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CONCLUSÃO
A segunda morada diz respeito à purificação da nossa relação com o mundo.
A arma utilizada para triunfar aqui é a fé em Cristo e a confiança na Sua vinda para nos libertar (cf. Gálatas 5,1).
CONTEÚDO IDÉIA CENTRAL CONFIRMAÇÕES DESCOBERTAS PROPÓSITOS
Aqui, o exercitante é acompanhado Ao ler estas duas Moradas percebe- O que chama atenção, na descrição Não ceder aos sentimentos de
TERCEIRAS MORADAS no processo de entrar e perceber as se que Teresa aponta os passos para destas Moradas, é que a oscilação retrocesso.
Nas terceiras contradições, as verdades, os percorrer e avançar no caminho, faz parte da própria estrutura --o ponto principal que trava a
Moradas, Teresa dedica um bom enganos e discernir por qual trilha rumo ao centro do Castelo Interior. humana no seu processo de pessoa e não a ajuda a avançar às
espaço para falar da mistagogia, ou seguirá. É próprio destas Moradas, em amadurecimento espiritual. próximas moradas é a falta de
seja, de como orientar a outros no alguns momentos, o caminhante humildade;
caminho espiritual de encontro com perceber que avança e, ao mesmo -É preciso deixar-se guiar por um
o Senhor. tempo, faz a experiência de um orientador espiritual e exercitar-se
retrocesso. Isso faz parte da na prontidão da obediência756 para
dinâmica do itinerário humano- em nada fazer a própria vontade,
espiritual. mas somente a de Deus.
CONCLUSÃO
A terceira morada está ligada ao esclarecimento da relação com nós mesmos.
Corremos o risco de ser como aquele jovem rico que teve um bom começo, mas que termina todo triste.
O desafio desta terceira morada é reconhecer-nos como um “servo qualquer”, que recebe tudo de Deus.
CONCLUSÃO
A quarta morada aprofunda a nossa relação com Deus.
Uma grande paz vai se instaurando progressivamente nas profundidades da nossa alma. A confiança, a humildade e a gratidão são realidades que vão sendo vividas cada vez mais
profundamente.
CONCLUSÃO
A entrada na quinta morada marca uma transição:
Não passamos da quarta à quinta da mesma forma que tínhamos passado da segunda à terceira ou da terceira à quarta.
Consideramos a nossa vida não tanto como um caminho rumo a Deus, mas experimentamos Deus vivendo em nós, como explica a frase de São Paulo: “Já não sou eu quem vive, é Cristo que
vive em mim!” (Gálatas 2,20).
O desejo de amar é mais intenso; ao receber uma vida nova, perdemos os nossos antigos pontos de referência e as nossas seguranças habituais.
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SEXTAS MORADAS -Neste sentido, Teresa faz um Nas sextas Moradas, a pessoa já
O estudo desta Morada mostra, alerta importante: procurar alguém entrou num estágio oracional, em
O encontro com o Sagrado como Teresa convida o leitor a que já tenha trilhado por caminho que nada vê, nem experimenta com -Fazer partilhas espirituais;
transforma acompanhar e compreender o semelhante e que compreenda o os sentidos ou a imaginação, - Crescer no relacionamento com
Nas sextas processo de uma pessoa que processo. [28] porém, tem certeza que está cada Deus pessoas destas moradas
Moradas, Teresa prioriza os experimenta profundamente a Deus. Ela narra com detalhes o vez mais a sós com Deus. No precisam esperar, tudo, somente
efeitos que acontecem no corpo e É normal passar por situações, que significado da experiência profunda entanto, percebe que o sofrimento de Deus e da misericórdia divina,
no interior da pessoa, quando faz a muitas vezes, não se conseguem de encontro com o sagrado e faz parte da própria experiência de que nunca falta aos que n‟Ele se
experiência de encontro com o entender: dificuldades de não como consequência natural, o vida. Fica claro nesta Morada, a confiam;
sagrado. Ajuda o leitor a perceber e aceitação da própria realidade de grande desejo de estar com Ele, a presença constante de Deus
detectar quando a experiência é vida; necessidade de olhar um sós, por longos tempos. Ela Trindade. O interessante é que a
verdadeira e quando o fruto é da horizonte maior e buscar novas simplifica dizendo, que a imagem pessoa não consegue ficar sozinha
imaginação. Lembra das tensões luzes; desejo de ter um encontro do Amado fica esculpida com com tantas graças, sentindo
interiores que a pessoa experimenta com Jesus Cristo no centro aquela visão, que todo o seu ser necessidade de partilhar as
quando percebe a grandiosidade de do Castelo. deseja tornar a reviver para gozar. E experiências com alguém muito
Deus em sua vida, conduzindo-a a - Tenta, também explicar o que diz que a alma já está bem espiritualizado.
