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FICHAMENTO

CLEUSIOMAR OLIVEIRA SILVA

LIVRO:Castelo interior ou moradas AUTOR: Santa Tereza de Jesus

CONTEÚDO IDÉIA CENTRAL CONFIRMAÇÕES DESCOBERTAS PROPÓSITOS


* “Moradas da alma”: as etapas da As Moradas do Castelo Interior é Santa Teresa de Jesus, também
vida mística segundo Santa Teresa um convite à vida interior e à conhecida como Santa Teresa de
A decisão de buscar a Deus em nós,
de Ávila. comunhão com Deus, bem como Ávila, se apoia principalmente em
apoiando-nos n’Ele, é a primeira
um longo encorajamento diante das quatro citações bíblicas:
* No final da sua viagem espiritual, das sete moradas, a porta de
dificuldades encontradas neste
Santa Teresa de Jesus escreveu o entrada na vida espiritual “Na casa do meu Pai há muitas
caminho.
livro das Moradas, no qual moradas” (João 14,2) – esta
compara a nossa alma, o lar de passagem, segundo a santa, evoca o
Deus– com um castelo. As O livro das Moradas ou Castelo “castelo interior”. Deter-me na leitura bíblica, investir
primeiras moradas correspondem à Interior é repleto de simbologias, tem tempo ( vida) na busca. Dar
entrada na vida espiritual e são o que ajudam a compreender a beleza “Quem me ama guardará a minha
corpo à Palavra.
fundamento de todas as posteriores. da pessoa humana. A partir da palavra; meu Pai o amará e
concepção antropológica unitária, viremos a ele e nele faremos a
criada no amor e para o nossa morada” (João 14,23) – um
Na narrativa amor, Teresa apresenta um resumo do itinerário espiritual que
das Moradas, Teresa apresenta um caminho, um itinerário de amor, a ela explica.
caminho que conduz a pessoa ao ser percorrido rumo ao centro do
centro do Castelo, onde mora Deus. “Minhas delícias estão nos filhos
Castelo. Este processo gradativo,
Ela se coloca como alguém que dos homens” (Provérbios 8,31) –
leva a pessoa a um encontro
percorreu este caminho. Deixa clara mostra que nós somos o paraíso de
consigo, com os outros, com a
a necessidade de se colocar em Deus.
criação, com Deus.
atitude de caminhante, errando e
“Façamos o homem à nossa
acertando, mas com clareza de
imagem, conforme a nossa
horizonte, sabendo onde quer
semelhança” (Gênesis 1,26) – a
chegar. Ela insiste que é preciso
mostra de que fomos criados para
aprofundar o autoconhecimento, a
amar como Deus ama, porque Deus
auto aceitação, a acolhida da
é amor. A vontade de Deus é que
própria realidade e a interiorização.
nós nos amemos como Ele nos ama.
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O encontro com Jesus Cristo e sua Teresa expressa a plenitude da Nas Impressiona perceber que Teresa,
PRIMEIRAS MORADAS humanidade a transforma experiência de encontro com Deus, primeiras Moradas, Teresa enfatiz em seu caminho de oração
Decidir entrar no castelo interiormente: da fraqueza e com o símbolo da antropologia a que a história do ser humano, é constantemente pede luz para o
debilidade à fortaleza de saber-se Teresiana: a pessoa é como o uma biografia de amizade, de momento que está vivendo. Insiste
Ao iniciar a descrição das amada e agraciada. A experiência Castelo habitado com muitas reencontro, solidariedade radical, que o importante é descobrir a
primeiras Moradas, Teresa afirma se dá numa relação de amizade e de moradas. No delinear da narração onde descobre a sua dignidade, motivação de continuar o
que é preciso tomar uma decisão diálogo, com Jesus Cristo e assim, utiliza-se do símbolo de morador e percebe o sentido de ser para o processo de amar e dialogar com
firme: entrar no Castelo. Desta experimenta o amor apaixonado de morada, expressando o encontro outro. Se não existir diálogo, não este Alguém que nos transcende,
forma inicia uma relação de Deus pela sua criatura. entre Deus e a pessoa, de entrar e acontece o encontro com Ele. que dá sentido ao nosso viver. Diz
amizade com Quem sabemos que tornar a entrar no Castelo. A porta Dialogar é prazeroso, uma relação que escutou claramente – “Não
tanto nos ama. Esta experiência é a oração como relação de deliciosa. tenhas medo, filha, Sou Eu e não te
exige da pessoa um amizade. Nestas Moradas, a Santa descreve desampararei, não temas”. Assim,
autoconhecimento em perceber a que Deus que se comunica com a ela se sente segura e amparada ao
dinâmica interna do encontro com a pessoa, não com palavras internas começar uma nova caminhada,
Transcendência, o sagrado. ou externas, mas uma compreensão acreditando estar no caminho certo.
