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David Hume
Edimburgo (Escócia) (1711-1776)
CORRENTE FILOSÓFICA
Iluminismo/Empirismo
PRINCIPAIS OBRAS
Tratado sobre a Natureza Humana; Investigação sobre o Entendimento Humano; Diálogos sobre a Religião
Natural
FRASE SÍNTESE
“O costume é, portanto, o grande guia da vida humana.”
“Quando entro mais intimamente nisto que eu chamo de eu mesmo, sempre tropeço em uma ou outra percepção
particular, de calor ou frio, luz ou sombra, amor ou ódio, dor ou prazer.”
- Hume ficou conhecido por levar ao extremo o ceticismo – entendido como a suspensão de julgamento diante
de questões sem verdade. Em suas obras, o filósofo escocês suspendia as certezas até mesmo diante daquilo
que parecia ser experimental – o fundamental é descobrir a gênese de nossas crenças.
- Percepções humanas:
1. Impressões: estas são mais fortes do que a ideia. Ex.: a ideia de uma dor passada no dia anterior não
é mais forte do que a sentida no momento – essas impressões são, portanto, adquiridas pelos
SENTIDOS.
2. Pensamentos (ou ideias) – cópias das impressões dos sentidos.
- Todo o processo de pensamento se inicia com impressões - não se pode conceber o pensamento desvinculado
das sensações.
- As nossas sensações são os únicos fatos comprováveis, e, quanto mais próximas no sentido cronológico
estiverem as sensações, mais nítidas e fortes essas ideias serão.
Prof. Rogger Miranda
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- Aquilo que percebemos, os nossos dados ou a estimulação física dos órgãos dos sentidos e os sinais nervosos
que eles emitem são a única realidade que conhecemos.
- Como outros empiristas, Hume acreditava que nossas ideias derivavam da experiência sensorial. Porém, a
partir dessas experiências, construiríamos sofismas – “o raciocínio enganoso” – e ilusões, como a existência
de leis na natureza e de mecanismos de causa e efeito. Observando regularidades na natureza, o homem
acreditou que existiam leis, do mesmo modo que, vendo um evento suceder-se ao outro, o homem inventou
a relação de causa e efeito.
- Repensando o método baconiano – empírico indutivo puro, Hume debate a ideia de que a força do
hábito muitas vezes nos move ao erro.
Exemplo: Ao observarmos o nascer diário do Sol com nossos sentidos, por exemplo, dizemos que esse
fenômeno ocorre graças a uma lei que rege os corpos celestes e, assim, acreditamos veementemente que o Sol
nascerá todos os dias. Porém, esse conceito de “lei” ou de “causa” deriva tão-somente da nossa limitada
experiência, do costume, da repetição e do hábito: o que nos garante que o Sol se levantará amanhã?
Em um jogo de sinuca, vendo uma bola branca bater numa vermelha, fazendo-a cair na caçapa, acreditamos
que o primeiro evento (a bola branca batendo na vermelha) “causou” o segundo (a bola na caçapa). Como
observamos isso ocorrer frequentemente, acreditamos ser algo que sempre ocorre. Mas, na verdade, tudo o
que sabemos é que uma bola bate na outra: nada sabemos sobre a tal “causa”, conceito que inventamos
para relacionar um com o outro.
- A experiência nos mostra que um evento acompanha outro, mas não mostra nenhuma relação concreta
entre eles.
- Apesar de essa filosofia ser radical, levando-nos a acreditar que “qualquer coisa pode produzir qualquer
coisa”, é importante notar que nada disso demonstra que nossas expectativas em relação às leis ou às causas
não sejam corretas – Hume não quer provar que amanhã o Sol pode não nascer. Ele quer dizer o seguinte: o
fundamento de nossas expectativas não está na razão, mas, sim, no hábito, no costume, na repetição.
- Em consequência, toda ciência é apenas resultado de indução, não havendo conhecimento certo e
definitivo, de modo que a única certeza que podemos ter é a probabilidade.