uma missão. acontece com a pessoa, utilizando determinada a não tomar outro - No entanto, Teresa lembra, que
uma série de analogias, como o esposo. No entanto, a pessoa se ao estar nesta Morada a pessoa
surgir do sol, raios fortes que sente segura porque está junto vislumbra o caminho para a
podem queimar, o sol da justiça, o d’Ele, e, é donde lhe vem a sétima Morada, onde naturalmente
voo do espírito que passa fortaleza, tudo por Ele. Como deseja estar completamente com o
rapidamente. Porém, ficam as consequência, vive um processo de Amado para louvar e agradecer
sequelas, como conhecimento da plenificação, se esquece de si constantemente, em atitude de
grandeza de Deus, mesma e empenha-se em estar encontro com Ele. [34] É uma
autoconhecimento, não quer mais fazendo sempre o bem. [29] alegria tão excessiva que a pessoa
ofender com as transgressões no - Na narrativa, Teresa insiste que o quer estar sozinha com Jesus Cristo
pecado, perceber a grandeza do Senhor se utiliza de várias maneiras e sua humanidade. [35] No entanto,
Criador. [33] para despertar a pessoa para o a Santa adverte insistentemente que
encontro: pela oração vocal e com a esse tipo de oração não deve ser
repetição parece que, lhe vem um considerado definitivamente
deleitoso abrasamento; uma superado, porque será necessária a
comunicação que parece vir do ajuda do entendimento para
exterior, outras do mais íntimo da inflamar a vontade. [36] Esta é uma
alma. [30] O critério é claro preparação imediata para chegar ao
para Teresa. Se a comunicação é de cume da vida da Graça, possível de
Deus, a pessoa experimenta uma ser alcançada na terra. A profunda
profunda paz interior, um desejo de experiência interior de encontro
fazer algo específico de boa ação e leva à transformação, que repercute
fica uma marca profunda que no modo de ser e de agir da pessoa,
jamais esquece. [31] Com esta no dia a dia.
experiência ela se torna atenta aos
movimentos interiores, para as
coisas de Deus. O entendimento e
sentidos se acalmam de tal forma
que entendem os segredos mais
profundos, pois ficam registrados
na memória para sempre. [32]
CONCLUSÃO
A sexta morada consiste nos “compromissos espirituais”:
Há uma alternância de sofrimentos ligados ao sentimento de ausência de Deus e a experiências muito profundas da presença de Cristo. Aqui intervém uma dilatação ainda mais profunda do
coração e do desejo de Deus.
A arma utilizada aqui é sempre a volta à santa humanidade de Cristo: Jesus se une a nós em nossa debilidade humana para transformá-la, para revitalizar o nosso desejo de amar em comunhão
com Ele.
