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ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA DE SÃO SEBASTIÃO, MÉRTOLA

Ano Letivo 2021/2022


Disciplina de Filosofia
11º Ano Turma A - Curso Científico-Humanísticos de Línguas e Humanidades
Docente Rui Nunes Kemp Silva
Prova de Avaliação Sumativa 5 Data: 15 de março de 2022 (terça-feira)
Duração: 90 minutos – Sala AN16 – 14H20/15H50
«O que visamos descobrir é o que faz com que as coisas belas sejam belas. (…) Procuramos uma beleza capaz de tornar belas
todas as coisas que a possuem, pareçam belas ou não.»
Platão, Hípias Maior, 292c-293ª.

«Para distinguir se uma coisa é ou não bela, não reportamos a representação ao objeto mas ao sujeito e ao sentimento de prazer
ou à maneira como é afetado pela representação.»
Kant, Crítica da Faculdade do Juízo, INCM, 1982, p. 89

_________________________________________________________
Utiliza apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.
Não é permitido o uso de corretor. Deves riscar aquilo que pretendes que não seja classificado.
Para cada resposta, identifica o grupo e o item.
Apresenta as tuas respostas de forma legível.
Apresenta apenas uma resposta para cada item.
Indica na folha de resposta a versão da prova.
As cotações dos itens encontram-se imediatamente abaixo.
____________________________
Cotações

Grupo I Grupo II Grupo III


I - Questões de escolha múltipla

1. …………………… 5 pontos De um elenco de 12 questões de


2. …………………… 5 pontos resposta restrita, o aluno deve 2 Questões de desenvolvimento
3. …………………… 5 pontos
4. …………………… 5 pontos
selecionar obrigatoriamente 4 em opção – o aluno deve
5. …………………… 5 pontos responder a uma obrigatoriamente
6. …………………… 5 pontos
7. …………………… 5 pontos 4 Questões obrigatórias x 20 pontos I …………………… 40 pontos
8. …………………… 5 pontos II…………………… 40 pontos
9. …………………… 5 pontos
10. ………………….. 5 pontos
11. …...……………... 5 pontos
12. ………..………… 5 pontos

II - Itens de verdadeiro/falso

10 itens x 1 ponto = 10 pontos

III - Crucigrama

10 itens x 1 ponto = 10 pontos

80 pontos 80 pontos 40 pontos

Total: 200 pontos


1
GRUPO I
Atividade I - Questões de escolha múltipla – selecione a alternativa que considera correta

1. O artista belga, Francis Alys, na Bienal de Veneza de 2001, enviou um pavão em seu lugar e designou-o "O
Embaixador". Os seus agentes britânicos, galeristas, acrescentaram uma nota explicativa: «A ave irá pavonear-se em
todas as exposições e festas como se fosse o próprio artista. É burlesca, insinuando a vaidade do mundo da arte e
remetendo para velhas fábulas com animais».
Esta "obra de arte" pode merecer este estatuto segundo a teoria:

A. Da forma significante - formalismo estético de Clive Bell.


B. Da arte como representação mimética - Aristóteles.
C. Da expressão de emoções e sentimentos - Tolstói.
D. Histórico-intencional da arte - Jerrold Levinson.
E. Objetivista estética – Monroe Beardsley.

2. Qual é a teoria que exige a propriedade como condição necessária para que um objeto possa
ser considerado obra de arte?

A. Teoria institucional.
B. Teoria historicista.
C. Teoria expressivista.
D. Teoria da arte como imitação.
E. Teoria formalista estética ou da arte como forma significante.

3. Para a teoria formalista da arte,

A. A forma de uma obra de arte é importante, sendo os conteúdos representacionais e expressivos irrelevantes.
B. A forma de uma obra de arte é importante e o conteúdo representacional também.
C. A forma de uma obra de arte é importante e o conteúdo expressivo também.
D. A forma de uma obra de arte é importante e o conteúdo representacional e expressivo também.

4. Para Jerrold Levinson, a intenção não passageira de que a obra seja vista como foram vistas outras obras do passado
é uma condição...

A. Necessária, mas não suficiente para que se trate de uma obra de arte.
B. Suficiente, mas não necessária para que se trate de uma obra de arte.
C. Necessária e suficiente para que se trate de uma obra de arte.
D. Nem necessária nem suficiente para que se trate de uma obra de arte.

5. A teoria formalista de Clive Bell enfrenta a seguinte objeção:

A. A forma significante é uma configuração de linhas, cores, formas e espaços que tem a
capacidade de originar uma emoção estética no contemplador.
B. Há obras de arte sem conteúdo representacional.
C. Há coisas que têm conteúdo representacional, mas não são arte.
D. Há obras de arte com uma forma idêntica à de objetos que não são obras de arte.

2
6. Entende-se por condições necessárias de «arte» as características que …

A. Todas as obras de arte possuem.


B. Uma minoria de obras de arte possui.
C. Apenas as obras de arte possuem.
D. A maioria das obras de arte possuem.

7. Entende-se por condições suficientes de «arte» as características que …

A. Só as obras de arte têm.


B. Todas as obras de arte têm.
C. Nenhuma obra de arte possui.
D. Poucas obras de arte possuem.

8. O filósofo alemão Immanuel Kant defendeu uma tese estética:

A. Subjetivismo moderado; o juízo estético é universal;


B. Subjetivismo moderado; o juízo estético por vezes é singular;
C. Objetivismo; os juízos estéticos fundamentam-se nos atributos reais das obras
de arte e da natureza.
D. Subjetivismo; o sentimento estético é singular e universalmente partilhável.

