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Ficha de Trabalho – Filosofia 11.

º Ano
Ciência - Thomas Kuhn

1. Lê o texto seguinte.
Assuma-se que as crises são uma pré-condição necessária para a emergência de novas teorias e
perguntemos de seguida como lhes reagem os cientistas. Parte da resposta, tão óbvia quanto importante,
pode ser descoberta se procurarmos perceber o que os cientistas nunca fazem quando confrontados com
anomalias, mesmo quando sérias e duradouras. Embora possam começar por perder a sua fé e começar a
considerar alternativas, eles não renunciam ao paradigma que os conduziu à crise. Quer dizer, eles não
olham para as anomalias como contraexemplos, apesar de ser isso mesmo que, no vocabulário da filosofia
das ciências, estas são.
Thomas Kuhn (2009). A estrutura das revoluções científicas. Guerra & Paz, pp. 115-119.

1.1. Tendo em conta o texto, explica por que razão podemos afirmar que o cientista é dogmático na defesa
do seu paradigma?

2. Lê, com atenção, o texto seguinte.


São episódios – exemplificados nas suas formas mais extremas e facilmente reconhecidas pelo advento do
copernicanismo, darwinismo ou einsteinianismo – em que uma comunidade científica abandona o caminho,
outrora venerado, de olhar para o mundo e de exercer a ciência a favor de outra abordagem da sua
disciplina, em geral incompatível. (…) Ao contrário de uma impressão dominante, a maior parte das novas
descobertas e teorias nas ciências não são meras adições ao lote existente de conhecimentos científicos.
Para os assimilar, o cientista deve em geral voltar a arrumar o equipamento intelectual e manipulativo em
que confiara anteriormente, descartando alguns elementos da sua crença e prática anteriores até encontrar
novos significados e novas relações entre muitos outros. Visto que o antigo precisa de ser reavaliado e
reordenado quando se assimila o novo, a descoberta e a invenção nas ciências são em geral intrinsecamente
revolucionárias. (…) Quase nenhuma das investigações empreendidas, mesmo pelos maiores cientistas, está
projetada para ser revolucionária e muito poucas têm quaisquer consequências. Pelo contrário, a
investigação normal, mesmo a melhor, é uma atividade altamente convergente baseada firmemente num
consenso estabelecido, adquirido na educação científica e reforçado pela vida subsequente na profissão. É
típico que esta investigação convergente ou de consenso limitado desemboque por fim na revolução. Então,
as técnicas e crenças tradicionais são abandonadas e substituídas por outras novas. Mas as alterações
revolucionárias de uma tradição científica são relativamente raras, e os períodos extensos de investigação
convergente são os preliminares necessários para que apareçam.
Thomas Kuhn (2009). A estrutura das revoluções científicas. Guerra & Paz, p. 277.

2.1. A partir do texto, explicita o conceito de revolução científica.

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3. Lê o texto seguinte e responde à questão colocada.
Começarei por perguntar: quais são as características de uma boa teoria científica? Entre muitas das
respostas usuais, selecionei cinco, não porque sejam exaustivas, mas porque são individualmente
importantes e em conjunto suficientemente variadas para indicar o que está em jogo. Em primeiro lugar,
uma teoria deve ser exata: quer dizer, no seu domínio, as consequências deduzíveis de uma teoria devem
estar em concordância demonstrada com os resultados das experimentações e observações existentes. Em
segundo lugar, uma teoria deve ser consistente, não só internamente ou com ela própria, mas também com
outras teorias correntemente aceites e aplicáveis a aspetos relacionados da natureza. Terceiro, deve ter um
longo alcance: em particular, as consequências de uma teoria devem estender-se muito para além das
observações, leis ou subteorias particulares, para as quais ela estava projetada em princípio. Quarto, (…)
deve ser simples, ordenando fenómenos que, sem ela, seriam individualmente isolados e, em conjunto,
seriam confusos. Quinto, (…) uma teoria deve ser fecunda quanto a novas descobertas de investigação:
deve desvendar novos fenómenos ou relações anteriormente não verificadas entre fenómenos já conhecidos.
Estas cinco características – exatidão, consistência, alcance, simplicidade e fecundidade – são todas elas
critérios padronizados para a avaliação da adequação de uma teoria. Juntamente com outras do mesmo
género, elas fornecem a base partilhada para a escolha teórica.
Thomas Kuhn (1989). A tensão essencial. Edições 70, p. 385.