- Não se pode afirmar que com certeza de que se conhece completamente uma coisa, mas apenas o que tivemos
até esse momento – não há conhecimento para além da experiência!
Limites da Ciência:
• Tempo/Nitidez.
• Percepções Particulares (subjetividade)
• Relação com as palavras (conceitos são apenas palavras que descrevem objetos reais)
• Metafísica (pouco prática).
Relação entre ideias (Dedução Lógica, não depende da experiência concreta/ aspecto mais matemático)
X
Questões de fato (Experiência/Sem necessidade de demonstração/não obedece a lógica).
Exercícios:
1. (Uel 2019) Leia o texto a seguir. jamais revela, pelas qualidades que aparecem aos
Mesmo supondo que as faculdades racionais de Adão efeitos que surgirão dele; nem pode nossa razão, sem
fossem inteiramente perfeitas desde o primeiro o auxílio da experiência, jamais tirar uma inferência
momento, ele não poderia ter inferido da fluidez e da acerca da existência real e de um fato.
Com base na interpretação do texto, explique o este mundo, eu poderia exemplificar seus males
que sejam, sempre descobrimos que se resolvem em (David Hume. Diálogos sobre a religião natural, 1992.
vista, parecem mais afastadas dessa origem mostram, a) Explicite o tema filosófico abordado no texto e sua
a um exame mais atento, ser derivadas dela. relação com a criação do mundo.
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esses objetos”.
ações humanas, e se todo experimento realizado nesse (Hume, D. Uma Investigação sobre o Entendimento
campo fornecesse resultados irregulares e anômalos, Humano, Seção 8, In: Antologia de textos filosóficos,
mais acuradamente digerida pela reflexão, poderia Com base na passagem acima e no conjunto do texto,
(Hume, D. Uma Investigação sobre o Entendimento necessidade? Por que essa ideia não teria lugar se “as
Humano, Seção 8, In: Antologia de textos filosóficos, cenas da natureza se alterassem continuamente”?
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6. (Uem 2018) “Devemos recorrer a dois princípios 04) Hume desenvolveu um sistema filosófico moral
bastante manifestos na natureza humana. O primeiro é fundamentado na razão e nos limites dela.
a simpatia, ou seja, a comunicação de sentimentos e 08) É próprio da comparação o fechamento em si, pois
paixões [...]. Tão estreita e íntima é a correspondência aquele que compara não está sujeito à influência.
entre as almas dos seres humanos que, assim que uma 16) Simpatia e comparação não interferem diretamente
ou menor grau. Embora, muitas vezes, minha simpatia 7. (Ufu 2018) De acordo com Kant, filósofo alemão que
por ela não chegue ao ponto de me fazer mudar viveu entre 1724 e 1804,
raramente [a simpatia] é tão fraca que não perturbe o “Nenhum conhecimento em nós precede a experiência
tranquilo curso do meu pensamento, dando autoridade e todo conhecimento começa com ela. Mas, embora
à opinião que me é recomendada por seu todo o nosso conhecimento comece com a experiência,
assentimento. O segundo princípio para o qual nem por isso todo ele se origina da experiência. Pois,
chamarei a atenção é o da comparação, ou seja, a poderia bem acontecer que, mesmo o nosso
variação de nossos juízos acerca dos objetos segundo conhecimento de experiência seja um composto
a proporção entre estes e aqueles com os quais daquilo que recebemos por impressões e daquilo que
comparamos. [...]. Nenhuma comparação é mais óbvia nossa própria faculdade de conhecimento fornece de si
que a comparação conosco; por isso, ela tem lugar em mesma. (...) Tais conhecimentos denominam-se a priori
todas as ocasiões e influencia a maioria de nossas e distinguem-se dos empíricos, que possuem suas
(HUME, D. Tratado da natureza humana. In: SAVIAN São Paulo, Abril Cultural, 1980, coleção Os Pensadores
A partir do texto, assinale o que for correto. cuja obra despertara o maior interesse em Kant, por sua
02) Para Hume, não é a razão que leva os seres “O hábito é, pois, o grande guia da vida humana. É
humanos a agir, e sim as emoções. aquele princípio único que faz com que nossa
do que está imediatamente presente à memória ou aos 8. (Uem 2017) “É justo que se considere uma
HUME, David. Investigação sobre o entendimento precisão e certeza. Mas quando uma espécie particular
humano, Seção IV, Parte II, 36. São Paulo, Abril de eventos sempre esteve, em todos os casos,
Cultural, coleção Os Pensadores. conjugada com outra, não temos nenhum escrúpulo em
Comparando-se os trechos dos escritos desses dois empregando aquele raciocínio que, sozinho, nos
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humano.
