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Ciências Políticas e

Teoria Geral do Estado

Profª Cristiane Nunes

Estácio - Macapá
O que é ciência política?
A ciência política pode ser entendida como uma área
das ciências sociais, que se baseia na sociologia,
filosofia, antropologia, psicologia social e economia, para
compreender a formação política de uma nação e suas
respectivas consequências.

Logo, analisa a condução política de um país,


uma cidade ou um estado, influenciando no
desenvolvimento de teorias que se aplicam na
estrutura do poder. O foco é sempre a convivência
pacífica entre as pessoas, assim como a criação de
regras que auxiliem no seu bem-estar.
CONCEITOS

"É a ciência geral que integra em sua síntese os princípios


fundamentais das diversas ciências sociais, jurídicas e políticas que
têm por objetos o Estado considerado em relação a determinados
momentos históricos, e estuda o Estado de um ponto de vista unitário,
em sua evolução, organização, funções e mais típicas formas, com o
intuito de determinar-lhe as leis de formação, o fundamento e a
finalidade". Alessandro Groppali.

"A TGE é a ciência geral que, na análise dos fatos sociais, jurídicos e
políticos do Estado, unifica esse tríplice aspecto e elabora uma
síntese que lhe é peculiar, para estuda-lo e explicá-lo na origem, na
evolução e nos fundamentos de sua existência". Aderson de Menezes
OBJETO - MÉTODOS E FONTES

Quanto ao seu objeto, de maneira ampla, é o estudo do Estado sob


todos os aspectos, incluindo a origem, a organização, o funcionamento
e as finalidades.

É o estudo do Estado em geral, do Estado como fato social, ou seja, é a


ciência que investiga e expõe os princípios fundamentais da sociedade
política, denominada Estado, sua origem, estrutura, forma e
finalidades.

Com relação ao método de estudos, podemos citar o indutivo, o


dedutivo e o analógico. No entanto, a predominância do aspecto
jurídico e a orientação sociológica e política.
As ciências políticas estudam tudo o que está incutido nas
estruturas do poder, tendo um papel preponderante na condução das
instituições sociais, do sistema jurídico e também de ONGs, igrejas,
partidos políticos e, também, nos fatores econômicos.

A organização social existe desde a Antiguidade Clássica, período em


que o ser humano criou mecanismos de poder para analisar e organizar
o sistema político.

Assim, as ciências políticas se originam com Platão e


Aristóteles, com forte contribuição atribuída a Nicolau Maquiavel,
autor do clássico “O Príncipe”.

Podemos citar, ainda, Jean Bodin, Thomas Hobbes, John Locke,


Montesquieu, Voltaire, entre muitos outros.
Mas o atual modelo de estudo teve uma forte influência após
a segunda metade do século XIX, principalmente em razão
do surgimento das ciências sociais.

Dentro desse contexto, o filósofo francês Augusto


Comte, juntamente com o economista alemão Karl Marx e o
filósofo e sociólogo Émile Durkheim, se aprofundou nos
estudos. Abriram espaço para o surgimento da ciência
política, termo atribuído ao historiador norte-americano
Herbert Baxter Adams, em 1880.

Já no Brasil, desenvolve-se após a segunda metade do século


XX, quando surgiram as primeiras análises da estrutura
política e também da sociedade, como as elaboradas por
Darcy Ribeiro.
Origem da sociedade
O antecedente mais remoto da afirmação de que o
homem é um ser social por natureza encontra - se
no séc. IV aC, em Aristóteles.

Para este só o indivíduo de natureza vil ou superior


ao homem, viveria isolado. Nesta mesma ordem de
ideias, temos inúmeros autores medievais como São
Tomás de Aquino, os quais entendem que o homem
é, por natureza, animal social e político e precisa
viver em multidão.
Primeiro momento: Grécia Clássica - por Aristóteles
(384 a.C.-322 a.C.);
Roma - Cícero (106 a.C.- 43 a.C.)
e Tito Lívio (59 a.C. – 17 d.C.) até Maquiavel

Organização política
interpretar as sociedades europeias

Skinner, que as estruturas As sociedades italianas, ou regnum


políticas dos principados italicum, como eram chamadas na época,
medievais, comandados por estavam preocupadas em desenvolver
monarcas com direito formas de convivência coletiva capazes de
hereditário, começaram a ser resistir ao despotismo monárquico e
repudiadas no território que, no garantir a estabilidade interna e externa,
século XIX, passaria a ser proporcionando aos seus cidadãos aquilo
chamado de “Itália”. que Aristóteles chamava de “boa vida”.
Necessidade de meios que impedissem, ou amenizassem, a
“corrupção” da República.
Maquiavel pensou,
É o efeito natural do tempo nos escreveu e atuou
governos, podendo, no máximo, ser politicamente, como
atenuado por governantes virtuosos. analista, poeta,
(Aristóteles no tratado da Política). historiador e
conselheiro do poder.
No Texto: Discursos sobre a
Entender as leis, a
primeira década de Tito Lívio entre
liberdade e as
1513 e 1521 - a história de Roma e
instituições políticas no
seu significado político.
funcionamento de
uma República.
Maquiavel parte da premissa de que os assuntos terrenos estão na alçada das competências
humanas, não restando espaço para a interferência divina.
Então, ao governante é permitido ser mau?

