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Resposta à questão sobre Descartes e David Hume

Descartes, filósofo francês do século XVII e David Hume, filósofo britânico do século XVIII,
perspetivaram de forma diferente o conhecimento.
Descartes, relativamente à origem do conhecimento foi um racionalista e David Hume
defendeu o empirismo.
O empirismo de Hume, segundo o qual o conhecimento tem origem nas impressões, difere
substancialmente do racionalismo inatista de Descartes, que reconhece um papel fulcral às
ideias inatas consideradas como princípio do conhecimento.
Para David a origem do conhecimento está na experiência sensível. São as impressões que dão
origem às ideias através do princípio da cópia, pois as ideias são imagens menos vivas e débeis
das impressões. As impressões simples dão origem às ideias simples e as impressões
complexas dão origem às ideias complexas. Assim, por mais complexas e abstratas que sejam
as ideias, elas têm origem nas impressões.
No racionalismo cartesiano, as ideias inatas são provenientes da razão, são claras e distintas,
garantindo a certeza e a universalidade do conhecimento. Ao contrário, as ideias provenientes
dos sentidos, as ideias adventícias, são falíveis, incertas e confusas, não conduzindo ao
conhecimento.
Em Descartes, a ideia de Deus é inata e constitui a garantia das ideias claras e distintas e,
consequentemente a garantia do valor do conhecimento e do fundamento da verdade. Tudo o
que concebemos clara e distintamente é verdadeiro porque a nossa razão (faculdade do
conhecimento) foi criada por Deus.
Para David Hume, a afirmação de que Deus existe, invocando o princípio da causalidade é
injustificado. Deus não é o objeto de impressão alguma. Os limites do conhecimento estão na
própria experiência e não é possível conhecer além dela. E à ideia de Deus não corresponde
nenhum objeto da experiência sensível. Como refere no texto, a ideia de Deus que apesar de
tudo nós possuímos, deriva da reflexão sobre as operações da nossa própria mente e de
aumentar sem limites as qualidades de bondade e de sabedoria.
Em conclusão, os dois filósofos justificaram de forma diferente a origem do conhecimento,
bem como o papel da razão e dos sentidos nesse processo. E a fundamentação que fazem do
conhecimento leva-os a conceções muito distintas sobre a possibilidade do conhecimento:
dogmatismo em Descartes e ceticismo em David Hume.

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