9. O uso de um instrumento musical como a célebre Harpa Laser, concebido pelo músico instrumental francês, Jean-
Michel Jarre, pode constituir um contraexemplo a uma das teorias da arte por nós estudadas nas aulas, concretamente,
possui elementos aleatórios que são introduzidos artificialmente por um programa de computador, notas e sons que o
próprio compositor não controla e que escapam à sua criatividade:

A. Teoria da arte como imitação, de Platão.


B. Teoria da arte como imitação, de Aristóteles.
C. Teoria da arte como expressão, de Tolstói.
D. Teoria da arte como forma significante, de Clive Bell.
E. Teoria institucional da arte, de George Dickie.
F. Teoria histórico-intencional da arte, de Jerrold Levinson.

10. A pintura que se segue, representando talvez um búfalo e outras figuras, é


considerada a obra de arte mais antiga conhecida. Tem cerca de 44 000 anos e foi
descoberta numa gruta da Indonésia (em 2017).
(Fonte: https://www.jn.pt/mundo/pintura-rupestre-com-44-mil-anos-e-a-mais-antiga-do-mundo-11608253.html,
consultado a 07.04.2020)
Esta pintura pré-histórica constitui um contraexemplo para …

A. A teoria da arte como forma significante e para o objetivismo estético de Beardsley.


B. A teoria da arte como imitação.
C. A teoria da arte como expressão de emoções.
D. A teoria institucional da arte.
E. A teoria histórico-intencional da arte.
F. As teorias contextualistas da arte ou não-essencialistas.
G. Nenhuma das teorias da arte é objeto de contraexemplo com base nesta obra de arte pré-histórica.

3
11. Leia as afirmações e selecione a alternativa que considera correta.

1. A obra 4’33’, do compositor John Cage, não é uma obra de arte genuína segundo a teoria da arte como imitação.
2. O filme Branca de Neve, de João de César Monteiro, é uma obra de arte para a teoria de Monroe Beardsley.
3. O urinol Fonte (1917), de Marcel Duchamp, é uma obra de arte à luz da teoria institucional.
4. O quadro pintado pelo pintor norueguês, Edvard Munch, O Grito, é uma obra de arte genuína para a teoria
expressivista de Tolstói.

A. 1. é verdadeira; 2, 3 e 4 são falsas.


B. 2. e 4. são verdadeiras; 1. e 3. são falsas.
C. Só a afirmação 4. é verdadeira; as restantes são falsas.
D. Nenhuma afirmação é verdadeira.
E. Só a afirmação 2. é falsa; as restantes são verdadeiras.

12. A escultura imaterial e invisível "Io Sono" (literalmente, "Eu Sou"), de


Salvatore Garau, foi vendida em leilão por 15 mil euros. A obra, que existe na
imaginação do artista italiano, fazia parte catálogo da leiloeira Art-Rite, de
Milão. Como prova física, o comprador recebeu apenas um certificado de
autenticidade, assinado por Garau.
O artista descreve a obra como uma "escultura imaterial para ser colocada
numa casa particular dentro de um espaço livre e com dimensões variáveis".
Salvatore Garau frisou ainda que o vazio "não é nada mais do que um espaço
cheio de energia". A desmaterialização das obras de arte não é nenhuma novidade: Marcel Duchamp já tinha criado “Ar
de Paris”: captou o ar de Paris numa ampola de soro fisiológico vazia, e ofereceu-a ao seu amigo e mentor Walter
Arensberg. A obra acabaria por entrar para os anais da arte moderna. E em Nova-Iorque há mesmo um Museu de Arte
Não-Visível. Aconselhável para quem não tiver nada para fazer na vida…
A obra de arte “Io Sono” tem valor estético segundo:
A. A teoria da arte como forma significante, de Clive Bell.
B. A teoria institucional da arte, de George Dickie.
C. A teoria da arte como expressão, de Tolstói.
D. A teoria da arte como imitação, de Aristóteles.
E. A teoria histórico-intencional da arte, de Jerrold Levinson.
F. Para as teorias contextualistas da arte.
G. Nenhuma teoria da arte consegue justificar adequadamente a “escultura invisível” de Garau.
II – Identifica as afirmações que consideras verdadeiras (V) ou falsas (F)

1. A Filosofia da Arte é uma disciplina da reflexão filosófica que é equivalente em designação à Estética.
2. O filósofo Kant considera/afirmou que a experiência estética depende do entendimento e da imaginação.
3. Beardsley sustentou a tese de que o valor da arte pode ser explicada por razões genéticas, afetivas e objetivas.
4. A experiência estética, no sentido kantiano do termo, não é uma experiência psicológica, nem sensorial, nem cognitiva.
5. O belo, segundo o filósofo Kant, é uma experiência estética subjetiva que agrada universalmente sem conceito.
6. Os juízos estéticos, de acordo com Kant, são reflexivos.
7. Beardsley afirmou que as razões genéticas eram inadequadas para fundamentar os juízos estéticos.
8. O objetivismo estético de Beardlsey afirma que as obras de arte são meios ou instrumentos para provocar no público, nos
contempladores da arte, experiências estéticas valiosas.
9. Afirmar que “as primeiras notas da 5ª sinfonia de Beethoven são imponentes” representa um juízo estético objetivo
segundo o critério da intensidade, uma razão objetiva estipulada pelo filósofo Beardsley.
10. Um artista verdadeiro é o que consegue contagiar de modo intencional o seu público e levá-lo a sentir espontaneamente
as mesmas emoções, segundo o expressivismo estético de Tolstói.

