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David Hume
Edimburgo (Escócia) (1711-1776)

CORRENTE FILOSÓFICA
Iluminismo/Empirismo
PRINCIPAIS OBRAS
Tratado sobre a Natureza Humana; Investigação sobre o Entendimento Humano; Diálogos sobre a Religião
Natural
FRASE SÍNTESE
“O costume é, portanto, o grande guia da vida humana.”

“Quando entro mais intimamente nisto que eu chamo de eu mesmo, sempre tropeço em uma ou outra percepção
particular, de calor ou frio, luz ou sombra, amor ou ódio, dor ou prazer.”

A FILOSOFIA DE HUME (RESUMO)

- Hume ficou conhecido por levar ao extremo o ceticismo – entendido como a suspensão de julgamento diante
de questões sem verdade. Em suas obras, o filósofo escocês suspendia as certezas até mesmo diante daquilo
que parecia ser experimental – o fundamental é descobrir a gênese de nossas crenças.

- Exerceu grande influência nas obras de Nietzsche e Kant.

- Percepções humanas:

1. Impressões: estas são mais fortes do que a ideia. Ex.: a ideia de uma dor passada no dia anterior não
é mais forte do que a sentida no momento – essas impressões são, portanto, adquiridas pelos
SENTIDOS.
2. Pensamentos (ou ideias) – cópias das impressões dos sentidos.

- Todo o processo de pensamento se inicia com impressões - não se pode conceber o pensamento desvinculado
das sensações.

- As nossas sensações são os únicos fatos comprováveis, e, quanto mais próximas no sentido cronológico
estiverem as sensações, mais nítidas e fortes essas ideias serão.
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- Aquilo que percebemos, os nossos dados ou a estimulação física dos órgãos dos sentidos e os sinais nervosos
que eles emitem são a única realidade que conhecemos.

- Questionou, inclusive um pressuposto fundamental de toda tradição científico-filosófica: o princípio da


causalidade. É aqui que reside sua reflexão mais conhecida. A questão de Hume não é saber a eficácia da
chamada “relação causa-efeito”, mas compreender como esse conceito – existente desde os pré-socráticos –
se tornou tão forte na mente humana.

- Como outros empiristas, Hume acreditava que nossas ideias derivavam da experiência sensorial. Porém, a
partir dessas experiências, construiríamos sofismas – “o raciocínio enganoso” – e ilusões, como a existência
de leis na natureza e de mecanismos de causa e efeito. Observando regularidades na natureza, o homem
acreditou que existiam leis, do mesmo modo que, vendo um evento suceder-se ao outro, o homem inventou
a relação de causa e efeito.

- Repensando o método baconiano – empírico indutivo puro, Hume debate a ideia de que a força do
hábito muitas vezes nos move ao erro.

Exemplo: Ao observarmos o nascer diário do Sol com nossos sentidos, por exemplo, dizemos que esse
fenômeno ocorre graças a uma lei que rege os corpos celestes e, assim, acreditamos veementemente que o Sol
nascerá todos os dias. Porém, esse conceito de “lei” ou de “causa” deriva tão-somente da nossa limitada
experiência, do costume, da repetição e do hábito: o que nos garante que o Sol se levantará amanhã?

Em um jogo de sinuca, vendo uma bola branca bater numa vermelha, fazendo-a cair na caçapa, acreditamos
que o primeiro evento (a bola branca batendo na vermelha) “causou” o segundo (a bola na caçapa). Como
observamos isso ocorrer frequentemente, acreditamos ser algo que sempre ocorre. Mas, na verdade, tudo o
que sabemos é que uma bola bate na outra: nada sabemos sobre a tal “causa”, conceito que inventamos
para relacionar um com o outro.

- A experiência nos mostra que um evento acompanha outro, mas não mostra nenhuma relação concreta
entre eles.

A CAUSALIDADE NÃO ESTÁ NO MUNDO - É UMA MANEIRA PELA QUAL


COMPREENDEMOS O MUNDO!

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- Apesar de essa filosofia ser radical, levando-nos a acreditar que “qualquer coisa pode produzir qualquer
coisa”, é importante notar que nada disso demonstra que nossas expectativas em relação às leis ou às causas
não sejam corretas – Hume não quer provar que amanhã o Sol pode não nascer. Ele quer dizer o seguinte: o
fundamento de nossas expectativas não está na razão, mas, sim, no hábito, no costume, na repetição.

- Em consequência, toda ciência é apenas resultado de indução, não havendo conhecimento certo e
definitivo, de modo que a única certeza que podemos ter é a probabilidade.

- É dessa maneira que o empirismo se aproxima do CETICISMO.

- Quanto mais a experiência avança, mais podemos constatar os limites do conhecimento.

- Não se pode afirmar que com certeza de que se conhece completamente uma coisa, mas apenas o que tivemos
até esse momento – não há conhecimento para além da experiência!

Limites da Ciência:

• Tempo/Nitidez.
• Percepções Particulares (subjetividade)
• Relação com as palavras (conceitos são apenas palavras que descrevem objetos reais)
• Metafísica (pouco prática).

Relação entre ideias (Dedução Lógica, não depende da experiência concreta/ aspecto mais matemático)
X
Questões de fato (Experiência/Sem necessidade de demonstração/não obedece a lógica).

