prática do bem, e
cas exercidas por algunscultos Ieítíceíros, entre eles o
·quando. se trata;: apenas de pequenas aves. A questão
"CAN'DOBLtIt".Na Umbanda atual, entretanto, asau-
dos trajes também por seu turno foi modificada conce-
toridades policiais exercem uma séria fiscalização nesse
bendo-.se apenas a questão da aparência, evitando-se as
sentido, e representa crime contra, a saúde pública à'
rantasías berrantes, que não condizem absolutamente
exercício ilegal de medicina, arte dentáría ou farmacêu-
com a questão espiritual.
tica, o que preceituam os artigos 283 (Charlatanismo e
. '~uanto aos. demai~ processos que fazem parte dos
234 (Curandeírísmo) , do CódigoPenal Brasileiro .. ,
rl~uaIs umbandístas, tais como: Jôgo de Búzios, 'Pontos
Creio eu, que o curandeírísmo jamais deixará 'de"
RIScados, Pontos' Cortados, etc., continuam como parte
existir, pois existindo na realidade 0$ Espíritos de Luz
integrante dos trabalhos, por se tratar de alta magia,
e os Guias Espirituais, não deixarão eles de ministrar-
exercendo-se entretanto, essas atividades, de acordo com
nos os seus passes e receitar-nos os seus remédios feitos
as entidades que porventura dominarem nos diversos
com as "macaias" (ervas) por eles conhecidas, que bem
centros ou terreiros.
traduzem o perfeito conhecimento que possuem da me-.

dicina do espaço.
CURANDEIRISMO
Acompanhemos a evolução da Umbanda, e dia virá
· Concebe-se na Umbnada como "Curanâeirismo", o
em que a própria medicina se curvará ante a magia do-

minadora das poderosas entidades espirituais.


ato que os povos antigos praticavam, no exercício do
que hoje se concebe como "falsa medicina".
::-~N~s. anti.gas civilizações" onde o progresso era falho
ea prática da medicina ainda não havia tomado, i() seu

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~JO!N'GA"da Umbanda, tal como os cabalistas antigos,

nas evocações da ALTA MAGIA, utilizavam-se da cíên-

eía dos signos e símbolos mágicos para a concretização

das suas finalidades.

Na mesma Umbanda de dioje, tal como na Umban-


CAPITULO XVIII
da dos princípios do mundo, 0' princípio ativo e passivo

da Natureza' redentora está representado nos símbolos


A ALTA SIGNIFICAÇÃO DOS PONTOS
do esoterísmo.

CANTADOS E RISCADOS
Adão representou o tetragrama humano, o qual,

ligado ao ternário representado pelo nome de Eva, for-

mau o nome de
JEOV A, representando o tetragrama di-
Um dos, pontos mais altos) e de melhor significação
vino, que é a palavra mágica por excelência, na concep-
nas Leis de Umbanda, é o que se conhece pelo valor dos
ção dos grandes cabalistas.
SeJUs"PONTOS CANTADOS" e "PONTOS RISCADOS".

O triângulo de Salomão, significando o absoluto, e


. Em toda a concepção que se fizer de uma religião,

revelado pela palavra, representa o Sol, .que ~e mar:i-


vamos encontrar na "PRECE''', a condição máxima que
festa pela sua luz radiante, provando a manírestação
se pode ter para atingirmos, por meio de orações, as
eficaz do seu calor. Esse triângulo, ligado a outro"
bênçãos divinas. Sendo a prece uma cerimônia mágica
formando uma só figura, representada por uma estrela
de primeira ordem, por se tratar de um ato voluntário
de seis (6) raios, forma o que seconhece como o Usigno
que se concebe pelo pensamento, através de um desejo
sagrado do selo de Solomão", ou .es~rela brilhaI?-te ~o
de atingirmos os elevados planos espirituais até chegar
macrocosmo. O pentagrama, exprímíndo a domínação
ao Deus Supremo; consiste esse ato, apenas, no pronun-
do espírito sobre os elementos materiais, dá ao homem
ciamento. de palavras djtadas pelo coração, e,~mbora
os poderes de domínio sobre todas as manifestações es-.
contendo quase sempre as mesmas frases, dá ao homem
pírítuaís. Assim, de posse dos segredos ocultos 'da Alta
o direito de elevar-se perante os seres dívínos.
Magia; e, sabedores dos místéríos que envolvem are •,.
nO mesmo modo, os cãntícos que se entoam numa
presentação dos signos cabalístícos representados nos
sessão de Umbanda, são hinos de evocação a um deter-
"PONTOS RISOADOS" das entidades espirituais da
minado "Orixá" ou "Falange espiritual". Esses cântícos
Umbanda, estarão aptos à compreensão e ao cumprimen-
eu "PONTOS", são as preces que se fazem, quando em
to das LEIS D~VINAS.
determinadas condições, pedimos às entidades espírí-
tuais 'a proteção eo apoio de que tanto precisamos. Sob
, Para uma perfeita orientação aos leitores, darei. a.
a vibração desses "pontos", baixam os espíritos de luz,
seguir uma pequena explicação sobre alguns pont?s ris-
os "Oríxás da Umbanda" e todas as entidades do Astral
cados, bem como, outros tantos pontos cantados, ~ pro-
Superior, que, completando com os "PONTOS RISCA-
dados bem como outros tantos pontos cantados a pro-:
DOS", finalizam a magãa redentora e amiga, que nos
porç~ .que' fo:re~ sendo apresentadas as respectivas
acoberta de todos maleaíeíos. Essa é a maior "MI-
nguras,

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20&:
209,

PONTO DE SANTA RITA -- A Cruz de Cristo tendo em

volta a coroa de espinhos de Jesus crucificado.

PONTO DE SÃO RAFAEL - A cruz de cristo simboli-

zando a fé; a estrela do Oriente; as flexas cruzadas,

indicando a sua afinidade com' as falanges de cabo-

clos; e, finalmente, as três estrelas representativas

da magia, simbolizando os três Reis Magos;

PONTO DE SÃO JOÃO BATISTA - A Cruz-de- Cristo;

a bandeira da fé, cruzada com a lança, slgnífícando

a união com o povo de Ogum e as .raíanges de cabo-

clos; e. finalmente, as duas estrelas que simbolizam a

magia, denominadas como: .GASTOR~E ,--POLLUX,

símbolo dos gêmeos. '

FONTO DE XANGô:-Acruz;aBíbliaj e o raio 'cruzado

com a flexa, simbolizando o cruzamento das forças

da Natureza em as talangeaespírítuaís do.povode

Aruanda.
Figura 1
PONTO CANTADO DE' OXALA

(Festa de caboclos - descarga)


Na figura 1, vemos representados nove (9) pontos
riscados" 08 quais, a contar da esquerda para a direita,'
Jesus nosso redentor,'
partindo de cima, são:
Desceu para nos salvar,
A CRUZ - que representa a fé.
Chegaram os "Caboclos de Aruanda",
A ANCORA - que .significa a esperança.
Que vieram descarregar.
O CORAÇÃO - que nos dá o exemplo do maior de todos
Mais uma pemba, mais uma guia,
os sentimentos humanos, que é a caridade.
Meu 'pâl, diga o que é,
Esses três pontos são de Oxalá.
São todos "Caboclos de Aruanda"
A seguir, vemos o ponto de Maria Santíssima, re-
Que vieram salvar fílhos.de fé.
presentado por um coração circundado por uma coroa
. ~ .
de espinhos, 'simbolizando a passagem de seu filho Jesus
PONTO CANTADO DE MARIA SANTfSSIMA
Cristo, rumo ao calvárío,
Maria nossa mãe extremosa!
PON'I 10 DE N. S. DAS DORES - representado por um,
Baixai, baixaí como a rosa.'
coração trespassado por um punhal, símbollzando
Anda ver nosso povo de Aruanda,
a dor. . .
-'
Trabalhando no gongál '..:

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210
ALurZIQ '~ONTE~ELL~

A UMBANDA ATRAWS DOS SltCULOS 211


,Pe~a ~oss~ L-ei de Umbandal
Bal~al, baíxaí como a rosa,
Ma.fla. nossa mãe extremosa,
BaIXal, baíxaí como a rosa.

PONTo CANTADO,DE SÃO RAFAEL

(Pretos velhos)

Ora viva Sã,o Rafaé


Na Linha de Umbanda
Q;ue_vem saravá. ~ .
-Ora viva; São-Rafaé
Na cangíra de preto
Ele vem trabaiá.

,', - P0N'I10· CAN'1''' n.A' DE '


,. '.' .n..uv ' SÃO JOÃO BATISTA

S~. João Batista' é vem,


MInha gente,
Vem cb.egando de Aruanda
Salve a fé e a caridade,
S~Ive o povo de Umbanda.

Figura 2,
Sao, João Batista é vem minha gente
Vem chegando de Aruanda .'
Na figura 2, vêem-se representados também nove
Salve o P9vo'cor de rasá ' ,
(9) pontos riscados, os quais trazem as seguintes sígní-
Salve os f,llhos de tfmba~da.
tícações:

PONTO CANTADo- .DEXANGó (Exaltação)' .• '


PONO DE OXOCE - Oríxá da Umbanda, chefe da 4:]-

linha - Deus da Caça, Orâxá das Matas. Seu ponto


Qua~do a lua aparece,
está representado por uma 'cruz de reflexos, tendo
O Ieão da mata roncou'

duas flexas cruzadas simbolizando as falanges de


A passaI'ada estremece '
caboclos, estando a cruz circundada por quatro es-
Olha a cobra coral qu~ piou piou píou
trelas, que cabalístícamente representam os plane-
Olha a coral piou. " L 1

tas: Maxte, Baturno, Vênus e Júpiter,


Salve o p ovo de Ganga ô, '
Chego,UI seu rei de Umbanda,
PONTO DE COSME E DAMIÃO - A fé, representada
~rava, nosso pai, Xangô.
pela cruz com degraus e o coraçãosígnítícando ,Q.
. .
carídade; '

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212: -4:L U_I Z I O FO N 'r E N E LL E-

A UMBANDA ATRAVÉS nos Sll':CULOS . 213


PONTO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS _ (S'emirom-
ba - frades) - representado simbolicamente pela
Linhas' Oxalá, OXUni, Ogum e, Ox6ce;
cruz, tendo nos braços os rosários da fé e da carí-
mente de 4 , tidade (Caboclo Aimore), pede
dade. São Francisco de Assis faz parte da Legião
indicando que e~sa en 1 atro entidades máxí-

-a proteção ou ajuda dessas q~ degraus, significa a


de Semiromba, como Oríxá pertencente à 7'J-legião
mas da Umbanda. A cruz C? linha de Oxa-
que compõe a LINHA DiE OXALA (l'J-linha da Um-
elevação espiritw:l des.:a entIda~~ á: pedida. a Ma~
banda).