mais profunda, na qual ela verbaliza Os sinais são evidentes como: a
como uma voz interior. Um sinal quietude, paz, certeza, segurança,
evidente de um encontro profundo alegria interior. Ela faz um convite
relacional são os efeitos nas ao seu leitor, colocar os olhos
palavras e obras. A pessoa vai somente n’Ele. A relação com Ele é
identificando esta voz interior que a uma aventura de amor. A
chama, e aos poucos se torna cada linguagem é única, a do Amor.
vez mais familiar e não perde uma Pedimos a Teresa que nos
silaba do que se ouve, pois fica na acompanhe nesta caminhada de
memória e jamais se pode esquecer. entrar no Castelo Interior e
encontrar ali, a verdadeira
felicidade.
-Ter a determinação do seguimento
de Cristo e a entrar primeiro no
aposento do conhecimento próprio,
antes de voar aos dos outros. -
Privilegiar o silêncio interior e
conservar a paz;
-fixar os olhos em Cristo, nosso
bem, que está sempre a chamar a
pessoa para dentro do castelo;
CONCLUSÃO
A primeira morada é o portal de entrada na vida espiritual.
Nós o cruzamos mediante a decisão de buscar a Deus em nós, apoiando-nos n’Ele, já que a pior das misérias, para Santa Teresa de Jesus, é viver sem Deus e até imaginar que podemos fazer o
bem sem Deus.
Os quatro frutos da primeira morada, que amadurecerão ao longo do nosso caminho espiritual, são a liberdade, a humildade, o desprendimento e, acima de tudo, a caridade, que é o fim e a
culminação.
A segunda, terceira e quarta moradas permitirão aprofundar na vida espiritual entendida como caminho rumo a Deus, como busca de Deus e participação progressiva na vida divina.
Este dom é gratuito, mas temos que estar determinados a recebê-lo e fazer desse recebimento o centro da nossa vida, purificando, assim, o lugar de nós onde habita Deus.
É Deus quem nos faz passar de uma morada à outra, quando quer e da forma que quer.

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SEGUNDAS MORADAS Nas segundas Moradas, Teresa dá Na reflexão A Santa tem um modo peculiar e No entanto, nas segundas Moradas,
Encontro com Deus ênfase à necessidade de ter coragem destas Moradas, Teresa resgata o simples de escrever suas ela se lembra do processo de sentir-
Ela orienta ao leitor a fazer um para reconhecer os dinamismos significado da prova do amor. O experiências espirituais. Tem como se ferida, mas precisa ter cuidado
exercício de entrar em si, acolher o interiores, principalmente àqueles amor é capaz de gerar no ser objetivo animar e orientar as para não desanimar, alimentando o
mistério da própria vida, escutar a com os quais, temos dificuldade de humano a necessidade de ir ao pessoas. Percebe-se, nas entre desejo de voltar. [12] Nesta
Palavra animadora de acolhida, que lidar e aceitar. encontro do outro e lançar-se à linhas destas duas Moradas uma confusão se sente chamada por
Deus faz a cada momento. Destaca que, neste estágio o ser missão. Ela descreve em detalhes a descrição objetiva e direta, ao Deus, apesar de suas quedas,
Incentiva o leitor, a partir da humano se percebe num experiência como superou os mesmo tempo um especial cuidado rupturas, temores. Ao mesmo
experiência de encontro com Deus, desconforto físico e espiritual, mas, momentos de aridez e impotência. de orientar com leveza e suavidade. tempo recomeça o caminho com
a organizar um programa de vida: ao mesmo tempo, vive um espaço Através da descoberta de sentir-se Ela é clara, quando escreve que, novas possibilidades. Na sua
de oração, de seguimento e de de liberdade. O orante experimenta amada e acolhida, foi percebendo para caminhar, se faz necessário ter pedagogia, Teresa fala, por
encontro consigo. É evidente, na uma mescla de sentimentos de como Deus é misericordioso, uma firme decisão. Sugere que seja experiência, que é necessário fazer
sua narrativa, a forma como anima alegrias, desconforto, certezas, revelando-lhe as verdades mais com dignidade, maturidade, o esforço para compreender a
as pessoas a continuarem o dúvidas, verdades, mentiras. Por profundas do significado do amor. respeitando o seu ritmo e acolhendo realidade existencial e acreditar que
processo iniciado, e se for outro lado, são experiências que Usa muita criatividade em a própria realidade interior. Porém, é possível mudar. Ela descreve
necessário buscarem algum grupo provocam profunda tensão interior, vislumbrar estas duas Moradas. é importante tomar consciência, de como chegou à maturidade humana
ou amigos onde possam partilhar as porque entra em contato com a sua que não se está sozinho. É e à libertação das suas amarras.
