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O chamado

de Deus
Gerência geral: Rafael Cobianchi
Preparação e revisão: AnnabellaEditorial / Thuâny
Simões
Capa e Diagramação: Diego Rodrigues
 
 
Este livro segue as regras da Nova Ortografia da Língua
Portuguesa.
 
 
 
Editora Canção Nova
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ISBN: 978-65-8845-143-4
 
© EDITORA CANÇÃO NOVA, Cachoeira Paulista, SP,
Brasil, 2021
Diácono Osvaldo Lima

O chamado
de Deus
FONTE INESGOTÁVEL DE AMOR
Sumário

Dedicatória................................................... 7
Introdução................................................... 9
Apresentação................................................ 15
O desejo de Deus........................................ 19
A verdade nos liberta............................... 27
O momento eficaz de Deus.................... 35
Uma multidão, um pai e uma mulher (Lc
8,40-48)............................................................ 43
Uma menina, uma multidão (Lc 8,49-56)
....................................................................... 49

Se quiser matar uma planta................... 57


Reavivar o dom de Deus (2Tm 1,6)...... 67
Sobreviver na aridez................................. 83
Uma simples fonte: uma de minhas
fontes!............................................................. 95
“A minha graça te é suficiente”.......... 103
Dedicatória

À minha inseparável esposa Mara, que me


fez reconhecer meu chamado e que, em instante
algum, deixou que ele se desfizesse, mas, com
um sublime carinho e cuidado de mãe, esposa e
amiga, sempre o tornou presente e crível, dando
sentido e dignidade ao seu próprio chamado.

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Introdução

D esde ainda menino, sempre tive gosto em


expressar, através das palavras, as minhas
experiências. Tive a grata felicidade de ter uma
mãe, dedicada professora primária, que não nos
deixava passar à margem da responsabilidade
com a escola. No ensino colegial (à época), tive
uma professora-escritora, eximia no zelo pela
literatura. Sei hoje o quanto não fiz por tirar
proveito daquele período das aulas de portu-
guês e literatura. Professores são semeadores
que nem sempre veem os frutos das sementes
que plantaram. No entanto, nunca me detive
em escrever um livro, e sempre me dava a pe-
quenos poemas; em outra ocasião, à expressão
de meus sentimentos pelo mundo, pelas coisas
e pela religião.

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O chamado de Deus

Demorei um tempo a aceitar a minha


criatividade, minha percepção das coisas e o
modo como eu as interpretava. Não nego que
as pessoas, quando tomavam ciência do que eu
havia escrito, admiravam-se. Envaidecia-me o
ego, mas não era motivador o suficiente para
empreitar um livro.
Então, passados muitos anos, já como diá-
cono ordenado, uma grande amiga desde tempos
de juventude, a psicóloga Maria Luiza, questio-
nando-me, atentou-me a ouvi-la dizer que “as
pessoas precisam ler, ver e perceber o mundo pela
sua sensibilidade”. De fato, isto foi impactan-
te. Já ouvira dizer que muitos queriam escutar
uma homilia ou uma palestra que eu proferira.
Considerava, porém, uma obrigação e zelo pelo
ministério da palavra que, responsável e com-
prometidamente, alinhava-me à vida de diácono
e de consagrado na comunidade Canção Nova.
Tinha o pensamento que uma coisa era uma
homilia, uma palestra em que há uma interação
com os ouvintes. Mas um livro... Tinha-o como
um meio frio, distante das pessoas.

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Diácono Osvaldo Lima

Comecei, então, a verificar e perceber quais


eram as minhas reações com os livros que lia.
Primeiro, eram de uma inteira incapacidade
de me fazer entender pelas palavras. Segundo,
como eles, os livros influenciaram o curso da
minha vida.
Questionamentos não faltaram. Deter-me-
-ia num longo texto (isto que entendo ser um
livro, um texto longo pormenorizado a fim de
ser entendido), tecendo pensamentos que, no
fim, atingiriam as pessoas e as levariam a um
crescimento de valores na vida? Na verdade fui
me dando com um limite no qual ainda não
havia tocado. Aos poucos, fui me surpreendendo
com o receio que eu tinha de ser avaliado, de ser
aprovado. Quem sempre superou dificuldades
e se deu como vencedor, tem o enorme emba-
raço em aceitar o não! Minha vida sempre foi
conhecida por meus contemporâneos como uma
vida de superação. E por isto mesmo fora muito
bem avaliado e aprovado. O ato de escrever
me revela e me expõe. Assim, ao escrever, sou
desvendado e, não raro, surpreendo-me comigo