lá O coração, simboliza a cdan a 'a bandeira de

:.. O A flecha cruza a com '

mae xum. nta a f~rça espiritual onde se írma-

Ogum, repre~e
PAI FRANCISCO.--. LINHA DE XANOO _ Ponto riscado

nam os Orixas Oxoce e Ogum. _ _


da entidade espiritual que atendo pelo nome de Pai
Francisco de Loanâa, o qual traz como significado
o trabálho :executado sob a proteção de Xangô. A
Ponto usual riscado pela entidade

CABOCLO ZURI - t - , falange de Oxoce,


Cruz de Cristo, vendo-se nela enrolada uma cobra,
(Caboclo Zuri),. pertencenr~U:a ou "fechamento do
significa que o trabalho foi feito no ritual da Alta

quase sempre feIt~~afea~:monstra a sua afinidade


Magia, para fins de cura, contando ainda com a
e

terreiro onde esse f 1 s espirituais . Linha da


Proteção dos povos do Oriente, representados pelas
com as seguintes a ange ." fIe
três estrelas; e, ainda, pelas falanges de caboclos e
magia, representada pela cob~a e~o~~a::t:~~bO:
sob a proteção de Ogum, indicados pela seta e a
. cha termin~da na parte ~~pevlor fle~has cruzadas.
bandeira (cruzadas).

lizando a h~ha d~r~~:i~b:U d~ra:balhosexecuÜl;doS

representan o da strelas simbolizando a interf.e-


CABOCLO DE INH.ANÇA- Ponto de uma entidade cabo-
por Oxoce; as uas e . . te de-

A • . vos orientais' a escada com se


- ela, no qual a sua característica (duas flechas cru-
rencia -dos po tando os sete (7) planos espi-rituais;
zadas) indica que o trabalho que executa ou exe-
gra~s, re~~~~encircundando esses símbolos, um ~ir-
cutou, teve a proteção de Inhançã (raio), assistido
~~l~n!~ost~ de semicírculos representando as m ..._
pelo povo do Oriente (4 estrelas), representando 4
fluências do povo do mar. . .
planetas. _

ul ) Ponto riscado na Lei de


COSME EDAMIAO - INHANÇA - Ponto cruzado no qual
SAlO LAZARO (Om u tidade Lázaro, representada
as falanges de Cosmo e Damião trabalb(aram com
Quimbanda, ond~ a-be~a com Exu, Omulu, repre-

pela vela acesa, ra a d num desman-


a proteção de Inhançã, representado pela cruz de
sentados pelos dois tridentes cruza ~'negra. (Quàn-
Cristo (pedido de proteção a Oxalá) e o símbolo das
forças da Natureza (dois raios cruzados).
che de t.rabalho ex~;a:s°t'á n~i~~~ para o lado de

do o trídente de, a bem' ao passo que quando

cima, o trabalho e par ,0. !'r íustamente o


CABOCLO AIMO~ ~ Ponto usual-da entidade perten-
está em sentido con~rar:o, sigm ~c~d~nte podendo
cente à falangede Oxoee, representado pelo -cruza~
inverso No caso da direção desse ri .' - 'Ou
o trab~o estar sendo .dirigido com fms.bons

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A ÜMBANDA 'ATRAVll:SDOS StÓULOS' 21$


214

maus, d~pende.lldo apenas da evocação que se faça,


Como ele vemcon tente Semiromba,
onde ~X 1sta.a ínteríerêncía de outras entidades). A
Trazendo a nossa redenção
questão da mterpretação desses pontos é muito vaga,
Semiromba.
e muitas vezes, será preferível que as próprias entí-
dades os traduzam para aqueles que os observam
em trabalhos.
PlO~1TO CANTADO DO CABOCLO AIMO~

PONTO C.AJl..TlTADODE, OXOCE


A minha gonga tá roncando

Lá na mata.
Eu vi chover,
Ta roneando p'ra salvar
Eu vi relampear,
Filhos de fé.
Mas mesmo assim,
Ronca, ronca, ronca,
O céu estava azul.
Minha gonga
Samborê pemba
p'ra chamar a minha tribo
Folha de Jurema,
Aímoré.
Oxoce é dono do Maracajá (bis)
Oxoce é dono do Maracajá (bis)

PONTO 00 CABOCLO TUPAH1BA (Filho de Aimoré)


PONTO CAN,rADO DE GOSME E DAMIAO

Nós somos dois guerreiros,


(Na irradiação da faZange do mar)
Dois irmãos untdos,

Meu nome é TUpahíba,


São cosme e São Damíão
Sou filho de Aímoré.
,sua Santa já chegou;
Lá na tribo Guarani
Viela do fundo do mar,
Meu irmão chama Perí . (bis)
Que Santa Bárbara mandou
Dois, dois, Sereia do Mar!. ~.
PONTO CANTADO DO CABOCLO ZURI
Do~s, dos, Mamãe Iemanjá l. . ,
, DOIS, dois, Sereia do Marl ...
Chegou, já cheg,oiUque eu vi,
Dois, dois, meu pai Oxalá.
O caboclo Zuri

E Oxoce eu vi"
',PONTO CANTADO DE SAO FRANCISCO DE ASs1s
Em nome de Jesus,

Vem ajudar seus filhos


(Semiromba)
J A carregar a cruz (bis)

~~...Deus te guie Zuri,


Sen'liromba é vem, semíromba ....
..0:"Deus tedê multa luz (bis). 0.0.
.,-o'Com a cruz na mão semtrombe.
o ,

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~l6 AL U I Z
..'."""" ,"l O , ..I<: Q. t{ .:.r E)'f:ª~!-~Ji:

A UMl3ANPA A.TRAV:éS DOS SeCULOS 217


PONTO C~.ADO DE SÃO LAZARO

flecha apontando para a Estrela Guia, represen-


(Na irradiação de :Omulu)
tando as forças ocultas do reino de Obatalá. A cruz

~iI?bo1iza a fé, instituindo o dogma místico, "Quem


Dé, ré, é dá é dé
.. e Igual a Deus?"".
Ora dança Omulu'
l!: dê é- dá. (bis)

PONTO DE SÃO GABRIEL ~ Traz no seu símbolo, o

bastão mágico do esoterísmo, cruzado por duas fle-


.. ." ..,.. , ~
chas apontando para duas estrelas que representam
.'f. . '"',,"1. ~~: .. "o.
os planetas Mercúrio e Marte, tendo o sol, repre-
~<?(f)Ô·,...••.~
. . *- *
sentando a torça criadora da aNtureza. A cruz re-

presenta a fé, dndicando os místéríos que acompa-

nhariam a passagem de orísto pela terra .

.".."'.'..-* '~ ..4••••.


PONTO DE SÃO
JOãO BATISTA - Este outro ponto
" ~ i·' '"...
,).( . íF
de São. João · Batista, representa um símbolo esoté-

