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Filosofia 11º Ano – 1º Teste

i. Falácias informais

▸Falácia da petição de princípio: consiste em assumir como verdadeiro aquilo que se


pretende provar.
Exemplo: Andar a pé é um desporto saudável. Logo, andar a pé é um desporto que faz bem
à saúde.
▸Falácia do falso dilema: consiste em reduzir as opções possíveis a apenas duas, ignorando
as restantes alternativas.
Exemplo: Ou és meu amigo ou és meu inimigo.
▸Falácia do apelo à ignorância: comete-se sempre que uma proposição é tida como
verdadeira só porque não se provou a sua falsidade, e vice-versa.
Exemplo: Não existem fenómenos telepáticos porque até agora ninguém provou que eles
existem.
▸Falácia ad hominem: argumento dirigido contra o homem. Em vez de se atacar ou refutar
a tese de alguém, ataca-se quem a defende.
Exemplo: Sartre estava errado a respeito do ser humano porque não ia regularmente à
missa.
▸Falácia da derrapagem: é cometida sempre que alguém, para refutar uma tesa, apresenta
pelo menos uma premissa falsa ou duvidosa e uma série de consequências
progressivamente inaceitáveis.
Exemplo: è péssimo que jogues a dinheiro. Se o fizeres, vais viciar-te no jogo. Desse modo,
perderás tudo que tens. Assim, se não quiseres morrer à fome, terás de roubar.
▸Falácia do espantalho: é cometida sempre que o orador, em vez de refutar o verdadeiro
argumento do seu opositor, ataca ou refuta uma versão simplificada, mais fraca e
deturpada desse argumento.
Exemplo: O António defende que não devemos comer carne de animais cujo processo de
industrialização os tenha sujeitado a condições de vida e morte cruéis.
O Manuel refuta o António dizendo “O António quer que comamos apenas alface.”
▸Falácia da falsa relação causal: surge sempre que se toma como causa de algo aquilo que é
apenas um antecedente ou uma qualquer circunstância acidental.
Exemplo: Quando faço testes em dias de chuva tiro negativa. Por isso, a chuva é a causa das
minhas negativas nos testes.
▸Falácia do apelo à força: consiste em obrigar alguém a admitir uma opinião recorrendo à
força ou à ameaça.
Exemplo: É bom que aceitem o aumento dos impostos se não querem que o país vá à
falência e venha daí uma ditadura.
▸Falácia do apelo à misericórdia: ocorre quando se apela ao sentimento de piedade ou de
compaixão para se conseguir que a conclusão seja aceite.
Exemplo: Os actos do meu irmão, embora horríveis, merecem perdão pois ele sofre de
distúrbios psicológicos.
▸Falácia ad populum: consiste na criação de um ambiente de entusiasmo e encantamento
que propicie a adesão a uma determinada tese ou produto, cuja origem ou apresentação se
devem a uma pessoa credora de popularidade.
Exemplo: Nove em cada dez estrelas de cinema usam o sabonete X. Use-o também e seja
uma estrela.
▸Falácia da generalização precipitada: argumento que enuncia uma lei ou uma regra geral a
partir de dados não representativos ou insuficientes.
Exemplo: Quando eu liguei a televisão ontem estava a dar o telejornal. Hoje aconteceu a
mesma coisa. Logo, sempre que eu ligo a televisão, está a dar o telejornal.

ii. Tipos de argumentos


▸Argumentos indutivos
•Por generalização: consiste num argumento cuja conclusão é mais geral que as premissas.
Exemplo: Todos os gatos observados até agora miam. Logo, todos os gatos miam.
•Por previsão: argumento que, baseando-se em factos passados, antevê casos não
observados, presentes ou futuros.
Exemplo: Todas as pessoas observadas até agora bocejam quando veem alguém a
bocejar. Logo, a próxima pessoa que vir alguém a bocejar, bocejará.
▸Argumentos por analogia
•Consiste em partir de certas semelhanças ou relações entre dois objectos ou duas
realidades e em encontrar novas semelhanças ou relações.
Exemplo: O Universo é infinito. A sociedade é tão complexa como o Universo. Logo,
a sociedade é infinita.
▸Argumentos de autoridade
•Pode ser definido como o argumento que se apoia na opinião de um especialista para
fazer valer a sua conclusão.
Exemplo: Einstein disse que . Logo, .
iii. John Rawls
•Posição original e véu da ignorância
Rawls propôs apresentar um conjunto de argumentos que assentassem em ideias
consensuais entre todos os indivíduos que pretendessem participar na criação de uma
sociedade justa. Para isso, definiu a posição inicial e o véu da ignorância:
a) Posição inicial: “[A posição inicial] deve ser vista como uma situação puramente
hipotética, caracterizada de forma a conduzir a uma certa conceção de justiça.
Entre essas características essenciais está o facto de que ninguém conhece a sua
posição na sociedade, a sua situação de classe ou estatuto social, bem como a parte
que lhe cabe na distribuição dos atributos e talentos naturais, como a sua
inteligência, a sua força e mais qualidades semelhantes. Parto inclusivamente do
principio de que as partes desconhecem as suas conceções do bem ou as suas
tendências psicológicas particulares.”