3.1. Apresenta a resposta de Kuhn à pergunta que abre o texto.

4. Lê o texto seguinte e responde à questão colocada.


Quando os cientistas têm de escolher entre teorias rivais, dois homens comprometidos completamente com
a mesma lista de critérios para escolha podem, contudo, chegar a conclusões diferentes. Talvez interpretem
a simplicidade de maneira diferente ou tenham convicções diferentes sobre o âmbito de campos em que o
critério de consistência se deva aplicar. Ou talvez concordem sobre estas matérias, mas difiram quanto aos
pesos relativos a ser acordados a estes ou a outros critérios (…). Quer dizer, há que lidar com características
que variam de um cientista para outro sem com isso arriscar minimamente a sua adesão aos cânones que
tornam científica a ciência. Embora tais cânones existam e devam ser descobertos (…), não são por si
suficientes para determinar as decisões dos cientistas individuais. (…) Algumas das diferenças que tenho em
mente resultam da experiência anterior do indivíduo como cientista. Em que parte do campo trabalhava ele,
quando se confrontou com a necessidade de escolher? Por quanto tempo trabalhou nele; qual foi o seu
êxito; e quanto do seu trabalho dependeu de conceitos e técnicas impugnados pela nova teoria? (…) Alguns
cientistas põem mais ênfase do que outros na originalidade e têm mais vontade, portanto, em tomar riscos;
alguns cientistas preferem teorias compreensivas, unificadas para soluções de problemas exatos e
pormenorizados de alcance aparentemente mais restrito. Fatores diferenciadores como estes são descritos
pelos meus críticos como subjetivos, e são postos em contraste com os critérios partilhados ou objetivos de
onde parti. (…) O meu ponto é, portanto, que toda a escolha individual entre teorias rivais depende de uma
mistura de fatores objetivos e subjetivos, ou de critérios partilhados e individuais.
Thomas Kuhn (1989). A tensão essencial. Edições 70, pp. 388-389.

4.1. Em que medida os fatores subjetivos se relacionam com os fatores objetivos?

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5. Considera o texto e responde às questões que se apresentam de seguida.
Do mesmo modo, a ciência normal consagra uma boa parte dos seus esforços à resolução de puzzles, quer
dizer, problemas difíceis de enfrentar, mas que em princípio podem ter solução, segundo os critérios de
plausibilidade que um paradigma estabelece sempre. (…) As etapas de ciência normal caracterizam-se
precisamente pelo facto de nelas se dedicar muitíssimo tempo e esforço à tentativa de solucionar problemas
de pouca relevância, mas que têm sentido profundo no interior do paradigma. Seja como for, em qualquer
etapa de ciência normal existem numerosas anomalias, quer dizer, factos que de maneira alguma são
explicáveis no quadro conceptual do paradigma e que até mesmo o contradizem.
Javier Echeverría (2003). Introdução à Metodologia da Ciência. Almedina, p. 122.

5.1. Os puzzles que o cientista resolve em ciência normal são:


(A) Problemas fáceis de enfrentar, mas que não têm solução.
(B) Problemas difíceis de enfrentar, mas que têm solução.
(C) Problemas fáceis de enfrentar, mas que podem ter solução.
(D) Problemas difíceis de enfrentar, mas que podem ter solução.

5.2. O paradigma estabelece sempre:


(A) Os critérios plausíveis para a solução dos puzzles.
(B) As regras aceitáveis para desenvolver as anomalias.
(C) Os critérios aceitáveis para evitar os puzzles.
(D) As regras plausíveis para a conceção das anomalias.

