Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
º Ano
Ciência - Thomas Kuhn
1. Lê o texto seguinte.
Assuma-se que as crises são uma pré-condição necessária para a emergência de novas teorias e
perguntemos de seguida como lhes reagem os cientistas. Parte da resposta, tão óbvia quanto importante,
pode ser descoberta se procurarmos perceber o que os cientistas nunca fazem quando confrontados com
anomalias, mesmo quando sérias e duradouras. Embora possam começar por perder a sua fé e começar a
considerar alternativas, eles não renunciam ao paradigma que os conduziu à crise. Quer dizer, eles não
olham para as anomalias como contraexemplos, apesar de ser isso mesmo que, no vocabulário da filosofia
das ciências, estas são.
Thomas Kuhn (2009). A estrutura das revoluções científicas. Guerra & Paz, pp. 115-119.
1.1. Tendo em conta o texto, explica por que razão podemos afirmar que o cientista é dogmático na defesa
do seu paradigma?
1
3. Lê o texto seguinte e responde à questão colocada.
Começarei por perguntar: quais são as características de uma boa teoria científica? Entre muitas das
respostas usuais, selecionei cinco, não porque sejam exaustivas, mas porque são individualmente
importantes e em conjunto suficientemente variadas para indicar o que está em jogo. Em primeiro lugar,
uma teoria deve ser exata: quer dizer, no seu domínio, as consequências deduzíveis de uma teoria devem
estar em concordância demonstrada com os resultados das experimentações e observações existentes. Em
segundo lugar, uma teoria deve ser consistente, não só internamente ou com ela própria, mas também com
outras teorias correntemente aceites e aplicáveis a aspetos relacionados da natureza. Terceiro, deve ter um
longo alcance: em particular, as consequências de uma teoria devem estender-se muito para além das
observações, leis ou subteorias particulares, para as quais ela estava projetada em princípio. Quarto, (…)
deve ser simples, ordenando fenómenos que, sem ela, seriam individualmente isolados e, em conjunto,
seriam confusos. Quinto, (…) uma teoria deve ser fecunda quanto a novas descobertas de investigação:
deve desvendar novos fenómenos ou relações anteriormente não verificadas entre fenómenos já conhecidos.
Estas cinco características – exatidão, consistência, alcance, simplicidade e fecundidade – são todas elas
critérios padronizados para a avaliação da adequação de uma teoria. Juntamente com outras do mesmo
género, elas fornecem a base partilhada para a escolha teórica.
Thomas Kuhn (1989). A tensão essencial. Edições 70, p. 385.
2
5. Considera o texto e responde às questões que se apresentam de seguida.
Do mesmo modo, a ciência normal consagra uma boa parte dos seus esforços à resolução de puzzles, quer
dizer, problemas difíceis de enfrentar, mas que em princípio podem ter solução, segundo os critérios de
plausibilidade que um paradigma estabelece sempre. (…) As etapas de ciência normal caracterizam-se
precisamente pelo facto de nelas se dedicar muitíssimo tempo e esforço à tentativa de solucionar problemas
de pouca relevância, mas que têm sentido profundo no interior do paradigma. Seja como for, em qualquer
etapa de ciência normal existem numerosas anomalias, quer dizer, factos que de maneira alguma são
explicáveis no quadro conceptual do paradigma e que até mesmo o contradizem.
Javier Echeverría (2003). Introdução à Metodologia da Ciência. Almedina, p. 122.
6. Lê o texto seguinte.
Ao longo da sua formação, os cientistas familiarizaram-se com determinadas linguagens e técnicas cuja
eficácia para resolver problemas marcou profundamente o seu modo de considerar os fenómenos,
associando-os ao paradigma vigente na comunidade científica da sua época. (…) Tudo isso origina uma série
de crenças e de hábitos intelectuais comuns a numerosos cientistas, que, por isso mesmo, formam uma
comunidade. Pode haver paradigmas e comunidades rivais, com as suas lutas em torno do poder académico
e científico. A ciência vigente num dado momento implica a consolidação de um desses paradigmas.
Javier Echeverría (2003). Introdução à Metodologia da Ciência. Almedina, p. 117.
3
6.1. A partir do texto, mostra a importância do paradigma para a investigação científica. Na tua resposta
deves referir: o que dá o paradigma à comunidade científica; em que consiste o trabalho do cientista no
âmbito do paradigma; o papel do paradigma.
7. Lê o texto seguinte.
Os cientistas que passaram a vida a trabalhar no interior de um paradigma não costumam aceitar de bom
grado uma maneira diferente de ver o mundo. Quando finalmente mudam para um novo paradigma, pode
então recomeçar um período de ciência normal, desta vez dentro de um novo quadro de referência. E assim
sucessivamente.
Nigel Warburton (2012). Uma Pequena História da Filosofia. Edições 70, p. 218.
7.1. A partir do texto, mostra em que medida ciência extraordinária e crise se encontram relacionadas na
epistemologia de Thomas Kuhn. Na tua resposta deves referir: a relação das anomalias com o paradigma e a
caracterização do momento de crise; a importância da ciência extraordinária na mudança de paradigma.