b) de que maneira cada um desses filósofos considera In: MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de
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04) A relação de causalidade se estabelece entre a) verdade da fantasia, que é superior à certeza
08) A noção de causalidade entre objetos decorre da c) sentido visual, que é mais verídico que a certeza
eventos similares e constantes. d) ideia inata, que atua como o a priori da razão
9. (Ufu 2017) Hume descreveu a confiança que o Podemos definir uma causa como um objeto, seguido
entendimento humano deposita na probabilidade dos de outro, tal que todos os objetos semelhantes ao
resultados dos eventos observados na natureza. Ele primeiro são seguidos por objetos semelhantes ao
comparou essa convicção ao lançamento de dados, segundo. Ou, em outras palavras, tal que, se o primeiro
cujas faces são previamente conhecidas, porém, nas objeto não existisse, o segundo jamais teria existido. O
[...] verificando que maior número de faces aparece também temos experiência.
mais em um evento do que no outro, o espírito [o Em conformidade com essa experiência, podemos,
entendimento humano] converge com mais frequência portanto, formular uma outra definição de causa e
para ele e o encontra muitas vezes ao considerar as chamá-la um objeto seguido de outro, e cujo
várias possibilidades das quais depende o resultado aparecimento sempre conduz o pensamento àquele
HUME, D. Investigação acerca do entendimento sequer uma noção distinta do que é que desejamos
Esse tipo de raciocínio, descrito por Hume, conduz o Seção VII, 29. Trad. José Oscar de Almeida Marques.
entendimento humano a uma situação distinta da São Paulo: UNESP, 2004. p. 115.
pelo(a)
Com base no texto e nos conhecimentos acerca das poderes ocultos semelhantes? A consequência não
noções de causa e efeito em David Hume, assinale a parece de nenhum modo necessária.
alternativa correta.
a) As noções de causa e efeito fazem parte da realidade HUME, D. Investigação acerca do entendimento
e por isso os fenômenos do mundo são explicados humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995.
b) A presença do efeito revela a causa nele envolvida, O problema descrito no texto tem como consequência
experiência e, por meio dela, são apreendidas. b) normatividade das teorias científicas que se valem
pela mente e não por hábitos formados pela percepção c) Dificuldade de se fundamentar as leis científicas em
afirmações universais.
experiência passada dá somente uma informação 12. (Enem 2015) Todo o poder criativo da mente se
direta e segura sobre determinados objetos em reduz a nada mais do que a faculdade de compor,
determinados períodos do tempo, dos quais ela teve transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos
sobre a qual gostaria de insistir: por que esta pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos
experiência tem de ser estendida a tempos futuros e a mais do que juntar duas ideias consistentes, ouro e
outros objetos que, pelo que sabemos, unicamente são montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um
similares em aparência. O pão que outrora comi cavalo virtuoso, porque somos capazes de conceber a
alimentou-me, isto é, um corpo dotado de tais virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e
qualidades sensíveis estava, a este tempo, dotado de podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo,
tais poderes desconhecidos. Mas, segue-se daí que animal que nos é familiar.
ocorreu na outra vez, e que qualidades sensíveis HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano.
semelhantes devem sempre ser acompanhadas de São Paulo: Abril Cultural, 1995.