5.3. A procura da solução dos puzzles em ciência normal:


(A) Não tem sentido no interior do paradigma.
(B) Tem sentido no interior do paradigma.
(C) Não tem importância no interior do paradigma.
(D) Tem importância no exterior do paradigma.

5.4. As anomalias que surgem são:


(A) Factos explicáveis pelo paradigma, mas que o contradizem.
(B) Factos inexplicáveis pelo paradigma e que o contradizem.
(C) Factos provados pelo paradigma e que o explicam.
(D) Factos estranhos ao paradigma, mas que o afirmam.

6. Lê o texto seguinte.
Ao longo da sua formação, os cientistas familiarizaram-se com determinadas linguagens e técnicas cuja
eficácia para resolver problemas marcou profundamente o seu modo de considerar os fenómenos,
associando-os ao paradigma vigente na comunidade científica da sua época. (…) Tudo isso origina uma série
de crenças e de hábitos intelectuais comuns a numerosos cientistas, que, por isso mesmo, formam uma
comunidade. Pode haver paradigmas e comunidades rivais, com as suas lutas em torno do poder académico
e científico. A ciência vigente num dado momento implica a consolidação de um desses paradigmas.
Javier Echeverría (2003). Introdução à Metodologia da Ciência. Almedina, p. 117.

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6.1. A partir do texto, mostra a importância do paradigma para a investigação científica. Na tua resposta
deves referir: o que dá o paradigma à comunidade científica; em que consiste o trabalho do cientista no
âmbito do paradigma; o papel do paradigma.

7. Lê o texto seguinte.
Os cientistas que passaram a vida a trabalhar no interior de um paradigma não costumam aceitar de bom
grado uma maneira diferente de ver o mundo. Quando finalmente mudam para um novo paradigma, pode
então recomeçar um período de ciência normal, desta vez dentro de um novo quadro de referência. E assim
sucessivamente.
Nigel Warburton (2012). Uma Pequena História da Filosofia. Edições 70, p. 218.

7.1. A partir do texto, mostra em que medida ciência extraordinária e crise se encontram relacionadas na
epistemologia de Thomas Kuhn. Na tua resposta deves referir: a relação das anomalias com o paradigma e a
caracterização do momento de crise; a importância da ciência extraordinária na mudança de paradigma.

8. Para Kuhn, a ciência normal não tem como tarefa:


(A) Determinar os factos significativos no âmbito do paradigma.
(B) Garantir o rigor e a precisão da teoria.
(C) Descobrir novos factos e inventar novas teorias.
(D) Estabelecer a concordância dos factos com a teoria paradigmática.

9. Para Thomas Kuhn:


(A) A evolução científica está associada à adoção de modelos de investigação designados como
paradigmas.
(B) A criação de paradigmas é uma das características do período pré-científico.
(C) Os paradigmas resultam da aplicação do método indutivo.
(D) Um paradigma científico só pode ser alterado quando a ciência alterar o seu objeto de investigação.

10. Analisa as proposições seguintes e escolhe a alternativa correta.


(A) O conceito “emergência paradigmática” designa a urgência de encontrar um novo paradigma em
altura de crise.
(B) No período de ciência normal, o paradigma é adotado, não surgindo novas descobertas científicas.
(C) Os paradigmas são incomensuráveis, porque não é possível compará-los objetivamente.
(D) Para que um paradigma entre em crise, basta que surja uma anomalia.

11. Em relação à objetividade do conhecimento científico, Thomas Kuhn considera que:


(A) se usarmos um critério rigoroso, podemos estar certos de que o novo paradigma é melhor do que o
anterior.
(B) não temos forma de garantir que o novo modelo adotado seja melhor do que o anterior.
(C) podemos considerar que a evolução científica se dá de forma objetiva.
(D) a evolução científica é cumulativa e, por isso, deve ser considerada revolucionária.