Exercícios:

1. (Uel 2019) Leia o texto a seguir. jamais revela, pelas qualidades que aparecem aos

sentidos, tanto as causas que o produziram como os

Mesmo supondo que as faculdades racionais de Adão efeitos que surgirão dele; nem pode nossa razão, sem

fossem inteiramente perfeitas desde o primeiro o auxílio da experiência, jamais tirar uma inferência

momento, ele não poderia ter inferido da fluidez e da acerca da existência real e de um fato.

transparência da água que ela o afogaria, ou da luz e

do calor do fogo, que este o consumiria. Nenhum objeto

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HUME, D. Investigação acerca do Entendimento e) realidade transcendental.

Humano. São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 50.

3. (Unesp 2018) Se um estranho chegasse de súbito a

Com base na interpretação do texto, explique o este mundo, eu poderia exemplificar seus males

conceito de causalidade na epistemologia de David mostrando-lhe um hospital cheio de doentes, uma

Hume. prisão apinhada de malfeitores e endividados, um

___________________________________________ campo de batalha salpicado de carcaças, uma frota

___________________________________________ naufragando no oceano, uma nação desfalecendo sob

___________________________________________ a tirania, fome ou pestilência. Se eu lhe mostrasse uma

___________________________________________ casa ou um palácio onde não houvesse um único

___________________________________________ aposento confortável ou aprazível, onde a organização

___________________________________________ do edifício fosse causa de ruído, confusão, fadiga,

___________________________________________ obscuridade, e calor e frio extremados, ele com certeza

___________________________________________ culparia o projeto do edifício. Ao constatar quaisquer

___________________________________________ inconveniências ou defeitos na construção, ele

invariavelmente culparia o arquiteto, sem entrar em

2. (Enem PPL 2018) Quando analisamos nossos maiores considerações.

pensamentos ou ideias, por mais complexos e sublimes

que sejam, sempre descobrimos que se resolvem em (David Hume. Diálogos sobre a religião natural, 1992.

ideias simples que são cópias de uma sensação ou Adaptado.)

sentimento anterior. Mesmo as ideias que, à primeira

vista, parecem mais afastadas dessa origem mostram, a) Explicite o tema filosófico abordado no texto e sua

a um exame mais atento, ser derivadas dela. relação com a criação do mundo.

___________________________________________

HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. ___________________________________________

São Paulo: Abril Cultural, 1973. ___________________________________________

___________________________________________

Depreende-se deste excerto da obra de Hume que o ___________________________________________

conhecimento tem a sua gênese na ___________________________________________

a) convicção inata. ___________________________________________

b) dimensão apriorística. ___________________________________________

c) elaboração do intelecto. ___________________________________________

d) percepção dos sentidos.

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b) Explique como os argumentos do filósofo evidenciam ___________________________________________

um ponto de vista empirista (fundamentado na ___________________________________________

experiência) e cético (baseado na dúvida), em ___________________________________________

contraste com uma concepção metafísica sobre o tema. ___________________________________________

___________________________________________

___________________________________________ 5. (Ufpr 2018) “Parece evidente que, se todas as cenas

___________________________________________ da natureza fossem continuamente alteradas de tal

___________________________________________ maneira que jamais dois acontecimentos tivessem

___________________________________________ qualquer semelhança um com o outro mas cada objeto

___________________________________________ fosse sempre inteiramente novo, sem nenhuma

___________________________________________ semelhança com qualquer coisa que se tivesse visto

___________________________________________ antes, jamais teríamos, nesse caso, alcançado a mais

___________________________________________ tênue ideia de necessidade, ou de uma conexão entre

esses objetos”.

4. (Ufpr 2018) “Se não houvesse uniformidade nas

ações humanas, e se todo experimento realizado nesse (Hume, D. Uma Investigação sobre o Entendimento

campo fornecesse resultados irregulares e anômalos, Humano, Seção 8, In: Antologia de textos filosóficos,

seria impossível coletar quaisquer observações gerais SEED, 2009, p. 378.)

acerca da humanidade, e nenhuma experiência, por

mais acuradamente digerida pela reflexão, poderia Com base na passagem acima e no conjunto do texto,

servir a qualquer propósito”. responda: segundo Hume, como se forma a ideia de

(Hume, D. Uma Investigação sobre o Entendimento necessidade? Por que essa ideia não teria lugar se “as

Humano, Seção 8, In: Antologia de textos filosóficos, cenas da natureza se alterassem continuamente”?

SEED, 2009, p. 381.) ___________________________________________

___________________________________________

Com base na passagem acima e no conjunto do texto, ___________________________________________

responda: de acordo com Hume, as ações humanas ___________________________________________

são necessárias? Justifique sua resposta. ___________________________________________

___________________________________________ ___________________________________________

___________________________________________ ___________________________________________

___________________________________________ ___________________________________________

___________________________________________ ___________________________________________

___________________________________________

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6. (Uem 2018) “Devemos recorrer a dois princípios 04) Hume desenvolveu um sistema filosófico moral

bastante manifestos na natureza humana. O primeiro é fundamentado na razão e nos limites dela.

a simpatia, ou seja, a comunicação de sentimentos e 08) É próprio da comparação o fechamento em si, pois

paixões [...]. Tão estreita e íntima é a correspondência aquele que compara não está sujeito à influência.