Hume estabelece um vínculo entre pensamento e do acaso, de modo que há uma independência das
a) os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na III. As ideias são sempre as causas de nossas
sensação. impressões.
b) o espírito é capaz de classificar os dados da IV. Assim como as ideias são as imagens das
c) as ideias fracas resultam de experiências sensoriais secundárias, que são imagens das ideias primárias.
e) as ideias têm como fonte específica o sentimento b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
cujos dados são colhidos na empiria. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
13. (Uel 2015) Leia o texto a seguir. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
As ideias produzem as imagens de si mesmas em 14. (Enem PP) O contrário de um fato qualquer é
novas ideias, mas, como se supõe que as primeiras sempre possível, pois, além de jamais implicar uma
ideias derivam de impressões, continua ainda a ser contradição, o espírito o concebe com a mesma
verdade que todas as nossas ideias simples procedem, facilidade e distinção como se ele estivesse em
mediata ou imediatamente, das impressões que lhes completo acordo com a realidade. Que o Sol não
HUME, D. Tratado da Natureza Humana. Trad. De contradição do que a afirmação de que ele nascerá.
Serafim da Silva Fontes. Lisboa: Fundação Calouste Podemos em vão, todavia, tentar demonstrar sua
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a contradição e o espírito nunca poderia concebê-la
questão da sensibilidade, razão e verdade em David distintamente, assim como não pode conceber que
aparecimento, derivam das impressões simples que humano. São Paulo: Nova Cultural, 1999 (adaptado).
lhes correspondem.
O filósofo escocês David Hume refere-se a fatos, ou conclusão determinada. Mas se a questão diz respeito
seja, a eventos espaço-temporais, que acontecem no a algum assunto da vida e da experiência cotidiana,
mundo. Com relação ao conhecimento referente a tais julgaríamos que nada poderia preservar a disputa
eventos, Hume considera que os fenômenos indecidida por tanto tempo [...]”
b) ocorrem de maneira necessária, permitindo um humano. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos.
basearem em dados que os tornam incontestáveis. A partir do trecho citado, assinale a(s) afirmativa(s)
modalidades de provas, com conclusões idênticas. 01) Tendo em vista que as faculdades da mente são
e) exigem previsões obtidas por raciocínio, distinto do iguais, os pensamentos produzidos a partir das
conhecimento baseado em cálculo abstrato. mesmas impressões sensíveis são também iguais.
15. (Uem) “Pois como se supõe que as faculdades da serem associações diversas de mesmas ideias a
– e se assim não fosse, nada poderia ser mais 04) Disputas que nascem da experiência cotidiana têm
infrutífero que argumentarmos ou debatermos uns com sua resolução mais rápida, pois não incorrem na
associassem as mesmas ideias a seus termos, que 08) O campo da experiência está ao alcance das
pudessem durante tanto tempo formar diferentes faculdades humanas, visto que fornece um fundamento
quando comunicam suas opiniões, e cada uma das 16) Nas contendas intelectuais, vale utilizar-se de toda
partes volta-se para todos os lados em busca de e de qualquer opinião para obter a vitória.
antagonistas. É verdade que, se os homens tentam 16. (Uel) Leia o texto a seguir.