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12. Kuhn rejeita que:
(A) A ciência progrida por acumulação e sem conflitos.
(B) A evolução do conhecimento científico ocorra por solavancos.
(C) A subjetividade interfira na escolha entre teorias rivais.
(D) A revolução científica trace um abismo entre teorias rivais.

13. A incomensurabilidade que decorre de uma revolução científica revela que:


(A) Os opositores estabelecem pontes de concordância entre si.
(B) O conhecimento científico adquirido é impossível de quantificar.
(C) As anomalias são tantas que se tornam difíceis de quantificar.
(D) A divergência e o conflito radicais são uma marca das revoluções.

14. Segundo Kuhn, os critérios que determinam a escolha de uma teoria científica são:
(A) Objetivos e subjetivos.
(B) Objetivos.
(C) Subjetivos.
(D) Nem objetivos nem subjetivos.

15. Segundo Kuhn, uma teoria simples deve:


(A) Reordenar os fenómenos.
(B) Ordenar as práticas científicas.
(C) Reordenar os problemas a resolver.
(D) Ordenar os fenómenos.

16. Para Kuhn, o longo alcance de uma teoria mede-se:


(A) Pela extensão dos seus problemas.
(B) Pela extensão das suas consequências.
(C) Pela extensão das suas metodologias.
(D) Pela extensão das suas anomalias.

17. Para Kuhn, uma teoria é fecunda quando:


(A) Desvenda novas teorias.
(B) Desvenda novas anomalias.
(C) Desvenda novos fenómenos.
(D) Desvenda novos instrumentos.

18. Na presença de um paradigma, a atividade científica desenvolve-se em três fases:


(A) Fase normal, fase crítica, fase revolucionária.
(B) Fase crítica, fase normal, fase paradigmática.
(C) Fase normal, fase extraordinária, fase paradigmática.
(D) Fase normal, fase extraordinária, fase revolucionária.

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19. Considera os enunciados seguintes sobre a perspetiva de Kuhn.
1. A ciência extraordinária pratica-se à margem do paradigma dominante.
2. As anomalias acumuladas podem pôr em causa o paradigma.
3. A pré-ciência corresponde à atividade organizada que precede a formação de uma ciência.
4. Os paradigmas são sempre comparáveis quanto aos seus resultados.
Devemos afirmar que:
(A) 1 e 2 são incorretos; 3 e 4 são corretos.
(B) 3 e 4 são incorretos; 1 e 2 são corretos.
(C) 2 e 3 são incorretos; 1 e 4 são corretos.
(D) 1 e 4 são incorretos; 2 e 3 são corretos.

20. Considera os seguintes enunciados sobre a noção de paradigma.


1. Uma «ciência» que não possui um paradigma não tem direito ao título de ciência.
2. O paradigma vigente serve de base tanto ao cientista da ciência normal como ao da extraordinária.
3. O paradigma inclui os problemas e as soluções que devem orientar a investigação.
4. O paradigma em vigor começa a ser contestado mal surgem anomalias.
Deve afirmar-se que:
(A) 1 e 2 são corretos; 3 e 4 são incorretos.
(B) 1 e 3 são corretos; 2 e 4 são incorretos.
(C) 2 e 4 são corretos; 1 e 3 são incorretos.
(D) 3 e 4 são corretos; 1 e 2 são incorretos.

21. Ciência normal é uma expressão que, em Kuhn, designa os momentos da história da ciência
em que não há revoluções ou mudanças de paradigma. Esta afirmação é:
(A) Verdadeira: o período de ciência normal só acontece uma vez.
(B) Falsa: no período de ciência normal, o paradigma não é questionado.
(C) Falsa: o período de ciência normal só acontece uma vez.
(D) Verdadeira: no período de ciência normal, o paradigma não é questionado.

22. A ciência extraordinária é um período de:


(A) Reajustamento e aprofundamento do paradigma vigente.
(B) Resolução de enigmas, tendo por base o paradigma dominante.
(C) Adoção de um novo paradigma e de abandono do velho paradigma.
(D) Discussão do paradigma vigente em que diminui a confiança neste.