rico no qual essa entidade máxima chefia a falange

.... do povodo Oriente, representado pela estrela maior,


:.~..tendo apontado para o vértice uma seta, que sígní-
~.@.~l® '~*&o"(~~v .
" .ríca a força víbratóría das falanges de oxoce, As
. '. .." .'
+ • .' .
três. estrelas menores, representam o triângulo má-
~~~ . . . ""
..gico evocativo dos mistérios da Santíssima Trindade

,~.... ----.Pai;.:- Filho e Espírito Santo. As duas cruzes sim-

bolizam a fé na significação da ínícíação de Cristo


.'f\A~."'. CD®'.:
como mestre, e São João Batista, como seu pre-
:\6/.f J :,:
.:cursor.· ..

0'0 _\

Figura 3 .

-P0N'I10 DE ZARTU - O INDIANO - Símbolo de uma


risca~~ figura ~, vemos repre.sentados doze (12) pontos
entidade trabalhadora do povo do Oriente .-. ·3~ li-

a
. s, os quais, contando-se de cima p baí .
nha da Umbanda, onde Zartu é o chefe da l ..legíão
dIreção da esquerda para a direita ..' ara aixo, e na
componente dessa linha. A Estrela Guia, representa
• J vamos encontrar:

a Alta Magia; as duas lanças cr:uzadas, símnouzam


FONTO DE SÃO MIGUEL ARCANJO' .
".. as falanges por ele dirigidas (Rabis, Maometa-
pela balan' . ~ Representado
éPOS, etc.); o.meio ciclo lunar significa o esoterismo
. " ça cruzada por uma-espada !lame'ante
sIgnülCando a .J:orça dlV1~a dJl. j} .1;$.t~,Çal:~;p~re um~:~
:. ~:.~La.estrela com cauda, a íorça espiritual dos mon-

ges. (Lei de Kaballah). .

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218 '.. A L U I Z 1:o"ít' 6 N T EN E L L E


A UMB'AND,A ATRAVES DOS SÉCULOS 21~

PONTO DE 'SÃO JORGE DE RONDA - Duas espadas


PONTO DE' QUlRIIvú3ó - Sírilbo16 de amarração de
de Ogum, cruzadas, tendo ao alto a Estrela Guia,
. trabalhos, com a flecha apont~ndo para a Estrela
e embaixo a cruz de Cristo. Este ponto traz a sig-
. D'Alva, designando a Alta Magla.
nificação de trabalhos, nos quais está vigilante a
. .
entidade ou "Orixá" Ogum.
PONTO DO REI .cONGO - A Estrela da Manh~ (es~
trela branca), cruzada por duas, la~ças, e círcun-

dada por quatro (4) cruzes cabal 1stlcas. Ponto má:


PON'TlO DOS íND[OS CARAíBAS - Ponto de um caci-
ximo do Chefe da falange do povo do Congo (ReI
. que da falange dos caboclos que trabalham na Lei

Congo).
de Umbanda, representando um trabalho no qual
estão representadas as forças do Oriente representa-
das pela estrela do centro, com um arco e flecha
dirigindo o seu pedido ou ponto de firmeza para o
reino de Obatalá. Circundando a estrela maior, en-
contram-se quatro (4) pequenas estrelas, simboli-
zando os quatro signos de Zodíaco.

PONTOS DO POVO DA COSTA r- (Pai Cabinda) - Pon-


to riscado pela entidade Preto Velho Pai Cabinda,
significando a magia, representada pela Cl'UZ de
Cristo, a estrela do Oriente; três pontos mágicos; e,
circundando esses signos, rum triângulo que repre-
senta a força envolvente do dogma instituído como
~ .,. o segredo das pirâmides.

....,...~

BONTO DE JOÃO BATUJ!:- O círculo esotéríco, envol-


vendo a Estrela Guia.

PONTO :DE JOÃO BANGUU': - Símbolo da cruz, cru-


. _ -.zada com duas lanças. Entidade pertencente à Li-
:-. .ziha de Santo ou de Oxalá (1~linha da Umbanda),

PONTO DE VOVó LUIZA - Entidade Preta Velha, tra ...


Figura 4
balhando na ltnna de Congo. Ponto cruzado de duas
: ~... lanças unidas nas extremidades com uma corrente,
'Significando a interferência dos povos africanos de
.:~ : Na figura 4, estão repre~enta~os 12 pontoarãsce-
várias raças. . .
dos, os quaís são aS&im",constltuidos: -" ....

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A UMBANDA · AT ·RAVÉS DOS· SÉCULos 22 1..


220

PONTO DOCABOCLO VIRA MUNDO - Ponto máxímo


PONTO DE SANTO ANTONIO. (Amarração) - Traba~
lho feito por uma entidade da Unha de Santo An-
da entidade VIRA MUNDO (caboclo de Oxoce). A
tônio, mostrando o símbolo de amarração cruzado
rosa dos ventos (Lei de Kaballah) dirigida pela fle-
por duas flechas, indicativas da falange de caboclos
cha característica do povo das matas.
trabalhadores da Linha de Oxoce,
PONTO DO CABOCLO Da VENTO - Três flechas cru-
PONTO DE PAI JOSlÉ DE ARUANDA - Ponto de preto
zadas (caboclos de Oxoce) , estando a do centro di-
velho, representando o símbolo esotéríco dá sua ra-
rigida para a Estrela Guia. As linhas curvase em
Iange cruzado com a falange de caboclos; represen-
sentido paralelo, Indícam os planos astrais domina-
tada pela rlecha apontando para cima, em pedido
dores dos fenômenos atmosféricos (ventos).
de 'Proteção.

PONTO DE PAI VELHa r- Ponto de preto velho, repre-


PONTO DO CABOCLO JAVARI - Signo de .Salomão,
sentado pelo pentágono cabalístíco significando a
.dirigido pela ríecna característica dos caboclos da
magia, tendo no centro' a cruz de Cristo, símbolo
linha de Oxoce, apontando para uma pequena estre-
da fé.

Ia representando a irradiação do povo do Oriente.

PONTO DE PAI JOBA - O Z de Zoroastro (signo caba-


Iístíco) ladeado por duas cruzes representando o
PONTO DO CABOCLO URUCUTANGO,-- Caboclo da
princípio e o fim (o alfa e o ômega). Ponto de preto
falange de Oxoce das Matas. Ponto máximo dessa
velho, pertencente ao Povo do Congo.
entidade vendo-se dois círculos concêntricos cruza-

dos por ~eis flechas dirigidas para os lados direito e


PlONTODE PAI AGOLó - (Zudus) - Símbolo do Chefe
esquerdo, significando a união ele todas as forças
dos pretos Zulus. Trabalho de Alta Magia represen-
da Natureza.
tado pelo ponto de amarração.. irradiado para o
Povo do Oriente.

PONTO DE OXOCE CAÇADOR - O arco e a flecha sim-


PONTO DE TIA MARIA -.-- Ponto de preta velha (Povo
bóücos do Deus da caça. A estrela indicada pela
de Minas). A Estrela Guia, dominando as três pedras
flecha, significa que essa entidade "Oríxá", pede au-
mágicas, terminando cOpI a lança do povo do Congo
xílio ao Plavo do Oriente, ao passo que a estrela
em ziguezague (Interferência de 'Inhançã) .
situada na corda do arco, representa o domínio do

astro que determina o trabalho.' A segunda flecha


PONTO DO CABOCLO TARTARUGA DO PARA - En-
(fora do arco) representa a proteção e indica que o
tidade cabocla representada pela. flecha caracterís-
trabalho a ser executado requer persistência, para
tica do povo de Oxoce rdirigíndc o triângulo ésoté-
que tenha: bom êxito. .
rico representadona.Alta Magia.

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" A L'UI Z I O .F,O NT E N EL,trE'

A UMBANl'A ATR.4V$S DOS.S$:Om:..os


,'PONTO CANTADO DE SANTo ANI'óNI:O

Na figura 5, vemos os seguintes ~ontos riscados:

(AbertUra de Trabalhos)

Santo Antônio é de ouro tino (bis)


S'USpende a bandeira '
Que vamos trabalhar (ou encerrar)
Santo Antônio é de ouro f,ino (bis)
Arria a bandeira
Que vamos encerrar.

PONTO DE PAI JOBA (Preto. Velho)

Hoje é noite de alegria,


E o galínho já cantou.
Trazia a fita nos pés)
E a cruzlnha do Senhor.
!É de congo, é de congo, é de congo
É de congo,
No terreiro de Umbanda
FUgura 5
Preto Joba já baixou.
(É de congo, é de congo, é de congo
PONTO DO CABOCLO GUARA - (Caboclo da fala~ge
É de congo,
de Oxoce) . Quatro flechas dispostas em sentido
No terreiro de Umbanda
longitudinal e, paralelas, dírígídas por quatro estr~-
A proteção de Deus baixou.
Ias menores, sIgnificando a orIge~ dos astros dO~lll-

nantes, guiados pela estrela maior (E?~rela. GUla),

símbolo que justifica as afL'1i~ades espírítuaís dessa


PONTO DE OXOCE DAS MATAS - Três flechas em
entidade, com a linha do oríente.
círculo, indicando o símbolo da falange de Oxoce,
cortadas por um arco, e no centro deste, a estrela
PONTO DO OXOCE ROMP~MA'I10 - O triângulo e~o-
do Oriente, significando a interferência- desse povo
, téríco de Salomão tendo ao centro a Estrela GUla,
nos trabalhos realizados. '
dirigida pela flecha, em direção ao reino de Obatalã,

(CabQC1QÇta falange de Oxoee), , .

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A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 225


·ALUI Z 10 F Ó N TE N Ei;J.,'E' .
r " .••. ~, . -. • : : ~. : _ :~ o;: _- : :\
;PONTODÓ POVO DA BAHIA- SENHORDO BONFIM
PONTO DE SA .MiARIADE PAI BENEDITO :.......~,.(Pr:; eta
- Ponto esotéríco representado pelas falanges de
velha que se apresenta trabalhando em duas linhas:
pretos velhos, onde a cruz representa o símbolo da
Linha de Oongo, cruzada com o Povo' de.,Minas).
fé (Oxalá - Senhor do Bonfim), e o quadrado cor-
Quatro lanças de Congo, dispostas 'eni sen1lidcrin-
tado em diagonal, simboliza esoterícamente as ia-
verso uma da outra, e dil'ligidas pela Estrela'.Guia.
langes dos povos Bantus.

P0N'I 10 DE SÃO BENfll}DlTO- (Entidades caboclas) -


PONTO DE PAI JOBIM - (Preto velho da falange de
Três flechas dirigidas para Oxalá e cruzadas sobre
Oxalá). O quadrado esotéríco da falange, colocado
o símbolo de amarração (ponto místico utilizado
em sentido vertical, tendo ao centro o símbo.lo de
pelas entidades pretos velhos, em trabalhos de Ma~
a~arração, dirigido por uma plecha de Oxoce, síg-
gia branca ou Magia Negra" conforme a direção
nírícando que o trabalho foi feito com a 'proteção
dada à terminação da linlha onde termina o .cara-
de Exu, pej o fato de estarem, esses sinais, cortados
col). Esse ponto significa que o trabalho fói reali-
por duas linhas que se cruzam, terminando essas
zado com a proteção das entidades (Pretos Velhos)
linhas por uma pequena cruz.
qrue trabalham na linha de Oxalá, onde SaoBene-

dito é o chefe espiritual da Legião que tem o seu


P0N'I 10 DE MARIA REDONDA- (Preta velha da ia-
nome.
lange do povo de oongo). Dois ponteiros colocados
em sentido oposto um ao outro, tendo ao centro o
PONTO DE TIO AN'J 1ôNío - Preto velho da linha de
símbolo de segurança' ou' ponto central, onde geral-

Congo. Ponto 'Usual dessa entidade, onde se desta-


mente é colocado um copo com água.

cam as duas lanças de congo cruzadas, dirigidas

pela estrela do Oriente (povos níndus). A cobra,


PONTO DE MARIACONGA- A chave de Xangô Agojô

simboliza' os trabalhos de magia ou curandeirismo.


(São Pedro), cruzada por duas lanças representati-
vas do povo do Congo. (Ponto usual dessa entidade).

PONTO DE TIA MARIADE MINAS - A cruz de Cristo,


PONTO CANTADODE SÃO BENEDITO
colocada no vértice do triângulo de Salomão, repre-
senta o trabalho de Alta Mag.ia, confirmado pela
Oh! que santo é aquele
Estrela do Oriente (Proteção dos povos híndus).
Que vem acolá? ..

É São Benedito,
PONTO DE PAI JOÃO DE MINAS - A cruz de Cristo
,
Que vem ajudá!
colocada no vértice de dois triângulos concêntricos,
Oh ! que santo é aquele
significa que essa entidade trabalha na falange de
QUe vem acolá?!
Oxalá, pelo fato de ter a proteção da Estrela Guia.
~ São Benedito
Essa entidade pertenceao Povo de Minas, e pratica
Que vem trabalhá.
a Alta Magia. .

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A UMBANDA ATRAVÉS DOS S OUI,


ALUIZIO FONTENELLE
226

Na figura 6, vemos representados 12 pontos '1:1 Ur

dos, OS quais podem ser interpretados da seguinte ma-

neira:
Nossa mata tem folhas ...
Tem rosário 'de, Nossa S~nhora.,
PONTO DO PO~O DA BAHIA NA CANGIRA - Ponto
Arooira de. São :Benedito,
de trabalho do Candoblé baiano, onde está re-
São Benedito que nos valha
presentado o símbolo da Magia, vendo-se duas tle-
Nesta hora.
eblas cruzadas em direção do reino de Exu, ladeadas

por duas estrelas representativas dos povos do ori-


PONTO DE 1PAI BiE,NEDITO. (P-retos VelhOs)
ente e Ocidente.

Salve o. Rei, salve o Rei,


P0N!10 CRUZADODE INHANÇÃ E XANGó - Símbolo
Bênedito rio terreiro,
no qual a entidade cabocla da falange de Inhançã
Salve o. Rei. .
pede a proteção de Xangô. A:E.stre1ada Manhã (es-
Saivê. ai Eei, sai'fe 0 ~~i,
trela branca), tendo no centro o falia e três estrelas
,.' '" _. 4 .-... j , ).. '~'•• J - •

Benedito no terreiro,
menores, representa o domínio de Inhançã, pelas for-
'. %a\v~Zámb~ ~i. '
ças vivas da Natureza; ao passo que as duas flechas

cruzadas por trás da estrela, em direção aos lados

direito e esquerdo, simbolizam o povo de Oxoce. A

entidade Xangô está representada pelo raio de


Inhançã apontando para baixo, e pela estrela branca.

PO~O DlE B~I.ANADE MISSANGAS ~ Entdade que

Negra, representado pelos tridentes deExu, em-

zados sobre o bastão mágico do esoterismo.

P0NIJ;'O D~ BAIANA DE HJISSANGAS- Entidade que

trabalíha na linha de povo doCongo, com a seguin-

te interpretação: A cruz do Senhor do Bonfim (p0-