Para Maquiavel, sim, desde que isso seja necessário para


garantir a integridade da República. Não se trata da defesa da
maldade em si, mas sim do reconhecimento de que o governo
da cidade demanda escolhas difíceis. Por isso, o governante
deve ser “sábio, ilustrado e corajoso”.
ESTADO E CONTRATO SOCIAL
TEORIA CONTRATUAL
“contratualistas” - Europa entre os séculos XVII e

XVIII.
- Thomas Hobbes (1588-1679) e, TEORIAS
- Jean Jacques Rousseau (1712-1778). DE ORIGEM
DA SOCIEDADE

Distinta da TEORIA NATURAL = significa que tenham


abordado o tema do Estado da mesma maneira
Então, o que é Estado na visão do contratualismo?

O contratualismo parte da premissa de que o Estado é o resultado


de um contrato social, de um acordo coletivo movido pela
racionalidade humana no qual a maioria, deliberada ou
tacitamente, decide que viver em comunidade é melhor do que
viver isoladamente.

Os autores econhecem a possibilidade de existência de


um momento pré-político, de um “estado natural”, quando
os seres humanos não viviam de forma gregária.
Thomas Hobbes - Leviatã, publicado em 1651 e um dos mais
famosos tratados de filosofia política da modernidade, popularmente
reconhecido pela máxima “o homem é o lobo do homem”.
O pensamento político de Hobbes para além dos clichês e como um
esforço de teorizar sobre a própria ontologia humana.

Jean-Jacques Rousseau - Contrato Social, publicado em 1762,


afirma a existência de um mundo pré-social, onde os homens viviam
isolados. Porém, a natureza humana, para Rousseau, é boa e
generosa.
Em Hobbes, o estado natural é o inferno
na Terra. Em Rousseau, é o Éden.

Na teoria hobbesiana, então, o Estado nasce de uma situação


original de caos e violência e como produto da racionalidade
humana.
Em Rousseau, a decadência não é original, intrínseca à
natureza humana, mas sim resultado de uma escolha infeliz: a
invenção da propriedade privada, que se deu no momento em
que o primeiro ser humano “demarcou no chão um pedaço de
terra para dizer que era seu, encontrando outros inocentes o
suficiente para acreditar nele”.
Surge, então, o Estado, como um pacto no qual os homens
abdicam de sua liberdade original para dar aval à existência
de um poder comum, responsável pela salvaguarda do
interesse coletivo.

Rousseau, no entanto, resguarda a possibilidade de “O pacto social contém tacitamente esta


ruptura com esse poder, desde que ele não cumpra seu obrigação, a única a poder dar forças às
papel no contrato. Então, o contrato social para Rousseau outras: quem se recusar a obedecer à
poderia ser rompido unilateralmente pela sociedade civil, vontade geral, a isto será constrangido pelo
em uma ação revolucionária. corpo em conjunto, o que apenas significa
que será forçado a ser livre”.
O conceito “Estado” costuma ser utilizado para definir o
organismo institucional que nasceu na Europa, na transição
do século XIV para o século XV, sendo caracterizado pela
centralização administrativa, burocrática e militar e pela
capacidade de exercer soberania sobre um território
delimitado por fronteiras.
ESTADO E LIBERDADE
 Liberalismo político, um “fenômeno histórico pertencente à
história europeia e marcado pelos embates com o absolutismo
monárquico e outras formas de tirania política que existiram na
Europa no início da modernidade” (MATEUCI, 2000)