23. Segundo Kuhn, o conhecimento científico não evolui por acumulação de verdades ou correção
de erros. Esta afirmação é:
(A) Verdadeira: só as melhores teorias sobrevivem.
(B) Falsa: só as melhores teorias sobrevivem.
(C) Verdadeira: a ciência progride por revoluções científicas.
(D) Falsa: a ciência progride por revoluções científicas.

24. As anomalias são factos polémicos que:

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(A) Conduzem ao abandono do paradigma.
(B) Podem abalar a confiança no paradigma.
(C) São sempre resolúveis no âmbito do paradigma.
(D) Apenas estão presentes nos momentos de crise.

25. Quando certos enigmas que um paradigma não previu são resolvidos segundo a forma
prevista pelo paradigma estamos num período de:
(A) Crise.
(B) Revolução científica.
(C) Ciência normal.
(D) Ciência extraordinária.

26. A tese da incomensurabilidade dos paradigmas significa:


(A) Não ser possível comparar objetivamente dois paradigmas.
(B) Que o novo paradigma é de longe melhor e mais verdadeiro que o anterior.
(C) Que a substituição de um paradigma por outro implica avanço em relação ao anterior.
(D) Que a mudança de paradigmas dá lugar a uma imagem mais objetiva da realidade.

27. O que leva um cientista a aderir a um novo paradigma são:


(A) Exclusivamente critérios objetivos e universais.
(B) Critérios objetivos, mas também fatores de ordem subjetiva.
(C) Critérios impossíveis de identificar, mas nem subjetivos nem objetivos.
(D) Exclusivamente fatores de ordem subjetiva e individual.

28. Para Thomas Kuhn, a ciência progride por meio de:


(A) Acumulação de conhecimentos.
(B) Eliminação de erros.
(C) Revoluções científicas.
(D) Conjeturas e refutações.

29. Considera os seguintes enunciados relativos à prática de ciência normal.


1. A ciência normal faz-se para derrubar um paradigma e resolver anomalias.
2. A ciência normal faz-se para derrubar um paradigma e resolver puzzles.
3. A ciência normal faz-se para consolidar um paradigma e resolver anomalias.
4. A ciência normal faz-se para consolidar um paradigma e resolver enigmas.
Kuhn afirmaria que:
(A) 1 e 2 são verdadeiros; 3 e 4 são falsos.
(B) 3 e 4 são verdadeiros; 1 e 2 são falsos.
(C) 1 e 3 são verdadeiros; 2 e 4 são falsos.
(D) 2 e 4 são verdadeiros; 1 e 3 são falsos.

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30. Para Thomas Kuhn:
(A) É a existência de um paradigma que distingue ciência de não ciência.
(B) É a existência de uma crise que distingue ciência de não ciência.
(C) É a existência de enigmas que distingue ciência de não ciência.
(D) É a existência de um método que distingue ciência de não ciência.

31. O que significa dizer que os paradigmas são incomensuráveis, segundo Thomas Kuhn?

32. Esclarece em que consiste um paradigma científico, segundo a perspetiva kuhniana.

33. Estabelece a devida identificação entre as afirmações e os conceitos, tendo em conta que a
cada conceito pode corresponder mais do que uma afirmação.

