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Agrupamento de Escolas de Resende

Escola Secundária de Resende


983 Ano letivo 2021/2022
Classificação:
Nome do aluno:_______________________________
N.º______ Ano:______ Turma:______ X D1 ____________ valores
Data:____/____/20_______ D2 ____________ valores
X
O Professor, ____________________________ D3 ____________ valores
X
O Encarregado e Educação, ________________
Indicações:

FICHA DE AVALIAÇÃO DE FILOSOFIA Ensino Secundário


Ano/Turma: 11º.C
Leia atentamente e responda.
Grupo I

Correção
1- Na resposta a cada um dos itens, de 1.1 a 1.10, selecione a única opção que permite
obter uma afirmação correta.

1.1. Os racionalistas:
(A) Não são fundacionalistas.
(B) Rejeitam a existência de conhecimentos inatos.
(C) Privilegiam o raciocínio dedutivo.
(D) Não desconfiam dos sentidos.

1.2. Juízos a posteriori são juízos:

(A) Cuja verdade é conhecida independentemente da experiência.


(B) Que são justificados pelo pensamento, antes da experiência.
(C) Que são justificados pela razão.
(D) Cuja verdade é conhecida através da experiência sensível.

1.3. De acordo com Descartes, a ideia de igreja constitui uma ideia:


(A) Inata.
(B) Adventícia.
(C) Factícia.
(D) Que Deus colocou em nós à nascença.

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1.4. Segundo Descartes, podemos ter ideias claras e distintas de três tipos de
substâncias:
(A) Pensante, celeste e divina.
(B) Pensante, extensa e material.
(C) Pensante, perfeita e intuitiva.
(D) Pensante, extensa e divina.

1.5. Considere os seguintes enunciados relativos à comparação entre as teorias do


conhecimento de René Descartes e de David Hume.

1. Para o primeiro, todas as ideias são inatas; para o segundo, nenhuma ideia é inata.
2. Os dois autores defendem que há ideias que têm origem na experiência.
3. Para o primeiro, o conhecimento tem de ser indubitável; para o segundo, pode não ser
indubitável.
4. Os dois autores defendem que não há conhecimento sem experiência.

Deve afirmar-se que:

(A) 1 e 4 são corretos; 2 e 3 são incorretos.


(B) 1, 2 e 3 são corretos; 4 é incorreto.
(C) 2 e 3 são corretos; 1 e 4 são incorretos.
(D) 1, 2 e 3 são incorretos; 4 é correto.

1.6. Considere os seguintes enunciados relativos à posição de David Hume sobre a


indução.

1. As nossas crenças acerca do mundo dependem, em grande parte, da indução.


2. A crença no valor da indução é justificada pela razão.
3. As inferências indutivas decorrem do hábito ou costume.
4. A indução é o método que permite descobrir a verdade.

Deve afirmar-se que:

(A) 1 e 3 são corretos; 2 e 4 são incorretos.


(B) 2 e 3 são corretos; 1 e 4 são incorretos.
(C) 2 é correto; 1, 3 e 4 são incorretos.
(D) 1, 2 e 3 são corretos; 4 é incorreto.

1.7. Para o empirismo, a mente é como uma tábua rasa porque:

(A) Todos os conhecimentos derivam das ideias.


(B) Existem ideias inatas que a preenchem.
(C) As impressões são cópias das ideias.
(D) À partida, está vazia.

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1.8. Para David Hume, relacionamos as ideias através de causa e efeito, contiguidade
no espaço e no tempo e:

(A) Diferença.
(B) Acaso.
(C) Semelhança.
(D) Forma das ideias.

1.9. A ideia de Roma Antiga conduz-nos à ideia de imperador. É um exemplo:

(A) Do princípio de contiguidade no espaço e no tempo.


(B) Do princípio de causalidade.
(C) Do princípio de semelhança.
(D) De ideias a priori.

1.10. Segundo Descartes, o cogito é uma verdade indubitável porque:

(A) Intuímo-lo com toda a clareza e distinção.


(B) Podemos provar que Deus existe.
(C) A existência do nosso corpo pode ser uma ilusão.
(D) Somos uma substância cuja natureza é o pensamento.

Grupo II

“Mas, desde que reconheci que existe um Deus, ao mesmo tempo compreendi também que
tudo o resto depende dele e que ele não é enganador, e daí concluí que tudo aquilo que concebo clara
e distintamente é necessariamente verdadeiro, mesmo que não atente mais nas razões pelas quais
julguei que isso era verdadeiro, mas apenas me recorde de o ter visto clara e distintamente”.
R. Descartes, Meditações Sobre a Filosofia Primeira

1- A partir do texto anterior, refira o que garante Deus a Descartes? Justifique a


resposta no âmbito do argumento ontológico.