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SÉTIMAS MORADAS Na leitura do texto percebe-se - É necessária a contemplação da Teresa de Ávila retoma um texto -Buscar o equilíbrio do ora et
Deixar-se tocar pelo amor leva a como Teresa, desde o epílogo, humanidade de Cristo, para bíblico significativo para a síntese labora;
amar alerta sobre a importância de uma chegar aos últimos graus da vida de sua vida: Maria a contemplativa -Mortificação e serviço;
Ao descrever as sétimas atitude de decidir entrar no Castelo. mística. [39] e Marta, a trabalhadora. Porém,
Moradas, Teresa afirma que este é [38] Mas, ao mesmo tempo, afirma diz Teresa, Marta e Maria hão de
o momento ápice da experiência sobre a certeza de que Deus faz andar juntas para bem hospedar o
mística. Relata as graças recebidas morada no interior do ser humano. - A contemplação, para Teresa, Senhor, e tê-lo sempre consigo.
do conhecimento profundo de Jesus E desde este lugar estabelece a não é subjetiva, mas transcende a Marta e Maria são facetas de uma
Cristo e sua humanidade e a relação da união transformante de pessoa, levando-a a esquecer-se de mesma pessoa. O
percepção clara da Trindade. Ela sua vida em ação si e a entregar-se a Cristo e verdadeiro místico não se limita a
verbaliza, nesta Morada, a plena permanente. Teresa convida a abrir à missão eclesial. Impressiona contemplar, mas se empenha em
configuração com Cristo, que a um espaço para entender que o quando Teresa fala da grande tornar o mundo melhor.
conduz à vivência, em plenitude, do processo de purificação interior de companhia e como entende as Contemplação e trabalho se unem
mistério na missão, uma alma, bem como as graças coisas, porém, ela nem sempre a vê na personalidade do místico. Da
onde Marta e Maria sempre sobrenaturais, estão ligadas aos com a mesma claridade como da mesma forma como a fé sem obras
andam juntas. [37] êxtases. primeira vez, que se colocou nas é morta, a contemplação sem a ação
- mãos de Deus, que a conduz a uma perde o seu valor. Santa Teresa tem
contemplação plenificada. [40] a preocupação de fazer entender
Apresenta também os efeitos que Marta e Maria sempre andam
do matrimônio espiritual, como juntas. O Senhor quer hospedagem,
sendo um esquecimento de si e não mas é necessário que o acolhamos,
esquece o que escutou dentro de si. lhe demos de comer e em seus pés
[41] Ali, afirma ela, nasce o desejo nos coloquemos à escuta. Assim
de fazer unicamente a vontade de seremos verdadeiros discípulos,
Deus. [42] Com esta fiéis na contemplação e na ação.
experiência Teresa deseja viver Nesta dinâmica, Teresa diz se
muitos anos para servi-Lo e amá- lembrar de São Paulo, que depois
Lo. [43] Deseja dedicar tempo para da conversão, não deixou de
estar a sós com Ele em oração. [44] trabalhar, enfrentando perigos e
Tudo isso se passa na alma com tormentas para pregar a boa nova,
muita quietude e silêncio. [45] além de prover o próprio sustento,
como tecelão. É o encontro com
Deus que gera um grande desejo de
amá-Lo e servi-Lo. Por fim, a
necessidade de uma dedicação total
à obra de Deus, transformar a
humanidade semelhante a Jesus
Cristo. [46] O segredo é colocar os
olhos fixos no Senhor. [47] Ali,
olhando a Jesus Cristo que deu a
vida por amor, descobrir a
grandiosidade da nossa opção por
uma causa maior, a entrega total a
Jesus Cristo, sendo continuadores
da Sua missão.
CONCLUSÃO
A sétima morada, enfim, é o ponto de culminação definido pela união com Deus no “matrimônio espiritual”.
Este matrimônio espiritual foi concedido a Santa Teresa de Jesus em 18 de novembro de 1572.
A união com Deus é uma participação profunda no desejo de Deus de salvar todas as pessoas.
Através do matrimônio espiritual, tudo fica transformado e se recebe um renovado desejo de viver assumindo a própria condição e os próprios compromissos terrenos de maneira ainda mais
concreta e sem fugir da realidade.
Conclusão
No caminho das Moradas, Teresa partilha um itinerário de amor. Um caminho de muitas oscilações, superações e
possibilidades de autoconhecimento, do outro, de Jesus Cristo e sua Humanidade. A dinâmica apresentada por Teresa
ajuda a acolher e compreender a realidade que nos envolve, isto é, o contexto social, político, religioso e espiritual. Anima
para não desanimar na caminhada, mas confiar em Deus, pois Ele é uma presença constante na nossa vida e nos ama
com infinito amor.