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O chamado de Deus

mesmo. Isto ainda não caíra nas raias de uma


aceitação além da demarcação territorial que,
ao longo da história, eu fui construindo como
superação.
Nasci com lábio leporino e fenda do palato
direito, que são más-formações congênitas que
ocorrem durante o desenvolvimento do embrião.
E esta talvez tenha sido minha constante bata-
lha de superação do complexo por ter uma voz
fanha. Interagir sempre foi uma dificuldade. E
me fiz ouvir, ser conhecido, tornei-me um bom
profissional como trabalhador na indústria, um
pai amado e um esposo sempre fiel. Entretan-
to, nunca gostava de ouvir minha voz; aliás, o
quanto pudesse, evitava ouvir-me em gravações.
Certa vez, um grupo de amigos da Can-
ção Nova me pediu para gravar um vídeo com
um tema formativo relativo a Nossa Senhora.
Dei-me de novo com o limite, gravar, ouvir,
regravar, ouvir. Para minha surpresa, esta ex-
periência me encorajou, não só pelo resultado
da formação como também por ter rompido o
limite várias vezes.

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Diácono Osvaldo Lima

Elementos, fatos e pessoas motivadoras não


faltam. Superar, indo além do próprio com-
plexo, o receio de ser avaliado e aceito é mais
um desafio.
O que desenvolvo aqui é sustento de mi-
nha vida, onde me agarro e me recobro nos
momentos de fraqueza. Neste primeiro livro,
para além do conteúdo, rogo a Deus que lhe
sirva, seja lhe útil e o ajude de alguma forma.
Você, chegando ao final dele, saberá que superei
mais um limite.
Sou grato pela sua companhia em mais
esta vitória.
 
Diácono Osvaldo Lima Filho

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Apresentação

O chamado de Deus
 

N a Comunidade Canção Nova, em todo o


nosso itinerário formativo, aprendemos do
Monsenhor Jonas Abib uma expressão simples,
mas significativa para a nossa resposta ao cha-
mado de Deus. Esta expressão é “na oficina da
vida”. Sim, na oficina da vida, Deus nos forma,
cura-nos e nos faz crescer. Na oficina da vida,
Deus revela Sua vontade, Seus planos e Seus
projetos. Foi assim na vida de tantos homens e
mulheres de Deus que, dóceis a esse chamado,
mudaram e continuam mudando a história,
porque, como afirma o Papa Francisco, “cada
santo é uma missão; é um projeto do Pai que

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O chamado de Deus

visa a refletir e a encarnar, num momento deter-


minado da história, um aspecto do Evangelho”.
Há muitos anos conheço o Diácono Osval-
do Lima, “Vadinho”, como carinhosamente ele
é chamado entre os de sua família de sangue e os
da família Canção Nova. Sua vida foi marcada
por este chamado de Deus e de uma resposta
de docilidade à Sua voz, pois Ele o constituiu
Seu servo e missionário numa entrega a um
carisma a serviço da evangelização.
É uma alegria apresentar o seu livro “O
Chamado de Deus”. Partindo da Palavra de
Deus e da forma como Jesus foi chamando Seus
amigos, ele nos ajuda a compreender que Deus
faz este mesmo chamado a todos os homens de
boa vontade. É um chamado a ser íntimo do
coração de Deus, pois Ele nos chama para esta-
belecer uma relação de amizade, e o testemunho
do Diácono Osvaldo desvenda que o chamado
de Deus é para todos.
De forma simples, porém profunda, ele
nos revela que a nossa história com Deus é uma
verdadeira trama de amor. Muito mais do que

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Diácono Osvaldo Lima

uma leitura, você terá em suas mãos um caminho


para ajudar a escutar o Senhor que chama e, ao
mesmo tempo, como prosseguir na fidelidade
a esta resposta.
Boa leitura.
 