experiências de oração. própria realidade como criatura necessário ter a coragem de -Importa muito conhecer-se ainda
humana, pois nem sempre consegue permitir que Deus entre na sua vida. mais, conhecer sua miséria. Importa
lidar com o medo da crise, ou o [10] contemplar a humanidade, a
vazio existencial. encarnação de Cristo e olhar para
Teresa é por natureza uma mulher Ele com amor, considerando o
pedagógica no seu modo de ser, quanto lhe deve pela morte que
agir e atuar. Evidencia-se que, sua sofreu em seu lugar! E, ao estar
preocupação com o leitor é que ele com Ele, importa pedir-lhe
possa entender a própria dinâmica misericórdia e perceber, com
de superação de si mesmo. Pelo realismo e objetividade, que o servo
acima dito, sabemos que a história não é maior que o seu Senhor e que
humana está cheia de paixões, Jesus é o Caminho que leva ao Pai;
desejos infantis, às vezes
gratificantes, frustrações,
compensações. Teresa define este
momento como único, andar na
verdade. [11] Esta é uma atitude de
clarividência interior, de uma
mirada real de si mesmo. A
presença d’Ele irradia
transformando a pessoa a focar o
princípio do amor. Por isso, deixa
de lado tudo, ao descobrir a
presença amorosa de Deus na vida,
pois esta a conduz ao verdadeiro
amor.

CONCLUSÃO
A segunda morada diz respeito à purificação da nossa relação com o mundo.
A arma utilizada para triunfar aqui é a fé em Cristo e a confiança na Sua vinda para nos libertar (cf. Gálatas 5,1).
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Aqui, o exercitante é acompanhado Ao ler estas duas Moradas percebe- O que chama atenção, na descrição Não ceder aos sentimentos de
TERCEIRAS MORADAS no processo de entrar e perceber as se que Teresa aponta os passos para destas Moradas, é que a oscilação retrocesso.
Nas terceiras contradições, as verdades, os percorrer e avançar no caminho, faz parte da própria estrutura --o ponto principal que trava a
Moradas, Teresa dedica um bom enganos e discernir por qual trilha rumo ao centro do Castelo Interior. humana no seu processo de pessoa e não a ajuda a avançar às
espaço para falar da mistagogia, ou seguirá. É próprio destas Moradas, em amadurecimento espiritual. próximas moradas é a falta de
seja, de como orientar a outros no alguns momentos, o caminhante humildade;
caminho espiritual de encontro com perceber que avança e, ao mesmo -É preciso deixar-se guiar por um
o Senhor. tempo, faz a experiência de um orientador espiritual e exercitar-se
retrocesso. Isso faz parte da na prontidão da obediência756 para
dinâmica do itinerário humano- em nada fazer a própria vontade,
espiritual. mas somente a de Deus.

CONCLUSÃO
A terceira morada está ligada ao esclarecimento da relação com nós mesmos.
Corremos o risco de ser como aquele jovem rico que teve um bom começo, mas que termina todo triste.
O desafio desta terceira morada é reconhecer-nos como um “servo qualquer”, que recebe tudo de Deus.

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-Teresa narra nestas Moradas, - A experiência relatada expressa o O mistério da presença de -Buscar mais o recolhimento da
QUARTAS MORADAS como percorrer um caminho quanto foi sofrido superar a Deus potencializa a pessoa a viver e mente, tomando conta da própria
Compreender o mistério de amor pedagógico de estar com Jesus, autosuficiência. Com esta conquista atuar. A transcendência vivida condição humana, tendo em vista a
-Nas quartas compreendeu que Deus a amava como presença misteriosa é capaz unificação interior;
pois Ele é a fonte da água viva!