alcance das faculdades humanas, tais como as que Hume considerou não haver nenhuma razão para supor
concernem à origem dos mundos, ou à organização do que, dado o que se chama um “efeito”, deva haver uma
sistema intelectual ou da região dos espíritos, eles causa invariavelmente unida a ele. Observamos
podem ficar longo tempo golpeando o vazio em suas sucessões de fenômenos: à noite sucede o dia, ao dia,
infrutíferas contendas, sem nunca chegar a qualquer a noite etc.; sempre que se solta um objeto, ele cai no
compreender que haja alguma conexão necessária A experiência, para Hume, constitui fonte de
entre semelhante “causa” e seu suposto “efeito”. conhecimento ao revelar a relação causal existente
São Paulo: Loyola, 2000, p.427.) é quem captura a relação existente entre uma causa e
a) Com base na filosofia de Hume, explique a relação causal. O que Hume questiona é o fato de a
importância do conceito de causalidade para o experiência, assim como a razão, serem insuficientes
b) Explicite a leitura que Hume faz do empirismo. Sabemos apenas que há uma relação causal, mas não
que na causa implica necessariamente o efeito. Só religiosas para categorizar esse mal. Ou seja, o seu
notamos uma relação uniforme e regular ou uma empirismo o conduz também a uma atitude de
conjunção constante entre o que consideramos causa ceticismo. Essa visão é oposta ao racionalismo
de um determinado efeito produzido, ambos percebidos cartesiano, bem como ao idealismo platônico, uma vez
pela experiência, numa sucessão temporal. que não há, segundo Hume, qualquer noção inata de
Resposta da questão 2:
Para Hume, pensador empirista, o conhecimento necessárias pois necessidade é o que não pode ser de
humano tem origem na experiência sensível, que pode outra forma, não pode ser diferente do que é. Assim, as
ser dividida em impressões e ideias, sendo as ações humanas são necessárias posto que podemos
impressões relativas aos sentidos humanos, tais como extrair conclusões – ainda que parciais – acerca de tais
olfato, tato e visão, e as ideias as representações ações. Não seria, portanto, possível elaborar qualquer
mentais derivadas das impressões sensíveis. Hume reflexão sobre a humanidade se existisse a
concebe, assim, as ideias como provenientes das possibilidade de identificar padrões nas atitudes dos
impressão e seria uma “cópia” da impressão que a Hume defende que a ideia de necessidade se forma a
a) O tema a que ele se refere é a questão metafísica relação necessária entre fumaça e fogo, mas, devido a
acerca da natureza do bem e do mal. Segundo ele, o percepção, em vários momentos, da existência de fogo
bem e o mal são resultado da ação humana, e não da quando se tem fumaça nos céus, passou-se a
b) David Hume, ao demonstrar os males do mundo, não teria lugar diante da inconstância da natureza pois a
se utiliza de deduções lógicas, mas do efeito de ações repetição é fundamental na criação de relações entre
que causam algum tipo de mal-estar para o homem. Ou os elementos que compõem as cenas naturais, os
O aluno deve identificar os itens que contêm afirmações inconstantes, não é possível obter leis universais. É tão
corretas a partir da leitura atenta do texto apresentado. somente pelo costume, adquirido pela sucessão
Para Hume, os valores e as normas da moralidade recorrente dos eventos observados, que
humana pertenceriam ao âmbito da emoção, de modo estabelecemos relações de causa e efeito. Tal
que as emoções levariam os indivíduos a agir, e não a conhecimento causal, tudo o que nos leva para além de
razão, como indicado pelo item [02]. Hume inicia o nossa experiência imediata, não se baseia em
apresentando a ideia de simpatia. No trecho ”Embora, esperar que as experiências futuras se assemelhem às
muitas vezes, minha simpatia por ela não chegue ao que tivemos no passado. Desse modo, nossas
ponto de me fazer mudar inteiramente meus convicções em nexos causais resultam apenas da
é tão fraca que não perturbe o tranquilo curso do meu tentativa para defendê-las nos conduz ao absurdo e à
simpatia possibilita, para Hume, uma experiência em b) A teoria do conhecimento de Hume segue a tradição
que um indivíduo é influenciado, em maior ou menor empirista, atribuindo a origem das ideias às
grau, por outro indivíduo, o que está de acordo com o experiências sensíveis. Para ele, as percepções da
item [01]. Em seguida, ao introduzir a ideia de mente são de dois tipos: impressões e ideias, que se
comparação, Hume aponta que a comparação de diferem por seus graus de força e de vivacidade.
