Você está na página 1de 4

Escola Secundária da Amadora

Ano Letivo 2020-21


Disciplina de Filosofia – 11º Ano Teste Formativo
GRUPO I

Este grupo é constituído por questões de escolha múltipla. Transcreva para a folha de
prova a opção correta. Justifique a sua escolha de forma sintética (50 pontos)

1.Segundo Descartes, Deus existe porque...


A. Permite-nos chegar à verdade e evitar o erro.
B. O universo físico tem de ter uma causa.
C. A própria ideia de um ser perfeito implica a sua existência.
D. A organização do universo aponta para um criador inteligente.

C) - Para Descartes, a ideia de um ser perfeito implica a sua existência, na medida em que essa ideia teve de
ser incutida em nós por alguém perfeito. Sendo nós imperfeitos, nunca poderíamos possuir a ideia de algo
perfeito por crédito próprio.

2- A principal finalidade do método proposto por Descartes é


A. Descobrir quais são as ideias claras e distintas.
B. Estabelecer os fundamentos do conhecimento.
C. Provar que os sentidos nos enganam.
D. Mostrar que existe um ser perfeito.

A) - O filósofo Descartes procura um conhecimento correto e rigoroso e, para atingir tal fim, o seu critério
para considerar algo verdadeiro é se uma ideia for clara e distinta. Deste modo, todo o seu método tem como
propósito procurar essas ideias claras e distintas.

2. O empirismo de Hume é um ceticismo porque:

A. Afirma que o conhecimento deriva da experiência e não alcança objetos fora do campo
da experiência.
B. Reduz o conhecimento científico ao conhecimento matemático.
C. nenhuma das afirmações anteriores é verdadeira.
D. Afirma que o conhecimento deriva da experiência, mas não podemos ter qualquer
certeza acerca do comportamento futuro dos objetos.

D)- O filósofo Hume considera que o conhecimento provém da experiência. Todavia, todas as ideias que
possuímos acerca dos objetos é resultante do hábito, ou seja, do costume. O hábito/costume não invalida que
um dia algo não aconteça de forma diferente. O hábito guia o nosso dia a dia, apesar de não nos fornecer
certezas quanto aos objetos, o que, em conseguinte, faz-nos permanecer na dúvida, isto é, em sermos
céticos.
3. De acordo com a epistemologia de Hume:
A. As impressões são cópias menos vívidas de ideias.
B. As impressões são cópias mais vívidas de ideias.
C. As ideias são cópias mais vívidas de impressões.
D. As ideias são cópias menos vívidas de impressões.
D) - As impressões são as sensações externas, ou seja, é aquilo que visualizamos e sentimos, e também
internas, isto é, a tristeza, a paixão, presentes ou atuais. Por outro lado, as ideias são meras cópias das
impressões, ou seja, são representações enfraquecidas no pensamento em resultado da memória e da
imaginação, sendo, deste modo, menos intensas e vívidas que as impressões.

4. Compare as perspetivas de Descartes e Hume quanto às afirmações seguintes:


1. O mundo exterior não existe.
2. O conhecimento precisa de um fundamento.
3. Todo o conhecimento é "a posteriori".
A. Ambos concordam que 2 é verdadeira e que 1 é falsa.
B. Ambos concordam que 2 é verdadeira e que 3 é falsa.
C. Hume considera que 1 é verdadeira, ao passo que Descartes a considera falsa.
D. Hume considera que 3 é verdadeira, ao passo que Descartes a considera falsa.
D) - O conceito "a posteriori" significa aquilo que é estabelecido e afirmado em virtude da experiência. Para
Hume, todo o conhecimento provém da experiência e, por isso, todo o conhecimento é "a posteriori". Por
outro lado, Descartes, filosofo racionalista, defende que existe conhecimento "a priori", isto é, anterior à
experiência e que é evidenciado através da razão.

5. De acordo com o empirismo...


A. A única fonte do conhecimento é a experiência.
B. Não há qualquer conhecimento “a priori”.
C. A fonte de conhecimento mais importante é a experiência.
D. Privilegia-se a intuição racional como fonte de conhecimento.
C) - O empirismo tem como pressuposto que o conhecimento provém da experiência. Todavia, apesar de a
experiência ser a fonte principal e mais importante de conhecimento, o empirismo reconhece e aceita a
existência de algum conhecimento racional, sendo este considerado menos relevante como é o caso da
matemática.

GRUPO II- Questões de resposta curta e objetiva. (100 pontos)

1. Relacione as teorias de Hume e a de Descartes com o problema do valor, limites e


possibilidade do conhecimento.
O filosofo Hume considera que todo o conhecimento provém da experiência e que, além disto, todo o
conhecimento é contingente, ou seja, qualquer generalização ou previsão é um salto para o desconhecido.
Assim sendo, o conhecimento tem limites e, portanto, só podemos conhecer realidades empiricamente
acessíveis, o que, por conseguinte, torna o empirismo cético. Por outro lado, Descartes é apologista de que
todo conhecimento provém da razão, que conseguimos e temos possibilidades de conhecer tudo e que, por
fim, tudo o que conhecemos é verdadeiro. Não existem, portanto, limites para o conhecimento segundo
Descartes, somente se soubermos pensar de forma metódica, relevando, assim, a natureza dogmática que o
racionalismo possui.

