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Questões saídas em exame sobre Descartes e David Hume

1. Leia o texto seguinte.


Assim, rejeitando todas aquelas coisas de que podemos duvidar de algum modo, e até
mesmo imaginando que são falsas, facilmente supomos que não existe nenhum Deus,
nenhum céu, nenhuns corpos; e que nós mesmos não temos mãos, nem pés, nem de
resto corpo algum; mas não assim que nada somos, nós que tais coisas pensamos: pois
repugna que se admita que aquele que pensa, no próprio momento em que pensa, não
exista.
René Descartes, Princípios da Filosofia, Lisboa, Editorial Presença,1995
1.1. Indique o primeiro princípio indubitável aceite por Descartes.
1.2. Explicite, a partir do texto, duas das características da dúvida cartesiana.
1.3. Confronte o inatismo cartesiano com a filosofia empirista de Hume.
Na sua resposta, deve abordar, pela ordem que entender, os seguintes aspetos:
−− origem das ideias;
−− limites do conhecimento.

(2014 – Época especial)

2. Leia o texto seguinte.

[…] Embora vejamos o Sol muito claramente, não devemos por isso julgar que ele só
tem a grandeza que vemos; e podemos à vontade imaginar distintamente uma cabeça de
leão unida ao corpo de uma cabra, sem que tenhamos de concluir que no mundo existem
quimeras: porque a razão não garante que seja verdadeiro o que assim vemos ou
imaginamos. Mas sugere-se que todas as nossas ideias ou noções devem ter algum
fundamento de verdade; porque não seria possível que Deus, que é inteiramente perfeito
e completamente verdadeiro, as tivesse posto em nós sem isso.
René Descartes, Discurso do Método, Lisboa, Edições 70, 2000
2.1. Identifique os três tipos de ideias segundo Descartes, presentes no texto.
2.2. Explique a origem das ideias que conduzem ao conhecimento, segundo a filosofia
de Descartes e segundo a filosofia de Hume.

(2012 – Época especial)

3. Leia o texto seguinte.


[…] Quando analisamos os nossos pensamentos ou ideias, por mais complexos ou
sublimes que possam ser, sempre constatamos que eles se decompõem em ideias
simples copiadas de alguma sensação ou sentimento precedente. Mesmo quanto àquelas
ideias que, à primeira vista, parecem mais distantes dessa origem, constata-se, após um
exame mais apurado, que dela são derivadas.
A ideia de Deus, no sentido de um Ser infinitamente inteligente, sábio e bondoso, deriva
da reflexão sobre as operações da nossa própria mente e de aumentar sem limites
aquelas qualidades de bondade e de sabedoria.
David Hume, «Investigação sobre o Entendimento Humano», in Tratados Filosóficos I,
Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2002
3.1. Nomeie os tipos de perceção da mente, segundo Hume.
3.2. Explicite, a partir do texto, a origem da ideia de Deus na filosofia de Hume.
3.3. Confronte as ideias expressas no texto de Hume com o racionalismo de Descartes.
Na sua resposta, deve abordar, pela ordem que entender, os seguintes aspetos:
−− inatismo;
−− valor da ideia de Deus.

(2012- 1ª fase)

4. Leia o texto seguinte.


Quando lanço um pedaço de madeira seca numa lareira, o meu espírito é imediatamente
levado a conceber que ele vai aumentar as chamas, não que as vai extinguir. Esta
transição de pensamento da causa para o efeito não procede da razão […]. E como parte
inicialmente de um objeto presente aos sentidos, ela torna a ideia ou conceção da chama
mais forte e viva do que o faria qualquer devaneio solto e flutuante da imaginação.
David Hume, «Investigação sobre o Entendimento Humano», in Tratados Filosóficos I,
Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2002
4.1. Explicite, a partir do exemplo do texto, em que se baseia a ideia da relação de causa
e efeito, segundoHume.
4.2. Compare as posições de Hume e de Descartes relativamente à origem do
conhecimento humano.
Na sua resposta deve integrar, pela ordem que entender, os seguintes conceitos:
−− razão;
−− sentidos;
−− ideias.