De acordo com esta definição, definida por Rawls, e por outras palavras, a Posição
inicial trata-se de uma situação hipotética que pretende construir uma sociedade justa com
base em princípios de justiça. Assim sendo, estes princípios têm de ser criados
imparcialmente e de modo a que todos sejam tratados por igual.
Para que seja possível a imparcialidade na aplicação da justiça, os indivíduos encontram-
se cobertos pelo véu da ignorância .

b) Véu da ignorância: véu que impossibilita que os indivíduos vejam características


pessoais e particulares de cada um tornando-se impossível de tomar decisões com
base nos seus interesses pessoais.

Quando as pessoas se encontram envolvidas na posição original, e de modo a não


correrem riscos, terão de agir de acordo com a regra maximin, que consiste numa
estratégia de decisão em que existe uma condição de incerteza que permita maximizar o
mínimo.
•Princípios de justiça
a) Princípio da liberdade igual
Princípio que assegura e protege os direitos fundamentais do ser humano, tais
como a liberdade e pensamento e consciência, liberdade de expressão e de reunião, direito
à propriedade privada, à protecção, à integridade física e psicológica, ao voto, entre outros.
Todas estas liberdades básicas e iguais são fundamentais de cada individuo, não
podendo em qualquer circunstância ser posto em casa. Assim sendo, a liberdade de cada
indivíduo não pode nunca ser sacrificada em prol de se satisfazer qualquer outro prazer ou
situação. É o princípio com maior importância dos três por Rawls enunciados.

b) Princípio da diferença
Princípio que assegura vantagens colectivas e individuais, independentemente da
posição social e económica face à sociedade em que os indivíduos se encontram
introduzidos. Prevê uma riqueza distribuída consoante as necessidades que o estatuto de
cada um determina.
Assim sendo, a riqueza deve ser distribuída equitativamente, dando mais aos que
possuem menos, e vice-versa. Esse modo de distribuição assegura que todos sejam
detentores de vantagens.
Rawls enuncia também que uma sociedade justa não permite uma maior atribuição
de bens, sejam eles materiais ou monetários, aos mais favorecidos.

c) Princípio da oportunidade justa


É o último principio enunciado e defende que deve existir uma garantia de
oportunidades, sejam elas funções ou cargos sociais, de igual modo para todos, sem que a
atribuição dos mesmo seja decidida tendo por base cargos sociais ou estatutos de cada
individuo.
Assim, uma sociedade justa deve permitir uma conquista de posições sociais a partir
das escolhas e feitos de cada individuo.
Concluindo, o Estado deve assegurar as mesmas oportunidades e o mesmo número
das mesmas para todos, seja a nível de saúde, da educação ou da cultura.
iv. Ética deontológica de Kant
Ideias chave:
 Só a boa vontade possuiu valor intrínseco
 O seu critério de moralidade é o imperativo categórico
Ética Kantiana:
Boa Vontade: uma acção é correta quando é realizada por boa vontade, isto é,
motivada pelo cumprimento do dever (razão).
A boa vontade deve guiar-se unicamente pelo uso da razão, as razões do nosso agir
devem encontrar-se no nosso interior, numa adesão livre aos desígnios da razão, agimos de
modo autónomo por oposição a um modo heterónimo.
O sujeito da acção moral é dotado de razão, consciência, vontade e liberdade.

Kant diferencia três tipos de acções:


• Acções contrárias ao dever: acções imorais que violam a lei, não cumprem o dever
e surgem por inclinações sensíveis. Exemplo: matar
•Acções conforme o dever (movidas por inclinações sensíveis): acções que
cumprem o dever, não por puro respeito ao dever mas porque o agente pode retirar-se
algum benefício ou satisfação pessoas. Exemplo: ajudar nas tarefas domésticas para
receber uma mesada
! Estas acções identificam-se com o imperativo hipotético: imperativo que ordena qe se
cumpra determinada acção para atingir um determinado fim. Insere-se no âmbito da
legalidade, isto é, cumprimos o dever mas por fins egoístas ou motivos menos válidos.
•Acções por puro respeito ao dever: acções que cumprem o dever porque assim o
dever indica. O motivo da acção é o cumprimento da lei moral. Decorre por meio de uma
exigência puramente racional. Exemplo: salvar alguém que se está a afogar
! Estas acções identificam-se com o imperativo categórico: imperativo que consiste numa
máxima universalizável, racional e incondicional. Remete para a acção que surge de modo
objectivamente necessária. A acção moral, segundo Kant, respeita a moralidade, por
oposição às acções conforme o dever que se inserem na legalidade.
v. O conhecimento
• Gnosiologia ou teoria do conhecimento: disciplina filosófica que estuda o conhecimento,
procurando estabelecer e analisar criticamente os problemas suscitados pelas relações
entre o sujeito e o objecto.
• O conhecimento é aquilo que acontece quando um sujeito, cognoscente, apreende um
objecto, cognoscível, sendo o sujeito aquele que conhece e o objecto aquilo que é
conhecido. Entre sujeito e objecto existe uma relação de correlação isto é, um sujeito só é
sujeito em relação a um objecto e um objecto só é sujeito em relação a um sujeito.