entre as almas dos seres humanos que, assim que uma 16) Simpatia e comparação não interferem diretamente

pessoa se aproxima de mim, ela me transmite todas as em nosso comportamento moral.

suas opiniões, influenciando meu julgamento em maior

ou menor grau. Embora, muitas vezes, minha simpatia 7. (Ufu 2018) De acordo com Kant, filósofo alemão que

por ela não chegue ao ponto de me fazer mudar viveu entre 1724 e 1804,

inteiramente meus sentimentos e modos de pensar,

raramente [a simpatia] é tão fraca que não perturbe o “Nenhum conhecimento em nós precede a experiência

tranquilo curso do meu pensamento, dando autoridade e todo conhecimento começa com ela. Mas, embora

à opinião que me é recomendada por seu todo o nosso conhecimento comece com a experiência,

assentimento. O segundo princípio para o qual nem por isso todo ele se origina da experiência. Pois,

chamarei a atenção é o da comparação, ou seja, a poderia bem acontecer que, mesmo o nosso

variação de nossos juízos acerca dos objetos segundo conhecimento de experiência seja um composto

a proporção entre estes e aqueles com os quais daquilo que recebemos por impressões e daquilo que

comparamos. [...]. Nenhuma comparação é mais óbvia nossa própria faculdade de conhecimento fornece de si

que a comparação conosco; por isso, ela tem lugar em mesma. (...) Tais conhecimentos denominam-se a priori

todas as ocasiões e influencia a maioria de nossas e distinguem-se dos empíricos, que possuem suas

paixões. Esse tipo de comparação é diretamente fontes a posteriori, ou seja, na experiência.”

contrário à simpatia em seu modo de operar.”

KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Introdução,

(HUME, D. Tratado da natureza humana. In: SAVIAN São Paulo, Abril Cultural, 1980, coleção Os Pensadores

FILHO. J. Filosofia e filosofias: existência e sentidos. (adaptado).

Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016, p. 272).

Já Hume, filósofo escocês que viveu entre 1713 e 1784,

A partir do texto, assinale o que for correto. cuja obra despertara o maior interesse em Kant, por sua

01) Entende-se que a simpatia consiste na experiência vez escrevera

na qual uma pessoa é influenciada por outra.

02) Para Hume, não é a razão que leva os seres “O hábito é, pois, o grande guia da vida humana. É

humanos a agir, e sim as emoções. aquele princípio único que faz com que nossa

experiência nos seja útil e nos leve a esperar, no futuro,

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uma sequência de acontecimentos semelhantes aos ___________________________________________

que se verificaram no passado. Sem a ação do hábito, ___________________________________________

ignoraríamos completamente toda questão de fato além

do que está imediatamente presente à memória ou aos 8. (Uem 2017) “É justo que se considere uma

sentidos” temeridade imperdoável julgar todo o curso da natureza

a partir de um experimento singular, apesar da sua

HUME, David. Investigação sobre o entendimento precisão e certeza. Mas quando uma espécie particular

humano, Seção IV, Parte II, 36. São Paulo, Abril de eventos sempre esteve, em todos os casos,

Cultural, coleção Os Pensadores. conjugada com outra, não temos nenhum escrúpulo em

prever um desses eventos a partir da aparição do outro,

Comparando-se os trechos dos escritos desses dois empregando aquele raciocínio que, sozinho, nos

pensadores, explique assegura de qualquer fato ou existência. Então,

a) o que é o ceticismo de Hume. chamamos um objeto de Causa; o outro de Efeito.

___________________________________________ Supomos que haja alguma conexão entre eles; alguma

___________________________________________ força, no primeiro, pela qual ele produz infalivelmente o

___________________________________________ segundo, operando com a maior certeza e a mais forte

___________________________________________ necessidade. Parece, então, que a ideia de uma

___________________________________________ conexão necessária entre os eventos surge de uma

___________________________________________ quantidade de situações similares, que decorrem da

___________________________________________ conjunção constante desses eventos.”

___________________________________________

___________________________________________ HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento

humano.

b) de que maneira cada um desses filósofos considera In: MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de

a experiência dos sentidos. Janeiro: Zahar, 2007, p. 107.

___________________________________________ A partir do texto citado, assinale o que for correto.

___________________________________________ 01) O conhecimento da natureza não pode decorrer da

___________________________________________ consideração de eventos particulares e isolados.

___________________________________________ 02) A noção de causa é uma força que impulsiona os

___________________________________________ objetos e a noção de efeito é a ação resultante sobre

___________________________________________ esse mesmo objeto.

___________________________________________

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04) A relação de causalidade se estabelece entre a) verdade da fantasia, que é superior à certeza

objetos parecidos e não necessariamente entre racional.

eventos similares. b) crença, que ocupa o lugar da certeza racional.

08) A noção de causalidade entre objetos decorre da c) sentido visual, que é mais verídico que a certeza

inferência de que há uma conexão necessária entre sensível.

eventos similares e constantes. d) ideia inata, que atua como o a priori da razão

16) Não basta analisar um evento singular para emitir humana.

juízos sobre o curso da natureza, ainda que ele seja

certo e preciso. 10. (Uel 2017) Leia o texto a seguir.