4
III – Crucigrama
Preenche os espaços em branco com os termos adequados considerando as descrições

3 S
5 H 2 É
1 E X O

4 E R
R
- J
6 D A
E
à 9 K K 8
L
10 F N

M
7 O - D A - A

Descrições

1. Uma das características dos juízos estéticos, segundo o filósofo Kant.


2. A artista portuguesa, Joana Vasconcelos, ao criar o “Sofá Aspirina” (1997), teve um tipo de intenção
que constitui a primeira condição necessária para haver arte, segundo Jerrold Levinson.
3. Corrente estética, protagonizada por um escultor australiano, Ron Mueck, que está de acordo com a
teoria da arte como imitação da realidade sensível de Aristóteles.
4. Célebre quadro de Picasso, criado em 1937, cujo conteúdo representacional e expressivo é um
contraexemplo à teoria da arte como forma significante de Clive Bell.
5. Conceito central da teoria da arte de Tolstói.
6. As obras de Graffiti do artista anónimo Banksy não cumprem uma das condições necessárias da
teoria histórico-intencional de Jerrold Levinson.
7. Conceito nuclear da teoria institucional da arte, de George Dickie, e que funciona como um sistema
de atribuição e reconhecimento do estatuto a artistas e às obras de arte.
8. De acordo com Beardsley, são as únicas razões válidas para apreciar esteticamente uma obra de
arte, como a escultura clássica Niké de Samotrácia.
9. Célebre escritor checo que pretendia que as suas obras fossem destruídas quando falecesse e cuja
intenção prova a verdade do ponto de vista de Beardsley: as razões genéticas são irrelevantes para
avaliar as obras de arte e os artistas.
10. A forma que, de acordo com Clive Bell, qualquer obra de arte deve ter como condição necessária e
suficiente para merecer esse estatuto, incluindo até as obras de arte pré-históricas.

5
GRUPO II
Questões de resposta restrita
Das doze questões deve responder obrigatoriamente a quatro

1. Exponha nas suas ideias centrais a tese subjetivista estética de Immanuel Kant. Apresente uma crítica
possível à teoria do filósofo.

2. Considere os dois juízos estéticos:

(a) - «Os concertos de Brandenburgo de Bach são belos porque eu gosto deles»;
(b) - «Gosto dos concertos de Brandenburgo de Bach porque são belos».

- Qual é a diferença entre os dois juízos estéticos? Justifique adequadamente a sua resposta.

3. Caracterize a noção de experiência estética. Será uma condição relevante para a apreciação das obras
de arte?

4. Exponha as ideias centrais da teoria estética do filósofo Monroe Beardsley. Apresente uma objeção à sua
teoria.

5. Platão e Aristóteles concordam com a teoria de que toda a arte é imitação da realidade. No entanto, os
seus pontos de vista sobre a natureza da arte e o seu valor são bem diferentes. Explique algumas das razões
que marcam as diferenças entre os dois filósofos.

6. A teoria da arte como imitação enfrenta diversas objeções críticas. Apresente duas dessas críticas,
recorrendo a exemplos de obras de arte pertinentes.

7. A teoria da arte como expressão de Tolstói representa uma superação do conceito tradicional de imitação.
De que modo define Tolstói a arte e como se pode distinguir a boa da má arte?

8. A teoria expressivista de Tolstói enfrenta diversas críticas. Exponha duas objeções contra a teoria estética
de Tolstói, suportando a sua resposta em contraexemplos de objetos artísticos.

9. Exponha as ideias centrais da teoria da arte como forma significante de Clive Bell. Esclareça dois erros
lógicos que são apontados contra a teoria de Bell.

10. Han van Meegeren foi um célebre falsificador de obras de arte holandês que forjou a produção de quadros
segundo as técnicas usadas por Vermeer. Por que razão estas falsificações podem ser justificadas como
verdadeiras obras de arte à luz da teoria histórico-intencional? Justifique adequadamente a sua resposta.

11. O filósofo norte-americano Jerrold Levinson definiu a arte numa perspetiva contextualista ou não-
essencialista. Em que aspetos a teoria de Levinson concorda com a de George Dickie? E em que sentido a
sua teoria diverge da teoria institucional?

12. A teoria histórico-intencional, de Levinson, enfrenta uma crítica séria: a objeção da arte criminosa.
Explique o significado dessa objeção recorrendo a dois contraexemplos pertinentes.

6
GRUPO III
Deves responder obrigatoriamente a um dos temas de desenvolvimento.

Tema I
«A Impossibilidade Física da Morte na Mente de Alguém Vivo (1989), de
Damien Hirst, é um tubarão-tigre morto dentro de um grande tanque feito de
vidro e aço. O tubarão está suspenso numa solução de cinco por cento de
formaldeído. Além do título, pouco há nesta obra que a distinga de um
espécime zoológico, que poderia igualmente estar em exposição num museu
de história natural. O principal elemento da obra – o tubarão – não foi
notoriamente alterado, sendo apenas um grande animal morto. O tanque
nada tem de notável. Contudo, esta peça foi aclamada como uma importante
obra de arte. (…) Como a grande maioria das obras de Hirst, analisa aspetos
da nossa relação com a morte. (…) Como pode isto ser arte? O que terá
levado a esta mudança no estatuto do tubarão? Mesmo que o tema seja
familiar, temos ainda o mistério de como pôde o artista transformar tal coisa – um animal que vive na natureza – numa obra de arte.
Está lá o próprio animal e não uma representação sua. (…) A teoria institucional da arte tem uma resposta para este mistério, o de
saber como os objetos de fabrico industrial, ou os animais e mesmo as pessoas, podem ser transformados em obras de arte. (…)
A teoria institucional não destaca o aspeto de uma obra de arte mas o seu contexto: o modo como é tratada por quem quer que a
tenha criado e por quem a expôs e apreciou.» Nigel Warburton (2007). O Que É a Arte? Editorial Bizâncio, pp.101-103.
- Considerando a teoria institucional da arte de George Dickie, esclareça as condições necessárias e suficientes pelas quais
a obra de Damien Hirst pode ser considerada uma obra de arte genuína.
- Exponha duas objeções críticas à teoria estética não-essencialista de George Dickie.

Tema II
Leia o texto que se segue e responda à questão proposta

“O que é a arte? Esta é uma questão que tem sido importante tanto na estética
do século XX como na prática da arte. Por vezes, parece que os artistas tiveram
de a confrontar nos seus trabalhos para serem levados a sério pelo mundo da arte.
O artista belga Francis Alys escolheu mandar um pavão vivo para a Bienal de
Veneza em vez de comparecer pessoalmente. A atividade do pavão é apresentada
como uma obra de arte intitulada O Embaixador. Os galeristas britânicos do artista
forneceram um comentário útil sobre o significado desta obra de arte:

«A ave irá pavonear-se em todas as exposições e festas como se fosse o próprio


artista. É burlesca, insinuando a vaidade do mundo da arte e remetendo para velhas fábulas com animais».”

