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CAJAZEIRAS - PB
2022
ALLISSON BRUNO BANDEIRA DOS SANTOS
CAJAZEIRAS-PB
2022
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................4
2. JUSTIFICATIVA E REFERENCIAL TEÓRICO...........................................................................7
3. ONJETIVOS GERIAS E ESPECÍFICOS...................................................................................11
4. METODOLOGIA................................................................................................................12
5. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES.......................................................................................17
6. REFERÊNCIAS...................................................................................................................18
7. ANEXO I...........................................................................................................................19
INTRODUÇÃO
Com a massificação do futebol nos decorridos anos de 30, 40, e 50, despontam neste
cenário as primeiras entidades torcedoras, mais conhecidas como “Torcidas Uniformizadas”,
quase que de formas espontâneas, muitas vezes nomeadas também de “Charangas”. Eram
compostas por orquestras musicais que faziam a animação das partidas, ocupando as
arquibancadas e guiadas pelo líder de torcida em seus hinos e performances. Observa-se
então que as torcidas organizadas compõem duas fases históricas: a primeira surge nos inícios
dos anos 40, já mencionadas acimas, as “uniformizadas” ou “charangas”. Eram compostas de
pequenas orquestras musicais que animavam as partidas sob a orientação de um líder, este
tendo a função de “chefiar” o grupo, amenizar as reclamações e críticas ao clube e seus
jogadores e sustentar apoio incondicional ao clube. Neste momento se inicia uma cultura de
massas no Rio de Janeiro em torno do futebol.
Essa massificação reflete no ambiente urbano e demanda edificações esportivas e a
criação de locais próprios para os atos comemorativos e carnavalescos ligados ao mundo do
futebol, sobre tudo na então capital do país. Neste momento, estavam umbilicalmente
ligadas aos respectivos times e ao jornalismo esportivo, também surgindo de forma
autônoma diante deste fenômeno, chegando inclusive a se criar a Competição de Torcidas,
em 1936, por Mário Filho no seu Jornal dos Sports. Em suas crônicas, este ressaltava a
ascensão do negro nesse esporte de origem bretã, prática até então elitizada e praticada
apenas por ingleses e filhos de imigrantes de classe média e alta, mas que ganharia
características nacionais típicas do seu povo, apropriando-se desse esporte e considerando
assim uma espécie de emancipação do negro nesta sociedade. Esse é o primeiro momento
do aparecimento da organização de torcedores na defesa pelos seus times fora de campo, o
ato de torcer estando intrinsecamente ligado ao ato de jogar.
Seção II: as primeiras “organizadas”.
Os anos 60 e 70 são o segundo momento deste recorte temporal, quando são
formados os elementos constitutivos para a transformação das “charangas” em “Torcidas
organizadas”, com o advento de jovens torcedores, questionando a unidade acrítica das
charangas, como todo o aparato institucional dos clubes, cada vez mais inseridos na lógica
mercantilista sob forma de transações milionárias, iniciando todo um ciclo de dissidências
dentro do modelo formal posto até então. Reclamavam fundamentalmente maior autonomia
perante aos clubes. Neste momento, o futebol ganha amplitude diante dos campeonatos
nacionais, junto ao advento da televisão, influenciando em mudanças de formas e grandezas
dos clubes e refletindo em seu público, levando ao fracionamento de diversas torcidas antes
homogeneizadas e ao fim do apoio incondicional as instituições clubísticas, ainda que
unificados pela paixão torcedora. Agora sob formas de protestos, contestações e reclamações
de suas insatisfações diante do distanciamento dos clubes, reflexo também de todo um
cenário econômico, cultural e político. Surgem assim a Poder Jovem do Flamengo, desde 1967
e se oficializando em 1969, em 1969 a Poder Jovem do Botafogo se tornaria Torcida Jovem, a
Força Jovem do Vasco da Gama, criada em 1969 e oficializada em 1970, e a torcida Young-Flu
em 1970. Em breves linhas, pode-se considerar a emergência dessas torcidas em um período
de regimes ditatoriais extremamente repressivos, com forte censura e combate direto a
qualquer manifestação de insatisfação com órgãos burocráticos e autoritários, considerando
o futebol um dispositivo usado pelas instituições estatais para construir uma imagem benéfica
para o Brasil, convencional para ocultação das tensões contidas em uma sociedade instável e
dominada pela violência.