9. (Ufu 2017) Hume descreveu a confiança que o Podemos definir uma causa como um objeto, seguido

entendimento humano deposita na probabilidade dos de outro, tal que todos os objetos semelhantes ao

resultados dos eventos observados na natureza. Ele primeiro são seguidos por objetos semelhantes ao

comparou essa convicção ao lançamento de dados, segundo. Ou, em outras palavras, tal que, se o primeiro

cujas faces são previamente conhecidas, porém, nas objeto não existisse, o segundo jamais teria existido. O

palavras do filósofo: aparecimento de uma causa sempre conduz a mente,

por uma transição habitual, à ideia do efeito; disso

[...] verificando que maior número de faces aparece também temos experiência.

mais em um evento do que no outro, o espírito [o Em conformidade com essa experiência, podemos,

entendimento humano] converge com mais frequência portanto, formular uma outra definição de causa e

para ele e o encontra muitas vezes ao considerar as chamá-la um objeto seguido de outro, e cujo

várias possibilidades das quais depende o resultado aparecimento sempre conduz o pensamento àquele

definitivo. outro. Mas, não temos ideia dessa conexão, nem

HUME, D. Investigação acerca do entendimento sequer uma noção distinta do que é que desejamos

humano. Tradução de Anoar Aiex. saber quando tentamos concebê-las.

São Paulo: Nova Cultural, 1989, p. 93. Coleção “Os

Pensadores”. Adaptado de: HUME, D. Investigação sobre o

entendimento humano e sobre os princípios da moral.

Esse tipo de raciocínio, descrito por Hume, conduz o Seção VII, 29. Trad. José Oscar de Almeida Marques.

entendimento humano a uma situação distinta da São Paulo: UNESP, 2004. p. 115.

certeza racional, uma espécie de “falha”, representada

pelo(a)

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Com base no texto e nos conhecimentos acerca das poderes ocultos semelhantes? A consequência não

noções de causa e efeito em David Hume, assinale a parece de nenhum modo necessária.

alternativa correta.

a) As noções de causa e efeito fazem parte da realidade HUME, D. Investigação acerca do entendimento

e por isso os fenômenos do mundo são explicados humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995.

através da indicação da causa.

b) A presença do efeito revela a causa nele envolvida, O problema descrito no texto tem como consequência

o que garante a explicação de determinado a

acontecimento. a) universabilidade do conjunto das proposições de

c) A causa e o efeito são noções que se baseiam na observação.

experiência e, por meio dela, são apreendidas. b) normatividade das teorias científicas que se valem

d) A causa e o efeito são conhecidos objetivamente da experiência.

pela mente e não por hábitos formados pela percepção c) Dificuldade de se fundamentar as leis científicas em

do mundo. bases empíricas.

e) A causa e o efeito proporcionam, necessariamente, d) inviabilidade de se considerar a experiência na

explicações válidas sobre determinados fatos e construção da ciência.

acontecimentos. e) correspondência entre afirmações singulares e

afirmações universais.

11. (Enem 2ª aplicação 2016) Pode-se admitir que a

experiência passada dá somente uma informação 12. (Enem 2015) Todo o poder criativo da mente se

direta e segura sobre determinados objetos em reduz a nada mais do que a faculdade de compor,

determinados períodos do tempo, dos quais ela teve transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos

conhecimento. Todavia, é esta a principal questão fornecem os sentidos e a experiência. Quando

sobre a qual gostaria de insistir: por que esta pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos

experiência tem de ser estendida a tempos futuros e a mais do que juntar duas ideias consistentes, ouro e

outros objetos que, pelo que sabemos, unicamente são montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um

similares em aparência. O pão que outrora comi cavalo virtuoso, porque somos capazes de conceber a

alimentou-me, isto é, um corpo dotado de tais virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e

qualidades sensíveis estava, a este tempo, dotado de podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo,

tais poderes desconhecidos. Mas, segue-se daí que animal que nos é familiar.

este outro pão deve também alimentar-me como

ocorreu na outra vez, e que qualidades sensíveis HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano.

semelhantes devem sempre ser acompanhadas de São Paulo: Abril Cultural, 1995.

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II. A conexão entre as ideias e as impressões provém

Hume estabelece um vínculo entre pensamento e do acaso, de modo que há uma independência das

impressão ao considerar que ideias com relação às impressões.

a) os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na III. As ideias são sempre as causas de nossas

sensação. impressões.

b) o espírito é capaz de classificar os dados da IV. Assim como as ideias são as imagens das

percepção sensível. impressões, é também possível formar ideias

c) as ideias fracas resultam de experiências sensoriais secundárias, que são imagens das ideias primárias.

determinadas pelo acaso.

d) os sentimentos ordenam como os pensamentos Assinale a alternativa correta.

devem ser processados na memória. a) Somente as afirmativas I e II são corretas.

e) as ideias têm como fonte específica o sentimento b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.

cujos dados são colhidos na empiria. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.

d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.