Moradas, Teresa utiliza a acima de tudo e que podia deixar-se de desinstalar e romper barreiras e - Para seguir crescendo precisa
simbologia de uma fonte, para
Este é um passo rumo conduzir por Ele. provoca a compreensão do mistério cuidar-se para não se colocar em
explicar o que acontece no interior à experiência mística. -A pessoa vive, por alguns da vida e as transformações que tentação, porque o inimigo tenta
da pessoa. -A narrativa momentos, no recolhimento da ocorrem na pessoa. mais a estas pessoas, uma vez que
-Relata que Deus começa, mente, no amor místico e na -É necessário experimentar-se, são uma mescla de natural e
nesta Morada, a dar algumas teresiana destas Moradas enfoca quietude da vontade, até chegar a deixar-se moldar sobrenatural;
alegrias interiores. [13] a transcendência como mistério, unificação interior. pela Transcendência.
- Conhecedora da fragilidade do ser não por este estar além da realidade -É essencial tomar contato com a Estrategicamente Teresa começa a
humano, Teresa apresenta, nestas que se vive, mas pela capacidade própria condição humana e da mudar a linguagem. Introduz a
quatro primeiras Moradas, o que a pessoa adquire em relação a riqueza que o encontro oracional imagem do “silvo do Pastor”, o
movimento de iniciar o processo de transcender as dimensões do pode provocar. Esta oração pode ser assobio que chama para o redil,
travessia da fronteira. humano. pessoal, individual ou comunitária. para estar com Ele. Relata o
Como consequência desta empenho, o trabalho que teve para
-Aqui acontece a oração experiência, a pessoa irradia luz, entender este processo de
como encontro no Amor, para o verdade, confiança. Sente-se aproximar-se de Deus, entrar em si
Amor. Por isso, a súplica, a oração perdoada e amada pelo Senhor, que e chegar ao centro do Castelo, ter
e preces fazem parte do ritual da a faz entrar nesta Morada para intimidade com o Amigo de todas
experiência que acontece estar com Ele, a sós. [15] as horas. A pessoa experimenta um
lentamente, provocando assim, -Teresa lembra que o Senhor dá a amor muito grande de Deus que a
verdadeiros milagres. [14] graça, quando quer, como o quer e transforma, impulsionando-a à
a quem o quer, como dom e tesouro missão.
no coração. [16] Interessante é a
advertência da Santa que, para
aproveitar muito deste caminho e
avançar nas Moradas, não está em
pensar muito, senão em amar
muito. [17] Não resta dúvida, que a
pessoa humana precisa passar pela
prova do crisol, para se autoafirmar
e desejar, com veemência, seguir
rumo ao interior do Castelo, e ali se
encontrar com Deus.
-[18] Ele nos dá a conhecer a sua
luz, diz ela, que nos faz ficar
absortos. Ela convida para a
entrega, deixar-se nos braços do
Amor.
Podemos observar que os efeitos
citados por Teresa, ocorrem tanto
na vida pessoal, comunitária e
social. Na verdade são efeitos
significativos, pois a pessoa acaba
tendo um novo olhar sobre si. Aqui
nasce uma nova pessoa, a qual não
se apoia sobre obras boas, mas
sustentada por uma Presença suave
que lhe dá leveza no seu modo de
ser e agir. E então contagia outras
pessoas na busca deste caminho.
Hoje, mais do que nunca, o mundo
precisa de pessoas enamoradas,
confiantes e esperançosas, que
amem e valorizem a vida,
sendo presença do amor de Deus.

CONCLUSÃO
A quarta morada aprofunda a nossa relação com Deus.
Uma grande paz vai se instaurando progressivamente nas profundidades da nossa alma. A confiança, a humildade e a gratidão são realidades que vão sendo vividas cada vez mais
profundamente.