2. Exponha o problema da” ideia de causalidade” para o Empirismo de David Hume.

Para Hume, não há uma relação de causa-efeito, isto é, tudo o que vemos são dois acontecimentos que
surgem regularmente conectados, todavia isso não significa que nós possuímos qualquer impressão sensível
do que é essa conexão. Posto isto, David Hume considera que apenas nos limitamos a projetar para os
acontecimentos a nossa propria tendência para inferir um acontecimento (o efeito) em resultado do
surgimento de outro (causa) . Deste modo, a crença na regularidade causal do mundo é um produto do hábito
ou costumo.

3. Quais os tipos de perceções da teoria de Hume? Distinga-os.

Segundo David Hume, podemos encontrar dois tipos de perceções: as impressões e as ideias, as quais se
diferenciam pelo seu grau de força e de vivacidade. Enquanto que as impressões são as sensações externas,
ou seja, é aquilo que visualizamos e sentimos ao tocarmos, e são as sensações internas, isto é, por exemplo, a
tristeza e a paixão, presentes ou atuais. Contrariamente, as ideias são cópias das impressões, por outras
palavras, são representações enfraquecidas no pensamento em resultado da memória e da imaginação e,
deste modo, são menos intensas e vívidas que as impressões.

4. Hume distinguiu as questões de facto das relações de ideias.


Apresente a sua distinção.

As relações de ideias estão ligadas ao conhecimento que adquirimos intuitivamente e ,portanto, à priori, e,
além disto, são demonstrativamente certas, dependendo unicamente do pensamento e não recorrem às
impressões. A este conhecimento pertencem a geometria, a álgebra, a aritmética e, também, tudo o que
sejam verdades analíticas, isto é, todas as verdades que não nos esclarecem sobre o que existe e acontece no
mundo sendo, deste modo, desprezadas. Por outro lado, as questões de facto são verdades justificadas pela
experiência e, por isso, resultam de um conhecimento à posteriori. A este conhecimento pertencem as
verdades sintéticas, ou seja, as verdades que nos esclarecem sobre o que existe e acontece no mundo, porém
conhecimento de factos é contingente e, por isso, nada nos garante a sua veracidade.

GRUPO III- Questão de desenvolvimento. (50 pontos)

Atente no seguinte texto

“ Existe uma espécie de ceticismo, anterior a qualquer estudo ou filosofia, muito


recomendado por Descartes e outros como sendo a soberana salvaguarda contra os erros
e os juízos precipitados. Este ceticismo recomenda uma dúvida universal, não apenas
quanto aos nossos princípios e opiniões anteriores, mas também quanto às nossas
próprias faculdades, de cuja veracidade, diz ele, nos devemos assegurar por meio de uma
cadeia argumentativa deduzida de algum princípio original que seja totalmente impossível
tornar-se enganador ou falacioso. Mas nem existe qualquer princípio original como esse,
[…] nem, se existisse, poderíamos avançar um passo além dele, a não ser pelo uso
daquelas mesmas faculdades das quais se supõe que já suspeitamos. D. Hume,
Investigação sobre o Entendimento Humano, pp. 161-162.

1. Explique a crítica de Hume, apresentada no texto, ao ceticismo «recomendado por


Descartes.
Hume critica a passagem de Descartes de um ceticismo universal inicial para um dogmatismo resultante de
uma cadeia argumentativa deduzida de um princípio original, concretamente, o cogito. Descartes alega que,
para um conhecimento verdadeiro, é necessário usar a dúvida como método e, além disto, que a mesma seja
temporária. Contrariamente, Hume discorda de como essa dúvida deixa de existir, na medida em que não
podemos ter a certeza absoluta de nada, dado que todo o conhecimento atual é assimilado pelo
hábito/costume e pela experiência adquirida até ao presente. Descartes, também, constrói todo o
conhecimento recorrendo a capacidades cuja existência ainda é um incógnita para o mesmo (“ […] nem, se
existisse, poderíamos avançar um passo além dele, a não ser pelo uso daquelas mesmas faculdades das
quais se supõe que já suspeitamos”) e, deste modo, as certezas adquiridas são injustificáveis.

2. Distinga, no que respeita à fundamentação do conhecimento, a perspetiva racionalista


de Descartes da perspetiva empirista de Hume.
Qual dessas perspetivas lhe parece mais plausível? Porquê? Para fundamentar a sua
resposta apresente pelo menos um argumento, uma objeção, e uma resposta à objeção.

Na minha opinião, a perspetiva mais plausível é a perspetiva empirista de David Hume, uma vez que é mais
provável que a mente do Homem seja, inicialmente, uma “tábua rasa”, ou seja, que a mente, à partida, é
despossuída de qualquer ideia inata, do que nós, humanos, termos a capacidade de responder a todas as
respostas necessárias à vida. É óbvio que vamos absorvendo conhecimento ao longo da nossa vida quando
observamos, por exemplo, o progresso de um bebé a andar. Este começa, inicialmente, por não conseguir
andar e, por isso, devido a essa incapacidade, o bebé começa primeiramente a tentar andar por via de
gatinhar, até conseguir, por fim, com treino e com prática, a saber caminhar . Outro exemplo é o facto de as
pessoas mais velhas serem consideradas as mais sábias, na medida em que possuem bastantes anos de
experiência de vida. Todavia, existem ideias provenientes da razão que nos são intuítivas como, por
exemplo, chorar, algo que não adquirimos com a experiência, é-nos inato. Apesar de chorar ser-nos inato,
isso não significa que nos informa sobre o que existe e acontece no mundo, levando-nos a concluir de que
todo o conhecimento importante depende da experiência sensível.

Trabalho realizado pela aluna: Maria Rita Reis, nº18, 11º5ª

Você também pode gostar