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Conhecimento
O sujeito é quem conhece e o objeto é aquilo que é conhecido (este podem coincidir – casos de
autoconhecimento). Sendo assim, podemos dizer que o conhecimento é uma determinada
relação entre um sujeito e o objeto.
Ter uma crença é acreditar numa proposição, ou seja, considera-la verdadeira; é um estado
mental de adesão a uma ideia. Se não se acredita que uma ideia é verdadeira, então não se pode
ter conhecimento.
A crença é necessária para o conhecimento, mas não suficiente; só crenças verdadeiras podem
constituir o conhecimento.
Para haver conhecimento é preciso justificação. Uma justificação adequada consiste em boas
razões para acreditar que uma proposição é verdadeira; essas razoes ligam a crença à verdade da
proposição e fazem com que a convicção não se deva ao acaso.
Basta não satisfazer uma das três condições para não haver conhecimento, mas se as
reunirmos e tivermos crença verdadeira justificada, então teremos conhecimento.
1
excessivo, demasiado
Conhecimento proposicional
Conhecimento proposicional
Pensamento Experiência
1.Conhecimento a priori
Podemos adquirir pensando sem recorrer à experiência. Ex.: podemos saber que um triangulo
tem três lados refletindo acerca dos conceitos de triângulos.
2.Conhecimento a posteriori
Pode ser adquirido através da experiência; pode set chamado de conhecimento empírico. Ex.:
para saber que a segunda maior cidade de Portugal é o Porto, é preciso observar o mundo.
Sem alguns dados empíricos, por muito que pensasse nenhuma pessoa conseguiria obter esse
conhecimento.
O conhecimento a priori pode ser obtido através do pensamento, mas a experiência também
permite essa aquisição.
O problema da possibilidade do conhecimento
1.Ceticismo Radical
Este ceticismo é global, pois duvida da possibilidade de todo e qualquer conhecimento. O
ceticismo moderado é localizado, isto é, duvida da possibilidade de conhecimento em algumas
áreas; pode duvidar que haja conhecimento na Ética e na Estética, mas não na Física e na
Matemática.
O ceticismo radical defende que não existe realmente conhecimento e que aquilo que chamamos
de conhecimento não passa de uma ilusão.
Cada crença precisa de uma justificação e a justificação de uma nova justificação, numa regressão
sem gim; desse modo, parece que nem a primeira, nem qualquer uma das outras crenças esta
justificada. Por isso, os céticos radicais, dizem que nunca conseguimos justificações adequadas e
com valor epistemico2.
2
relativo ao conhecimento
Baseia-se no facto de, às vezes, sermos enganados pelos nossos sentidos. Ex.: um avião no céu
parece-nos pequeno, mas na verdade é enorme.
Os céticos radicais alegam que pode suceder que sejamos enganados pelos nossos sentidos, e
isso pode comprometer a justificação das nossas crenças.
Ceticismo Radical
Uma crença será indubitável se Uma crença será básica se a sua verdade for completamente
estiver acima de qualquer evidente sem não necessitar de uma justificação exterior,
dúvida, se for totalmente certa. pois autojustifica-se devido a essa enorme evidencia; uma
Uma crença como essa crença desse género poderá justificar outras crenças sem ela
permitiria responder ao própria precisar de ser justificada por outra crença. A sua
argumento dos enganos identificação permitirá então refutar o argumento da
sensoriais regressão infinita de justificação.
Dúvida Metódica
Trata-se de duvidar de todas as crenças até encontrar uma que seja indubitável.
A dúvida cartesiana é uma dúvida voluntaria: é exercida e não sofrida. Não é uma dúvida
psicológica, mas sim um meio de chegar a uma certeza.
É também uma dúvida teórica e não pratica: faz sentido usá-la quando se «procura verdades»,
mas não na vida pratica, pois nesta não devemos perder demasiado tempo com duvidas e muitas
vezes é necessário considerar como certas ideias que são duvidosas.
Outra característica da dúvida metódica é ser exagerada; com efeito, Descartes vai considerar
toda e qualquer dúvida – mesmo que seja improvável e estranha.
Ao utilizar a dúvida metódica Descartes adota uma espécie de ceticismo provisório: usa as
duvidas dos céticos para chegar a uma certeza que derrube o ceticismo.
Se os sentidos por vezes me enganam, então não devo confiar nas informações fornecidas
pelos sentidos.
É verdade que os sentidos por vezes me enganam.
Logo, não devo confiar nas informações fornecidas pelos sentidos.