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QUINTAS MORADAS Um convite a entrar na dinâmica da A afetividade vai se configurando Aqui Teresa continua usando -Buscar Deus, além de mim mesma;
Certeza de estar na presença de vida mística, com a oração de união na medida em que conhece Jesus diversas simbologias para se fazer - Calar-me para ouvir os sussurros
Deus com Deus. Os sinais desta união Cristo, e, quando se desvia deste entender sobre o que passa entre do Espírito;
Nas quintas Moradas, Teresa se são evidentes, ou seja, sentir-se processo, fica sem referência, tudo Deus e o ser humano. Por exemplo, - Perceber os meus recuos e
utiliza de recursos da natureza, para plenificada interiormente e a se torna ilusão e acaba. Neste caso é ela faz menção do bicho da seda, avanços na vida humano-espiritual;
dar a entender as transformações certeza de estar na presença de possível acreditar que a ação do que, embora aparentemente esteja -crescer no relacionamento com
que a pessoa passa quando se deixa Deus. Porém, é necessário Espírito provoca mudanças no ser dentro do casulo sem vida, ele se Deus precisa empenhar-me em
moldar por dentro, isto é, quando fidelidade e perseverança. humano. Neste movimento, a transfigura numa linda borboleta. conhecêlo ainda mais, aproveitar as
decide deixar que Deus atue nela. É -O interessante desta Morada é a pessoa percebe um novo chamado, [21] Com este manifestações da sua misericórdia,
uma narrativa rica de símbolos, forma como Teresa descreve a porque o Espírito do Senhor exemplo, Teresa mostra o resultado do seu amor e procurar ir adiante no
iniciando com transformação pessoa, quando esta decide buscar a sussurra aos ouvidos e grita da transformação que ocorre na seu serviço;
metamorfósica de uma borboleta, vida além dela mesma, apesar de constantemente: podes sair, coloca- pessoa, que faz a experiência de se - Nunca estar confiada em mim
comparada com as etapas da vida todas as dificuldades enfrentadas. te a caminho, não importa onde encontrar e estar com Deus; não se mesma e estar atenta às sutilezas do
mística e uma profunda união com - Teresa deixa claro que, no estás, segue em frente reconhece mais como a mesma de inimigo, que gosta muito de
Deus, refletindo no amor ao processo espiritual, Deus sempre antes. [22] Outro sinal da apresentar o mal com vistosa
próximo. toma a iniciativa. Na experiência da experiência é que provoca aparência de bem..
oração de união, Deus vai atuando profundos desejos de se dedicar a
como presença amorosa e uma causa, isto é, fazer algo pelos
permanente na pessoa. [20] outros mais necessitados. [23] Ela
se utiliza também de outro recurso
para explicar a união. Compara
a experiência mística como se
fosse um profundo olhar de
comunicação entre duas pessoas
enamoradas, antes de seu
compromisso definitivo do
casamento. [24] Utiliza também o
símbolo do selo com a cera para
verbalizar a experiência de união. É
o que deixa a alma selada com seu
selo de filhos e filhas de Deus, a
tem tal certeza que de nenhuma
maneira pode duvidar, que esteve
com Deus e Deus nela. [25]
É interessante perceber
como Teresa emocionada narra o
processo de crescimento e
conhecimento de Jesus Cristo e sua
humanidade. Fala da união do
humano com o divino em sua
pessoa: esta é sua expressão
suprema - Jesus Cristo. Porém, esta
união entre Deus e a pessoa passa
pela morte. Neste processo surge o
novo horizonte, com nova abertura
ao transcendente, com desejo de
estar mais perto de Deus vivendo a
união: união, morte, mística e vida
nova.[26]
O sinal da presença de Deus na
alma, nesta Morada, é evidente,
pois deixa na pessoa a experiência
impressa do encontro com Ele. Este
encontro com o Sagrado é tão forte
que a pessoa se esquece de si
mesma, vive uma profunda paz
interior e a certeza de ser
possuidora de um grande tesouro,
que deseja partilhar com outros. A
imagem de Deus fica gravada tão
profundamente no interior da
pessoa que, ainda que passem anos,
mantém a certeza total
desta presença divina. [27]

CONCLUSÃO
A entrada na quinta morada marca uma transição:
Não passamos da quarta à quinta da mesma forma que tínhamos passado da segunda à terceira ou da terceira à quarta.
Consideramos a nossa vida não tanto como um caminho rumo a Deus, mas experimentamos Deus vivendo em nós, como explica a frase de São Paulo: “Já não sou eu quem vive, é Cristo que
vive em mim!” (Gálatas 2,20).
O desejo de amar é mais intenso; ao receber uma vida nova, perdemos os nossos antigos pontos de referência e as nossas seguranças habituais.