(Teste intermédio – 2012)

5. Leia o texto seguinte.


Em suma, todos os materiais do pensamento são derivados do nosso sentimento externo
e interno. Apenas a mistura e a composição destes materiais competem à mente e à
vontade. Ou, para me expressar em linguagem filosófica, todas as nossas ideias ou
perceções mais fracas são cópias das nossas impressões, ou perceções mais vívidas.
[...] Se acontecer, devido a algum defeito orgânico, que uma pessoa seja incapaz de
experimentar alguma espécie de sensação, verificamos sempre que ela é igualmente
incapaz de conceber as ideias correspondentes. Um cego não pode ter a noção das cores,
nem um surdo dos sons. Restitua-se a qualquer um deles aquele sentido em que é
deficiente e, ao abrir-se essa nova entrada para as suas sensações, abrir-se-á também
uma entrada para as ideias, e ele deixará de ter qualquer dificuldade em conceber esses
objetos.
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Imprensa Nacional –
Casa da Moeda, 2002, pp. 35-36 (adaptado)
5.1. Explicite as razões usadas no texto para defender que a origem de todas as nossas
ideias reside nas impressões dos sentidos.
5.2. Concordaria Descartes com a tese segundo a qual «todas as nossas ideias [...] são
cópias das nossas impressões»?
Justifique a sua resposta.

(Exame 2014)
6. Leia o texto.
Os empiristas aceitam que algumas verdades podem ser conhecidas
a priori, mas essas verdades são consideradas [...] não-instrutivas [...]. Ao tomarmos
conhecimento de que os solteiros são homens não-casados, não aprendemos nada de
substancial acerca do mundo [...].
D. O’Brien, Introdução à Teoria do Conhecimento, Lisboa, Gradiva, 2013, p. 62
Compare as posições de Descartes e de Hume acerca da importância do conhecimento a
priori.
Na sua resposta, integre a informação do texto.

(Exame 2015)

7. Leia o texto.
Existe uma espécie de ceticismo, anterior a qualquer estudo ou filosofia, muito
recomendado por Descartes e outros como sendo a soberana salvaguarda contra os erros
e os juízos precipitados. Este ceticismo recomenda uma dúvida universal, não apenas
quanto aos nossos princípios e opiniões anteriores, mas também quanto às nossas
próprias faculdades, de cuja veracidade, diz ele, nos devemos assegurar por meio de
uma cadeia argumentativa deduzida de algum princípio original que seja totalmente
impossível tornar-se enganador ou falacioso. Mas nem existe qualquer princípio original
como esse, [...] nem, se existisse, poderíamos avançar um passo além dele, a não ser
pelo uso daquelas mesmas faculdades das quais se supõe que já suspeitamos.
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, IN-CM, 2002, pp. 161-
162
7.1. Explicite a crítica de Hume, apresentada no texto, ao ceticismo «recomendado por
Descartes».
7.2. Distinga, no que respeita à fundamentação do conhecimento, a perspetiva
racionalista de Descartes da perspetiva empirista de Hume.

(2015 – 2ª fase)

8. Leia o texto.
Todos os objetos da razão ou da investigação humanas podem ser naturalmente
divididos em dois tipos, a saber, as relações de ideias e as questões de facto. [...]
O contrário de toda e qualquer questão de facto continua a ser possível, porque não pode
jamais implicar contradição, e a mente concebe-o com a mesma facilidade e nitidez,
como se fosse perfeitamente conforme à realidade. Que o Sol não vai nascer amanhã
não é uma proposição menos inteligível nem implica maior contradição do que a
afirmação de que ele vai nascer.
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, IN-CM, 2002, pp. 41-
42 (adaptado)
8.1.
Distinga as questões de facto das relações de ideias.
8.2. Tendo em conta que «o Sol não vai nascer amanhãnão é uma proposição menos
inteligível nem implica maior contradição do que a afirmação de que ele vai nascer»,
como explica Hume que estejamos convencidos de que o Sol vai nascer amanhã.

(2015 – 1ª fase)

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