Nigel Warburton, O Que É a arte? Tradução de Célia Teixeira, Lisboa, Bizâncio (2007), p.13.

Será que O Embaixador de Francis Alys é uma verdadeira obra de arte? Porquê?

Na tua resposta deves:

- Formular o problema filosófico suscitado pela obra.


- Classificar a obra como arte ou não arte, apelando a duas teorias da arte estudadas com posições opostas.
- Justificar adequadamente a perspetiva teórica que defendes.
BOM TRABALHO!

Professor Rui Nunes Kemp Silva


Março de 2022

7
Correção das questões do teste sumativo 5 da turma 11ºA – Realizado em 15.3.2022 (terça-feira)

Grupo I

Qem

1-D
2-B
3-A
4-A
5-D
6-A
7-A
8-D
9-C
10-F
11-E
12-F

Grupo II

I – Identifica as afirmações que consideras verdadeiras (V) ou falsas (F)

1. A Filosofia da Arte é uma disciplina da reflexão filosófica que é equivalente em designação à Estética. F
2. O filósofo Kant considera/afirmou que a experiência estética depende do entendimento e da imaginação. V
3. Beardsley sustentou a tese de que o valor da arte pode ser explicada por razões genéticas, afetivas e objetivas. F
4. A experiência estética, no sentido kantiano do termo, não é uma experiência psicológica, nem sensorial, nem cognitiva. V
5. O belo, segundo o filósofo Kant, é uma experiência estética subjetiva que agrada universalmente sem conceito. V
6. Os juízos estéticos, de acordo com Kant, são reflexivos. V
7. Beardsley afirmou que as razões genéticas eram inadequadas para fundamentar os juízos estéticos. F
8. O objetivismo estético de Beardlsey afirma que as obras de arte são meios ou instrumentos para provocar no público, nos V
contempladores da arte, experiências estéticas valiosas.
9. Afirmar que “as primeiras notas da 5ª sinfonia de Beethoven são imponentes” representa um juízo estético objetivo V
segundo o critério da intensidade, uma razão objetiva estipulada pelo filósofo Beardsley.
10. Um artista verdadeiro é o que consegue contagiar de modo intencional o seu público e levá-lo a sentir espontaneamente V
as mesmas emoções, segundo o expressivismo estético de Tolstói.

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III – Crucigrama
Preenche os espaços em branco com os termos adequados considerando as descrições

3 S
5 H 2 S É R I A
1 R E F L E X I V O V
X P I
P 4 G U E R N I C A T
R R E
E - J
S 6 P R O P R I E D A D E B
S E O
à 9 K A F K A 8
O L
10 S I G N I F I C A N T E
S
M
7 M U N D O - D A - A R T E

Descrições

1. Uma das características dos juízos estéticos, segundo o filósofo Kant.


2. A artista portuguesa, Joana Vasconcelos, ao criar o “Sofá Aspirina” (1997), teve um tipo de intenção
que constitui a primeira condição necessária para haver arte, segundo Jerrold Levinson.
3. Corrente estética, protagonizada por um escultor australiano, Ron Mueck, que está de acordo com a
teoria da arte como imitação da realidade sensível de Aristóteles.
4. Célebre quadro de Picasso, criado em 1937, cujo conteúdo representacional e expressivo é um
contraexemplo à teoria da arte como forma significante de Clive Bell.
5. Conceito central da teoria da arte de Tolstói.
6. As obras de Graffiti do artista anónimo Banksy não cumprem uma das condições necessárias da
teoria histórico-intencional de Jerrold Levinson.
7. Conceito nuclear da teoria institucional da arte, de George Dickie, e que funciona como um sistema
de atribuição e reconhecimento do estatuto a artistas e às obras de arte.
8. De acordo com Beardsley, são as únicas razões válidas para apreciar esteticamente uma obra de
arte, como a escultura clássica Niké de Samotrácia.
9. Célebre escritor checo que pretendia que as suas obras fossem destruídas quando falecesse e cuja
intenção prova a verdade do ponto de vista de Beardsley: as razões genéticas são irrelevantes para
avaliar as obras de arte e os artistas.
10. A forma que, de acordo com Clive Bell, qualquer obra de arte deve ter como condição necessária e
suficiente para merecer esse estatuto, incluindo até as obras de arte pré-históricas.

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II – Questões de resposta restrita
Das doze questões deve responder obrigatoriamente a quatro

1. Exponha nas suas ideias centrais a tese subjetivista estética de Immanuel Kant. Apresente uma crítica
possível à teoria do filósofo.

Critérios de classificação: duas ideias centrais do subjetivismo estético moderado kantiano, por exemplo: o
juízo estético é o resultado de um jogo livre harmonioso das faculdades do entendimento e da imaginação que
proporciona ao sujeito um sentimento de beleza (quer seja em relação aos objetos artísticos, quer em relação
às belas formas da natureza) – 6 pontos; o juízo estético sobre o belo é o resultado de uma experiência estética
desinteressada, pura, contemplativa, sem qualquer sensação de agradabilidade, e por isso é um sentimento
subjetivo singular mas que pode ser partilhado de modo universal – 6 pontos; uma crítica possível à teoria
kantiana: o subjetivismo kantiano não explica o que deve ser explicado, centra a análise na noção obscura de
experiência estética, segundo relações psicológicas de faculdades difíceis de precisar, acessíveis apenas à
experiência mental introspetiva de cada sujeito, e não nas propriedades estéticas inerentes às próprias obras
de arte (no fundo, a experiência estética é apenas um relato autobiográfico sobre as preferências e vivências
estéticas de cada contemplador – 6 pontos.