Conceitos Afirmações
A. Pré-ciência 1. É a prática científica que articula e desenvolve um
paradigma.
B. Comunidade científica 2. Define os problemas e soluções admissíveis na
prática científica normal.
C. Paradigma 3. Atividade científica que antecede a mudança de
paradigma.
D. Ciência normal 4. Falhanços na prática científica normal.
5. É o conjunto de supostos gerais, leis e técnicas que
E. Anomalia as comunidades científicas adotam.
6. Período em que um novo paradigma se começa a
F. Crise formar.
7. É o estado pré-paradigmático de uma ciência.
G. Ciência extraordinária 8. Grupo em que os cientistas se inserem para
desenvolver o seu trabalho de investigação.
H. Revolução científica 9. O estado em que uma ciência é considerada imatura.
10. Atividade científica que se pratica nos períodos de
crise.
11. Distingue a ciência da não ciência.
12. Ciência oposta à ciência normal.
13. Estado que marca a acumulação em grande número
de anomalias não resolvidas.
14. Período de confronto entre paradigmas.
15. Corresponde ao abandono de um paradigma e à
adoção de um novo.
16. É a prática científica que entra em rutura com um
paradigma.
17. É a atividade de resolução de problemas dirigida
pelas regras paradigmáticas.
18. Conjunto de cientistas que trabalham de acordo com
um paradigma.

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19. É a ciência praticada na maioria do tempo pelos
cientistas.
20. Prática científica que marca o período que sucede à
assunção de um novo paradigma.

34. Lê o texto, com atenção, e responde à pergunta apresentada.


Pensamos normalmente que uma teoria científica é melhor que as suas predecessoras não só porque é um
instrumento melhor para descobrir e resolver enigmas, mas também porque é de algum modo uma melhor
representação do que é realmente a natureza. Ouve-se frequentemente dizer que uma teoria que se sucede
a outra fica cada vez mais próxima, ou se aproxima cada vez mais, da verdade. (…) Enquanto historiador
dou-me conta da implausibilidade desta perspetiva. Não duvido, por exemplo, de que enquanto instrumento
de resolução de enigmas, a mecânica de Newton é uma melhoria relativamente à de Aristóteles e que a de
Einstein é uma melhoria relativamente à de Newton. Mas não vejo na sua sucessão um caminho coerente de
desenvolvimento ontológico. Pelo contrário, em certos aspetos importantes, embora de forma alguma em
todos, a teoria da relatividade de Einstein está mais próxima da de Aristóteles do que qualquer uma delas da
de Newton.
Thomas Kuhn (2009). A estrutura das revoluções científicas. Guerra & Paz, p. 275.

34.1. «Ouve-se frequentemente dizer que uma teoria que se sucede a outra fica cada vez mais próxima, ou
se aproxima cada vez mais, da verdade.» Por que razão, para Kuhn, esta perspetiva é implausível?

35.2. Contrasta as perspetivas de Kuhn e Popper, a propósito da questão do progresso científico.

36. Lê o texto e responde às questões que se seguem.


Qualquer que seja o nível de genialidade disponível para as observar, as anomalias não emergem do curso
normal da investigação científica enquanto os instrumentos e os conceitos não se tiverem desenvolvido o
suficiente para tornar a sua emergência provável e para tornar a anomalia que daí resulta reconhecível
como uma violação da expectativa. Dizer que uma descoberta inesperada só começa quando algo sai mal é
dizer que ela só começa quando os cientistas sabem exatamente como é que os instrumentos ou a natureza
se deviam comportar. (…) Embora o conhecimento da anomalia assinale o começo de uma descoberta, só
assinala o início. O que se segue necessariamente, se há algo a descobrir, é um período mais ou menos
longo durante o qual o indivíduo e, amiúde, muitos membros do seu grupo procuram transformar a
anomalia numa regra. Esse período exige invariavelmente observação e experimentação adicionais e uma
reflexão sistemática. Enquanto isto prossegue, os cientistas revêm permanentemente as suas expectativas,
em geral os padrões instrumentais e, por vezes, também as suas teorias mais fundamentais.

Thomas Kuhn (1989). A tensão essencial. Edições 70, pp. 218-219.

36.1. Qual a atitude do cientista face ao aparecimento das anomalias?

36.2. Quais as condições que permitem o aparecimento das anomalias?

36.3. De acordo com o texto, as anomalias que surgem no período de ciência normal são:
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(A) Uma justificação da expectativa.
(B) Uma consequência da expectativa.
(C) Uma previsão da expectativa.
(D) Uma violação da expectativa.