vo da Bahía): a Estrela Gu.ia; e, o rosário tendo no

centro uma estrela simboliza a falange de SemironL

ba (frades). O mar" representa a irradiação da fa-

Iange do Povo do Mar, na evocação de N. S. dos

Navegantes. (Iemanjá) .

PONTO PE JIMBA.R.U~ - Ent,idade que trabalha na

linha do Oriente, cruzada com as Ialanges de Ogum.


Figura 6"

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228, ALUIZIO FONTENELLE

A UMBANDA ÀTRAVÉS DOS SÉCULOS 220


Três flechas cruzadas (Oxoce) ; crescente lunar
, (Orien~e); quatro estrelas (planetas dominantes).
do povo do Oriente, representado pelo trabalho má-

gico indicado pelas flechas cruzadas drrígãndo-se


PONTO DO POVO DE JANGUAR - Entidade cabocla de
para dois astros (estrelas), e uma pequena flecha
da entidade Exu,
dirigida para uma espiral, que simboliza a força

magnética. A Estrela Guia (embaixo), dirige o tra-


PONTO DO POVO DE JANGlUAR - Entidade caboclo de
balho. IDntidade da falange de Oxoce.
Oxoce, cruzada com o povo do Oriente. Flechas em
direções e sentidos contrári~s, sigllJific~~ trabalhos
PONTO CANTI'ADO DE E~U GIRA-MUNDO
de magia, assistidos pelos sunbolos magicos .repre-
sentados pelo crescente lunar :e: a; Estrela GUla.
EU quero vê corrê,

Eu quero vê balanciá ...


PONTO DO CABOCLO DA PEDRA BRANCA - Entida-
Chegô Exu Gira-Mundo
de cabocla que trabalha na linha do Oriente. A fle-
Que vem na Umbanda trabaiá.
cha, representa o povo de Oxoce, drigindo o símbo-

PONTO DO CABOOLO DA SERRA NEGRA


lo hindu (estrela do Oriente).

o meu grito de guerra


PON'l 1OS DOS CABOClJOS 'i1APUIAS -. Falanges de

Reboou lá na mata, Iá na serra,


caboclos pertencentes à linha de Ogum, cruzados

O meu grito _de guerra


com a talange de. Oxoce, e que trabalham na linha

Lá na terra ecoou,
da magia (S. Cípríano). Ponto usual dessas enti-
dades.
Saravando todo o povo de Umbanda,

O Caboclo da Serra Negra,


PONT,O DOS OABOCLIOS TAMOIOS - Ponto usual des-
Chegou! Chegou!
sas entidades, trabalhadoras da falange de Oxoce.

P0N'J 10S DOS TAMOIOS


A flecha dírigída pará o reino 'de Exu, e dirigida
pela Estrela Guia, significa que o trabalho executa-
.Eu sou caboclo, eu sou Tamoio,
do foi de demanda espiritual, tendo a confirmação
Eu venho lá de Aruanda.
dos dois planetas (estrelas).' -
Eu sou caboclo, eu sou Tamoio,
PQN'J10 DO CABOCLO ÁGUIA BRANCA.:.- Caboclo de
Eu venho lá de Aruanda.

Eu sou caboclo, o meu nome é Grajaúna


Oxoce (ponto usual da entidade). Uma flecha gran-

Eu sou Tamoío, eu sou Guerreiro de Umbanda.


de, díríglda para a Estrela Guia; três flechàs meno-
res, .apontando para um círculo e um semicírculo,
PONTO DO CABOCLO ÁGUIA BRANCA
indicam o signo mágico das forças naturais.

Aguia Branca, que vem de Aruanda,


PONTO DO CABOCLO DA SERRA NEGRA - Ponto
ôi. .. vem sozinho
usual dessa entidade, onde se percebe a influência
Porém, apitando três vezes,

Sua falange vem ajudar !

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A UMBANDA ATRAVÉS DOS S'ÉCULOS 231
430 ALUIZIO FONTENELL'E

representa o. ponto esotérico do Caboclo da Lua. O

sol, é a representação smbólíca do Caboclo do Sol.

A flecna, traçada sobre o símêôío -de ámarraçâo, e

apontando para a Estrela Guia, signifi'ca que o Povo

de dgum é o dirigenteesplntual 'dessas duas enti-

dades.

rosno DO CABOClJODA PEDRA PRETA - SímbolO

de chamada dessa entidade, sob a proteção de Oxo-

ce. TrêS flechas apontando para a Estrela Guia,

representam a força vibratória dos planetas que di-

rígem o trabalho, representados pelas três estrelas

colocadas na cauda das flechas.

PONTO DO cABOCLO CAJA - Bônfu de chamada da

entidade desse nome. ~u .~Imb91~~s~~re~esen. ~~~~

pelas duas fleanas. côncavas e, ~~zadàs, córtaaaS

P9r um traço, sign!ficando a separação dos 'Planos:


Figura 7
Material e Espiritual.

PONTO DO CABOClfOTUPINAMíBá - Ponto usual 'deá-


Na figura 7, doze (12) pontos riscados, trazem as
aeguíntes interpretações:
sa entidade da falange de Oxoee, representado par

um arco e tíécna, urna outra Ilécha, dirdgindó a es-


PONTO DO CABOClJO ARIRAJARA - Ponto de cha-
trela mágica do Oriente; e o ponto de firmeza, mos-
mada do caboclo Araríjara da talange de Oxoce,
trando num pequeno círculo duas partes: uma bran-
representado por um arco e uma flecha dirigidos
ca é uma preta.
para o Reino de Obatalá. Uma flecha curva, apon-
tando para uma estrela, significando que a ralange
PONTo DO CAOOCLO UBIRAJARA - Ponto decba-
dessa entidade pede a proteção para a Estrela Guia,

rnada da entidade uPiraj ara. Está representado por


Os pequenos traços verticais, representam os cami-

três elerrientos ou símbolos: :A flecha, indicando que


nhos traçados.

esse caboclo pertence à falange desse "Oríxá"; a es"


PONTO DOS CABOCLoS DO SOL E DÁ LUÁ - Duas
pada de Ogum designando a interferência desse

povo nos seus trabalhós, éó arco caracteristic ·o dós


entidades irmanadas num mesmo trabalho (Cabo-
póvbs que trabalham na lihha das tnatàs:
clo do Sol e Caboclo da Lua). o crescente' lunar
• \ ... t .' •• , ., ~ t ~ 01 ~ j , '.'

----------------------- Page 113-----------------------

A UMBANDA. ATRAVÉS DOS'· SÉCULOS 233


232 ALUIZIO FONTENELLE

PONTO DOS CABOCLOSTUPAHíBA KPERI -' Ponto


cuj o esotéríco ou cadeia mágica, e a flecha, repre-

sentativa da falange de Oxoce. O traço cortando a


misto de duas entidades que trabalham na falange

flecha, significa a interferência do povo.da falange


de Oxoce representado por duas flechas dirigidas

de Ogum, a quem pertence essa entidade.


para um círculo (circula mágico)" dirigindo duas
falanges (representadas pelas estrelas).
PONTO CAN:TADODOS CABOClJOSDO

SOL E DA LUA
PONTO DO OABOCLOT.UPI- Ponto místico usual des-
sa entidade de: Oxoce; Está represetado pelo arco
Sarave o Sol, sarave a Lua!
entesando uma flecha, sinal característico de Che-
Sarave o Sol, sarave a Lua!
fe de terreiro. A outra flecha dirigida para uma
Que eu vou girar .
estrela (Estrela Guia), significa que essa entidade
Que eu vou girar .
trabalha em várias linhas, tendo o seu ponto fir-
Lá na mesa de Umbanda
mado, o qual está representado por urna circunfe-
Vou trabalhar.
rência pequenina, que tem um semicírculo branco
e outro preto, significando a magia.
PONTO CANTADODO CABOCLOURUBATÃO

PONTO DO CABOCLOARARIBóIA- Oaboclo da fa-


Chegou Urubatão de dia,
lange "deOxalá, cruzado com Oxoce, ,Apresenta-se
Que veio para os seus filhos, salvar:
'formado por uma cruz, Simbolizandoa l.illhadeOxa-
Rebentacorrenté de ferro e de aço;
lá, e duas flechas dirigidas para o Reino de Obatalá.
Estoura cadeias de bronze,

A lua vem saindo


PONTO DO CABQCltOARARANGUÁ- Caboclo da Li-
E o Sol já vai sumindo
nh.a de Oxoce. Duas flechas cruzadasventrelaçando
E vem para saudar a Estrela Guia
dois arcos também cruzados. Ponto de chamada des-
Eu trago em meu manto sagrada
sa entidade.
O nome da Virgem Maria!

PONTO DA CABOCLAJUREMA
PONTO DA CABOCLAJUREMA - Entidade da falange
de Iemanjá. A flecha simbólica de Oxoce, separando
Com 7 meses de nascida
o plano material do plano espiritual. A Cruz de' Cris-
A minha mãe me abandonou
to circundada por 7 estrelas, significando o Reino

Salve o nome de Oxoce (bis)


de Aruanda. Esse ponto significa que essa entidade

Foi Tupi que me criou. (bis)


(Cabocla Jurema) trabalha com as sete (7) linhas
de Umbanda. "
Ai companheiros de Jurema,
PONTO DO CABOCLOURUBATÃO- Ponto de chama-
, Ai de mim tem dó ii

Alde mim' meus "companheiros ... ~i;;.


d~ da entidade que trabalha com a falange do "Orí-
· d '. tã "

A 1 e mim ao 50.
xa" Caboclo Urubatão. Está representado pelo cír-

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234
ALUIZIO FONTENELhE

A UMBANDl\· l\TRAV:ÉS DOS SÉCULOS

PONTO DO CABOCLODAS ~ETE ENGRUZILHADAS-

A carídade interpretada pelo coração (Ponto esoté-

rico de Oxum) cortado pela flecha de Oxoce. Ponto

de reconhecimento dessa entidade, que trabalha nas

7 linhas da Umbanda.

PONTO DE SANTA BÁRBARA - Ponto de chamada


das entidades que trabalham na linha de Inhancã

(Santa Bárbara). Duas lanças cruzadas, tendo lia

abertura do ângulo, a espiral que simboliza as for-


'<'''''J'. '. "~""J ®~"'c,o ,~'IL ®'. "'- ' ,
.p 0,0 ~~ ~ " ~
ças vivas da Natureza, dírígídas pela Estrela Guia,
~ . "'- i -
~ • f .-
<t •• JIt n -

PONfrO DOS GAULESES OU ROl\lANOS - Ponto

de chamada das entidades que trabalham na Li.n.ha


i " i'" l;:} "~" /;~~•..,
do Oriente - 7~Legião, sob a direção de Marcus I.
='~@.' ~"'."-".'.--
A espada flamejante de São Miguel, atravessando
, * * - q - -
: "" .
duas lanças cruzadas (povo de Congo), e dirígídas
- -
pela estrela do onente, sob aptoteção do Reino
~

de Obatalá.

Figura 8

FONTO DOS CABOCLOSDO SOL E DA LUA (na irra-

diação de Xangô) - Ponto cruzado, onde essas-âúas


1 Na rígura ~, vêer:t~se._iep!_~s~ritaa12oS pontos rtsca-
entidades pedem proteção ao "Oríxá" xangô, para
aos, os quaLSsao assIm mterprêtados: . -
trabalhar na Alta Magia. A Espada de Ogum cru-

zada com a flecha de Oxoce, significa: a união das


PONTO DO CABOCLO GlRA~SOL- -A cruz com de-
duas ralanges, dírigídas pelas forças da Natureza,

representadas pela estrela do Oriente e o quarto


graus, simbol~ando a fé; a flecha de Oxoee dirigindo

crescente lunar (Xangô), irradiando os fenômenos


a ~trela GUla; e, o Sol característico do denomi-
natIvo da entidade. .
atmosféricos (chuva),

PO~~ I?O CABOCLO;DAS7 FLEÇH;AS - Sete flechas


PONTO DO CABOCLO DA S SETE ESTRELAS - As li-
dírígídas para o ~Im?~lo representativo da fa.1ange
nnas de Umbanda representadas pelas 7 estrelas,
de Exu Cavelra,-slglllflcaz:tdoque.essa entidade tra-
dirigidas pela estrela do Oríenté (pOVlOShinduis)
balhou ou tl'abalha na Alta M'agia., -
com a proteção de Oxoce (flecha dírígtda para o
Reino de Obatalá). .

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A UMBAND/I. ATRAVÉS DOS SÉCULOS 23 ·7

236 ~, AL U I Z I OF O N T EN E L i. E
CANTADODO CABOCLOARRANCA-TOCO

PONTO
roerro DO CABOCLOARRANCA-TOCO--....Ponto:. mís-

Na minha aldeia;
tico de chamada dessa entidade, onde se vê a sua

Eu sou caboclo;
afinidade com a linha de Oxum, representada pelo

Sou Rompe~Mato
coração. As três flechas cruzadas em direções opos-
E Arranca-Toco.
tas, significam o trabalho em várias linhas da Um-
Na minha aldeia;
banda sob a direção de Oxoce (deus da caça).
Lá na Jurema,

Não se faz nada


PONm DAS CABOCLAS- Duas flechas cruzadas sobre

Sem a I,.ei Suprema.


um arco, com a significação do domínio de Oxoce,
sobre a falange das caboclas que trabalham na linha
PONIlO CANTADODAS CABOCLAS
de Iemanj á.

JesuS prometeu salvar ..


PONTO DO .CABOCLOJAGUAR,IÉ- Ponto místico de
Quem a santa Cruz beijar . .
chamada dessa entidade (cabocloda linha do Orien-
Quem beija a cruz são seus fillhos,
te) representado por duas estrelas (astros dominan-
Quem salta cruz é judeu ! _
tes), e a flecha dirigda pela espiral cabalística.
PONTO CANrrADODO CABOCLOJAGUARJ !!

PONTO DO CABOCLOARAÚNA- O símbolo esotérico


Nas horas de Deus baixou
representado por um S deitado, cortado pela flecha
Na Aruanda, ar.uê... .
de Oxoce, significa que essa taíangé pertence à ta-
Nas horas de Deus baIXOU
lange de Oxoce, e trabalha na Alta Magia.
Na Aruanda, anuê ...

No terreiro de Umbanda chegou


PONTO DA FALANGE DOS GUARANIS-:Ponto de
O Caboclo Jaguaré!
.. chamada da falange de caboclos que trabalham na
No terreiro de Umbanda chegou
4'il linha da Umbanda (Oxoce); sendo o seu ponto
A falange de J~guaré !
representado pelo arco e a flecha característicos
desse "Orixá".
PONTO DA FALANGE DOS CABOcLOS GUARANYS

Eu sou oaboCloguerreíro.

Da tribo dos Guarams, .

Quando chego nesse te.rr~lro,


PONTO DO CABOOLODAS 7 ENCRUZILHADAS
A paz deve sempre ex:stIr.

.A falange dos Guararus,


Chegou, chegou,
É a falange da paz; _
.Chegou com Deus.
Quando baixa nesta- Tenda,
Chegou, chegou,
Amor e caridade traz.
O Caboclo das 7 Encruzilhadas.

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ALUIZIO FONTENELLE
A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 239

. elos). Dois machados cruzados c0!U duas flechas

também 'cruzadas e dirigidas por duas estrelas, sig-

nificam ás 'forças vivas da Natureza, representadas

também pelas quatro folhas dipostas em sentido

horizontal e vertical.

iPONTO DE OGUM-NARUÊ-, Entidades caboclas, que