13. (Uel 2015) Leia o texto a seguir. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

As ideias produzem as imagens de si mesmas em 14. (Enem PP) O contrário de um fato qualquer é

novas ideias, mas, como se supõe que as primeiras sempre possível, pois, além de jamais implicar uma

ideias derivam de impressões, continua ainda a ser contradição, o espírito o concebe com a mesma

verdade que todas as nossas ideias simples procedem, facilidade e distinção como se ele estivesse em

mediata ou imediatamente, das impressões que lhes completo acordo com a realidade. Que o Sol não

correspondem. nascerá amanhã é tão inteligível e não implica mais

HUME, D. Tratado da Natureza Humana. Trad. De contradição do que a afirmação de que ele nascerá.

Serafim da Silva Fontes. Lisboa: Fundação Calouste Podemos em vão, todavia, tentar demonstrar sua

Gulbenkian, 2001. p.35. falsidade de maneira absolutamente precisa. Se ela

fosse demonstrativamente falsa, implicaria uma

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a contradição e o espírito nunca poderia concebê-la

questão da sensibilidade, razão e verdade em David distintamente, assim como não pode conceber que

Hume, considere as afirmativas a seguir. seja diferente de

I. Geralmente as ideias simples, no seu primeiro HUME, D. Investigação acerca do entendimento

aparecimento, derivam das impressões simples que humano. São Paulo: Nova Cultural, 1999 (adaptado).

lhes correspondem.

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O filósofo escocês David Hume refere-se a fatos, ou conclusão determinada. Mas se a questão diz respeito

seja, a eventos espaço-temporais, que acontecem no a algum assunto da vida e da experiência cotidiana,

mundo. Com relação ao conhecimento referente a tais julgaríamos que nada poderia preservar a disputa

eventos, Hume considera que os fenômenos indecidida por tanto tempo [...]”

a) acontecem de forma inquestionável, ao serem

apreensíveis pela razão humana. (HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento

b) ocorrem de maneira necessária, permitindo um humano. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos.

saber próximo ao de estilo matemático. Curitiba: SEED, 2009, p. 377).

c) propiciam segurança ao observador, por se

basearem em dados que os tornam incontestáveis. A partir do trecho citado, assinale a(s) afirmativa(s)

d) devem ter seus resultados previstos por duas correta(s).

modalidades de provas, com conclusões idênticas. 01) Tendo em vista que as faculdades da mente são

e) exigem previsões obtidas por raciocínio, distinto do iguais, os pensamentos produzidos a partir das

conhecimento baseado em cálculo abstrato. mesmas impressões sensíveis são também iguais.

02) As controvérsias existem pelo fato de as opiniões

15. (Uem) “Pois como se supõe que as faculdades da serem associações diversas de mesmas ideias a

mente são naturalmente iguais em todos os indivíduos termos diferentes.

– e se assim não fosse, nada poderia ser mais 04) Disputas que nascem da experiência cotidiana têm

infrutífero que argumentarmos ou debatermos uns com sua resolução mais rápida, pois não incorrem na

os outros –, seria impossível, se as pessoas confusão das ideias.

associassem as mesmas ideias a seus termos, que 08) O campo da experiência está ao alcance das

pudessem durante tanto tempo formar diferentes faculdades humanas, visto que fornece um fundamento

opiniões sobre o mesmo assunto, especialmente empírico para as ideias.

quando comunicam suas opiniões, e cada uma das 16) Nas contendas intelectuais, vale utilizar-se de toda

partes volta-se para todos os lados em busca de e de qualquer opinião para obter a vitória.

argumentos que possam dar-lhes a vitória sobre seus

antagonistas. É verdade que, se os homens tentam 16. (Uel) Leia o texto a seguir.

discutir questões que estão inteiramente fora do

alcance das faculdades humanas, tais como as que Hume considerou não haver nenhuma razão para supor

concernem à origem dos mundos, ou à organização do que, dado o que se chama um “efeito”, deva haver uma

sistema intelectual ou da região dos espíritos, eles causa invariavelmente unida a ele. Observamos

podem ficar longo tempo golpeando o vazio em suas sucessões de fenômenos: à noite sucede o dia, ao dia,

infrutíferas contendas, sem nunca chegar a qualquer a noite etc.; sempre que se solta um objeto, ele cai no

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chão etc. Diante da regularidade observada, ___________________________________________

concluímos que certos fenômenos são causas e outros, ___________________________________________

efeitos. Entretanto, podemos afirmar somente que um

acontecimento sucede a outro – não podemos Gabarito:

compreender que haja alguma força ou poder pelo qual

opera a chamada “causa”, e não podemos Resposta da questão 1:

compreender que haja alguma conexão necessária A experiência, para Hume, constitui fonte de

entre semelhante “causa” e seu suposto “efeito”. conhecimento ao revelar a relação causal existente

entre os fenômenos naturais. Toda causa gera, como

(FERRATER-MORA, J. Dicionário de Filosofia, Tomo I, consequência, um efeito. A experiência, e não a razão,

São Paulo: Loyola, 2000, p.427.) é quem captura a relação existente entre uma causa e

seu efeito. Logo, a experiência é fonte reveladora da

a) Com base na filosofia de Hume, explique a relação causal. O que Hume questiona é o fato de a

importância do conceito de causalidade para o experiência, assim como a razão, serem insuficientes

conhecimento dos fenômenos naturais. na justificação da existência de uma conexão causal

