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Fraternidade Obra do Cenáculo

Acompanhamento Vocacional

Módulo 1
“Vinde e Vede”

Vocação enquanto resposta a Deus que me chama

Introdução
Deus sempre chama! Ele sempre vocaciona homens e mulheres ao seu serviço,
seja ele qual for. Por vezes, quando falamos de vocação, pensamos somente nas vocações
específicas como o sacerdócio, a vida religiosa e o matrimônio. Entretanto, temos que
olhar para o chamado vocacional deforma ampla e aberta, para assim observarmos que
Deus chama a todos, a todo instante, a sermos discípulos dele e, assim, cumprirmos a
nossa missão de sermos sal e luz no mundo. Toda e qualquer vocação parte do coração
de Deus, é Ele quem chama! Ele escolhe aqueles que Ele quer para o seu serviço e os dá
uma missão específica no mundo, para assim alcançarmos a santidade, que é a nossa
vocação por excelência.
A Palavra de Deus está repleta de personagens que foram chamados por Deus a
cumprirem sua missão. De Abrão ao Jovem Rico, todos eles foram escolhidos pelo Senhor
que os vocacionou e deu uma missão específica de santificação pessoal e comunitária.
Amado vocacionado, a partir de agora vamos entrar em um caminho de profunda
escuta de Deus, abertura ao Espírito Santo e autoconhecimento, para assim conhecermos
e entendermos qual é a vontade dEle para nós. Todo chamado é feito no interior e
entendemos que só vamos encontrar o que Ele quer de nós se entrarmos no mais profundo
de nós mesmos, para assim encontrarmos quem nós somos e quem Deus é. A medida que
mergulhamos em nós, Àquele que habita dentro no Castelo do nosso interior vai se
revelando pouco a pouco e assim vamos, com o auxílio do Espírito de Deus,
correspondendo ao chamado de Deus.
Enquanto Fraternidade Obra do Cenáculo, somos chamados a oferecermos a nossa
vida em sacrifício santo a Deus pela santificação dos sacerdotes e para que o Espírito
Santo seja mais amado, adorado e invocado. Aqui está o núcleo do nosso chamado, o que
nos caracteriza como um carisma vivo e atuante no seio da Igreja. A partir de agora,
vamos, com o auxílio do Espírito Santo, dia após dia, mergulhar em nós para
encontrarmos, ou não, esse chamado dentro de nós. Esse caminho exige de nós três coisas
muito importantes: disponibilidade, docilidade e amor. Disponibilidade para irmos ao
encontro de Deus que mora e fala em nós, docilidade ao Espírito Santo, para que Ele faça
em nós o que Ele mesmo desejar e amor total a Deus, pois como nos diz nossa pequenina
mãe Elena Guerra, só o amor é capaz de realizar todas as coisas.
1. O que é vocação?