trabalham .na falange de Ogum-Naruê. Duas espa-

das de Ogum, cruzadas, e dirigídas pela flecha de

Oxoce wxigiçl,!pelati ,Estrela Guia. O traço que separa

o centro da figura, indica a união entre as falanges:

qgurrl, e ~~,~. . .

PONTO DE SÃOJORGE - Ponto místico de Ogum (Ori .•

xá, da G:ll~r:rª,).Duas espadas cruzadas, tendo, a dí-


reç~9..çle;,WUt1 lança ctirgiçla.para a Estrela. Guia,

qu~ p"OJ; SUª,' ye9,é dominada pelo A.st~o-Re~(O Sol).

~' .

PON'l 1O DE OGUM-MEGlÊ- Cabo,çlosque trabalham

na falange de Ogúm-Megê. Duas espadas de Ogum,

cruzadas, e dirigi das pela linha que separa o mundo

material do mundo espiritual. Tem a proteção da

EStrela Guia, e obedece ao comando do povo de


Na figura 9, os 12 pontos riscados têm as seguintes
Oxalá . (cruz).
características:

,PONTO DE XANGô (Caboclo) - Ponto misto, onde a

. .' entidade Xangô dirige os trabalhos dos caboclos das


'pONTO DE OGUM BEIRA-MAR - Ponto de chamada
matas. Está representado pôr 4: flechas - cruzadas,
dos caboclos que trabalham sob a proteção e dire-
dirigiqa~_por dois astros (estrelas). O machado di-
ção de Ogum Beira-Mar. Está representado por uma
rigido para Obatalá, significa o domínio de Xangô,
espada e uma lança, cruzadas; a bandeira de Ogum
na realização dos trabalhos.
Guerreiro (símbolo das cruzadas), e o escudo. das
hostes de Diocleciano.
PONTO DE POVO CONGO - Ponto usual de apresen-

tação desse povo. A estrela da manhã. (estrela bran-


PONTO DE OGUM ROMPE-MATO- Ponto místico de
ca), representa o símbolo do povo Congo, e está di-
chamada dos caboclos que trabalham na falange de
rigida por cinco (5) cruzes, que indicam cabalísti-
Ogum-Rompe~Mato, onde- se apresentam as forças
camente cinco regiões pertencentes .à 7~ lin\~ da
conjugadas das entidades do povo da mata (cabo-
Umbanda (Linha africana). .

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240 ALUIZIO FONTENELLE

PONTO DE/ GERElRÊ, REI DE GANGA - Ponto místico


PONTO D {E OGUM ROMP~MATO
cruzado, onde se destaca o símbolo de Exu (triden-
te). A espada curva, representa o símbolo do povo

Eu vi parar o dia;
de Gererê (Povo de Ganga). A Estrela Guia dirige os

Eu vi estrela brilhar,
trabalhos de Exu.

Eu vi seu Rompe-Mato! ...


PONTO DE CAMlBINDA DE GUINÉ - Ponto de Pretos
Ogum das Matas,
Camblndas, cruzado com o povo de Exu.
Quem morar à beira-mar,

PONTO DE EXU NA IRRADIAÇÃO DE XANOO ~ O


PONIDQ DO POVO DO CONGO (Lmha do Mar)
tridente de Exu dirigido' para Obatalá significa que
o trabalho é dirigido por Xangô (flecha separando o
Os quindim, os quindim, os quindim,
reino de Obatalá do Reino de Ogurn - ou seja: o
Oh.! Monjongo,
plano espiritual separado do plano material).
Olha lá no má.
PONTO DE JOÃO DA RONDiA ~ Ponto místico de cha-
A minha terra é muito longe,

Oh! Monjongo, ninguém pode ir lá..


mada dessa entidade. Urna espada de Ogum, signi-

A mínha terra é muito longe,


ficando que essa entidade pertence à falange desse

Oh! Monjongo.
"Orixá", e está dirigida pela Estrela da Manhã (ir-

Ninguém pode ir lá.


radiada), significando que esse preto velho perten-

Ai, ninguém pode il,"lá,


ce à falange do povo de Congo.

Ohl Monjongo .
PONTO DE CAMBINDA DE GUINÉ - Pretos Velhos
Apanha Monjongo no má -:

. .... ~.'
Cambíndas trabalhando com a falange de Exu.
Apresenta-se com o seguinte significado: Duas curvas
PONTO CANTADO DE CAMBINDA DE GUlNt
dírígídas para a Estrela Guia (trabalho para o bem),
e, tridente de ~ dirigido para.o Reino de Obatalá
o Cambínda.de.Guíné,
(pedido de proteção).
Teu pai é Ganga!

O Cambinda de Guíné, , ,
PONDO GANTADO DE OGUM BEIRA-MAR
Teu paio é Ganga,

Beira-Mar ... auê beira mar,


Beíra-Mar , .. quem está de ronda
PONTO DE EXU NA IRRADIAÇÃO DE OGUM
m: militá!
Ogum já jurou bandeira
Olha -Ogum tá de ronda,
Na porta de Humaítá;

Migué tá chamando.
Ogum já venceu demanda
Eu não sei onde é, é, é, (bis)
Vamos todos Saravá.

Eu não sei onde é, é, é, (bis)

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AtUIZIO tONTENELL~
A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉOULOS 243

seguintes símbolos: O escudo de Ogum írradíado

pelos astros (12 estrelas), cruzado por duas espadas

(Ogum e Xangô).

PONTO DE OXUM - O pentágono de Salomão cruzado

pelo símbolo de Ogum (coração) dirigido pela flecha

de Oxoce. Este ponto significa que as entidades es~

pirítuais que trabalham na linha de Mamãe Oxum

(N. S. da Conceição) Legião das sereías, perten-

cente à Linha de Iemanjá , trabalham ou pedem

a confirmação dos Oríxás: Oxoce, Oxalá, e, realizam

trabalhos de Alta Magia. t

PONTO DE EXU TRANCA-RUAS --'- Ponto traçado da

entidade Tranca-Ruas num trabalho executado para

o bem, vendo-se representado o trídente mágico,

dividido pelo bastão esotérico da Alta Magia.

PONTO DE EXU REI DAS 7 ENCRUZILHADAS- Pon-


Fig'Ul'a' 10

to místico de chamada dessa entidade. A cruz de


.c t,". ,-- -'
Oxalá, dirigindo os sete caminhos (Sete cruzes) se~
Na figura 10, doze (12) pontos"ri~cados se nOI?apre-
. parado pelo tridente mágico, que divide o Reino de
sentam, corri as seguintes caracterlstlcas: ,
Obataíá do Reino de Ogum. Este ponto signífíca que
o trabalho ou trabalhos executados, visaram a prá-
PONTO DE EXU NA IRRADIAÇÃODE OGUM ----< iÉ um
tica do bem.
ponto cruzado, onde as entidades da falange de
Ogum trabalham de acordo com o P<?vode Exu. O
PONTO DE EXU~RE'I-; Ponto místico de chamada des-
tridente de Exu (magia negra), domina pela espa-
sa entidade. Significa que Exu-Rei tem os poderes de
da'flamej ante de OGruM.
trabalhar para o bem ou para o. mal, e em todas as

direções. Os trídentes formando uma cruz, unidos


PONTO DE OGUM NA IRRADIAÇÃO DE XAN~Ô r: ~ '
num ponto central.
também outro ponto cruzado, onde os Oríxás
Ogum e Xangô se irmm::am ~um m:smo trabalho,
PONTO DE ORY DO ORIENTE - Ponto místico da
dirigidos pela Estrela Gma. Veem-se neste ponto, os
entidade O1'y do Oriente (Trabalhador da 7<!- linha

----------------------- Page 119-----------------------

A UMBANDA ÀTRAV.ÉS DOS' SÉCULOS 245-


244 A L U I Z I O F O N T E N E L L E
'~.' .. " ..

PONTO DO CALUNGA'DAS MATAS .. E}(jUC:alunga,


de. Umbanda, e cl'neJe espíritual Q.~ 4.a legíão (Ory
trabalhando na Alta Magia, cruzado com Oxoce e
do orü;~nté). A Estrela da Manhã como símbolo má-
Congo. A estrela simboliza o Oriente e está domina-
gico, circundada por dois crescentes lunares, repre-
da pelo bastão mágico que representa a Magia,
sentando as forças da Natureza.

PONTO DE INHANlÇÃCOM XANGô - Ponto cruzado,


PONTO CANTADO DE MAMÃE,OXUM
onde os Orixás: Xangô e Inhançã se irmanam num
mesmo trabalho. A Estrela da Manhã, dirigida pelos
Baixai , .. baixai... Virgem da Conceição.
fenômenos atmosféricos (raios cruzadosde Inhançã),
MarJa Imaculada, para tirar a perturbação.,
encaminhados pelo símbolo dos caboclos de Oxoce
Se tiveres praga de alguém,
(duas flechas cruzadas). A interferência de Xangô
Desde já será retirada.
tê conhecida pelas forças cruzadas dentro da estre-
Levando para o mar ardente ...
la, e dirigídas pelas flechas de Oxoce.
Para as ondas do mar sagrado!

PONTO DE TIMBIRI - Ponto místico de chamada da


PONTO DE ORY DO ORIENTE
.entidade caboclo Timbiri, trabalhador da falange de
Ogum. Dois semícírcuíos concêntricos, indicam o
'. símbolo mágico dessa' entidade, que trabalha irma-
Ory já vai, já vai para o Oriente
nado com afalange dós povos híndus. Essa entida-
A bênção meu pai,
de tanto pode se apresentar como caboolo, como
Proteção p'ra nossa gente.
também, na roupagem de hindu; sendo entretanto
Ory j á vai, já vai para o Oriente
uma' só entidade.' '
A bênção meu pai,
_.
Proteção p'ra sua gente.

?P~';l'OD~ JOÃO ~ATÃO ~ Preto velho trabalhador da


: .Iínha a:fricana:,A cruz do Senhor do Bonfímdírígí-
PONTO DE CALUNGADAS MATAS
da pela Estrela Guia; e, com afinidades espirituais
com o Povo do Mar.

Eu tou te chamando, Ó Calunga,


PONTO DO CABOCLO ~OMPE-MATO - o triângulo
P'ra você vir trabalhar.
. mágico de Salomão, dirigido pela flecha de OXOce,
Quando eu te vejo, ó Calunga,
dírigida por sua vez pelo símbolo místico que une
Vejo também a Sereia do Mar.
duas falanges (Oxalá e Oxum), duas cruzes. Ponto
EU tou te chamando, ó Calunga,
de chamada da entidade caboclo. Rompe-Mato que
P'ra você vir trabalhar.
trabalha na Linha de Oxoce. Existem ainda outras

Quando tu chegas, Ó Calunga,


entidades com o mesmo nome, porém, que trabalham
na linha de Ogum.
Chega também a Sereia do Már.

----------------------- Page 120-----------------------

246 ALUIZIO FONTENELLE

A UM13ANDA ATRAVÉS DOS ~ÉauL08 247

PONTO DO MAIORAL

~~

Figura 12
Figura 11

tes earacterístícas: O triângulo mágico de Salomão;


Para terminar este capítulo, passarei a descrever
tendo na parte superior o Sol tem a significação de:
o ponto prmcipal do MAIORAL,conforme se vê na gra-
Agente mágico dominador das forças naturais e dos
vura da figura 11, e a seguir, apresentarei apenas as
.fenômenosda Natureza. A cobra mordendo a cauda,
gravuras de alguns pontos riscados de Eixus, furtando-
significa o domínio sobre a vida e a morte" pelos
me entretanto à explicação dos mesmos, em virtude de
dogmas mágicos da medicina astral. O pentágono
não interessar-nos, nesta obra, maiores detalhes sobre as
de Salomão circunscrito à cobra, e tendo na sua
falanges do mal.
parte superior o ponto de São Cipriano (!:entáculos
PON'I1O RISCADO DO MAIORAL- A figura 11 mos-
de Ezequiel e de Pitágoras - duplo triângulo de
tra-nos o ponto riscado do maioral do Povo de EX'u.
Salomão), representam as ciências oeultas . (Al~
É um ponto místico de chamada, onde Lúcif'er mos-
Magia e Magia Negra). Os dois ponteiros .perpendi-
tra toda a sua supremacia como ((AGENTE MAGl-
culares ao crescente lunar que tem sobre Si sete cru ...
CO UNIVERSAL ". EStá representado com as seguín-
zes, significam o poder sobre a t,err~ e sobre' os ho-

mens, dominados pelas forças cosnncas, e de natu-

----------------------- Page 121-----------------------

248 I
AÚMi3:A .NnA ATRAVES nos SÉCULOS

I
reza terrena. As duas espadas cruzadas por trás do f
~ ':"':"'Pontode EXu Veludo na Irradiação de Ogum,
triângulo de Salomão., significam O· poder absoluto,
4 - Ponto de Exu das 7 Cruzes. . .
tendo a dírígí-lo a irradiação de Marte e Mercúrio
5 - Ponto de Exu-Rei (Ponto místico de chamada).
(duas estrelas laterais).
6 - Outro ponto de Exu-Rei.

Para melhores esclarecimentos sobre o que seja o


Na figura 13, estão representados os seguintes pon-
Reino do Poder do Mal, dírgdo pelo MAIORAL, será
tos de Exus:
preferível que o leitor procure na obra: "EXU", já edi-
1- Ponto de Exu, na irradiação de Cabinda de Guiné.
tada, tudo quanto desej ar conhecer sobre o Povo de Exu.
2 - Plonto de Exu das 7 Pedras. . .
••c,• 1- P~l>,o
3 r-r- Signo de Segal (E~ Gira-Mundo - Signo caba-
, ",)'9' . '1
lístíco),
+ @ ~
lJ g~.J..~
4 - Ponto de EXiUda: Capa Preta.
?:r"_
5 - Ponto de Exu das 7 Poeiras.

6 - Ponto de Exu das 7 Cachoeiras.


~~

Figura 13
.. Na figurn 12, estão representados os seguintes pon-
tós de Exus: .

.1 - Ponto de Exu Tranca-Ruas cruzado com povo de


. Ganga, '
i

figura 14
. 2 '~ Pb~o,de ·Exu Gira-Mmid6.

----------------------- Page 122-----------------------

A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉOULOS 251


250 A L
U I Z I O F O N T E N E L L E
. I
4 - Ponto de Exu dos Rios ,---,Alta Magia.
-Na figura 14, vêem-se os seguintes pontos riscadO',
5 -..:..Signo de Híepacth (Exu das Matas).
de Exus: ,

6 - Ponto de Tranca-Ruas, na irradiação de Tranca-


i
1 - Ponto de Arranca-Toco.
Gira.
2 - Ponto de Exu Mangueira.
3 - Ponto de Exu dos Ventos.
4 r-r--: Ponto de Omulu (Exu dos cemitérios).
5 - Ponto de EiX'U Caveira.
6 - Ponto de Exu Maré.

tfj.

Ci) \

Figura 16

Na figura 16, vemos:

1 - Ponto de Exu Quirombô.

2 - Exó de Exu (Salva da entidade ~u).


Na figura 15, vêem-se os seguintes pontos riscados:
3 - Ponto de Exu Tranca-Ruas (ponto místico decha-
1 - Ponto de Exu Tranca-Ruas em trabalhos de Alta
mada).

4 - Ponto de Exu Pemba.


Magia.

5 - Ponto de E~ Marabô.
2 - Ponto de Exu das 7 Encruzilhadas.

ô - Ponto de Exu das 7 somcras.


3 - Ponto de' E) {u Pimenta.
----------------------- Page 123-----------------------

252 AL~I~IO ~ONTENELL~

A UMBANDA ATRAVÉS DOS ·SÉCULOS 253

, ,..•.

-,~~.~,~' I~ ~

~,
~