juízos acerca dos objetos em relação com os juízos que Nossas ideias são cópias das nossas impressões e as
o próprio indivíduo formula é o tipo mais elementar de representam em todas as suas partes, por isso são
comparação, de modo que seria característico dessa mais fracas e têm menos vivacidade do que as
experiência o fechamento em si mesma, de forma impressões; é o caso das faculdades da nossa mente,
oposta à simpatia, estando o item [08] também correto. como a memória e a imaginação. A lembrança de uma
a) O ceticismo de Hume consiste na crítica empirista ocorre, pois a experiência dos sentidos é, primeiro,
ao princípio da causalidade. Para ele, não existem sentida no presente, como impressão, depois
como ideia. Para Kant, a experiência dos sentidos fundamento lógico que garantisse o mesmo efeito,
ocorre a partir de certas condições de possibilidade a ainda que a causa se repetisse. Por exemplo: não há
priori da experiência. Essas condições de possibilidade relação necessária entre fumaça e fogo, mas, devido a
estão presentes no intelecto humano e são as formas percepção, em vários momentos, da existência de fogo
puras da sensibilidade: o espaço e o tempo. O espaço quando se tem fumaça nos céus, passou-se a
e o tempo preexistem como faculdades do sujeito e são relacionar, quase que imediatamente, a existência de
formas que atuam na organização dos fenômenos da fogo quando se tem fumaça nos céus. Essa ideia não
experiência e proporcionam a sua intuição empírica. teria lugar diante da inconstância da natureza pois a
Para Kant, as intuições em composição com os repetição é fundamental na criação de relações entre
conceitos do entendimento são o fundamento de todo os elementos que compõem as cenas naturais, os
maneira como a razão, por meio de sua estrutura a deve identificar que apenas os itens [01], [08] e [16]
de qualidade, etc.), que possuímos uma capacidade de Para Hume, a noção de causalidade se forma a partir
conhecimento inata, universal e necessária que não da imaginação humana que cria a relação de
depende da experiência, mas se realiza por ocasião da necessidade a partir da identificação reiterada das
experiência sobre os objetos que essa nos oferece. mesmas “cenas da natureza”. Ou seja, relaciona-se
Para Hume, a noção de causalidade se forma a partir fundamento lógico que garantisse o mesmo efeito,
da imaginação humana que cria a relação de ainda que a causa se repetisse. Por exemplo: não há
necessidade a partir da identificação reiterada das relação necessária entre fumaça e fogo, mas, devido a
mesmas “cenas da natureza”. Ou seja, relaciona-se percepção, em vários momentos, da existência de fogo
causa e efeito através da inferência de que um objeto quando se tem fumaça nos céus, passou-se a
existe pela existência de um outro antecedente, relacionar, quase que imediatamente, a existência de
afirmando-se o efeito pela causa. No entanto, esse fogo quando se tem fumaça nos céus. Essa ideia não
raciocínio conduziria ao erro, pois não haveria teria lugar diante da inconstância da natureza pois a
repetição é fundamental na criação de relações entre da existência de ideias inatas que independam das
os elementos que compõem as cenas naturais, os impressões empíricas, a crítica ao raciocínio indutivo
[C] [A]
David Hume tem como uma das questões centrais em Hume, sendo empirista, considera que os pensamentos
sua teoria filosófica a relação entre causa e efeito. Para são produzidos pela associação de ideias obtidas pelas
ele, essa relação fornece a base para todos os sensações do homem, tal como afirma corretamente a
seja, afirma-se o efeito pela causa. Para Hume, essa Resposta da questão 13:
causa só é possível porque existe uma ligação entre os David Hume no Tratado sobre o entendimento humano
objetos que é percebida empiricamente. estabelece princípios de uma filosofia empirista radical
A filosofia empirista de David Hume estabelece uma assim uma relação entre as impressões simples e as
crítica ao raciocínio indutivo que pode ser observada no ideias simples. Desta maneira, estabelecemos uma