___________________________________________ entre os fenômenos naturais. Que o fogo, em razão do

___________________________________________ calor que lhe é inerente, produz queimaduras, é um

___________________________________________ conhecimento empírico. Ou seja, há uma relação direta

___________________________________________ entre o fogo (causa) e a queimadura (efeito) revelada

___________________________________________ pela experiência. No entanto, a experiência é incapaz

___________________________________________ de inferir a existência de uma conexão necessária entre

___________________________________________ fogo e calor. Não há nada na experiência que garanta

___________________________________________ a manutenção da relação causal entre fogo e calor.

___________________________________________ Nem a experiência nem a razão podem inferir sobre a

determinação causal entre os fenômenos naturais.

b) Explicite a leitura que Hume faz do empirismo. Sabemos apenas que há uma relação causal, mas não

___________________________________________ sabemos se há, de fato, uma conexão causal (de forma

___________________________________________ necessária) entre o fogo e o calor. Enfim, identificar a

___________________________________________ causa de um efeito não envolve um conhecimento

___________________________________________ objetivo da causa em si, de suas qualidades e poderes

___________________________________________ não perceptíveis, nos quais o efeito estaria

___________________________________________ necessariamente implicado. Essa necessidade causal

___________________________________________ não se pode conhecer, isto é, não se tem acesso àquilo

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que na causa implica necessariamente o efeito. Só religiosas para categorizar esse mal. Ou seja, o seu

notamos uma relação uniforme e regular ou uma empirismo o conduz também a uma atitude de

conjunção constante entre o que consideramos causa ceticismo. Essa visão é oposta ao racionalismo

de um determinado efeito produzido, ambos percebidos cartesiano, bem como ao idealismo platônico, uma vez

pela experiência, numa sucessão temporal. que não há, segundo Hume, qualquer noção inata de

bem e de mal no homem.

Resposta da questão 2:

[D] Resposta da questão 4:

De acordo com Hume, as ações humanas são

Para Hume, pensador empirista, o conhecimento necessárias pois necessidade é o que não pode ser de

humano tem origem na experiência sensível, que pode outra forma, não pode ser diferente do que é. Assim, as

ser dividida em impressões e ideias, sendo as ações humanas são necessárias posto que podemos

impressões relativas aos sentidos humanos, tais como extrair conclusões – ainda que parciais – acerca de tais

olfato, tato e visão, e as ideias as representações ações. Não seria, portanto, possível elaborar qualquer

mentais derivadas das impressões sensíveis. Hume reflexão sobre a humanidade se existisse a

concebe, assim, as ideias como provenientes das possibilidade de identificar padrões nas atitudes dos

impressões sensíveis, de modo que as impressões indivíduos.

seriam a causa das ideias, rejeitando, portanto, o

inatismo. Com efeito, toda ideia corresponderia à uma Resposta da questão 5:

impressão e seria uma “cópia” da impressão que a Hume defende que a ideia de necessidade se forma a

originou. partir da imaginação humana que cria a relação de

necessidade a partir da identificação reiterada das

Resposta da questão 3: mesmas “cenas da natureza”. Por exemplo: não há

a) O tema a que ele se refere é a questão metafísica relação necessária entre fumaça e fogo, mas, devido a

acerca da natureza do bem e do mal. Segundo ele, o percepção, em vários momentos, da existência de fogo

bem e o mal são resultado da ação humana, e não da quando se tem fumaça nos céus, passou-se a

vontade divina. relacionar, quase que imediatamente, a existência de

fogo quando se tem fumaça nos céus. Essa ideia não

b) David Hume, ao demonstrar os males do mundo, não teria lugar diante da inconstância da natureza pois a

se utiliza de deduções lógicas, mas do efeito de ações repetição é fundamental na criação de relações entre

que causam algum tipo de mal-estar para o homem. Ou os elementos que compõem as cenas naturais, os

seja, o mal é resultado da experiência humana. Além fenômenos.

disso, ele não apela para explicações metafísicas e

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Resposta da questão 6: modo universal e necessário; em vez disso operamos

01 + 02 + 08 = 11. no conhecimento apenas com probabilidades. Como a

base de todo conhecimento são impressões variáveis e

O aluno deve identificar os itens que contêm afirmações inconstantes, não é possível obter leis universais. É tão

corretas a partir da leitura atenta do texto apresentado. somente pelo costume, adquirido pela sucessão

Para Hume, os valores e as normas da moralidade recorrente dos eventos observados, que

humana pertenceriam ao âmbito da emoção, de modo estabelecemos relações de causa e efeito. Tal

que as emoções levariam os indivíduos a agir, e não a conhecimento causal, tudo o que nos leva para além de

razão, como indicado pelo item [02]. Hume inicia o nossa experiência imediata, não se baseia em

texto, ainda, associando a comunicação de princípios racionais ou justificáveis, mas apenas em

sentimentos e paixões à natureza humana, uma tendência psicológica natural e inalterável de

apresentando a ideia de simpatia. No trecho ”Embora, esperar que as experiências futuras se assemelhem às

muitas vezes, minha simpatia por ela não chegue ao que tivemos no passado. Desse modo, nossas

ponto de me fazer mudar inteiramente meus convicções em nexos causais resultam apenas da

sentimentos e modos de pensar, raramente [a simpatia] observação da repetição ou do hábito, e qualquer

é tão fraca que não perturbe o tranquilo curso do meu tentativa para defendê-las nos conduz ao absurdo e à

pensamento, dando autoridade à opinião que me é contradição.