Comunicação escrita: 1 ou 2 pontos. São aceitáveis outras ideias ou críticas igualmente pertinentes para além
do cenário de resposta constante nos critérios de classificação.

2. Considere os dois juízos estéticos:

(a) - «Os concertos de Brandenburgo de Bach são belos porque gosto deles»;
(b) - «Gosto dos concertos de Brandenburgo de Bach porque são belos».

- Qual é a diferença entre os dois juízos estéticos? Justifique adequadamente a sua resposta.

Critérios de classificação: o juízo (a) é subjetivo; o juízo (b) é objetivo – 4 pontos; o primeiro juízo depende
apenas de uma apreciação subjetiva de cada pessoa, é uma simples preferência pessoal, a manifestação de
um gosto estético individual, é verdadeiro apenas para quem o sente e de acordo com a sua sensibilidade
pessoal – 7 pontos; o segundo juízo é objetivo porque se atribui aos concertos de Bach a propriedade ou
conceito de beleza musical que depende de características ou atributos estéticos inerentes à própria
composição musical, é um juízo que pretende ser universal, verdadeiro para todas as pessoas,
independentemente dos gostos e preferências pessoais de cada pessoa, pois existe algo, propriedades
estéticas reais, na obra de Bach, que permitem a sua avaliação ou apreciação objetiva (por exemplo, a
harmonia, o timbre, o contraste dos sons, a melodia, a sua disposição, etc.) – 7 pontos.

Comunicação escrita: 1 ou 2 pontos. São aceitáveis outras ideias ou críticas igualmente pertinentes para além
do cenário de resposta constante nos critérios de classificação.

10
3. Caracterize a noção de experiência estética. Será uma condição relevante para a apreciação das obras
de arte?

Critérios de classificação: explicação de dois aspetos relevantes da experiência estética, por exemplo, trata-
se de uma experiência tripartida que envolve um criador (o artista), um objeto estético (a obra de arte) e o sujeito
que frui das obras de arte, o contemplador estético (ou o público em geral) – 3 pontos; é um tipo de experiência
diferentes de outros tipos de experiência (não é cognitiva, não é sensorial, não é uma experiência vulgar ou
quotidiana, não é religiosa), ou em opção, outras características igualmente aceitáveis, tais como ser uma
experiência marcada pelo desinteresse utilitário; não está ao serviço de resultados práticos; traduz um prazer
puramente contemplativo; possui uma finalidade e um valor em si própria (é uma experiência cujo valor é
intrínseco); não depende da existência real do objeto representado – 5 + 5 pontos; a resposta relativa à
experiência estética ser uma condição relevante para apreciar obras de arte depende do ponto de vista adotado;
sim, se for o caso da posição kantiana, ou de Beardsley, ou de Clive Bell; não, se for o caso de Tolstói ou de
George Dickie, ou de Jerrold Levinson. Para atribuir a cotação de 5 pontos, basta que o aluno justifique a sua
posição com uma razão pertinente em função dos autores estudados.

Comunicação escrita: 1 ou 2 pontos. São aceitáveis outras ideias ou críticas igualmente pertinentes para além
do cenário de resposta constante nos critérios de classificação.

4. Exponha as ideias centrais da teoria estética do filósofo Monroe Beardsley. Apresente uma objeção à sua
teoria.

Critérios de classificação: exposição de duas ideias centrais da teoria objetivista estética de Monroe
Beardsley, por exemplo, (a) x é uma obra de arte se, e somente se, tiver propriedades estéticas objetivas que
provocam uma emoção (experiência estética) no público; (b) as obras de arte capazes de provocar uma
experiência estética (ou emoção estética) possuem razões objetivas que se suportam em três atributos ou
qualidades gerais: a unidade, intensidade e profundidade – 6 + 6 pontos. Exposição de uma crítica relevante
contra a tese objetivista estética, por exemplo: argumento da discordância estética (se os especialistas são os
mais habilitados para avaliar e criticar o valor estético das obras de arte, não deveria existir imensa discordância
sobre os juízos de valor estéticos, por exemplo, acerca da qualidade dos filmes há opiniões muito contrastantes;
isso só prova que as propriedades estéticas não existem, ou, a existirem, dificilmente podem gerar algum
consenso, mesmo entre os especialistas da arte) – 6 pontos.

Comunicação escrita: 1 ou 2 pontos. São aceitáveis outras ideias ou críticas igualmente pertinentes para além
do cenário de resposta constante nos critérios de classificação.

11
5. Platão e Aristóteles concordam com a teoria de que toda a arte é imitação da realidade. No entanto, os
seus pontos de vista sobre a natureza da arte e o seu valor são bem diferentes. Explique algumas das razões
que marcam as diferenças entre os dois filósofos.

Critérios de classificação: segundo Platão, toda a arte é condenável moralmente por ser uma cópia de uma
cópia, uma dupla imitação sensível da realidade que afasta a alma humana da procura da verdade e do
conhecimento inteligível (a beleza é um ideal inteligível, a arte sensível é uma falsificação da realidade) – a arte
tem de estar subordinada ao controlo do Estado e apenas servir interesses pedagógicos de formação dos
cidadãos – 9 pontos; por outro lado, Aristóteles considerou que a arte tem uma função social e moral relevante
na educação dos cidadãos (a arte trágica permite a purificação das emoções) e a beleza é de natureza sensível,
a arte pode ser verdadeira: quanto mais fiel for a imitação da realidade sensível, mais perfeita e bela será uma
obra de arte, e o melhor artista é aquele que consegue corrigir e tornar mais perfeita a própria natureza sensível
– 9 pontos.

Comunicação escrita: 1 ou 2 pontos. São aceitáveis outras ideias ou críticas igualmente pertinentes para além
do cenário de resposta constante nos critérios de classificação.