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SEXTAS MORADAS -Neste sentido, Teresa faz um Nas sextas Moradas, a pessoa já
O estudo desta Morada mostra, alerta importante: procurar alguém entrou num estágio oracional, em
O encontro com o Sagrado como Teresa convida o leitor a que já tenha trilhado por caminho que nada vê, nem experimenta com -Fazer partilhas espirituais;
transforma acompanhar e compreender o semelhante e que compreenda o os sentidos ou a imaginação, - Crescer no relacionamento com
Nas sextas processo de uma pessoa que processo. [28] porém, tem certeza que está cada Deus pessoas destas moradas
Moradas, Teresa prioriza os experimenta profundamente a Deus. Ela narra com detalhes o vez mais a sós com Deus. No precisam esperar, tudo, somente
efeitos que acontecem no corpo e É normal passar por situações, que significado da experiência profunda entanto, percebe que o sofrimento de Deus e da misericórdia divina,
no interior da pessoa, quando faz a muitas vezes, não se conseguem de encontro com o sagrado e faz parte da própria experiência de que nunca falta aos que n‟Ele se
experiência de encontro com o entender: dificuldades de não como consequência natural, o vida. Fica claro nesta Morada, a confiam;
sagrado. Ajuda o leitor a perceber e aceitação da própria realidade de grande desejo de estar com Ele, a presença constante de Deus
detectar quando a experiência é vida; necessidade de olhar um sós, por longos tempos. Ela Trindade. O interessante é que a
verdadeira e quando o fruto é da horizonte maior e buscar novas simplifica dizendo, que a imagem pessoa não consegue ficar sozinha
imaginação. Lembra das tensões luzes; desejo de ter um encontro do Amado fica esculpida com com tantas graças, sentindo
interiores que a pessoa experimenta com Jesus Cristo no centro aquela visão, que todo o seu ser necessidade de partilhar as
quando percebe a grandiosidade de do Castelo. deseja tornar a reviver para gozar. E experiências com alguém muito
Deus em sua vida, conduzindo-a a - Tenta, também explicar o que diz que a alma já está bem espiritualizado.
uma missão. acontece com a pessoa, utilizando determinada a não tomar outro - No entanto, Teresa lembra, que
uma série de analogias, como o esposo. No entanto, a pessoa se ao estar nesta Morada a pessoa
surgir do sol, raios fortes que sente segura porque está junto vislumbra o caminho para a
podem queimar, o sol da justiça, o d’Ele, e, é donde lhe vem a sétima Morada, onde naturalmente
voo do espírito que passa fortaleza, tudo por Ele. Como deseja estar completamente com o
rapidamente. Porém, ficam as consequência, vive um processo de Amado para louvar e agradecer
sequelas, como conhecimento da plenificação, se esquece de si constantemente, em atitude de
grandeza de Deus, mesma e empenha-se em estar encontro com Ele. [34] É uma
autoconhecimento, não quer mais fazendo sempre o bem. [29] alegria tão excessiva que a pessoa
ofender com as transgressões no - Na narrativa, Teresa insiste que o quer estar sozinha com Jesus Cristo
pecado, perceber a grandeza do Senhor se utiliza de várias maneiras e sua humanidade. [35] No entanto,
Criador. [33] para despertar a pessoa para o a Santa adverte insistentemente que
encontro: pela oração vocal e com a esse tipo de oração não deve ser
repetição parece que, lhe vem um considerado definitivamente
deleitoso abrasamento; uma superado, porque será necessária a
comunicação que parece vir do ajuda do entendimento para
exterior, outras do mais íntimo da inflamar a vontade. [36] Esta é uma
alma. [30] O critério é claro preparação imediata para chegar ao
para Teresa. Se a comunicação é de cume da vida da Graça, possível de
Deus, a pessoa experimenta uma ser alcançada na terra. A profunda
profunda paz interior, um desejo de experiência interior de encontro
fazer algo específico de boa ação e leva à transformação, que repercute
fica uma marca profunda que no modo de ser e de agir da pessoa,
jamais esquece. [31] Com esta no dia a dia.
experiência ela se torna atenta aos
movimentos interiores, para as
coisas de Deus. O entendimento e
sentidos se acalmam de tal forma
que entendem os segredos mais
profundos, pois ficam registrados
na memória para sempre. [32]

CONCLUSÃO
A sexta morada consiste nos “compromissos espirituais”:
Há uma alternância de sofrimentos ligados ao sentimento de ausência de Deus e a experiências muito profundas da presença de Cristo. Aqui intervém uma dilatação ainda mais profunda do
coração e do desejo de Deus.