4
12. Kuhn rejeita que:
(A) A ciência progrida por acumulação e sem conflitos.
(B) A evolução do conhecimento científico ocorra por solavancos.
(C) A subjetividade interfira na escolha entre teorias rivais.
(D) A revolução científica trace um abismo entre teorias rivais.
14. Segundo Kuhn, os critérios que determinam a escolha de uma teoria científica são:
(A) Objetivos e subjetivos.
(B) Objetivos.
(C) Subjetivos.
(D) Nem objetivos nem subjetivos.
5
19. Considera os enunciados seguintes sobre a perspetiva de Kuhn.
1. A ciência extraordinária pratica-se à margem do paradigma dominante.
2. As anomalias acumuladas podem pôr em causa o paradigma.
3. A pré-ciência corresponde à atividade organizada que precede a formação de uma ciência.
4. Os paradigmas são sempre comparáveis quanto aos seus resultados.
Devemos afirmar que:
(A) 1 e 2 são incorretos; 3 e 4 são corretos.
(B) 3 e 4 são incorretos; 1 e 2 são corretos.
(C) 2 e 3 são incorretos; 1 e 4 são corretos.
(D) 1 e 4 são incorretos; 2 e 3 são corretos.
21. Ciência normal é uma expressão que, em Kuhn, designa os momentos da história da ciência
em que não há revoluções ou mudanças de paradigma. Esta afirmação é:
(A) Verdadeira: o período de ciência normal só acontece uma vez.
(B) Falsa: no período de ciência normal, o paradigma não é questionado.
(C) Falsa: o período de ciência normal só acontece uma vez.
(D) Verdadeira: no período de ciência normal, o paradigma não é questionado.
23. Segundo Kuhn, o conhecimento científico não evolui por acumulação de verdades ou correção
de erros. Esta afirmação é:
(A) Verdadeira: só as melhores teorias sobrevivem.
(B) Falsa: só as melhores teorias sobrevivem.
(C) Verdadeira: a ciência progride por revoluções científicas.
(D) Falsa: a ciência progride por revoluções científicas.
6
(A) Conduzem ao abandono do paradigma.
(B) Podem abalar a confiança no paradigma.
(C) São sempre resolúveis no âmbito do paradigma.
(D) Apenas estão presentes nos momentos de crise.
25. Quando certos enigmas que um paradigma não previu são resolvidos segundo a forma
prevista pelo paradigma estamos num período de:
(A) Crise.
(B) Revolução científica.
(C) Ciência normal.
(D) Ciência extraordinária.
7
30. Para Thomas Kuhn:
(A) É a existência de um paradigma que distingue ciência de não ciência.
(B) É a existência de uma crise que distingue ciência de não ciência.
(C) É a existência de enigmas que distingue ciência de não ciência.
(D) É a existência de um método que distingue ciência de não ciência.
31. O que significa dizer que os paradigmas são incomensuráveis, segundo Thomas Kuhn?
33. Estabelece a devida identificação entre as afirmações e os conceitos, tendo em conta que a
cada conceito pode corresponder mais do que uma afirmação.
Conceitos Afirmações
A. Pré-ciência 1. É a prática científica que articula e desenvolve um
paradigma.
B. Comunidade científica 2. Define os problemas e soluções admissíveis na
prática científica normal.
C. Paradigma 3. Atividade científica que antecede a mudança de
paradigma.
D. Ciência normal 4. Falhanços na prática científica normal.
5. É o conjunto de supostos gerais, leis e técnicas que
E. Anomalia as comunidades científicas adotam.
6. Período em que um novo paradigma se começa a
F. Crise formar.
7. É o estado pré-paradigmático de uma ciência.
G. Ciência extraordinária 8. Grupo em que os cientistas se inserem para
desenvolver o seu trabalho de investigação.
H. Revolução científica 9. O estado em que uma ciência é considerada imatura.
10. Atividade científica que se pratica nos períodos de
crise.
11. Distingue a ciência da não ciência.
12. Ciência oposta à ciência normal.
13. Estado que marca a acumulação em grande número
de anomalias não resolvidas.
14. Período de confronto entre paradigmas.
15. Corresponde ao abandono de um paradigma e à
adoção de um novo.
16. É a prática científica que entra em rutura com um
paradigma.
17. É a atividade de resolução de problemas dirigida
pelas regras paradigmáticas.
18. Conjunto de cientistas que trabalham de acordo com
um paradigma.
8
19. É a ciência praticada na maioria do tempo pelos
cientistas.
20. Prática científica que marca o período que sucede à
assunção de um novo paradigma.
34.1. «Ouve-se frequentemente dizer que uma teoria que se sucede a outra fica cada vez mais próxima, ou
se aproxima cada vez mais, da verdade.» Por que razão, para Kuhn, esta perspetiva é implausível?
36.3. De acordo com o texto, as anomalias que surgem no período de ciência normal são:
9
(A) Uma justificação da expectativa.
(B) Uma consequência da expectativa.