R: Deus garante a Descartes a verdade, a clareza e a distinção das ideias. Nesta


medida, garante-lhe a evidência do primeiro princípio, bem como a clareza e a distinção de
todo e qualquer conhecimento apoiado na razão, no pensamento, um conhecimento
universalmente válido. Deus, criador do mundo e do entendimento humano, criou o ser
humano de modo a que ele nunca se enganasse sempre que encontrasse um conhecimento
claro e distinto. Em função disto, a razão pode ambicionar um conhecimento verdadeiro e
universalmente válido. Se Deus existe e é perfeito, não o pode querer enganar, pois a
bondade é uma caraterística da perfeição, o que garante a verdade das ideias claras e

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distintas. Com Deus como garantia, Descartes pode deduzir outras verdades (a existência do
mundo, por exemplo) e construir, com toda a segurança, o edifício do conhecimento
verdadeiro, pois se é certo que o nosso conhecimento provém da razão, a garantia da
verdade desse conhecimento é dada por Deus. Deus é perfeito, omnipotente, omnisciente e
sumamente bom, que existe e garante que sempre que encontrar algo mais com caráter de
evidência, pode aceitá-lo como conhecimento verdadeiro.
O argumento ontológico de Descartes diz o seguinte: “Considerando, portanto, entre
as diversas ideias que uma é a do ente sumamente inteligente, sumamente potente e
sumamente perfeito, a qual é, de longe, a principal de todas, reconhecemos nela a existência,
não apenas como possível e contingente, como acontece nas ideias de todas as outras coisas
que percecionamos distintamente, mas como totalmente necessária e eterna”. “E, da mesma
forma que, por exemplo, percebemos que na ideia de triângulo está necessariamente contido
que os seus três ângulos iguais são iguais a dois ângulos retos, assim, pela simples perceção
de que a existência necessária e eterna está contida na ideia do ser sumamente perfeito,
devemos concluir sem ambiguidade que o ente sumamente perfeito existe”.
A prova é magistralmente simples. Ela consiste em mostrar que, porque existe em nós a
simples ideia de um ser perfeito e infinito, daí resulta que esse ser necessariamente tem que
existir.
Grupo III

“Quando lanço um pedaço de madeira seca numa lareira, o meu espírito é imediatamente
levado a conceber que ele vai aumentar as chamas, não que as vai extinguir. Esta transição de
pensamento da causa para o efeito não procede da razão (…). E como parte inicialmente de um
objeto presente aos sentidos, ela torna a ideia ou conceção da chama mais forte e viva do que o faria
qualquer devaneio solto e flutuante da imaginação”.
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano

1- Explicite, a partir do exemplo do texto, em que se baseia a ideia da relação de causa e


efeito, segundo Hume. Justifique a resposta no âmbito do conhecimento de factos.

R: Segundo Hume, a relação de causa e efeito é sustentada pelo hábito ou costume. O hábito
ou costume está assim na origem da relação causal entre ideias, daí que Hume refira a associação que
se faz por exemplo entre a neve e o frio ou a chama e o calor. Mas esta relação não é adquirida
mediante a experiência, ideia ou conhecimento. Ou seja, a crença na relação causa-efeito não é nem
produto de toda a nossa experiência, por maior que ela seja, nem da razão. É o hábito que nos faz
estabelecer essa relação causal, levantando assim o problema da indução, pois as inferências
resultam da imaginação permitir antecipar o futuro, o que nem sempre garante que a associação que

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é feita se concretize. Como Hume diz, “sem a influência do costume, seríamos plenamente
ignorantes em toda a questão de facto para além do que está imediatamente presente à memória e aos
sentidos. Imediatamente infere a existência de um objeto a partir do aparecimento do outro. Apesar
de tudo, não adquiriu, mediante toda a sua experiência, ideia ou conhecimento algum do poder
secreto pelo qual um objeto produz o outro, nem é induzida, por processo algum do raciocínio, a tirar
essa inferência. Existe algum outro princípio que a determina a formar uma tal conclusão. Este
princípio é o costume ou o hábito, pois, onde quer que a repetição de qualquer ato ou operação
particular manifeste uma propensão para renovar o mesmo ato ou operação, sem ser impulsionado
por raciocínio ou processo algum do entendimento, dizemos sempre que essa propensão é o efeito do
costume. O costume, pois, é o grande guia da vida humana. Toda a crença acerca de uma questão de
facto ou de uma existência real é derivada unicamente de algum objeto presente à memória ou aos
sentidos e de uma conjunção habitual entre ele e algum outro objeto”.

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