~~~~í.R~.b".~ -1~.

~ C;•
.. ,

ffi
. - j

Fi2Ura 17

..Figura 18

Na figura 17, vemos:


Na figura 1~, seis pontos de Exus, estão assím re-

presentadios: .. .

1 - Ponto de Exu da Pedra Negra.


1 - Ponto místico de Exu Marabá.
2 ~ Ponto de Exu das 7 Portas.
2 -Ponto de Exu Pagão.
:3 - Ponto de Exu Malê.
S - Ponto de Exu Carangola,
4 - Ponto de Exu Morcego.
4 - Ponto místico de Exu Tiriri.
5 - Ponto de Exu Kamínaloá.
5 - Ponto de Exu Tranca-Tiudo.
6 - Ponto de Exu na iirailiação de Xangô.
1>- Ponto de Exu dos Rios (Ponto místico de
Alta

Magia).

----------------------- Page 124-----------------------

A · UMBAND,A ATRAVÉS DOS SÉCULOS 255


254 ALUIZIO FONtENELi~

Figura 20

Figura 19
Na figura 20, seis pontos de EXlUSestão assim repre-

tados:

Na figura 19, vêem-se os seguintes pontos:


Ponto de Tranca-Ruas na irradiação da Linha do

Mar.
1 - Ponto místico de Exu dos Cemitérios.
Ponto de Exu Tranca-Ruas em trabalhos de Magia
2 - Ponto de Exu Tronqueira (Magia).
Negra.
3 - Ponto místico de Exu Pomba-Gira (Mulher
Ponto de Exu Veludo, na irradiação de Urubatão.
Exus).
Pnnto de Tranca-Ruas, na irradiação de Ogurn.
4 - Planto de Exu Tranca-Tudo (Ponto de cham 11 I
..:">ontode Exu das Matas (Linha do Oriente -
{) - Ponto místico de Exu-Ganga.
Alta Magia).
6. - PORto de E;xu Brasa.
Ponto de EXl1 'I'atá-Caveira .