I: Permeando a Teoria
O mundo do futebol e das torcidas organizadas, são observados de formas distintas
por diversos campos das teorias sociais. No campo da prática futebolística, boa parte da
opinião hegemônica tenta enquadrar o fenômeno das torcidas organizadas nas normas
jurídicas de punição, como se essas fossem potencialmente violentas e oferecessem riscos à
sociedade, suprimindo cada vez mais do espetáculo do futebol as manifestações do torcer e
suas representações. Observa-se, ligeiramente, que essas agremiações não se deixam vencer
nem pelas malhas da normatividade jurídica, nem pelas tentativas de apropriação do
mercado, em compasso com a elitização do futebol e a conversão desse esporte em
commodities, transformando o torcedor em mero consumidor e suprimindo-o do lócus do
torcer. Pelo menos não completamente e não com total passividade.
O jornalismo esportivo que impera nos principais canais esportivos demonstra sua
parcela de contribuição no enquadramento da vontade torcedora nos dois aspectos
mencionados acima. Por outro lado, essas formas coletivas de torcer estão amparadas, por
vezes mecanicamente, em teorias cientificistas que objetivam exaurir e explicar
definitivamente este fenômeno, como se esta vontade se cristalizasse em conceitos que não
permitissem plasticidade a compreensão da dinâmica, do movimento persistente das práticas
torcedoras. O próprio objeto desta pesquisa procura não se submeter acriticamente a
nenhum enclausuramento unilateral, a normas definidas e estruturas hierarquizantes dentro
e fora dos clubes a que pertencem no mundo futebolístico.
Coexistem com as ideias mencionadas, tradições teóricas que fogem do elitismo ou
das considerações pejorativas simplistas que tentam definir as manifestações culturais das
torcidas como sintomas patológicos e movimentos de violência, incluindo-as na cultura
popular, como tentativa de fuga dos padrões de consumo dominante e dos meios de
comunicação de massa.
O tema é tratado por diversas correntes de pensamento das Ciências Humanas e
Sociais, como o Marxismo, a psicologia e o jornalismo. Desde a Escola de Frankfurt, com as
teses da indústria cultural e cultura de massas, considerando o universo futebolístico como
instrumento de controle do sistema político-econômico vigente, à Gramsci e a teoria da
dominação de classe através dos conceitos de hegemonia e consenso, e cultura popular. De
Freud e a psicanálise, para a compreensão do fenômeno do inconsciente nas multidões e do
escoamento pulsional da agressividade, ao Jornalismo, onde ressalta os excessos de
demonstração de fervor e altruísmo de forma pejorativa, concomitante com os incidentes
internacionais ocasionados por grupos denominados de hooligans, passando a registrar os
fenômenos da torcida organizada como patologia e de forma sensacionalista, amparado em
estereótipos eurocêntricos, tendo estas premissas recepções acríticas da mídia esportiva.
Nem todas as concepções citadas fazem uso de um trato metodológico que prescindem de
critérios morais e juízos de valor, ora superestimando o que é popular, ora subestimando,
divergindo entre as potencialidades e limitações de tais movimentos.
Este pensamento estaria presente neste livro, onde ressalta o “narcisismo das
pequenas diferenças”, para demonstrar como essas comunidades se opunham para rivalizar-
se, característica também presente nas rixas entre as torcidas organizadas(Hollanda, 2009.
P.38)
É diante desse aparato teórico que se pretende “iniciar” esta pesquisa. Partindo destes
aportes faremos uma imersão em um mundo repleto de produções conflituosas e
divergentes. Diante da infinidade de pesquisas relacionadas ao tema no âmbito acadêmico,
ainda se mantém viva o senso comum do fenômeno das torcidas organizadas como patologia
ou grupos unicamente destinados à prática da violência, demonstrando ser ainda um
problema não resolvido ou que permite certas vulgarizações, sobretudo quando são
reproduzidas pela mídia esportiva, um dos principais instrumentos de consenso quando se
trata do tema. Esta pesquisa tem a pretensão de entender o movimento analítico que busca
compreender um pouco mais um objeto não estático e que é tanto tratado de forma
maniqueísta. A pretensão é analisar a torcida local “Mancha Azul” à luz de aportes teóricos
que tratam do tema, contribuindo para que esta organização ganhe também espaço no
estudo antológico do assunto.
