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Correção
1- Na resposta a cada um dos itens, de 1.1 a 1.10, selecione a única opção que permite
obter uma afirmação correta.
1.1. Os racionalistas:
(A) Não são fundacionalistas.
(B) Rejeitam a existência de conhecimentos inatos.
(C) Privilegiam o raciocínio dedutivo.
(D) Não desconfiam dos sentidos.
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1.4. Segundo Descartes, podemos ter ideias claras e distintas de três tipos de
substâncias:
(A) Pensante, celeste e divina.
(B) Pensante, extensa e material.
(C) Pensante, perfeita e intuitiva.
(D) Pensante, extensa e divina.
1. Para o primeiro, todas as ideias são inatas; para o segundo, nenhuma ideia é inata.
2. Os dois autores defendem que há ideias que têm origem na experiência.
3. Para o primeiro, o conhecimento tem de ser indubitável; para o segundo, pode não ser
indubitável.
4. Os dois autores defendem que não há conhecimento sem experiência.
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1.8. Para David Hume, relacionamos as ideias através de causa e efeito, contiguidade
no espaço e no tempo e:
(A) Diferença.
(B) Acaso.
(C) Semelhança.
(D) Forma das ideias.
Grupo II
“Mas, desde que reconheci que existe um Deus, ao mesmo tempo compreendi também que
tudo o resto depende dele e que ele não é enganador, e daí concluí que tudo aquilo que concebo clara
e distintamente é necessariamente verdadeiro, mesmo que não atente mais nas razões pelas quais
julguei que isso era verdadeiro, mas apenas me recorde de o ter visto clara e distintamente”.
R. Descartes, Meditações Sobre a Filosofia Primeira
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distintas. Com Deus como garantia, Descartes pode deduzir outras verdades (a existência do
mundo, por exemplo) e construir, com toda a segurança, o edifício do conhecimento
verdadeiro, pois se é certo que o nosso conhecimento provém da razão, a garantia da
verdade desse conhecimento é dada por Deus. Deus é perfeito, omnipotente, omnisciente e
sumamente bom, que existe e garante que sempre que encontrar algo mais com caráter de
evidência, pode aceitá-lo como conhecimento verdadeiro.
O argumento ontológico de Descartes diz o seguinte: “Considerando, portanto, entre
as diversas ideias que uma é a do ente sumamente inteligente, sumamente potente e
sumamente perfeito, a qual é, de longe, a principal de todas, reconhecemos nela a existência,
não apenas como possível e contingente, como acontece nas ideias de todas as outras coisas
que percecionamos distintamente, mas como totalmente necessária e eterna”. “E, da mesma
forma que, por exemplo, percebemos que na ideia de triângulo está necessariamente contido
que os seus três ângulos iguais são iguais a dois ângulos retos, assim, pela simples perceção
de que a existência necessária e eterna está contida na ideia do ser sumamente perfeito,
devemos concluir sem ambiguidade que o ente sumamente perfeito existe”.
A prova é magistralmente simples. Ela consiste em mostrar que, porque existe em nós a
simples ideia de um ser perfeito e infinito, daí resulta que esse ser necessariamente tem que
existir.
Grupo III
“Quando lanço um pedaço de madeira seca numa lareira, o meu espírito é imediatamente
levado a conceber que ele vai aumentar as chamas, não que as vai extinguir. Esta transição de
pensamento da causa para o efeito não procede da razão (…). E como parte inicialmente de um
objeto presente aos sentidos, ela torna a ideia ou conceção da chama mais forte e viva do que o faria
qualquer devaneio solto e flutuante da imaginação”.
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano
R: Segundo Hume, a relação de causa e efeito é sustentada pelo hábito ou costume. O hábito
ou costume está assim na origem da relação causal entre ideias, daí que Hume refira a associação que
se faz por exemplo entre a neve e o frio ou a chama e o calor. Mas esta relação não é adquirida
mediante a experiência, ideia ou conhecimento. Ou seja, a crença na relação causa-efeito não é nem
produto de toda a nossa experiência, por maior que ela seja, nem da razão. É o hábito que nos faz
estabelecer essa relação causal, levantando assim o problema da indução, pois as inferências
resultam da imaginação permitir antecipar o futuro, o que nem sempre garante que a associação que
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é feita se concretize. Como Hume diz, “sem a influência do costume, seríamos plenamente
ignorantes em toda a questão de facto para além do que está imediatamente presente à memória e aos
sentidos. Imediatamente infere a existência de um objeto a partir do aparecimento do outro. Apesar
de tudo, não adquiriu, mediante toda a sua experiência, ideia ou conhecimento algum do poder
secreto pelo qual um objeto produz o outro, nem é induzida, por processo algum do raciocínio, a tirar
essa inferência. Existe algum outro princípio que a determina a formar uma tal conclusão. Este
princípio é o costume ou o hábito, pois, onde quer que a repetição de qualquer ato ou operação
particular manifeste uma propensão para renovar o mesmo ato ou operação, sem ser impulsionado
por raciocínio ou processo algum do entendimento, dizemos sempre que essa propensão é o efeito do
costume. O costume, pois, é o grande guia da vida humana. Toda a crença acerca de uma questão de
facto ou de uma existência real é derivada unicamente de algum objeto presente à memória ou aos
sentidos e de uma conjunção habitual entre ele e algum outro objeto”.