6. A teoria da arte como imitação enfrenta diversas objeções críticas. Apresente duas dessas críticas,
recorrendo a exemplos de obras de arte pertinentes.

Critérios de classificação: a teoria da arte como imitação da realidade sensível ou natural (mundana) deixa
de lado imensas obras de arte que têm reconhecimento consensual desse estatuto (por exemplo, o célebre
urinol de Marcel Duchamp, A Fonte (1917), nada imita, pois é apenas o que é: um urinol, não é uma imitação
de um urinol) – 9 pontos; se tudo o que é arte é imitação, é impossível distinguir obras de arte originais das
suas cópias perfeitas: a teoria da arte como imitação tem como consequência aceitar obras de arte falsificadas
com estatuto equivalente às obras originais: como distinguir uma falsificação da Mona Lisa da obra de arte
original, se a cópia for de tal maneira minuciosa que mesmo os melhores especialistas são incapazes de notar
a diferença entre a cópia e o original – 9 pontos.

Comunicação escrita: 1 ou 2 pontos. São aceitáveis outras ideias ou críticas igualmente pertinentes para além
do cenário de resposta constante nos critérios de classificação.

7. A teoria da arte como expressão de Tolstói representa uma superação do conceito tradicional de imitação.
De que modo define Tolstói a arte e como se pode distinguir a boa da má arte?

Critérios de classificação: segundo o escritor e pensador Lev Tolstói, X é uma obra de arte se, e apenas se,
foi criada por genuínas emoções/sentimentos do artista e a obra seja capaz de produzir (contagiar) no público
o mesmo tipo de emoções e sentimentos experimentados pelo artista. Tem de existir, digamos assim,
reciprocidade na transmissão dos sentimentos e emoções por parte do artista ao seu público – 9 pontos; a boa
arte é a arte verdadeira, precisamente aquela em que o artista conseguiu obter uma comunhão de sentimentos
mediante as suas criações artísticas, a transmissão dos sentimentos singulares do artista foi autêntica e o
público foi capaz de experimentar, sentir, o mesmo tipo de vivências/sentimentos; a má arte é aquela em que o
artista não foi capaz de sentir de modo genuíno os sentimentos que transmitiu pela sua obra de arte e o público
foi incapaz de experimentá-los. Tolstói considerou que só há arte se houver essa unidade de sentimento entre
o artista e o público, e essa unidade deve assentar numa autenticidade dos sentimentos do artista no momento
em que ocorre a criação. – 9 pontos.

Comunicação escrita: 1 ou 2 pontos. São aceitáveis outras ideias ou críticas igualmente pertinentes para além
do cenário de resposta constante nos critérios de classificação.

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8. A teoria expressivista de Tolstói enfrenta diversas críticas. Exponha duas objeções contra a teoria estética
de Tolstói, suportando a sua resposta em contraexemplos de objetos artísticos.

Critérios de classificação: A teoria de Tolstói assenta em duas condições necessárias e suficientes para que
exista arte – sentimentos genuínos do artista e capacidade do público experimentar de modo recíproco os
mesmos sentimentos vividos/experimentados pelo artista. As críticas à teoria de Tolstói atacam precisamente
essas condições.
Primeira crítica possível: nem toda a comunicação de emoções ou de sentimentos tem um valor
artístico: quando uma pessoa chora de tristeza está a exprimir sentimentos e não a criar arte. Os artistas
podem sentir emoções e estados de espírito completamente diferentes daqueles que o público experimenta
(Beethoven gabava-se de falsear os seus sentimentos e divertir-se com os efeitos experimentados pelo seu
público). Outro exemplo pertinente para esta crítica: Wagner foi um compositor muito apreciado (e ainda hoje o
é) e transmitiu imensos sentimentos nas suas obras; todavia, para os judeus, em particular, para os
sobreviventes do Holocausto, as obras de Wagner não têm valor estético sentimental algum (pelo contrário,
devido ao antissemitismo de Wagner, as suas obras são repudiadas e até proibidas de exibição em Israel) – 9
pontos.
Segunda crítica possível: a obrigatoriedade dos artistas sentirem realmente certas emoções e
sentimentos para as comunicarem e contagiarem o público implica um efeito absurdo: os atores de teatro
ou de cinema, ao representarem, não têm necessariamente de experimentar os sentimentos e emoções reais
– podem muito bem simulá-los. O artista não tem de sentir necessariamente o que exprime para conseguir
contagiar o público. O ator que representa o papel de alguém triste não tem de estar realmente triste. O ator de
cinema, Joaquin Phoenix, que venceu o Óscar de melhor ator em 2020, não tinha de vivenciar realmente os
estados mentais da personagem Joker – se assim fosse, o seu destino não seria a aclamação pública por parte
da academia de Hollywood, mas antes um internamento compulsivo numa instituição psiquiátrica para ser
submetido a tratamentos médicos – 9 pontos.

Comunicação escrita: 1 ou 2 pontos. São aceitáveis outras ideias ou críticas igualmente pertinentes para além
do cenário de resposta constante nos critérios de classificação.

9. Exponha as ideias centrais da teoria da arte como forma significante de Clive Bell. Esclareça dois erros
lógicos que são apontados contra a teoria de Bell.

Critérios de classificação: A teoria estética de Clive Bell é formalista e sustenta a tese central: Todas as obras
de arte, e só elas, possuem forma significante e só esta provoca emoção estética. Assim, algo é arte se, e
apenas se, tem forma significante e só pessoas educadas esteticamente são capazes de detetar nas obras de
arte a forma significante - 4 pontos; dois erros lógicos que a teoria formalista de Bell: falso dilema (Bell supõe
que ou X tem forma significante ou então X não é arte, excluindo outras opções igualmente válidas e que podem
ser debatidas; falácia da petição de princípio: a definição de arte proposta por Bell é viciosamente circular e
diz respeito à sua noção central de forma significante: como sabemos se um objeto tem forma significante ou
não? Bell diz que sabemos isso porque temos emoções estéticas quando o observamos. Mas se lhe
perguntarmos o que é uma emoção estética, ele responde que é o tipo de emoção provocado pela forma
significante. Assim, o que se está a dizer é que um artefacto tem forma significante porque temos emoções
estéticas e temos emoções estéticas porque esse artefacto tem forma significante. Ora, a resposta de Bell é
circular e tudo acaba por ficar por esclarecer – 7 + 7 pontos.