texto, no qual Hume argumenta que o pensamento forte conexão entre as impressões e as ideias, sendo
indutivo não possui fundamentação lógica, uma vez que tanto as ideias quanto as impressões exercem
que partiria de uma crença de que percepções influência uma sobre a outra, o que vai condicionar
repetidas irão sempre se repetir, quando nada poderia nosso modo de entendimento. Assim, a conexão
garantir essa certeza. Para Hume, apenas o raciocínio estabelecida pelo número de impressões que
lógica, o que justifica a alternativa [C]. A classificação número específico de casos, criando um hábito do
de Hume como filósofo empirista pode gerar dúvida em entendimento que criar uma dependência das
relação à alternativa [B], no entanto, apesar da teoria impressões em relação às ideias e, das ideias em
do conhecimento desse filósofo se basear na rejeição relação às impressões. Das ideias primárias se formam
as ideias secundárias que seriam as extrapolações evidência de sua necessidade não seja firmada por
realizadas e estabelecidas por uma conjunção entre nada além dos sentidos e dos registros da memória –
causa e efeito que atribuímos como verdadeiras pela por exemplo, “o sol nascerá amanhã”. Neste sentido,
repetição ao que formos submetidos. Contudo, isto não por um lado os raciocínios sobre questões de fato
pode ser feito, pois o que observamos são fenômenos fundam-se em relações de causalidade e dependem da
isolados que se apresentam juntos, não percebemos a disposição das coisas existentes no universo, e, por
relação entre eles, derivamos esta relação pela outro lado, os raciocínios sobre relação de ideias
impressão, mas sem, contudo verificar esta impressão. possuem força na sua formalidade e são incapazes de
Desta forma, os itens [II] e [III] não correspondem as serem resolvidos através de um terceiro juiz como a
Na filosofia empirista de David Hume, a ideia de relação da experiência. O conhecimento empírico apreende a
entre fenômenos que se repetem, ou seja, a ideia de relação causal dos fenômenos naturais, sendo que pela
que um fenômeno que ocorre de determinada maneira maneira habitual de se conceber a constância e a
ocorrerá sempre da mesma forma, não parte de regularidade do dinamismo próprio da natureza que
nenhum pressuposto sensível, não tendo, portanto, obtemos qualquer conhecimento sensível. Logo, o
fundamentação para ser aceita como fato. conhecimento empírico é formado pela constatação da
Resposta da questão 15: da natureza, o que permite dizer que sem a causalidade
A divisão entre questões de fato e relações de ideias demonstram a existência de um ceticismo mitigado
aparece no início da seção IV (Dúvidas céticas sobre quanto à possibilidade de a experiência constituir-se
investigação humana possui como objetos: 1) toda conhecimento empírico, em última instância, baseia-se
isto é, aquelas que possuem validade independente do semelhantes gera efeitos semelhantes. Essa
que existe no universo, por exemplo, o teorema de compreensão resulta na convicção de que relações
Pitágoras; e, 2) todas as afirmações que possuem um causais observadas no passado garantem repetição
caráter muitíssimo diferente posto que qualquer “certa” no futuro. Isso, segundo Hume, não passaria de
crença, o que por sua vez colocaria uma considerável entendimento humano. In Coleção Os Pensadores. São
dose de ceticismo na base do próprio empirismo. O Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 152). Sendo assim, o
hábito é o grande guia da vida humana no sentido de homem é apenas capaz de crer que a relação de causa
que nenhuma questão de fato é resolvida por algo além e efeito entre a chama e o calor, por exemplo, se
dele. Como Hume diz, “sem a ação do hábito, mantenha persistente. A crença é um resultado
ignoraríamos completamente toda questão de fato além necessário da mente observar regularidades –
do que está imediatamente presente à memória ou aos diferentemente da ficção que é uma formulação com
sentidos” (D. Hume. Investigações sobre o aparência de realidade e sem um lastro sensitivo.