A arma utilizada aqui é sempre a volta à santa humanidade de Cristo: Jesus se une a nós em nossa debilidade humana para transformá-la, para revitalizar o nosso desejo de amar em comunhão
com Ele.
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SÉTIMAS MORADAS Na leitura do texto percebe-se - É necessária a contemplação da Teresa de Ávila retoma um texto -Buscar o equilíbrio do ora et
Deixar-se tocar pelo amor leva a como Teresa, desde o epílogo, humanidade de Cristo, para bíblico significativo para a síntese labora;
amar alerta sobre a importância de uma chegar aos últimos graus da vida de sua vida: Maria a contemplativa -Mortificação e serviço;
Ao descrever as sétimas atitude de decidir entrar no Castelo. mística. [39] e Marta, a trabalhadora. Porém,
Moradas, Teresa afirma que este é [38] Mas, ao mesmo tempo, afirma diz Teresa, Marta e Maria hão de
o momento ápice da experiência sobre a certeza de que Deus faz andar juntas para bem hospedar o
mística. Relata as graças recebidas morada no interior do ser humano. - A contemplação, para Teresa, Senhor, e tê-lo sempre consigo.
do conhecimento profundo de Jesus E desde este lugar estabelece a não é subjetiva, mas transcende a Marta e Maria são facetas de uma
Cristo e sua humanidade e a relação da união transformante de pessoa, levando-a a esquecer-se de mesma pessoa. O
percepção clara da Trindade. Ela sua vida em ação si e a entregar-se a Cristo e verdadeiro místico não se limita a
verbaliza, nesta Morada, a plena permanente. Teresa convida a abrir à missão eclesial. Impressiona contemplar, mas se empenha em
configuração com Cristo, que a um espaço para entender que o quando Teresa fala da grande tornar o mundo melhor.
conduz à vivência, em plenitude, do processo de purificação interior de companhia e como entende as Contemplação e trabalho se unem
mistério na missão, uma alma, bem como as graças coisas, porém, ela nem sempre a vê na personalidade do místico. Da
onde Marta e Maria sempre sobrenaturais, estão ligadas aos com a mesma claridade como da mesma forma como a fé sem obras
andam juntas. [37] êxtases. primeira vez, que se colocou nas é morta, a contemplação sem a ação
- mãos de Deus, que a conduz a uma perde o seu valor. Santa Teresa tem
contemplação plenificada. [40] a preocupação de fazer entender
Apresenta também os efeitos que Marta e Maria sempre andam
do matrimônio espiritual, como juntas. O Senhor quer hospedagem,
sendo um esquecimento de si e não mas é necessário que o acolhamos,
esquece o que escutou dentro de si. lhe demos de comer e em seus pés
[41] Ali, afirma ela, nasce o desejo nos coloquemos à escuta. Assim
de fazer unicamente a vontade de seremos verdadeiros discípulos,
Deus. [42] Com esta fiéis na contemplação e na ação.
experiência Teresa deseja viver Nesta dinâmica, Teresa diz se
muitos anos para servi-Lo e amá- lembrar de São Paulo, que depois
Lo. [43] Deseja dedicar tempo para da conversão, não deixou de
estar a sós com Ele em oração. [44] trabalhar, enfrentando perigos e
Tudo isso se passa na alma com tormentas para pregar a boa nova,
muita quietude e silêncio. [45] além de prover o próprio sustento,
como tecelão. É o encontro com
Deus que gera um grande desejo de
amá-Lo e servi-Lo. Por fim, a
necessidade de uma dedicação total
à obra de Deus, transformar a
humanidade semelhante a Jesus
Cristo. [46] O segredo é colocar os
olhos fixos no Senhor. [47] Ali,
olhando a Jesus Cristo que deu a
vida por amor, descobrir a
grandiosidade da nossa opção por
uma causa maior, a entrega total a
Jesus Cristo, sendo continuadores
da Sua missão.

CONCLUSÃO
A sétima morada, enfim, é o ponto de culminação definido pela união com Deus no “matrimônio espiritual”.
Este matrimônio espiritual foi concedido a Santa Teresa de Jesus em 18 de novembro de 1572.
A união com Deus é uma participação profunda no desejo de Deus de salvar todas as pessoas.
Através do matrimônio espiritual, tudo fica transformado e se recebe um renovado desejo de viver assumindo a própria condição e os próprios compromissos terrenos de maneira ainda mais
concreta e sem fugir da realidade.