(C) Uma previsão da expectativa.
(D) Uma violação da expectativa.
37.1. Em que difere a postura do cientista em fase de ciência normal e de ciência extraordinária?
37.4. Tendo em conta o modelo proposto por Kuhn, o que conduz a comunidade científica à prática da
ciência extraordinária?
10
38.1. Analisa criticamente a perspetiva de Thomas Kuhn acerca da evolução científica.
39.1. Redige um texto em que mostre o que separa Kuhn de Popper relativamente ao progresso e
objetividade da ciência. Na tua resposta deves referir: a epistemologia evolucionista de Popper; a
incomensurabilidade dos paradigmas; o alcance da verdade em ambos os filósofos.
40. Completa as lacunas com as palavras sugeridas, por modo a que o texto faça sentido.
• cientistas • velho • extraordinária • paradigma • crise
• transição • normal • científica • objetivos • métodos
A transição de um ________________ (1) em crise para um novo paradigma do qual uma nova tradição de
ciência ________________ (2) emergirá é tudo menos um processo cumulativo, um processo alcançado
mediante uma reorientação ou extensão do velho paradigma. Ao contrário disso, trata-se de uma
reconstrução do campo de estudos a partir de novos fundamentos, uma reconstrução que altera algumas
das mais elementares generalizações teóricas do campo, bem como muitos dos seus paradigmas ao nível
dos ________________ (3) e aplicações. Durante o período de ________________ (4) haverá uma
justaposição alargada, embora nunca total, entre os problemas que podem ser resolvidos pelo
________________ (5) e pelo novo paradigma. Mas existirá também uma diferença decisiva no modo de os
resolver. Quando a transição se completa, os membros da profissão terão alterado o seu conceito do campo
de estudos, dos seus métodos e dos seus ________________ (6). (…) Os ________________ (7) não
passam a ver uma coisa como uma coisa diferente. Em vez disso, eles vêem-na simplesmente. (…) Estas
ideias aqui antecipadas podem ajudar-nos a identificar a ________________ (8) como um prelúdio
apropriado à emergência de novas teorias, sobretudo depois de termos examinado uma versão de pequena
escala do mesmo processo, ao discutir a emergência das descobertas científicas. Sendo que a emergência
de uma nova teoria corta com uma tradição de prática ________________ (9) e introduz uma nova tradição
governada por novas regras e dentro de um novo universo discursivo, é provável que ela ocorra apenas
quando se pressente que a tradição anterior está claramente fora do bom caminho. Esta observação não é,
no entanto, mais do que um prelúdio à investigação do estado de crise, e, infelizmente, as questões a que
ela nos leva requerem mais a competência do psicólogo do que a do historiador. A que se assemelha a
ciência ________________ (10)? Como ganha a anomalia contornos normativos? Como trabalham os
cientistas quando sabem apenas que algo está errado a um nível fundamental, nível esse para o qual não
estão preparados pela educação que receberam? Estas questões têm de ser muito mais investigadas, e essa
investigação não deve ser meramente histórica. (…) É frequente que um paradigma emerja, pelo menos em
embrião, antes que uma crise se desenvolva muito ou que seja explicitamente identificada.
Thomas Kuhn (2009). A estrutura das revoluções científicas. Guerra & Paz, pp. 124-126.
11
41. Assinala com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas.
A. Kuhn é um crítico do método de Popper.
B. Para Kuhn, a ciência progride por acumulação de conhecimentos e não por saltos bruscos, como em
Popper.
C. Em ciência normal o conhecimento é cumulativo.
D. Um paradigma é um modelo para fazer ciência e um modo de ver o mundo.
E. O modelo astronómico de Copérnico é um bom exemplo de paradigma.
F. A ciência normal é a que se pratica no contexto de um paradigma, tal como acontece com a ciência
extraordinária.
G. As anomalias são problemas mal resolvidos.
H. O cientista, na prática da ciência normal, resolve problemas para os quais já conhece os procedimentos
a seguir.
I. Pela prática da ciência normal o cientista procede a reajustamentos do paradigma.
J. Para Kuhn, o cientista acredita piamente no paradigma.
K. Anomalias acumuladas conduzem, mais tarde ou mais cedo, à crise paradigmática.
L. Para a crise paradigmática não conta o grau das anomalias acumuladas, mas apenas, o seu número.
M. A crise do paradigma abre o caminho à revolução científica.
N. Dizer que os paradigmas são incomensuráveis significa afirmar que não servem de critério para se
avaliarem mutuamente.
O. A evolução da ciência é, para Kuhn, descontínua.
P. Tal como para Popper, também para Kuhn a eliminação dos erros aproxima-nos da verdade.
Q. Para Kuhn, quando se trata de escolher entre teorias, há que ter em conta critérios subjetivos.
R. Um dos critérios objetivos da escolha entre teorias é a simplicidade das teorias em questão.
S. Dizer que uma teoria é consistente significa dizer que ela não apresenta incoerências internas.
T. Kuhn e Popper concordam que a ciência não é objetiva.
12