Comunicação escrita: 1 ou 2 pontos. São aceitáveis outras ideias ou críticas igualmente pertinentes para além
do cenário de resposta constante nos critérios de classificação.
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10. Han van Meegeren foi um célebre falsificador de obras de arte holandês que forjou a produção de quadros
segundo as técnicas usadas por Vermeer. Por que razão estas falsificações podem ser justificadas como
verdadeiras obras de arte à luz da teoria histórico-intencional? Justifique adequadamente a sua resposta.

Critérios de classificação: De acordo com o filósofo Levinson, a sua teoria é antiestética ou contextual (não
há uma definição essencialista de arte), e faz depender de três condições necessárias (e conjuntamente
suficientes) a elevação de um qualquer objeto à categoria de ‘arte’: intenção séria; a obra ou objeto tem de ser
encarado de modo apropriado como foi corretamente encarado no passado (existe um precedente histórico);
existência de direito de propriedade por parte do criador/autor. A definição de Levinson estipula assim o que é
‘arte’: «Algo é uma obra de arte se, e só se, alguém com direitos de propriedade sobre isso tem a intenção séria
de que seja encarado da mesma forma como foram corretamente encarados outros objetos abrangidos pelo
conceito de “obra de arte”.» - 9 pontos para as três condições necessárias de Levinson.
Acontece que o célebre falsificador de arte holandês imitava e adquiriu uma técnica de pintura como a que era
própria de Vermeer; além disso, havia poucas obras produzidas e conhecidas desse pintor, facto que facilitava
a falsificação, se esta fosse o mais fiel possível ao estilo, temas e técnicas do artista, o que também poderia
obter lucros avultados mais facilmente, dado que encontrar um quadro de Vermeer seria de imediato uma
descoberta sensacional no mundo da arte (uma raridade valiosíssima).
Parece, assim, que o falsificador cumpriu todos os critérios da teoria de Levinson: houve, de facto, uma intenção
séria de criar quadros de Vermeer que passassem por autênticos, e isso de facto aconteceu, pois houve
especialistas de arte que foram ludibriados pela mestria de Van Meegeren. Depois, claro, há um direito de
propriedade legítimo por parte de quem “descobriu” a obra inédita de Vermeer; e existe evidentemente uma
inserção das obras falsificadas no circuito do mundo da arte para serem encaradas como o foram no passado
de modo apropriado, existe uma relação direta com a história da arte. Conclusão: a teoria de Levinson é
fragilizada por admitir que falsificadores oportunistas e dotados de especial maestria, ao produzir obras forjadas,
sejam capazes de obter reconhecimento legítimo e aceitação no mundo das artes. – Justificação adequada e
enquadrada nas três condições necessárias e suficientes da teoria de Levinson que explicam o alcance da
objeção da arte forjada: 9 pontos.

Comunicação escrita: 1 ou 2 pontos. São aceitáveis outras ideias ou críticas igualmente pertinentes para além
do cenário de resposta constante nos critérios de classificação.

11. O filósofo norte-americano Jerrold Levinson definiu a arte numa perspetiva contextualista ou não-
essencialista. Em que aspetos a teoria de Levinson concorda com a de George Dickie? E em que sentido a
sua teoria diverge da teoria institucional?

Critérios de classificação: O filósofo Levinson estipulou que para haver arte tinham de ser cumpridas três
condições necessárias e suficientes em conjunto: (1) intenção séria; (2) a obra de arte deve ser encarada
apropriadamente/corretamente como foi encarada no passado da história da arte; (3) o criador da obra deve ter
um direito de propriedade sobre o objeto criado. (6 pontos) Estas condições são relativas a propriedades não
intrínsecas ou relacionais das obras de arte; por outro lado, os dois filósofos estão de acordo que a melhor
forma de alcançar uma definição tem de ser por via contextual ou processual, pois nada há nos objetos estéticos
em si mesmo que permitam captar a essência comum a todas as obras de arte – a arte é um conceito aberto,
indefinível de um ponto de vista essencialista, ideia que ambos partilham desde os trabalhos de Morris Weitz.
(6 pontos) Por outro lado, Levinson diverge de Dickie quando sustenta a possibilidade de incluir a arte solitária,
e rejeita a noção de “mundo-da-arte” por considerar ser obscura, confusa, não-informativa ou uma ideia circular
que provavelmente não existe e não passa de uma ficção criada pela imaginação de Dickie. (6 pontos)

Comunicação escrita: 1 ou 2 pontos. São aceitáveis outras ideias ou críticas igualmente pertinentes para além
do cenário de resposta constante nos critérios de classificação.
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12. A teoria histórico-intencional, de Levinson, enfrenta uma crítica séria: a objeção da arte criminosa.
Explique o significado dessa objeção recorrendo a dois contraexemplos pertinentes.
Critérios de classificação: De facto, a teoria
de Levinson estipula que uma das condições
necessárias para que haja arte é a existência de
direitos de propriedade sobre o objeto criado
por parte do seu criador. (4 pontos) Por isso, há
uma objeção, da arte criminosa, que pretende
mostrar e refutar que essa exigência
condicional não é necessária para que a arte
exista: é o caso do artista anónimo mais famoso
do mundo que cria trabalhos um pouco por
todas as cidades do mundo, sem que detenha
qualquer autorização para o efeito (trabalhos de
Graffiti, arte de rua), pelo que as suas obras são
ilegais, representam atos de vandalismo, degradação de propriedade privada ou pública, ainda que o próprio
artista criminoso tenha declarado que “as paredes brancas são criminosas”. (7 pontos) Um outro
contraexemplo mais recuado no tempo, mas igualmente célebre, estudado e referido nas aulas, diz respeito à
tentativa falhada de Marcel Duchamp em transformar, com uma assinatura gigante, um arranha-céus mais
icónico, o edifício de Nova-Iorque, Woolworth. Os proprietários do edifício negaram ao artista qualquer
permissão para criar ou fazer o que quer que fosse – Duchamp não tinha qualquer direito de propriedade sobre
o prédio.
Comunicação escrita: 1 ou 2 pontos. São aceitáveis outras ideias ou críticas igualmente pertinentes para além
do cenário de resposta constante nos critérios de classificação.

