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FORMAÇÃO DISCIPULADO - MÓDULOS 2 e 3

O DISCÍPULO E A ORAÇÃO

Na primeira parte desta formação vimos que o discípulo é chamado


por Jesus para estar com Ele, para conhecê-lo melhor.
Hoje, não temos a presença física de Jesus. Assim, os meios que
temos para adquirir este conhecimento são através da oração, nas
diversas maneiras que podemos recorrer a ela, e na Eucaristia.
O discípulo, necessariamente, é uma pessoa orante; é uma
pessoa de contemplação, que sabe orar na vida e através dela.
Jesus orava sempre. Todos os dias ele reservava um tempo para sua intimidade com o Pai.
Ao ensinar os discípulos a rezar, Ele diz: “Entra no teu quarto, fecha a porta.” (Mt 6, 6)
Jesus não estava ensinando uma oração egoísta, mas ensinava que o encontro do homem
com Deus se dá no mais profundo do seu ser; que é necessário muita intimidade e silêncio
para que esse encontro se realize.
Só depois de escutar a Deus é que o discípulo deve comunicar, pois, necessariamente, o
encontro com Deus nos leva ao irmão.
Jesus disse “não multipliqueis as palavras”. Muitas vezes queremos que pela força de nossas
palavras a oração seja atendida. Jesus nos fala justamente o contrário: não depende de
nossa força, mas de nossas intenções, de nossa fé, do desejo que há em nossos corações.
Quando analisamos a oração de Ana, mãe do profeta Samuel (1Sm 1, 12-15), vimos que
Deus conhecia as necessidades dela, mesmo assim ela demonstrou isso com a própria vida,
com seu sofrimento, expondo a sua alma na presença de Deus. A oração do discípulo
deve levá-lo, da mesma forma, a abrir seu coração diante de Deus.
Jesus, ensinando seus discípulo a rezar, diz, ainda: “Pai Nosso!”. Jesus nos ensina a buscar
a intimidade com o Pai. Não tratá-lo como um ser distante, mas como uma pessoa amorosa
e próxima; um Deus que é Pai.
“Seja feita a vossa vontade”: a oração do discípulo é uma oração de despojamento. Não
procura nela a sua vontade, mas a do pai. Ele, o discípulo é apenas um instrumento por meio
do qual a vontade do Pai se realiza. Toda oração do discípulo deve ser feita com uma
disposição à vontade de Deus.
“Assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam”. A oração do discípulo,
necessariamente, o leva ao irmão; é uma oração que nos desinstala, nos tira do comodismo;
é sobretudo uma oração de reconciliação.
Não há discipulado sem oração!

Para conseguirmos frutos em nossa oração, vamos seguir alguns passos.


Para realizar esses passos devemos nos comprometer a reservar um horário, todos os dias,
para a oração, bem como ter sempre um caderno para as anotações. O método que
abordaremos é o da Lectio Divina ou Leitura Orante.

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FORMAÇÃO DISCIPULADO - MÓDULOS 2 e 3

Passos para a Leitura Orante:

Leitura: Escolha um local agradável, propício à oração. Silencie o


coração e seu pensamento. Busque o texto na Sagrada Escritura.
Pode ser o Evangelho do Dia ou outro a sua escolha. Leia...
releia... até compreender o que leu. Veja os personagens, o
ambiente, saboreie as palavras e sinta que é o próprio Deus
falando com você.
Meditação: Na leitura saboreamos a Palavra; na meditação deixamos que ela nos alimente.
Neste passo devemos ler o texto bem devagar, com o coração atento, percebendo uma
palavra, uma frase, uma expressão que nos “fale ao coração”. Ao encontrar, guarde no
coração.
Oração: Agora é ora de rezar! Use a palavra que tocou seu coração e elabore uma prece de
agradecimento a Deus e um pedido. Use palavras simples e reze seus sentimentos, suas
angústias, tudo o que essa palavra ou frase te faz sentir. Agradeça a Deus por esta
experiência de oração.
Contemplação: Neste ponto alto da oração podemos sentir a presença de Deus. Até agora
foi como se estivéssemos vendo uma peça de teatro. Agora, subimos no palco. Fazemos
parte do espetáculo! A Palavra de Deus está dentro de você! Deus te tocou! E hora, ainda,
de encaixar a palavra meditada em sua vida. Como essa palavra vai impactar a tua vida?
Qual a minha angústia? Onde posso melhorar? Como colocar isso a seviço dos outros e da
Igreja? Fala uma lista de objetivos, anote, e siga em frente. Agora, iluminado pela Luz da
Palavra de Deus!

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OS TIPOS DE DISCÍPULOS

Queremos ser discípulos de Jesus?


Esta é a primeira pergunta que devemos fazer. Estou disposto a
ser discípulo, custe o que custar?
Que tipo de discípulo eu quero ser? Esta é outra pergunta que
devo fazer.
Não basta querer ser discípulo, é preciso questionar que tipo de
discípulo eu quero ser.
Vamos analisar os tipos de discípulos que encontramos na Palavra de Deus, para que
possamos questionar o nosso discipulado.