Vamos iniciar esse caminho de formação e conhecimento entendendo primeiro o que


é Vocação e vamos iniciar com um texto do Papa São João Paulo II que caracteriza muito
bem o que é vocação:
“A palavra "vocação" qualifica muito bem a relação de Deus com cada ser humano,
na liberdade do amor, porque "toda vida é vocação" (Paulo VI, Carta enc. Populorum
progressio, 15). Terminada a criação, Deus contempla o homem e vê que é "coisa muito
boa" (cf Gn 1,31): ele o fez "à sua imagem e semelhança", confiou às suas mãos o
universo e chamou-o a uma íntima relação de amor.
Vocação é a palavra que introduz na compreensão dos dinamismos da revelação de
Deus, e assim desvela ao homem a verdade sobre a sua existência. No documento
conciliar Gaudium et spes lemos que "A razão mais elevada da dignidade do homem
consiste na sua vocação para a comunhão com Deus. Desde o seu nascimento, o homem
é convidado ao diálogo com Deus: de fato, ele não existe senão porque, criado por Deus,
por amor, é por Ele conservado, sempre por amor, nem vive plenamente e conforme a
verdade, se não o reconhece livremente e não se entrega ao seu Criador" (n. 19). É nesse
diálogo de amor com Deus que se alicerça a possibilidade que cada pessoa tem de
crescer segundo linhas e características próprias, que lhe foram dadas, e capazes de "dar
sentido" à história e às relações fundamentais de seu existir quotidiano, enquanto está a
caminho da plenitude da vida.
Considerar a vida como vocação facilita a liberdade interior, estimulando na pessoa
o desejo de futuro, juntamente com a rejeição de uma concepção passiva, aborrecida e
banal da existência. A vida assume assim o valor de "dom recebido, que tende, por sua
natureza, a se tornar bem doado" (Doc. Novas vocações para uma nova Europa, 1998,
16,b). O homem demonstra ter renascido no Espírito (cf Gn 3,3.5), quando aprende a
seguir a via do mandamento novo: "que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei" (Jo
15,12). Pode-se afirmar que, em certo sentido, o amor é o DNA dos filhos de Deus; é "a
vocação santa" com que fomos chamados "em virtude do seu desígnio e graça que nos
foi dada em Jesus Cristo desde os tempos eternos, e que agora se manifestou com a
aparição do nosso Salvador Jesus Cristo" (2Tm 1,9-10).
Na origem de todo caminho vocacional está o Emanuel, o Deus-conosco. Ele nos
revela que não estamos construindo sozinhos a nossa vida, porque Deus caminha
conosco em meio às nossas sucessivas vicissitudes e, se nós o quisermos, tece com cada
um uma maravilhosa história de amor, única e irrepetível e, ao mesmo tempo, em
harmonia com a humanidade e com o cosmo inteiro. Descobrir a presença de Deus na
própria história, não mais sentir-se órfão, mas estar certo de ter um Pai ao qual pode
entregar-se completamente: essa é a grande virada que transforma o horizonte
simplesmente humano e leva o homem a entender - como afirma a Gaudium et spes - que
ele não pode "encontrar-se plenamente, a não ser no dom sincero de si" (n. 24). Nessas
palavras do Concílio Vaticano II, encerra-se o segredo da existência cristã e de toda
autêntica realização humana.
Hoje, porém, essa leitura cristã da existência se choca com alguns traços
característicos da cultura ocidental, em que Deus é praticamente marginalizado da vida
quotidiana. Por isso, é necessário um empenho da inteira comunidade cristã, para
"reevangelizar a vida". Para esse fundamental empenho é indispensável o testemunho de
homens e de mulheres que mostrem a fecundidade de uma existência que tem em Deus a
sua fonte, na docilidade à ação do Espírito a sua força e, na comunhão com Cristo e com
a Igreja, a garantia do sentido autêntico da fadiga quotidiana. É preciso que na
comunidade cristã cada qual descubra a sua vocação pessoal e responda com
generosidade. Toda vida é vocação, e todo crente é convidado a cooperar para a
edificação da Igreja”1.

Para refletir, anotar e orar


1. Tenho consciência de que sou chamado por Deus a algo?
2. Olho para a minha vida como um dom recebido de Deus?
3. O que passa pela minha cabeça quando eu penso sobre a minha vocação?

a) “Vinde e Vede” – Deus me chama a santidade com Ele

Jo 1, 35-39: “No dia seguinte, estava lá João outra vez com dois dos seus discípulos.
E, avistando Jesus que ia passando, disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus’. Os dois
discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus. Voltando-se Jesus e vendo que o
seguiam, perguntou-lhes: ‘Que procurais?’. Disseram-lhe: ‘Rabi (que quer dizer
Mestre), onde moras?’. – ‘Vinde e vede’ – respondeu-lhes ele. Foram aonde ele
morava e ficaram com ele aquele dia. Era cerca da hora décima”.
O chamado de Deus é ao mesmo tempo resposta e convite. Ele não somente nos
chama a algo, mas ele nos chama a estarmos com Ele. Esse é o grande segredo para todo
aquele que busca entender o que Deus deseja: sou chamado a estar com Jesus.
O Evangelho nos apresenta que para conhecer aquilo que Deus deseja de nós o
discípulo precisa dar um passo em direção a Ele. O “Vinde e Vede” não é somente um
convite para uma observação curiosa, mas é um chamado a se apaixonar pela vida de
Cristo, ou seja, ver e se apaixonar pelo seguimento desse mesmo Cristo, se apaixonar pelo
caminho da santidade.
Jesus não nos chama a somente fazermos algo automático, mas Ele primeiro nos
convida a ver o que Ele tem a nos apresentar, tal como ele fez com Abraão, que foi
convidado a olhar e contar as estrelas do céu (Cf. Gn 15,5), dando a ele a graça de, mesmo
que de forma pequena, ver o que Deus desejava fazer dele, pai de uma multidão.