LIBERAL Princípio filosófico que


discute o sentido do ser, a
- John Locke (1632-1704)
capacidade de escolha e liberdade,
- Benjamin Constant (1767-1830)
do seu corpo, das suas ações, entre
outros. Obras: Primeiro tratado sobre o governo civil e o Segundo tratado sobre o
governo civil, escritos por Locke e publicados em 1689, além de Sobre a
liberdade dos antigos comparada com a dos modernos, escrito por Constant e
publicado em 1819.
- John Locke (1632-1704) - Benjamin Constant (1767-1830
Assim, seria possível garantir direitos políticos às
A boa vida em comunidade somente
populaçõesé numerosas,
possívelquea periodicamente
partir de uma seriam
convocadas ao debate público, no período eleitoral, para
premissa: a existência de um Estado comprometido
escolher com o bem-estar
livremente seus representantes.
coletivo e com a defesa da vida e da propriedade dos indivíduos
(entendidas como direitos naturais), sem que com isso se exerça
tirania ou poder absoluto sobre a sociedade.
 “governo consentido” - os seres  Entender as especificidades da liberdade moderna
humanos, dotados de racionalidade quando comparada com a antiga, na antiguidade, a
liberdade republicana era viável, pois garantia aos
intrínseca, são perfeitamente capazes de cidadãos participarem diretamente do governo.
idealizar formas de governo que atendam  Liberdade Republicana;
às suas necessidades, ou seja, a defesa  Reconceituação das ideias de liberdade e de
da vida e da propriedade. participação política.
 A existência dos governos, e no limite do  Uma das principais características do liberalismo
próprio Estado, justifica-se pelas político: a defesa de uma democracia fundada em
necessidades da sociedade civil e não pelos instituições legislativas responsáveis por
representar os interesses da população, que
interesses do próprio governo, ou do próprio participaria do governo de forma indireta.
Constitucionalismo
Filosofia política moderna que se preocupou em teorizar
limites institucionais ao poder do Estado.

Montesquieu (1689-1756), autor do tratado O espírito das leis,


publicado em 1748 e considerado a matriz teórica inspiradora
das Constituições modernas.
Como a virtude é necessária em uma república e na
monarquia a honra, o medo é necessário em um
O sistema de “freios e contrapesos”, segundo
governo despótico, o aqual
pois nele virtudeonão
poder
é do
necessária e a honra seria perigosa. O imenso poder
Estado é dividido em três partes independentes entre si:
do príncipe passa inteiramente àqueles que ele confia
e se torna perigoso instrumento de opressão contra a
liberdade de todos. Manter o poder do príncipe
PODER LEGISLATIVO restrito a leis pactuadas coletivamente é a única
PODER EXECUTIVO forma de garantir as liberdades individuais e
coletivas.
PODER JUDICIÁRIO (MONTESQUIEU, 1990)
Doutrina baseada na defesa da
liberdade individual, nos
campos econômico, político,
religioso e intelectual, contra as
ingerências e atitudes
coercitivas do poder estatal.
ESTADO E A PRODUÇÃO DE RIQUEZA
A teoria política marxista, desenvolvida por Marx e Engels no
século XIX = libertação das classes oprimidas.
No Manifesto comunista, publicado em 1848

“O ESTADO É UM ÓRGÃO ESPECIAL QUE SURGE EM CERTO


MOMENTO DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA HUMANIDADE, E QUE
ESTÁ CONDENADO A DESAPARECER NO DECURSO DA MESMA
EVOLUÇÃO. NASCEU DA DIVISÃO DA SOCIEDADE EM CLASSES
E DESAPARECERÁ NO MOMENTO EM QUE DESAPARECER ESTA
DIVISÃO. NASCEU COMO INSTRUMENTO NAS MÃOS DA CLASSE
DOMINANTE, COM O FIM DE MANTER O DOMÍNIO DESTA
CLASSE SOBRE A SOCIEDADE, E DESAPARECERÁ QUANDO O
DOMÍNIO DESTA CLASSE DESAPARECER”.
O Estado não é o resultado de uma
racionalidade humana intrínseca nem tampouco
uma evolução em relação à situação das
liberdades primitivas.

O Estado é resultado de uma realidade


material e objetiva, na qual as classes
superiores desenvolvem aparelhos
institucionais para dominar as classes
inferiores.
Adam Smith
O trabalho ficaria mais conhecido como "Riqueza
das Nações".

A mão do mercado = Liberalismo


Econômico
A mão invisível = Lei do mercado e o
ajuste entre a ofert e a procura

No século XVIII vigorava a ideia que a riqueza de uma Defendia a liberdade contratual (entre patrões e
nação era a quantidade de ouro e prata estocados em
seus cofres. Para isso, era necessária a intervenção empregados), a propriedade privada e que o Estado
estatal e os entraves ao comércio exterior. A este conjunto não interferisse na economia.
de medidas se chamou Mercantilismo.
Estado = PODER

Definição de fronteira e um conjunto


burocrático estabelecido para
administrar
“Estado NAÇÃO”

As pessoas dentro desse


estado se reconhecem
parte dele
Lutam por ele, se
identificam com ele e por
ele.
Estado Antigo,
Oriental ou Estado
Teocrático Estado Romano Absolutista Estado Liberal

Estado Grego Estado Medieval Estado


Estado
Constitucional
Moderno

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