37. Lê o texto e responde às questões que se seguem.


Marco: Segundo Kuhn, a história da ciência é feita de alternâncias entre os períodos de «ciência normal» e
os períodos de «ciência extraordinária». A ciência “normal” é o que acontece normalmente, a regra,
enquanto a «extraordinária» é a exceção. Durante os períodos de ciência normal, os cientistas resistem à
mudança e são conservadores; durante os períodos da ciência extraordinária (…) põem os antigos
paradigmas em causa e procuram teorias novas, de acordo com o novo paradigma. A estas fases dá-se o
nome de «revoluções científicas» (…). Estas revoluções da ciência são raras; apesar disso, são responsáveis
pelos maiores progressos científicos. Quanto ao modo como progride, podemos dizer que a ciência avança
com pequenos passos nos períodos da «ciência normal» e dá saltos de gigante nos períodos da «ciência
extraordinária».
Tomás: Muito bem, sim senhor!
Cláudia: Só mais uma coisa. Ficou claro porque é que Kuhn não subscreve o método proposto por Popper,
uma vez que, segundo ele, os cientistas não funcionam desse modo. Agora eu pergunto: qual é o método
utilizado pelos cientistas, segundo Kuhn?
Tomás: Kuhn afirma (…) que os cientistas se comportam (…) como aquelas pessoas que se especializam na
resolução de puzzles ou enigmas.
Cláudia: Quer dizer que, para Kuhn, o método científico é um processo de resolução de puzzles…
Tomás: Exatamente, só que os puzzles são, neste caso, os problemas científicos. Mas a essência é a
mesma: esses problemas específicos dão ao cientista a ocasião e a possibilidade de pôr à prova a sua
habilidade.
Carlos Café (2001). Eles não sabem que eu sonho. Um jovem poeta no país da ciência.
Asa, pp. 126-127.

37.1. Em que difere a postura do cientista em fase de ciência normal e de ciência extraordinária?

37.2. A que correspondem os puzzles na prática de ciência normal?

37.3. Quais as características do progresso científico em ambas as práticas científicas?

37.4. Tendo em conta o modelo proposto por Kuhn, o que conduz a comunidade científica à prática da
ciência extraordinária?

38. Lê o excerto atentamente.


Deste modo começamos com um ponto de partida vago e construímos sobre alicerces inseguros. Mas
podemos progredir: podemos às vezes, após alguma crítica, ver que estivemos errados; podemos aprender
com os nossos enganos, com a compreensão de que fizemos um erro. (…) [O] nosso ponto de partida é o
senso comum e (…) [o] nosso grande instrumento para progredir é a crítica.
Karl Popper (1975). Conhecimento Objetivo. Itatiaia, pp. 42-43.

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38.1. Analisa criticamente a perspetiva de Thomas Kuhn acerca da evolução científica.

39. Lê o texto seguinte.


Kuhn sublinhou a enorme importância da história da ciência para a epistemologia. A sua principal crítica a
Popper visou a visão continuísta e cumulativa do progresso científico que aquele defendeu; pelo contrário,
para Kuhn a ciência avança na base de crises e roturas, que implicam na conceção do mundo mudanças
radicais, às quais dá o nome de revoluções científicas.
Javier Echeverría (2003). Introdução à Metodologia da Ciência. Almedina, p. 116.

39.1. Redige um texto em que mostre o que separa Kuhn de Popper relativamente ao progresso e
objetividade da ciência. Na tua resposta deves referir: a epistemologia evolucionista de Popper; a
incomensurabilidade dos paradigmas; o alcance da verdade em ambos os filósofos.

