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[…] Embora vejamos o Sol muito claramente, não devemos por isso julgar que ele só
tem a grandeza que vemos; e podemos à vontade imaginar distintamente uma cabeça de
leão unida ao corpo de uma cabra, sem que tenhamos de concluir que no mundo existem
quimeras: porque a razão não garante que seja verdadeiro o que assim vemos ou
imaginamos. Mas sugere-se que todas as nossas ideias ou noções devem ter algum
fundamento de verdade; porque não seria possível que Deus, que é inteiramente perfeito
e completamente verdadeiro, as tivesse posto em nós sem isso.
René Descartes, Discurso do Método, Lisboa, Edições 70, 2000
2.1. Identifique os três tipos de ideias segundo Descartes, presentes no texto.
2.2. Explique a origem das ideias que conduzem ao conhecimento, segundo a filosofia
de Descartes e segundo a filosofia de Hume.
(2012- 1ª fase)
(Exame 2014)
6. Leia o texto.
Os empiristas aceitam que algumas verdades podem ser conhecidas
a priori, mas essas verdades são consideradas [...] não-instrutivas [...]. Ao tomarmos
conhecimento de que os solteiros são homens não-casados, não aprendemos nada de
substancial acerca do mundo [...].
D. O’Brien, Introdução à Teoria do Conhecimento, Lisboa, Gradiva, 2013, p. 62
Compare as posições de Descartes e de Hume acerca da importância do conhecimento a
priori.
Na sua resposta, integre a informação do texto.
(Exame 2015)
7. Leia o texto.
Existe uma espécie de ceticismo, anterior a qualquer estudo ou filosofia, muito
recomendado por Descartes e outros como sendo a soberana salvaguarda contra os erros
e os juízos precipitados. Este ceticismo recomenda uma dúvida universal, não apenas
quanto aos nossos princípios e opiniões anteriores, mas também quanto às nossas
próprias faculdades, de cuja veracidade, diz ele, nos devemos assegurar por meio de
uma cadeia argumentativa deduzida de algum princípio original que seja totalmente
impossível tornar-se enganador ou falacioso. Mas nem existe qualquer princípio original
como esse, [...] nem, se existisse, poderíamos avançar um passo além dele, a não ser
pelo uso daquelas mesmas faculdades das quais se supõe que já suspeitamos.
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, IN-CM, 2002, pp. 161-
162
7.1. Explicite a crítica de Hume, apresentada no texto, ao ceticismo «recomendado por
Descartes».
7.2. Distinga, no que respeita à fundamentação do conhecimento, a perspetiva
racionalista de Descartes da perspetiva empirista de Hume.
(2015 – 2ª fase)
8. Leia o texto.
Todos os objetos da razão ou da investigação humanas podem ser naturalmente
divididos em dois tipos, a saber, as relações de ideias e as questões de facto. [...]
O contrário de toda e qualquer questão de facto continua a ser possível, porque não pode
jamais implicar contradição, e a mente concebe-o com a mesma facilidade e nitidez,
como se fosse perfeitamente conforme à realidade. Que o Sol não vai nascer amanhã
não é uma proposição menos inteligível nem implica maior contradição do que a
afirmação de que ele vai nascer.
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, IN-CM, 2002, pp. 41-
42 (adaptado)
8.1.
Distinga as questões de facto das relações de ideias.
8.2. Tendo em conta que «o Sol não vai nascer amanhãnão é uma proposição menos
inteligível nem implica maior contradição do que a afirmação de que ele vai nascer»,
como explica Hume que estejamos convencidos de que o Sol vai nascer amanhã.
(2015 – 1ª fase)