Teresa aparece como uma mulher ousada, dinâmica, que se atreveu a discutir com as autoridades do seu contexto
(teólogos, intelectuais), sobre o processo do que é verdadeiramente se encontrar com o Deus. O seu modo de atuar, bem
como a leveza de encarar a vida e a espiritualidade são uma rica contribuição para os nossos dias.
Com criatividade, a Santa de Ávila utiliza alegorias para explicar as Moradas, uma forma pedagógica e agradável de
apresentar um itinerário espiritual tão complexo. Ela o faz com serenidade, alegria, transmitindo paz e confiança. Mostra
que é possível, sim, seguir este itinerário das sete moradas. Para isso, é necessário colocar-se em atitude de caminhante,
errando e acertando, mas com clareza de horizonte: pelo caminho do autoconhecimento, autoaceitação, acolhida da
própria realidade, interiorização rumo ao centro do Castelo Interior, lá onde está “o Rei”.
Por que Teresa enfatiza a importância de entrar no Castelo Interior? Ela parte da sua experiência, pois é ali que ela
encontrou o profundo sentido existencial, que lhe deu coragem e força para se integrar, ser missionária do Reino de
Deus, ajudando as pessoas a também se encontrarem com o Deus da vida. Assim, ela escreve narrando com detalhes, a
sua caminhada de encontro com o Senhor, com o objetivo de que outros possam também seguir este caminho.
Portanto, as Moradas teresianas apontam que Deus se comunica com a pessoa e a transforma. Esta
dimensão mística de Teresa é acessível. Encontramos muitas pessoas que dão sinais evidentes de terem feito a
experiência do itinerário teresiano até a sétima Morada. São os orantes, comprometidos com a causa de Jesus Cristo,
especialmente com os mais necessitados e sofridos da sociedade; não se cansam de trabalhar pelo Reino de Deus, na
construção de uma humanidade nova. O que alimenta a jornada destas pessoas? Com certeza, é o encontro com o Deus
amigo, no mais profundo do Castelo Interior, que impulsiona à ação, à missão de serem testemunhas do Seu AMOR.
SÍNTESE
Em síntese, como conclusão do capítulo, o Castelo Interior é onde Teresa descreve as características e o desenvolvimento da própria personalidade cristã.
As moradas são os diferentes graus do relacionamento com Deus, com o próximo e com toda a natureza criada. À medida que a pessoa adentra ao castelo
e envolve-se nesse relacionamento amoroso com Deus, deixa morrer o verme do seu egocentrismo e liberta-se ao serviço do Senhor e dos irmãos. À
semelhança da humanidade de Cristo e no Espírito Santo, a pessoa cresce em amizade e amor e “em graça diante de Deus e dos homens”. O
desenvolvimento humano e espiritual a partir de Teresa e de seu castelo se dá da seguinte forma: nas primeiras moradas Teresa acentua a importância do
autoconhecimento e do conhecimento de Deus, indispensável para o relacionamento entre o divino e o humano, encontra-se ainda “fora de seu castelo”
alienado, na superfície. Nas segundas moradas, quando a oração já está iniciada, mostra-se a intensa perseverança na luta e o desejo de prosseguir no
caminho de Deus e na via da troca com os irmãos. Nas terceiras, em geral, todos os cristãos estão nestas moradas. Também é onde a grande maioria
permanece. Há virtude e incoerência. Nas quartas, há mescla de natural com sobrenatural e tentação porque o nível de comunicação com Deus é mais
profundo e elevado, detestado pelo inimigo. Nas quintas, há profunda união com Deus, transfiguração nEle, um intenso processo de conversão,
semelhante à transformação do bicho de seda. Nas sextas moradas, há grande purificação e efervescência de fenômenos místicos. As sétimas são a morada
da paz. Em seu núcleo mais íntimo, é “onde se dão as coisas mais secretas entre Deus e a pessoa”.