recomendada por seu assentimento”, observa-se que a

simpatia possibilita, para Hume, uma experiência em b) A teoria do conhecimento de Hume segue a tradição

que um indivíduo é influenciado, em maior ou menor empirista, atribuindo a origem das ideias às

grau, por outro indivíduo, o que está de acordo com o experiências sensíveis. Para ele, as percepções da

item [01]. Em seguida, ao introduzir a ideia de mente são de dois tipos: impressões e ideias, que se

comparação, Hume aponta que a comparação de diferem por seus graus de força e de vivacidade.

juízos acerca dos objetos em relação com os juízos que Nossas ideias são cópias das nossas impressões e as

o próprio indivíduo formula é o tipo mais elementar de representam em todas as suas partes, por isso são

comparação, de modo que seria característico dessa mais fracas e têm menos vivacidade do que as

experiência o fechamento em si mesma, de forma impressões; é o caso das faculdades da nossa mente,

oposta à simpatia, estando o item [08] também correto. como a memória e a imaginação. A lembrança de uma

dor experimentada, por exemplo, não possui tanto vigor

Resposta da questão 7: quanto à sensação da dor no momento em que ela

a) O ceticismo de Hume consiste na crítica empirista ocorre, pois a experiência dos sentidos é, primeiro,

ao princípio da causalidade. Para ele, não existem sentida no presente, como impressão, depois

certezas irrefutáveis e não é possível conhecer de relembrada na memória e projetada na imaginação

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como ideia. Para Kant, a experiência dos sentidos fundamento lógico que garantisse o mesmo efeito,

ocorre a partir de certas condições de possibilidade a ainda que a causa se repetisse. Por exemplo: não há

priori da experiência. Essas condições de possibilidade relação necessária entre fumaça e fogo, mas, devido a

estão presentes no intelecto humano e são as formas percepção, em vários momentos, da existência de fogo

puras da sensibilidade: o espaço e o tempo. O espaço quando se tem fumaça nos céus, passou-se a

e o tempo preexistem como faculdades do sujeito e são relacionar, quase que imediatamente, a existência de

formas que atuam na organização dos fenômenos da fogo quando se tem fumaça nos céus. Essa ideia não

experiência e proporcionam a sua intuição empírica. teria lugar diante da inconstância da natureza pois a

Para Kant, as intuições em composição com os repetição é fundamental na criação de relações entre

conceitos do entendimento são o fundamento de todo os elementos que compõem as cenas naturais, os

conhecimento. O conhecimento da realidade é a fenômenos. Partindo-se dessas considerações, o aluno

maneira como a razão, por meio de sua estrutura a deve identificar que apenas os itens [01], [08] e [16]

priori, organiza de modo universal e necessário os contêm afirmativas corretas.

dados da experiência. Por isso, é graças às formas a

priori da sensibilidade (espaço e tempo) e dos Resposta da questão 9:

conceitos a priori do entendimento (as categorias de [B]

substância, de causalidade, de relação, de quantidade,

de qualidade, etc.), que possuímos uma capacidade de Para Hume, a noção de causalidade se forma a partir

conhecimento inata, universal e necessária que não da imaginação humana que cria a relação de

depende da experiência, mas se realiza por ocasião da necessidade a partir da identificação reiterada das

experiência sobre os objetos que essa nos oferece. mesmas “cenas da natureza”. Ou seja, relaciona-se

causa e efeito através da inferência de que um objeto

Resposta da questão 8: existe pela existência de um outro antecedente,

01 + 08 + 16 = 25. afirmando-se o efeito pela causa. No entanto, esse

raciocínio conduziria ao erro, pois não haveria

Para Hume, a noção de causalidade se forma a partir fundamento lógico que garantisse o mesmo efeito,

da imaginação humana que cria a relação de ainda que a causa se repetisse. Por exemplo: não há

necessidade a partir da identificação reiterada das relação necessária entre fumaça e fogo, mas, devido a

mesmas “cenas da natureza”. Ou seja, relaciona-se percepção, em vários momentos, da existência de fogo

causa e efeito através da inferência de que um objeto quando se tem fumaça nos céus, passou-se a

existe pela existência de um outro antecedente, relacionar, quase que imediatamente, a existência de

afirmando-se o efeito pela causa. No entanto, esse fogo quando se tem fumaça nos céus. Essa ideia não

raciocínio conduziria ao erro, pois não haveria teria lugar diante da inconstância da natureza pois a

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repetição é fundamental na criação de relações entre da existência de ideias inatas que independam das

os elementos que compõem as cenas naturais, os impressões empíricas, a crítica ao raciocínio indutivo

fenômenos. formulada por ele invalida essa alternativa.