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GRUPO III
Deves responder obrigatoriamente a um dos temas de desenvolvimento.

Tema I

«A Impossibilidade Física da Morte na Mente de Alguém Vivo (1989), de


Damien Hirst, é um tubarão-tigre morto dentro de um grande tanque feito de
vidro e aço. O tubarão está suspenso numa solução de cinco por cento de
formaldeído. Além do título, pouco há nesta obra que a distinga de um
espécime zoológico, que poderia igualmente estar em exposição num museu
de história natural. O principal elemento da obra – o tubarão – não foi
notoriamente alterado, sendo apenas um grande animal morto. O tanque
nada tem de notável. Contudo, esta peça foi aclamada como uma importante
obra de arte. (…) Como a grande maioria das obras de Hirst, analisa aspetos
da nossa relação com a morte. (…) Como pode isto ser arte? O que terá
levado a esta mudança no estatuto do tubarão? Mesmo que o tema seja
familiar, temos ainda o mistério de como pôde o artista transformar tal coisa – um animal que vive na natureza – numa obra de arte.
Está lá o próprio animal e não uma representação sua. (…) A teoria institucional da arte tem uma resposta para este mistério, o de
saber como os objetos de fabrico industrial, ou os animais e mesmo as pessoas, podem ser transformados em obras de arte. (…)
A teoria institucional não destaca o aspeto de uma obra de arte mas o seu contexto: o modo como é tratada por quem quer que a
tenha criado e por quem a expôs e apreciou.» Nigel Warburton (2007). O Que É a Arte? Editorial Bizâncio, pp.101-103.
- Considerando a teoria institucional da arte de George Dickie, esclareça as condições necessárias e suficientes pelas quais
a obra de Damien Hirst pode ser considerada uma obra de arte genuína.
- Exponha duas objeções críticas à teoria estética não-essencialista de George Dickie.

Critérios de classificação: De acordo com o filósofo George Dickie, a sua teoria é antiestética ou contextual
(não há uma definição essencialista de arte) mas não se abdica de descobrir uma definição possível para a
arte: «Algo é uma obra de arte, no sentido classificativo, se, e só se, algo é um artefacto que possui um conjunto
de características ao qual foi atribuído o estatuto de candidato a apreciação por uma ou várias pessoas que
atuam em nome de uma instituição social: o mundo da arte.» De modo mais simples, X é arte se, e só se, for
artefacto e for apreciado por alguém do mundo da arte: estas são as duas condições necessárias e
simultaneamente suficientes para que um artefacto seja elevado à categoria de “obra de arte”. – 20 pontos.

Primeira crítica à teoria de Dickie: incorre num raciocínio circular. A definição proposta de obra de arte na
sua relação com a noção de mundo da arte é circular (petição de princípio). Sei que uma obra é arte se o mundo
da arte o reconhecer e para saber o que é o mundo da arte, tenho de saber o que é uma obra de arte.

Segunda crítica à teoria de Dickie: A teoria institucional torna a definição de arte inútil - se todos os
artefactos podem ser arte, é absurdo tentar distinguir arte de não-arte (é arbitrário); se os atores do mundo da
arte têm de recorrer a razões objetivas para distinguir arte de não-arte, têm de admitir que o mundo da arte não
é o único critério (não é suficiente) para a atribuição do sentido valorativo aos objetos artísticos – 9 + 9 pontos.

Comunicação escrita: 1 ou 2 pontos. São aceitáveis outras ideias ou críticas igualmente pertinentes para além
do cenário de resposta constante nos critérios de classificação.
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Tema II
Leia o texto que se segue e responda à questão proposta

«O artista belga Francis Alys escolheu mandar um pavão vivo para a Bienal de
Veneza em vez de comparecer pessoalmente. A atividade do pavão é apresentada
como uma obra de arte intitulada O Embaixador. Os galeristas britânicos do artista
forneceram um comentário útil sobre o significado desta obra de arte:

A ave irá pavonear-se em todas as exposições e festas como se fosse o próprio


artista. É burlesca, insinuando a vaidade do mundo da arte e remetendo para
velhas fábulas com animais.»

Nigel Warburton, O Que É a arte? Tradução de Célia Teixeira, Lisboa, Bizâncio (2007), p.13.

Será que O Embaixador de Francis Alys é uma verdadeira obra de arte? Porquê?

Na tua resposta deves:

- Formular o problema filosófico suscitado pela obra.


- Classificar a obra como arte ou não arte, apelando a duas teorias da arte estudadas.
- Justificar adequadamente a perspetiva teórica que defendes.

Critérios de classificação:

- Afirmação clara de que O Embaixador é (ou não é) uma obra de arte: 2 pontos
- Formulação do problema da definição (ou indefinição da arte): 8 pontos
- Classifica O Embaixador como arte (ou não-arte) mobilizando duas teorias da arte estudadas: 10 + 10 pontos
- Justificação conceptual rigorosa e bem fundamentada da teoria escolhida pelo aluno: 8 pontos

Comunicação escrita: 1 ou 2 pontos. São aceitáveis outras ideias ou críticas igualmente pertinentes para além
do cenário de resposta constante nos critérios de classificação.

BOM TRABALHO!

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