1 - Díscipulo-multidão (Lc 19, 37b-38)


Havia ali uma multidão de discípulos. Eram pessoas que, possivelmente, haviam presenciado
um milagre ou, até mesmo, se beneficiado de alguma cura. No entusiasmo da multidão,
louvavam e davam glórias a Deus.
Mas a mesma multidão que se dizia discípulos, que o louvava, dava graças, mandou
crucificá-lo. (Lc 23, 20-21)
Qual era o problema deles?
Não conheceram o Senhor dos milagres... só os milagres do Senhor. Por isso, os aplausos
eram externos, não saiam do coração, não era consequência do amor.
Louvavam a Deus somente com os lábios, um louvor superficial que não brotava do íntimo.
Como tem sido o nosso louvor? É um condicionamento ou vem do meu coração?
O discípulo-multidão busca o que Deus pode dar a ele e não o que Deus é. Encontrou
apenas com o Jesus profeta mas não com o Salvador do mundo. (Jo 4, 42). Quer a alegria
da ressurreição mas não está disposto a ir até o Calvário, não quer experimentar a cruz.
Gostam de ouvir as pregações de Jesus mas não querem praticá-las. Na hora da dor, no
sofrimento e nas perseguições se afastam.

2 - Discípulos da lei
O fariseu, hoje, é sinônimo de hipócrita, um verdadeiro xingamento. Na época de Jesus, no
entanto, eram os homens conhecedores da lei. tinham vida de oração, jejuavam, davam
esmolas, conheciam a lei, praticavam o dizimo rigorosamente.
Mas se eram assim, porque Jesus foi tão duro com os fariseus? (Mt 23, 5)
Faziam tudo isso para serem vistos pelos homens. Este é o problema do discípulo da lei:
não está preocupado em cumprir a lei por causa de jesus, mas por ele mesmo. Quer as
honras do mundo!
Para Jesus o importante não são as obras mas o amor que colocamos em cada uma
delas.

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E quais as características do verdadeiro discípulo?

Segue a Jesus porque Ele é Deus! (Mt 16, 16a) - O verdadeiro


discípulo sabe que Jesus não é apenas um profeta, mas o Filho de
Deus Vivo.
Segue-o, pois só Ele tem palavras de vida eterna. (Jo 6, 67) - O
verdadeiro discípulo não segue Jesus porque Ele tem palavras
bonitas, mas porque tem palavras de vida eterna.
Segue-o pelo que Ele é, e não pelo que Ele pode dar. - O
verdadeiro discípulo não está preocupado com o que pode ganhar. Mas, sim, em desfrutar da
presença de Jesus. Ele sabe que já tem tudo o que precisa!
Segue Jesus até a cruz! - O discípulo verdadeiro está sempre aos pés da cruz, pois sabe que
ali se realiza a sua libertação e salvação (Jo 19, 26).
O verdadeiro discípulo louva a Deus não somente no tempo da bonança, das alegrias, mas
também na tribulação e na dor.
Para nos avaliar como discípulos devemos perguntar: o meu modo de agir, de falar, de
andar, de trabalhar, de estudar, deixa transparecer que sou um seguidor de Cristo? As
pessoas percebem ue sou cristão sem que eu fale alguma coisa? (Mt 26, 73)
Pedro não queria ser reconhecido como seguidor de Jesus... mas isto já estava impregnado
no seu jeito de falar, agir e ser.
O verdadeiro discípulo é aquele que nos faz recordar o Mestre!
O discípulo verdadeiro vai além das coisas ordinárias (Mt 5, 46-47 e Lc 6, 33).
Ser discípulo é buscar ser perfeito como o Mestre (Lc 6, 40).
Ser discípulo perfeito exige o extraordinário. Para seguir, verdadeiramente, a Jesus é
preciso extrapolar o comum, sair da rotina, do quadrado do dia-a-dia. É ir “além do deserto”.

O discípulo é um ser livre - O convite ao discipulado se inicia com a condicionante “Se”:


(Mt 16, 24). O ser humano deve avaliar se deseja seguí-lo. Ninguém é forçado a aceitar. (Jo
6, 67b). No entanto, uma vez escolhido, não tem como voltar atrás. (Lc 9, 62 e Mt 11,12)

O discípulo é alguém que sabe o que quer (Mt 13, 44) - O discípulo entende e aceita os
custos da descoberta. O tesouro valia mais do que o campo. Mas quem paga o preço do
campo, leva o tesouro de graça. Assim é o Reino de Deus. A salvação (tesouro) é de graça,
mas o campo (dsicipulado) tem um preço. Há um custo a ser pago.

O discípulo tem a palavra do Mestre como imutável (Jo 8, 31) - O discípulo para aprender
de Jesus tem que ter a Palavra do Mestre como o ponto de partida. Ele estrutura a sua vida
sobre a Palavra de Deus. mas não a interpreta como quer e, sim, segue o Magistério da
Igreja. Somos chamados a avaliar com coerência e seriedade o projeto de vida para o qual
estamos sendo convidados.

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