40. Completa as lacunas com as palavras sugeridas, por modo a que o texto faça sentido.
• cientistas • velho • extraordinária • paradigma • crise
• transição • normal • científica • objetivos • métodos

A transição de um ________________ (1) em crise para um novo paradigma do qual uma nova tradição de
ciência ________________ (2) emergirá é tudo menos um processo cumulativo, um processo alcançado
mediante uma reorientação ou extensão do velho paradigma. Ao contrário disso, trata-se de uma
reconstrução do campo de estudos a partir de novos fundamentos, uma reconstrução que altera algumas
das mais elementares generalizações teóricas do campo, bem como muitos dos seus paradigmas ao nível
dos ________________ (3) e aplicações. Durante o período de ________________ (4) haverá uma
justaposição alargada, embora nunca total, entre os problemas que podem ser resolvidos pelo
________________ (5) e pelo novo paradigma. Mas existirá também uma diferença decisiva no modo de os
resolver. Quando a transição se completa, os membros da profissão terão alterado o seu conceito do campo
de estudos, dos seus métodos e dos seus ________________ (6). (…) Os ________________ (7) não
passam a ver uma coisa como uma coisa diferente. Em vez disso, eles vêem-na simplesmente. (…) Estas
ideias aqui antecipadas podem ajudar-nos a identificar a ________________ (8) como um prelúdio
apropriado à emergência de novas teorias, sobretudo depois de termos examinado uma versão de pequena
escala do mesmo processo, ao discutir a emergência das descobertas científicas. Sendo que a emergência
de uma nova teoria corta com uma tradição de prática ________________ (9) e introduz uma nova tradição
governada por novas regras e dentro de um novo universo discursivo, é provável que ela ocorra apenas
quando se pressente que a tradição anterior está claramente fora do bom caminho. Esta observação não é,
no entanto, mais do que um prelúdio à investigação do estado de crise, e, infelizmente, as questões a que
ela nos leva requerem mais a competência do psicólogo do que a do historiador. A que se assemelha a
ciência ________________ (10)? Como ganha a anomalia contornos normativos? Como trabalham os
cientistas quando sabem apenas que algo está errado a um nível fundamental, nível esse para o qual não
estão preparados pela educação que receberam? Estas questões têm de ser muito mais investigadas, e essa
investigação não deve ser meramente histórica. (…) É frequente que um paradigma emerja, pelo menos em
embrião, antes que uma crise se desenvolva muito ou que seja explicitamente identificada.
Thomas Kuhn (2009). A estrutura das revoluções científicas. Guerra & Paz, pp. 124-126.

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41. Assinala com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas.
A. Kuhn é um crítico do método de Popper.
B. Para Kuhn, a ciência progride por acumulação de conhecimentos e não por saltos bruscos, como em
Popper.
C. Em ciência normal o conhecimento é cumulativo.
D. Um paradigma é um modelo para fazer ciência e um modo de ver o mundo.
E. O modelo astronómico de Copérnico é um bom exemplo de paradigma.
F. A ciência normal é a que se pratica no contexto de um paradigma, tal como acontece com a ciência
extraordinária.
G. As anomalias são problemas mal resolvidos.
H. O cientista, na prática da ciência normal, resolve problemas para os quais já conhece os procedimentos
a seguir.
I. Pela prática da ciência normal o cientista procede a reajustamentos do paradigma.
J. Para Kuhn, o cientista acredita piamente no paradigma.
K. Anomalias acumuladas conduzem, mais tarde ou mais cedo, à crise paradigmática.
L. Para a crise paradigmática não conta o grau das anomalias acumuladas, mas apenas, o seu número.
M. A crise do paradigma abre o caminho à revolução científica.
N. Dizer que os paradigmas são incomensuráveis significa afirmar que não servem de critério para se
avaliarem mutuamente.
O. A evolução da ciência é, para Kuhn, descontínua.
P. Tal como para Popper, também para Kuhn a eliminação dos erros aproxima-nos da verdade.
Q. Para Kuhn, quando se trata de escolher entre teorias, há que ter em conta critérios subjetivos.
R. Um dos critérios objetivos da escolha entre teorias é a simplicidade das teorias em questão.
S. Dizer que uma teoria é consistente significa dizer que ela não apresenta incoerências internas.
T. Kuhn e Popper concordam que a ciência não é objetiva.

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