----------------------- Page 125-----------------------

Z56 .' - A L U I Z 1,0' 'F:o N T E.N E L J.•!ll

'l ..

~t1).
CAPITULO XIX

PEMBAS, PONTEIROS, CURIADORES, AMALAS,ETC.

Eis um ponto de máxima importância, na concepção

que se faz, ao analisarmos todos os rituais que se pratí-


';f:
camna Umbanda. !É o caso do emprego da "PEMBA",

dos "PONTEIROS", dos "CURIADORES", dos "AMA-


.~tI)...~~M~,1'~-11-'Y"9
LAS",dos I;EBQSDE EXU" etc. .-
•.\' 1 t;\
. .. Não se pode conceber uma Umbanda cem por cen· .
li.! , ,

to, sem o emprego da Alta Magia. .Sou de opinião que

em' quaisquer trabalhos que se realizam nos terreiros


. .
onde se pratica o verdadeiro espiritismo, se faça lUSO de

Pembas, Ponteiros etc. por se tratar de Magia, na ver-


dadeira acepção da palavra. Todos os trabalhos devem
Figura 21
ser encarados por um ponto de vista onde não entra a

vontade humana, e sim, o poder criador d8.$entidades

espirituais.

A sociedade, querendo combater certos processos utí-


.Finalmente, na figura 21, vemos representados 6
Iízados nos trabalhos de Umbanda, está indo de encon-
pontos de Exus, assim discriminados:
tro a um princípio ativo, onde as forças sobrenaturais

se encontram, e de onde parte toda a razão de ser dM


1 - Ponto de Exu na irradiação de Ogum.
irradiações espirituais.
.2 _ Ponto de Tranca-Ruas, na, irradiação de Omulu.
Que condenemos a matança de animais, tão comum
3 - Ponto de Exu Mirim.
nas práticas do C:andomblé, é muito justo; pois, ness
4 - Ponto de Exu na irradiação de Cabinda de Guiné.
ponto; a nossa compreensão já está bastante adiantada,
5 - Ponto místico de chamada do E~ das 7 Montanhas.
mesmo os próprios Guias Espirituais já não o permlt m,
,6 - Ponto místico de Exu Quebra-Galho.
pelo [Potode ir de encontro a uma Lei da Umbanda q

----------------------- Page 126-----------------------

A UMBANDA ATRAVli:S POS Sli:CULOS 259'


258

diz: li Respeitando os seres da criação, estaremos respei-


balhos que se praticam na Umbanda. O seu uso é impres-
tando as próprias Leris Divinas. " .
cindível, em virtude de que, não se pode conceber um

"PONTO RISCADO" sem a pemba; e, o ponto riscado, é


Há quem afirme entretanto, não haver nenhuma ne-
a representação símbólíca das entidades espirituais que
cessidade, das Entidaçles,._~pir~.t~~~,i~._. ,uti1izare.m~se de
se manifestam nos terreiros de Umbanda, onde bem de-
pembas, ponteiros etc.rnas suas práticas, considerando
monstram a força espiritual que possuem, É através dos
que um espírito de luz, possui força suficiente para
pontos riscados que as entidades se auxiliam mutua-
curar eu demandar espiritualmente. Acontece, no entan-
mente, tal como nos valemos de um papel e pena, para
to, que não seria possível a um médico da terra curar
representarmos nesse sobjetos os nossos sentimentos; as
um paciente sem ministrar-lhe os remédios tão necessá-
nossas dores, os nossos pedidos, e finalmente tudo quan-
rios ao seu organismo. Por outro lado não" se concebe
to gira em torno deste PLANO MATERIAL. Riscar um
que no caso de uma infecção grave dentro do organismo
ponto com a pemba é o mesmo que condenar ou absol-
humano, se obtivessem ótimos resultados, sem a inter-
ver um elemento humano, castigando-o ou premiando-o
venção do "bisturi". Creio eu, que nesses casos uma sim-
de conformidade com o seu C'ARMA. É lavrar uma sen-
ples conversa, QU mesmo utilizando-se os processos de
tença de morte, ou processar uma cura radical, onde
"auto-suçesitio" não seria possível obter-se uma cura
todos os diagnósticos se confundem na ignorância de
radical: .
um resultado satisfatário. .
Assim sendo, considero muito, ju sto o emprego des-
sas práticas nos rituais de Umbanda, por diversos moti-
Várias são as cores de pembas utilizadas nos cultos

eprátícas da Umbanda, sendo que, na maíona, a Pemba


vos, entre os quaís o fato de considerar-se uma condi-

Branca é a mais utilizada.


ção essencialmente simbólica e de grande influência, no
que diz respeito às evocações e obtenção de bens mate-
. Quanto às pembas: rosa, verde, azul, vermelha, ama-

rela etc. o seu uso varia com a finalidade do trabalho


riais e espirituais.
Só quem não conhece uma Umbanda praticada na
a ser executado, e de acordo com a falange da entidade
sua legítima finalidade, é que pode duvidar das minhas
que o processa.
afirmativas. Por esta razão" vou tentar descrever os por-
Não se deve em hipótese alguma fazer uso da pem-
quês do emprego de alguns objetos e outras utilidades
ba preta em trabalhos para o bem, em virtude de que
que fazem parte dos rituais da Umbanda, na, certeza de
essa pemba somente é utilizada nas diversas práticas da
que, tudo quanto se fizer em prol de servir à humanída-
Magia Negra, cujo fim se destina unicamente para o
de, 3e estará cumprindo uma ordem divina; e, por essa
mal.
razao, se estará servindo, a Deus.
A arte mágica do emprego da "PEMBA" data -de

muitos séculos, e o seu uso na Umbanda atual represen ..


PEMBA
ta o mesmo sentido e possui a mesma força mágica,

quando nos trabalhos cabalísticos, os MAGOS das j •


É uma spécíe de giz, fabricado de minerais, que te ..
vam evocar as forças sobrenaturais, utílízando-s
ve a sua origem nos montes Calmons, na Africa, e que é
mesmos processos, na criação dos seus signos II I •
empregada através. dos séculos em quase todos os tra-.
teres cabalístícos,

----------------------- Page 127-----------------------

:",ALUIZTO 'FONTENEL'LX:
AUMBANDA "ATRAVÉS DOS.SJ!:CULOS 261

.PONTEIROS
bém a sua significação esotéríca, Da mesma forma que
Cristo, ao reunir os discípulos por ocasião da ceia, írma-
-São punhais utilizados nos diversos rituais utiliza, .
nou-se com eles, bebendo vinho, em confraternização de
dos nas diversas práticas Umbandístas, e que trazem
amizade; da mesma maneira praticam as entidades s..
um alto significado. Pelo poder que tem o "aço " em cap-
pírítuaís o uso desse costume que se tornou tradicional
tar as forças vivas da Natureza, inclusive os fenômenos .
entre as civilizações. Assim, acreditam todos os que pra-
atmosféricos, onde entre a questão da eletricidade, o
ticam a Umbanda, e mesmo aqueles que cultuam outras
ponteiro representa a atração das torças espirituais, tal
religiões, que o ato de beber, quando é feito no sentido
como um "imã", que se utiliza como ~onte criadora de
de reunir as pessoas amigas em um mesmo círculo com
energia elétrica.
a fínelídade ~e festejar um acontecimento .qualquer;
.'O ponteiro atirado sobre um ponto riscado, simbo-
traz-nos alegrias e momentos de felicidade. Do mesmo
liza a firmeza de uma irradiação espiritual, onde são
mo-do, as entidades espirituais, atraídas pelo seu "curía-
encarados vártos pontos de vista:
dor" predileto, (dado como oferenda), trazem-nos boas
'O apoio e a união das forças espirituais;
irradiações espirituais, ao mesmo tempo procurando sa-
A vibração dos elementos que concorrem para o êxi-
tisfazer os nossos desejos e vontades.
to dos trabalhos;
O fato de um espírito não precisar absolutamente
A magia que se opera na evocação das entidades
de b~bida ou ?omida, não implica no ponto de vista de
. espirituais;
um ritual antígo, e que ainda hoje é largamente cultua-
A boaou má aceitação que possam ter as entidades
do. Nesse caso, quando os católicos fazem suas premes,
máximas que recebem as vdbrações. do plano
sas aos Santos, p rometendo~lhes"braços de cera " "ve-
material, em perfeita harmonia com os planos
_Ias",. etc., isto não quer dizer que os Santos estej am
espríítuaís;
precisando desses objetos. A finalidade dessas orerendas
A repercussão futura que ocasionará na existência
e unicamente uma crença no "LEI DA OFERTA E DA
dos seres humanos, após a terminação dos tra-
PROCURA", lei essa da qual a humanidade jamais
balhos ete etc.
po~e~á a;fastar. Dar para receber é uma das condíçõ
Tal como a baqueta dos antigos Magos da Ka-
e~PIrItUaIS, e essenci~l ao elemento humano, cuja 01'.1.
ballah, à semelhança também do cajado de Moisés, é o
.gem é DIVINA, e reside no íntimo de cada um.
ponteiro um símbolo místico de grande influência, exer-
cendo nos trabalhos espirituais um princípio ativo e pas-
sivo" que liga, por meio de altas vibrações, o mundo es-
AMALAS
piritual ao mundo material.

Da mesma fo-rma que o "Curiador"" o "AMA íI


CuRIADORES
o que se denomina na Umbanda de "Comida de Sa1 to ,

e representa um ritual todo especial, para o qUl\l o


São as bebidas que se oferecem às entidades espiri-
Umbandistas deveriam dispensar um especial 1'1 t (
tuais que baixam nos terreiros. Essas bebidas variam de
Onde melhor se presta atenção a tudo quant
acordo com a exígêncía de cada entidade, e têm tam-
peito ?-o Amalá, é no culto do Candoblé, ond