Descartes procura estender a dúvida e questionar globalmente a fiabilidade dos sentidos. Para
isso recorre ao argumento do sonho:
Se tenho sonhos que não são distinguíveis das perceções que tenho quando estou acordado,
então não posso garantir que neste momento não estou a sonhar nem que a minha vida não é
um sonho.
É um facto que tenho sonhos que não são distinguíveis das perceções que tenho quando estou
acordado.
Logo, não posso garantir que neste momento não estou a sonhar nem que a minha vida não é
um sonho.
Esta dúvida é muito radical e permite pôr em causa todas as crenças empíricas: se a vida fosse
um sonho tudo o que o percecionamos seria provavelmente falso. Mesmo admitindo a enorme
improbabilidade de a vida ser um sonho, a mera possibilidade de ser assim faz com que as
crenças empíricas não sejam indubitáveis. Não podemos por isso, garantir que as coisas físicas,
nomeadamente o nosso corpo, sejam como as vemos; aliás, não podemos sequer garantir que
existam.
Duvidar da Matemática
Descartes constata que mesmo que a vida fosse um sonho, algumas crenças continuariam a ser
verdadeiras: é o caso das crenças matemáticas. Posso ter um sonho muito estranho, mas, mesmo
nele, 2+3=5. Os sonhos têm muitos elementos falsos: posso estra desempregado e sonhar que
sou milionário; contudo, se sonhar que tenho dois iates e que compro mais dois, sonharei que
fico com quatro iates.
E se existisse um Deus enganador, todo-poderoso, mas malévolo que manipulasse os meus
pensamentos e me enganasse ate nas ideias mais evidentes?
Um tal ser poderia enganar-me relativamente à existência do mundo e do meu corpo, mas
também acerca das crenças matemáticas: talvez me pudesse convencer de que 2+2=4 e o
resultado, afinal, fosse outro.
Trata-se de um duvida hiperbólica: é uma razão para duvidar claramente imaginaria e inventada.
É extremamente plausível que exista um tal Deus enganador, mas a sua remota possibilidade
chega para mostrar que as crenças matemáticas não são indubitáveis.
A hipótese do Deus enganador é muito mais radical do que a hipótese de que a vida é um sonho;
esta permite duvidar apenas das crenças a posteriori, enquanto aquela permite duvidar quer das
crenças a posteriori, quer das crenças a priori.
Se posso conceber possibilidade de um Deus enganador, então ate as crenças a priori podem
ser falsas.
Posso conhecer a possibilidade de um Deus enganador.
Logo, ate as crenças a priori podem ser falsas.
Crenças a
Crenças a Crenças a
posteriori
posteriori posteriori
e a priori
Impasse
Neste momento da dúvida metódica: o génio maligno não consegue enganar o sujeito acerca da
sua existência, mas poderá engana-lo acerca de outras ideias mesmo que estas pareçam ser
claras e distintas.
Neste momento da dúvida metódica Descartes parece estar num impasse: tem uma crença
indubitável, mas continua a ser possível que todas as outras crenças sejam falsas. Encontra-se,
portanto, numa posição solipsista: é um solitário, que não consegue ter mais nenhuma certeza
alem de que existe.
A ideia de Deus
Descartes apercebe-se de que uma das ideias que tem é especial e diferente das outras: a ideia
de Deus, É a ideia de um ser perfeito.
Um ser imperfeito não poderia ter criado uma ideia tao elevada como a ideia de Deus, pois a
causa não pode ser inferior ao efeito, ou seja, «deve haver pelo menos tanta realidade na causa
como há no efeito».
A causa da ideia de um ser perfeito teve de ser um ser perfeito – o próprio Deus – que, portanto,
existe. E Deus, ao criar-nos, deixou em nós a ideia de si próprio, tal como os artistas deixam a sua
assinatura nas obras. Dai chamar-se «argumento da marca» a este argumento.
O fim do génio maligno
Se Deus existe, a hipótese do génio maligno fica anulada. Um Deus perfeito não pode ser
enganador, pois isso seria uma imperfeição. Um Deus perfeito tem de ser bom e verdadeiro. Por
isso, não há lugar para uma entidade como um Deus enganador ou génio maligno.
Um Deus bom não teria criado um ser pensante de tal modo que este se enganasse
constantemente. Por isso, as capacidades cognitivas dadas por Deus são confiáveis – caso sejam
bem usadas. A bondade divina garante que o critério das ideias claras e distintas nos leva à
verdade.
A função de Deus