1
São João Paulo II. MENSAGEM DO SANTO PADRE PARA O XXXVIII DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS
VOCAÇÕES – 06 de maio de 2021 – IV Domingo da Páscoa.
Para refletir, anotar e orar
“De fato, cada vocação específica nasce da iniciativa de Deus, é dom do amor de
Deus! É Ele que realiza o «primeiro passo», e não o faz por uma particular bondade
que teria vislumbrado em nós, mas em virtude da presença do seu próprio amor
‘derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo’ (Rm 5, 5)”
(Papa Bento XVI - MENSAGEM DO SANTO PADRE PARA O 49º DIA MUNDIAL
DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES - 29 DE ABRIL DE 2012 - IV DOMINGO DE
PÁSCOA)
1. Estou disposto a dar um passo em direção a Deus para assim vislumbrar
a vida que Ele preparou para mim?
2. Desejo ser dócil ao Espírito Santo para que Ele governe a minha vida e a
conduza no caminho de sua vontade?

b) “Que procurais”

No hoje da nossa vida, o Espírito Santo deseja nos fazer essa pergunta no início do
nosso caminho vocacional: o que procurais? O que te fez buscar e desejar conhecer mais
de perto o Carisma da Fraternidade Obra do Cenáculo. Hoje, o Espírito Santo, que é
mestre interior e o Senhor Soberano dessa Família espiritual, te convida a se perguntar
antes de tudo o porquê você deseja conhecer o Carisma da Fraternidade. É preciso então,
inicialmente, estar disposto a “dar razões a vossa esperança” (cf. 1Pd 3,15), ou seja,
mergulhar dentro de si e se perguntar o porquê eu desejo me aprofundar neste carisma
específico. É preciso perguntar-se quais são as motivações que me trazem até aqui e, com
verdade, sinceridade e amor, perguntar-se se estou disposto a iniciar esse caminho de
conhecimento de Deus e da própria vida.
Quando Jesus convidou os discípulos a conhecerem onde Ele vivia, não os chamou
somente para ver sua casa ou suas coisas, mas nesse ato quis partilhar com Ele a sua vida,
que os levou até a cruz. Ao se aproximar do Carisma da Fraternidade Obra do Cenáculo,
preciso ter em mente que me aproximo de um caminho que também me levará até a cruz,
no sentido mais pleno e profundo da palavra, pois Elena Guerra irá nos ensinar que a
nossa vida deve ser um constante caminhar do Cenáculo ao Calvário, para assim
retornarmos ao Cenáculo e Conchita irá nos apresentar o Espírito que brota do Coração
de Jesus, ferido pela lança, onde devemos nos esconder para assim vivermos um nosso
Pentecostes.

Para refletir, anotar e orar


“Antes mesmo que fosse nosso desejo, a Fraternidade Sacerdotal está no plano
Divino da Trindade e no desejo de nossa Mãe Igreja. Portanto, estamos apoiados e
seremos sustentados por um desejo Divino. Esta é e será nossa maior segurança!
Queremos ser obedientes a esta verdade, a este desejo de Deus. Conscientes de
sermos uma “raça eleita”, queremos viver nosso sacerdócio em santidade e de
forma fraterna, seguindo os passos de Jesus Bom Pastor ajudando-nos
mutuamente. Vivendo na fraternidade seremos obedientes a Vontade de Deus e
descobriremos a verdade sobre nós mesmos; e será o Espírito da Verdade que nos
convencerá e conduzirá. Pensados pelo Pai, consagrados e enviados pelo Filho, no
Espírito queremos ser ‘santificados na verdade’ (Cf. Jo 17,19)”.
(Primeiros Escritos da Fraternidade Obra do Cenáculo)
1. Ore com esse pequeno trecho dos Escritos de Fundação da Fraternidade e
anote o que o Espírito inspirar em seu coração.

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