----------------------- Page 128-----------------------

262 A L U IZ I O F"O N 'T E N E L 'L l!l


A UMBANDA ATRAVÉS DOS' SÉCULOS 263

tão é encarada de uma maneira bastante perfeita, pe-


tendo essa comida verdadeiro nome de Amalá de
lo fato de conhecerem os seus praticantes muito mais
Xangô.
a respeito de arte CUlinária própria das entidades, Pre-
Pluralizando-se entretanto o termo "AMALA", con-
tos Velhos Africanos, do que propriamente os seguido-
síderou-se toda comida de santo com esse nome, quando
res da Umbanda. Entretanto, nem todos os que pratí-
no entanto, os termos empregados para essas comidas,
cam verdadeiramente a Umbanda, prestam a devida
variam de acordo com os alimentos a serem orertados
atenção à questão do Amalá. ;É preciso que conheçamos
aos Orixás. Assim por exemplo: Para Exu, dá-se o "ElBlÓ
perfeitamente todas essas questões do ritual Umbandís-
PE EXU" que é uma mistura de .azeíte de dendê, velas,
ta para termos a certeza de não, incorrermos no lamen-
charutos, marafo, carnes, etc., de acordo com o pedido
tável erro de julgar ser uma cousa sem importância, es-
desses elementos das trevas. Para Oxalá, dá-se o "mun-
.ses caprichos próprios das entidades espirituais. Princi-
guzá", mais conhecido no Rio de Janeiro com o nome
palmente nos despachos que se fazem, onde está snqua-
de "Canjica ". Para Ogum, dá-se o "amolocô; para Inhan-
drado o "EBÓ DE EXU" (comida de EXli), necessário
çã, o "acaraié"; para Omulu, a "pipo ca ", e assim por
se torna que se façam devidamente esses Ebós, a fim
diante, considerando-se sempre a predileção do Oríxã
t1e podermos conseguir aquilo que desejamos, quando os
pelo seu respectivo amalá.
evocamos numa prática qualquer. .
Ao fazer-se 10 "Amalá", costuma-se freqüentemente
, Os amalás que se dão no culto do Candoblé, são
.festejar esse acontecimento, e, escolhe-se na maioria das
preparados por uma cozinheira especializada, que com os
vezes a data festiva do "Orixá" a ser dado esse ofereci ...
nomes de "Iabá" ou "Abacê", termo oriundo do Povo
mento, na certeza de merecer-se grandes honrarias e
Gêge, se encarregam de prepará-Ias convenientemente.
proteção, por parte dessas entidades. .
,A condição para o preparo do "Amalá", requer uma sé-
A questão do local onde deve ser feito o "amalá",
riede preceitos, os quais, quando as Iabás não estive-
também tem a sua preferência; e, necessário se torna
tem em condições, não os podem absolutamente pr.epa-
conhecer-se perfeitamente a vontade doOrixá em rece •.
rar,
ber essa oferenda, para que a finalidade' que desejamos
Os "Amalás" são em geral oferecidos aos "Orixás",
alcançar venha corroborar justamente com a época e o
e em determinadas condições, estabelecendo-se' ainda
local onde vamos prestar essa homenagem.
certos preceitos que devem.ser levados em consideração.
Tal como se rende homenagem a uma grande p !l'••
Não se atira um "Amalá" em qualquer lugar, como tam-
sonalídade de Estado, assim também se homenageia um
bém não se oferece a uma entidade um amalá que não
"ORlXA DA UMBANDA", dando-lhe o seu banquete pre .•
condiga com o seu gosto ou especialidade.
díleto. Essa é a finalidade do "AMALÁ",
Esses amalás, depois de preparados convenientemen-
te, são depositados num "alá " (local armado para tal
fim), e depois, servido ao Orixá, precedido de um ritual
todo especial. É imprescindível dar-se o amaíá seguido
do ponto riscado da entidade para a qual é feito esse
oferecimento. Assim, de' acordo com os preceitos conhe-
cidos, dá-se a Xangô, Rabada de Boi cozida com caruru,

----------------------- Page 129-----------------------

\ A :UMSANDA cA'l'RAV1:S DOS' <l~CIlL08 'c265

tante e criador da perfeita condição que liga o homem

-espíritual ao. homem material, na certeza de estar pra-

.tícando a verdadeira caridade, sentindo dentro do peito

o próprio Deus. . , '

Todo homem deve buscar dentro: de uma religião

as energias que lhe trazem a fé em si mesmo, para que


Capítulo XX
possa alcançar todos os bens materíaís e espirituais de

que tanto precisa em seus empreendimentos. De nada


SARAVA UMBANDA
adiantará aquele que não possui uma energia própria,

e uma convicção firme naquilo que anseia conseguir,

quando não está acobertado por uma força superior e

índômíta, que ihe mostra o verdadeiro caminho a seguir.


Eis-nos chegados finalmente ao término deste tra-
Este é o caso da Umbanda.
balho. Querer colaborar com todo aquele que de fato
Ohamem considera-se forte, até o momento em que
se interessa por uma Umoanda sem preconceitos e
julga que os seus atos e as suas vontades possam S,él'
sem a maldade que deturpa os sentimentos humanos,
resolvidos sem interferências estranhas. No entanto,
foi o que me levou a trilhar por essa senda tumultuada,
quando baqueia, 'essa razão de ser deixa dei existir, e sua
que é propagar uma doutrina; e, muito especial~e~te,
vida torna-se um manancial de desgostos e desofrimen-
quando essa doutrina sofre todos os ataques possrveis e
to. Não cabe somente aos fracos, erguerem-se e pugna-
ímagínáveís, de outras seitas, que a encaram como uma
rem por uma condição melhor. Os fortes também de-
religião de falsos princípios, de falsos credos; e, sobre-
vem encarar todas as circunstâncias da sua vida mate-
tudo, visando como dada à prática de "feitiçarias", e
•ríal por um prisma, onde a sobrevivência do espírito
oriunda de negros arr.canos incultos, segundo querem
.está acima do que eles julgam e entendem como possuí-
afirmar certos elementos que a desconhecem por
:dores de um livre arbítrio, que os conduz fatalmente ao
completo .
apogeu e à glóría. . .
. ', Não quero absolutamente repetir o que j á foi am-
A humanidade inteira tem que passar por grandes
plamente comentado no capítulo II deste livro, no que
diflculdades, árduas lutas e dnúmeros sofrimentos. En-
diz respeito à verdadeira origem da Umbanda; o que
tretanto, ·se encararmos a questão do sofrimento 'mate-
"desejo é que fique bem patente o meu modo de entender
rial, tendo em vista que a razão desse sofrimento é uma
e cultuar essa Umbanda tão sublime em seus princípios,
.condíção própria de cada indivíduo, não teremos abs~ ·
como o são todas as obras da Natureza, criadas pela
lutamente nenhum receio de enfrentar a nossa condi-
bondade do Pai Onipotente.
ção cármíca, quando temos a certeza de estarmos pró-
Desejo cada vez mais elevar o conceito desta reli-
·,tegido.s e salvaguardados.
gião, pugnando para que os homens cultos, e conhece-
, 'Busquemos pois, uma melhor condição para a no •
dores perfeitos do que 'sejam Leis Divinas, possam, ali-
savlda; procuremos dentro de nós mesmos' um s nU·
ando-se aos meus propósitos, fazer valer as forças que
mente que dormita, e que precisa ser acordado em
encerram todas as Leis da Natureza, 10 bálsamo conter-
:,mente oportuno. Esse .sentímento é .a .,forqa próp ~1r 1

----------------------- Page 130-----------------------

/
-,-, A L U I Z :t O - F O N"T E N E L L'E ,I··
(.
A UMBANDA ATRAWS DOS Sl!lOULOS

~7
homem, OUi melhor: é a fonte criadora da vontade, 'é

mostre, através da senda luminosa do mundo espil'itu 1,


o poder da mente; em suma, é a vibração espiritual que
o verdadeiro caminho da fé e da compreensão.
-dentro de nós mesmos, aguarda a ordem suprema da
. Salvemos todos os "ORIXAS". e todas as falam
revolução universal.
de trabalhadores do bem.
A ciência busca a verdade, procurando provar" por
meio de fórmulas matemáticas, aquilo que existe de real
e verdadeiro, dentro de uma concepção imaginada.
SARAVA UMBANDA!...
A Umbanda mostra como dogma a força espírítual
do homem, que procura adivinhar por meio de sortilé-
gios, aquilo que ele sabe que existe; porém, que só po-
derá ter a certeza, quando ultrapassar os limites da sua
existência material.
Corpo e espírito, irmanados numa mesma condição
perante a obra criadora da Natureza, hão de forçosa-
mente chegar ao clímax das concepções filosóficas d.a
grande síntese, onde a imagem de Deus se mostrara,
através dos séculos, na plenitude de sua forma. Quan-
do lá chegarmos, não precisaremos mais do invólucro
carnal, para podermos completar a trajetória indefinida
que, pela LeJ da Reencarnação somos obrigados a voltar
ao orbe terráqueo, em cumprimento às Leis Cármicas.
Ai, o homem, perfeito conhecedor das Leis e condições
impostas pelo excelso Condotieri de Almas, se reintegra-
rá no seio da mansidão celeste, e jamais a corrupção e
a indignidade o farão retrogradar.
Cultru.emos uma Umbanda pura, uma Umbanda
sublime; e, teremos a visão perfeita do horizonte que
se estenderá à nossa frente, sem os pesadelos e as tor-
pezas que cumulam o homem terreno, agrílhoando-o ao
mais inconsciente de todos os males: a ignorância de'
Deus.

Peçamos, às entidades da Umbanda, as luzes para os


nossos espíritos, e a força redentora e amiga que nos
acoberta de todos os malefícios materiaís e espirituais.
Façamos uma prece em louvor do chefe supremo
.dO'Reino de Obatalá, para que nos encaminhe e nos

----------------------- Page 131-----------------------

-. " -:-

."

íNDICE

1.0 Volume

PARTE TEóRICA

Capo
Pág.

I - A razão de ser deste livre; o o o • o o • o o ••• o o o o


••• ; • o 17

II - O que significa a palavra UMBANDA . o o o o • o


•• o o ~O

!II - A Umbanda através dos séculos o •• o •• o o •••••


'o o. '29

IV - A verdadeira origem do primeiro homem:


que

habitou a terra o ••••••••••••••••••••• •• •• o •


•• •• 39

V - Algumas religiões e sua origem o. o;


•• ' '47

VI - O Cristianismo - As religiões desmembradag


do

Cristianismo ~ Os reformadores - A era' kal'de-

cista e seu fundador Allan Kardec o •• o • o •••• o


•• o 74

VII - Umbanda, futura religião do Universo - DQmi-

1110 dos Espíritos o. o o ••••• o •••••••••• o o • o • •


• • • • • a6

VIII - A codtãcação da Umbanda. _. TrabalMs


filosó-

ficos e doutrinários o • • • • • • • • • •
• • • • • • • I)

IX - Prova cármíca - Livre arbítrio - Reencarnação


OU

X - A falsa Umbanda que se pratica no Brasil.


_ ..

Tabus - Imagens, amuletos, etc. ..........•.


111

----------------------- Page 132-----------------------

270 A UMBANDA A'l'RAVl!:S DOS BtOULOS

capo Pág.

2.0 Volume

PARTE PRATICA

XI - Ambequerê-Kibanda e o ritual Afro-Brasilei-

ro no Candomblé ;....... 129

XII - Como deve ser cultuada a verdadeira Umbanda

- Sua verdadeira divisão...................... 151


XIII - Trabalhadores da Linha do Oriente - Entidades

hindus, suas indumentáiras e rituais 16iJ

XIV - Orixás da Umbanda Jl.74

XV - A medicina do espaço e o poder da vontade. -

Magia - Passes e operações astrais .180

. XVI :- A Umbanda ínícíátíca - Os exus e suas falanges 188

XVII - Rituais da Umbanda - Curandelrismo 201

XVIII - A alta significação dos pontos cantados e riscados 206

XIX - Pembas, Ponteiros, Curiadores, Amalás, etc. .... 257

xx - saravã Umbanda 264

COmposto e impresso na

GRAFICA EDITORA AURORA LTnA.

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