O futebol, considerado um ato de sublimação da criatividade humana, existe dentro
de relações sociais contraditórias, e diversos fatos históricos demonstram que ela não
prescinde da violência. Diante das conotações civilizatórias contidas neste esporte moderno,
as multidões que acompanham e declaram suas paixões pelos seus respectivos times são
objetos de estudos históricos e sociológicos, sobretudo dos fenômenos que ultrapassam a
pedagogia do esporte e transformam-se em conflitos.
OBJETIVOS GERAIS
OBJETIVOS ESPÉCIFICOS
I: O método dialético
Neste trabalho não teremos espaço para discutir de forma histórica e filosófica todo o
movimento da dialética. Focaremos no método dialético de Marx. Sabemos que para este a
fonte principal do seu método dialético é Hegel, onde a dialética é:
O método que permite o pensador dialético observar o processo pelo qual
as categorias, noções, ou formas de consciência surgem uma das outras para
formar totalidades cada vez mais inclusivas até que se complete o sistema
de categorias, noções ou formas, como um todo. Para Hegel, a verdade é o
todo e o erro está na unilateralidade, na incompletude e na abstração; pode
ser reconhecido pelas contradições que gera e remediado por sua
incorporação em formas conceituais mais plenas, mais ricas, mais concretas.
(BOTTOMORE, 1988, p. 168)
Nesse sentido, o homem por meio da razão reconhece e compreende seus limites e
potencialidades, e interfere objetivamente na realidade histórica, sendo o senhor do seu
próprio desenvolvimento. Como sujeito, está intrinsecamente relacionado ao objeto, que
também é uma espécie de sujeito não estático. O pesquisador, a fim de compreende-lo, se
apropria da sua dinâmica e de seu movimento. Marcuse, tratando do começo da filosofia
ocidental, demonstra que todo ser determinado carrega em si a qualidade universal de “ser”,
comum a cada um dos seres individualmente, um ser-como-tal. Descreve que
O ser-como-tal é o que todos os entes particulares tem em comum, e é, por
assim dizer, seu substrato. [...] A coisa individual é o sujeito ou substância
que persiste por todo um movimento pelo qual unifica e conserva reunidos
os diversos estados e fases de sua existência (MARCUSE, 1978, p.50).
A análise que se pretende seguir não abre mão da crítica ao objeto analisado, aceitando e
observando as formas que aparece, compreendendo a necessidade do próprio objeto de
aparecer de forma diversa a sua essência. A tentativa é também de compreender também as
interpretações sociológicas, psicológicas e históricas que determinados campos do
pensamento com qual iremos trabalhar projetam sobre este objeto. Numa sociedade
marcada por conflitos, onde interesses ideológicos se condensam em interesses de classes,
movimentos populares (ou movimentos de massa) constitui em sua maioria objetos de
repressão e violência, sendo as torcidas organizadas mais um fenômeno de massa alvo destas
ações.
IV: Do Abstrato ao Concreto
V: Fundamentos metodológicos
Esse item irá tratar dos aspectos operacionais técnicos que nortearão a pesquisa, em
função de complementar a pesquisa epistemológica sobre o objeto. Segundo Severino (2013)
a primeira atividade que o cientista deve realizar é a observação dos fatos, para logo em
seguida problematizá-lo. Como o nosso objeto de pesquisa é um fenômeno social que não é
estático, mas que se movimenta de forma contraditória, o nosso trabalho será amparado pelo
método de pesquisa qualitativo, que segundo as concepções de Severino (2013) diferem dos
métodos quantitativos próprios do método científico positivista presente nas ciências
naturais. O método implica uma proposição da relação sujeito/objeto.
Atividades Jan Fev Mar Abr Mai. Jun Jul. Ago Set. Out Nov Dez.
. . . . . . . .
Levantamento X X X X X X
bibliográfico
Pesquisa de fontes X X X X
documentais e orais
Análise das fontes X X X X X
bibliográficas e
documentais
Redação/escrita da X X X
monografia
Defesa da monografia X
REFERÊNCIAS
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esportivo e a formação das torcidas organizadas no futebol do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: 7Letras,
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