Tipos de conhecimento
a) Saber-fazer: conhecimento prático ou conhecimento de actividades; surge ligado à
capacidade, aptidão ou competência para fazer alguma coisa. Exemplo: saber
cozinhar
b) Saber-que: conhecimento que tem por objecto proposições ou pensamentos
verdadeiros. Exemplo: saber que a Lua gira em torno da Terra e a Terra em torno do
Sol
c) Conhecimento por contacto: é o conhecimento directo de alguma realidade
(lugares, pessoas, estados mentais…). Exemplo: conhecer o Lewis Hamilton

Realidade
A realidade é:
 O que é ou existe (o ser, o existente)
 O que se opõem ao aparente ou ilusório
 O que não é potencial ou apenas possível, mas sim actual
 O que se opõem ao nada
 O que existe independentemente do sujeito que o pensa ou conhece
 O que nos é dado na experiencia em geral
 O que é, ou pode ser, esclarecido pelo conhecimento científico
Definição tradicional de conhecimento
 Ter uma crença é uma condição necessária para o conhecimento
 Ter uma crença verdadeira é uma condição necessária para o conhecimento
 Ter uma crença verdadeira justificada é uma condição necessária para o
conhecimento
 Assim, uma crença verdadeira justificada constitui uma condição suficiente para o
conhecimento

Conhecimento:
• A priori: baseia-se em juízos a priori, tendo a sua fonte ou origem no pensamento
ou na razão. A justificação destas crenças encontra-se no pensamento ou na razão.
Exemplo: uma caixa amarela tem cor.
• A posteriori: baseia-se em juízos a posteriori tendo a sua origem na experiencia
sensível, ou nos sentidos. É o conhecimento empírico, a justificação dessas crenças
encontra-se na experiência
Exemplo: O António é alto.

Racionalismo
 A razão (entendimento) é a fonte principal do conhecimento.
 Só através da razão é que se pode encontrar um conhecimento seguro, o qual
se apoia em princípios evidentes, sendo totalmente independente da
experiência sensível.
 Tal conhecimento, que é a priori, é considerado necessário – tem de ser assim e
não pode ser de outro modo, de contrário entraríamos em contradição lógica –
e universal – tem de ser assim sempre e em toda a parte.
 O modelo do conhecimento ou do saber é-nos dado pela matemática.

 Ideias inatas: As ideias fundamentais do conhecimento já nascem connosco.


 Intuição e dedução: As ideias fundamentais descobrem-se por intuição
intelectual. O conhecimento constrói-se de forma dedutiva (privilegia-se o
raciocínio dedutivo).
 Desconfiança dos sentidos: Os racionalistas não negam a existência do
conhecimento empírico, mas este não pode ser considerado universal e
necessário. As crenças e informações que se obtêm através dos sentidos são,
muitas vezes, confusas ou incertas.
 Otimismo racionalista: Há uma correspondência entre a ordem do pensamento
e a ordem da realidade, existindo conhecimentos a priori acerca do mundo.

Empirismo

 A experiência é a fonte principal do conhecimento.


 Não existem ideias, conhecimentos ou princípios inatos. O entendimento
humano é, antes de qualquer experiência, como uma tábua rasa ou uma folha
de papel em branco.
 Todas as ideias têm uma base empírica, até as mais complexas. O conhecimento
do mundo obtém-se através de impressões sensoriais.

 Rejeição do inatismo: Nada, à nascença, se encontra escrito na mente; só com a


experiência isso se tornará possível.
 Primazia da indução: Privilegia-se o raciocínio indutivo.
 Desvalorização do conhecimento a priori: Embora neguem os conhecimentos
inatos, os empiristas não negam o conhecimento a priori. Esse conhecimento
existe, só que nada nos diz de importante ou de substancial acerca do mundo.
 Significado da experiência: É nela que o conhecimento tem o seu fundamento e
os seus limites.

Fundacionalismo

Crenças básicas Crenças não básicas

 infalíveis – não podem estar erradas


 incorrigíveis – não podem ser refutadas
 indubitáveis – não podem ser postas em dúvida
 Suportam o sistema do saber. Não  São justificadas por outras crenças, ou
necessitam de uma justificação fornecida inferem-se de outras crenças, não sendo
por outras crenças, porque se justificam a autoevidentes.
si mesmas, sendo auto-evidentes

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