Conclusão
No caminho das Moradas, Teresa partilha um itinerário de amor. Um caminho de muitas oscilações, superações e
possibilidades de autoconhecimento, do outro, de Jesus Cristo e sua Humanidade. A dinâmica apresentada por Teresa
ajuda a acolher e compreender a realidade que nos envolve, isto é, o contexto social, político, religioso e espiritual. Anima
para não desanimar na caminhada, mas confiar em Deus, pois Ele é uma presença constante na nossa vida e nos ama
com infinito amor.
Teresa aparece como uma mulher ousada, dinâmica, que se atreveu a discutir com as autoridades do seu contexto
(teólogos, intelectuais), sobre o processo do que é verdadeiramente se encontrar com o Deus. O seu modo de atuar, bem
como a leveza de encarar a vida e a espiritualidade são uma rica contribuição para os nossos dias.
Com criatividade, a Santa de Ávila utiliza alegorias para explicar as Moradas, uma forma pedagógica e agradável de
apresentar um itinerário espiritual tão complexo. Ela o faz com serenidade, alegria, transmitindo paz e confiança. Mostra
que é possível, sim, seguir este itinerário das sete moradas. Para isso, é necessário colocar-se em atitude de caminhante,
errando e acertando, mas com clareza de horizonte: pelo caminho do autoconhecimento, autoaceitação, acolhida da
própria realidade, interiorização rumo ao centro do Castelo Interior, lá onde está “o Rei”.
Por que Teresa enfatiza a importância de entrar no Castelo Interior? Ela parte da sua experiência, pois é ali que ela
encontrou o profundo sentido existencial, que lhe deu coragem e força para se integrar, ser missionária do Reino de
Deus, ajudando as pessoas a também se encontrarem com o Deus da vida. Assim, ela escreve narrando com detalhes, a
sua caminhada de encontro com o Senhor, com o objetivo de que outros possam também seguir este caminho.
Portanto, as Moradas teresianas apontam que Deus se comunica com a pessoa e a transforma. Esta
dimensão mística de Teresa é acessível. Encontramos muitas pessoas que dão sinais evidentes de terem feito a
experiência do itinerário teresiano até a sétima Morada. São os orantes, comprometidos com a causa de Jesus Cristo,
especialmente com os mais necessitados e sofridos da sociedade; não se cansam de trabalhar pelo Reino de Deus, na
construção de uma humanidade nova. O que alimenta a jornada destas pessoas? Com certeza, é o encontro com o Deus
amigo, no mais profundo do Castelo Interior, que impulsiona à ação, à missão de serem testemunhas do Seu AMOR.
SÍNTESE
Em síntese, como conclusão do capítulo, o Castelo Interior é onde Teresa descreve as características e o desenvolvimento da própria personalidade cristã.
As moradas são os diferentes graus do relacionamento com Deus, com o próximo e com toda a natureza criada. À medida que a pessoa adentra ao castelo
e envolve-se nesse relacionamento amoroso com Deus, deixa morrer o verme do seu egocentrismo e liberta-se ao serviço do Senhor e dos irmãos. À
semelhança da humanidade de Cristo e no Espírito Santo, a pessoa cresce em amizade e amor e “em graça diante de Deus e dos homens”. O
desenvolvimento humano e espiritual a partir de Teresa e de seu castelo se dá da seguinte forma: nas primeiras moradas Teresa acentua a importância do
autoconhecimento e do conhecimento de Deus, indispensável para o relacionamento entre o divino e o humano, encontra-se ainda “fora de seu castelo”
alienado, na superfície. Nas segundas moradas, quando a oração já está iniciada, mostra-se a intensa perseverança na luta e o desejo de prosseguir no
caminho de Deus e na via da troca com os irmãos. Nas terceiras, em geral, todos os cristãos estão nestas moradas. Também é onde a grande maioria
permanece. Há virtude e incoerência. Nas quartas, há mescla de natural com sobrenatural e tentação porque o nível de comunicação com Deus é mais
profundo e elevado, detestado pelo inimigo. Nas quintas, há profunda união com Deus, transfiguração nEle, um intenso processo de conversão,
semelhante à transformação do bicho de seda. Nas sextas moradas, há grande purificação e efervescência de fenômenos místicos. As sétimas são a morada
da paz. Em seu núcleo mais íntimo, é “onde se dão as coisas mais secretas entre Deus e a pessoa”.

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