Resposta da questão 10: Resposta da questão 12:

[C] [A]

David Hume tem como uma das questões centrais em Hume, sendo empirista, considera que os pensamentos

sua teoria filosófica a relação entre causa e efeito. Para são produzidos pela associação de ideias obtidas pelas

ele, essa relação fornece a base para todos os sensações do homem, tal como afirma corretamente a

raciocínios, e consiste na inferência de que um objeto alternativa [A].

existe pela existência de um outro antecedente, ou

seja, afirma-se o efeito pela causa. Para Hume, essa Resposta da questão 13:

relação causal entre objetos é baseada na experiência, [B]

sendo, portanto, a posteriori, pois inferir o efeito pela

causa só é possível porque existe uma ligação entre os David Hume no Tratado sobre o entendimento humano

objetos que é percebida empiricamente. estabelece princípios de uma filosofia empirista radical

levando aos extremos a maneira pela qual

Resposta da questão 11: compreendemos e conhecemos a realidade. Segundo

[C] suas teorias ele coloca que as ideias simples derivam

de impressões captadas pelos sentidos, existindo

A filosofia empirista de David Hume estabelece uma assim uma relação entre as impressões simples e as

crítica ao raciocínio indutivo que pode ser observada no ideias simples. Desta maneira, estabelecemos uma

texto, no qual Hume argumenta que o pensamento forte conexão entre as impressões e as ideias, sendo

indutivo não possui fundamentação lógica, uma vez que tanto as ideias quanto as impressões exercem

que partiria de uma crença de que percepções influência uma sobre a outra, o que vai condicionar

repetidas irão sempre se repetir, quando nada poderia nosso modo de entendimento. Assim, a conexão

garantir essa certeza. Para Hume, apenas o raciocínio estabelecida pelo número de impressões que

dedutivo fundamentado na matemática faz uso da adquirimos, pela observação e experimentação de um

lógica, o que justifica a alternativa [C]. A classificação número específico de casos, criando um hábito do

de Hume como filósofo empirista pode gerar dúvida em entendimento que criar uma dependência das

relação à alternativa [B], no entanto, apesar da teoria impressões em relação às ideias e, das ideias em

do conhecimento desse filósofo se basear na rejeição relação às impressões. Das ideias primárias se formam

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as ideias secundárias que seriam as extrapolações evidência de sua necessidade não seja firmada por

realizadas e estabelecidas por uma conjunção entre nada além dos sentidos e dos registros da memória –

causa e efeito que atribuímos como verdadeiras pela por exemplo, “o sol nascerá amanhã”. Neste sentido,

repetição ao que formos submetidos. Contudo, isto não por um lado os raciocínios sobre questões de fato

pode ser feito, pois o que observamos são fenômenos fundam-se em relações de causalidade e dependem da

isolados que se apresentam juntos, não percebemos a disposição das coisas existentes no universo, e, por

relação entre eles, derivamos esta relação pela outro lado, os raciocínios sobre relação de ideias

impressão, mas sem, contudo verificar esta impressão. possuem força na sua formalidade e são incapazes de

Desta forma, os itens [II] e [III] não correspondem as serem resolvidos através de um terceiro juiz como a

teorias descritas por Hume. experiência.

Resposta da questão 14: Resposta da questão 16:

[E] a) Hume aponta o conceito de causalidade como

importante para a geração do conhecimento extraído

Na filosofia empirista de David Hume, a ideia de relação da experiência. O conhecimento empírico apreende a

entre fenômenos que se repetem, ou seja, a ideia de relação causal dos fenômenos naturais, sendo que pela

que um fenômeno que ocorre de determinada maneira maneira habitual de se conceber a constância e a

ocorrerá sempre da mesma forma, não parte de regularidade do dinamismo próprio da natureza que

nenhum pressuposto sensível, não tendo, portanto, obtemos qualquer conhecimento sensível. Logo, o

fundamentação para ser aceita como fato. conhecimento empírico é formado pela constatação da

relação de causalidade existente entre os fenômenos

Resposta da questão 15: da natureza, o que permite dizer que sem a causalidade

02 + 04 + 08 = 14. não haveria como processar o conhecimento empírico.

b) As reflexões de Hume sobre o empirismo

A divisão entre questões de fato e relações de ideias demonstram a existência de um ceticismo mitigado

aparece no início da seção IV (Dúvidas céticas sobre quanto à possibilidade de a experiência constituir-se

as operações do entendimento) e quer dizer que a em fundamento último do conhecimento. O

investigação humana possui como objetos: 1) toda conhecimento empírico, em última instância, baseia-se

afirmação intuitivamente ou demonstrativamente certa, na crença de que a repetição constante de causas

isto é, aquelas que possuem validade independente do semelhantes gera efeitos semelhantes. Essa

que existe no universo, por exemplo, o teorema de compreensão resulta na convicção de que relações

Pitágoras; e, 2) todas as afirmações que possuem um causais observadas no passado garantem repetição

caráter muitíssimo diferente posto que qualquer “certa” no futuro. Isso, segundo Hume, não passaria de

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crença, o que por sua vez colocaria uma considerável entendimento humano. In Coleção Os Pensadores. São

dose de ceticismo na base do próprio empirismo. O Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 152). Sendo assim, o

hábito é o grande guia da vida humana no sentido de homem é apenas capaz de crer que a relação de causa

que nenhuma questão de fato é resolvida por algo além e efeito entre a chama e o calor, por exemplo, se

dele. Como Hume diz, “sem a ação do hábito, mantenha persistente. A crença é um resultado

ignoraríamos completamente toda questão de fato além necessário da mente observar regularidades –

do que está imediatamente presente à memória ou aos diferentemente da ficção que é uma formulação com

sentidos” (D. Hume. Investigações sobre o aparência de realidade e sem um lastro sensitivo.

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