Vera Lúcia Reis
Comunidade Canção Nova

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O desejo de Deus

O título deste primeiro capítulo retoma


e se inspira no capítulo I do Catecismo
da Igreja Católica (CIC). Isso para nos dizer
que o ponto de vista da nossa história precisa
seguir daí, pois não partimos de nossa vida para
Deus, mas da vida de Deus para a nossa! Ele
nos amou primeiro (cf. 1 Jo 4,19); aliás, a ini-
ciativa sempre é Dele, tornando para nós uma
recíproca necessária.
Precisamos tê-lo como primeiro, e tudo o
que fizermos deve ser em Sua direção. Ao in-
vertermos a ordem das coisas, saímos “expulsos
do jardim” (Gn 3,23), perdemos o acesso e a

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O chamado de Deus

permanência no ambiente e lugar criados para


a criatura humana.
Antes de nós, Deus criou o céu e a terra, e
ela estava vazia e disforme (cf. Gn 1,1-2). Nós,
como criaturas, não existíamos, mas éramos
um desejo de Deus, a razão pela qual Ele disse
“Faça-se!”. Depois de dar sentido e harmonia
a tudo que criou, Ele nos fez à Sua imagem e
semelhança e nos deu vida dentro de um am-
biente em perfeita harmonia, como nos diz o
Catecismo:
 
O desejo de Deus está inscrito no coração
do homem, já que o homem é criado por Deus e
para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a
si, e somente em Deus o homem há de encontrar
a verdade e a felicidade que não cessa de procurar.
O aspecto mais sublime da dignidade humana
está nesta vocação do homem à comunhão com
Deus. Este convite que Deus dirige ao homem,
de dialogar com ele, começa com a existência
humana. Pois se o homem existe, é porque Deus o
criou por amor e, por amor, não cessa de dar-lhe
o ser, e o homem só vive plenamente, segundo a

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Diácono Osvaldo Lima

verdade, se reconhecer livremente este amor e se


entregar ao seu Criador (CIC 27).
“O desejo de Deus” está inscrito, e este
adjetivo expressa, dentre tantos significados,
como o que se gravou; insculpido, entalhado,
gravado, e ainda, que alguém inscreveu; grafado,
traçado, escrito. Assim entendemos que o desejo,
a vontade de encontrar a Deus e de ser Dele,
está gravado, insculpido, entalhado em nós! A
vida, em quaisquer circunstâncias, manifesta-
-se como uma existência de encontrar a Deus.
Criaturas que somos, já fomos tocados por Deus,
pois Ele colocou Suas mãos sobre cada detalhe
feito em nós.
Quando o Criador nos fez como criatu-
ras, não nos bateu com ferramentas de entalhe,
não nos arrancou pequenos e grandes pedaços,
mas nos moldou do barro, usando as mãos, e
nos tocou com inimitável e pura delicadeza. E
para nos dar vida, soprou o hálito de vida de Si
mesmo em nossas narinas, e viu que tudo era
bom (Gn 1,31). Ainda que inscrito em nosso
coração, Deus não cessa de nos atrair para si, a

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O chamado de Deus

criatura humana. Ele é insistente e não desiste


de nós, por amor unicamente! Até que “somente
em Deus o homem há de encontrar a verdade e a
felicidade que não cessa de procurar”.
Deus cria, ao longo da nossa vida, situações
das mais inusitadas para que O encontremos e
O reconheçamos. Aparece à nossa frente com
“outra” imagem e semelhança, faz-nos conviver,
conversar, interagir com outros que também são
imagem e semelhança Dele, pois somos irmãos
nascidos de um mesmo e único desejo.
A fim de não nos assustarmos, ou O con-
siderarmos irreconhecível, ou ainda um ser de
forma imaginativamente grandiosa, causando-
-nos uma perplexidade tal que nos afaste Dele,
Ele se fez carne e habitou entre nós e se fez
nascido de uma mulher para ficar junto de nós,
para ser enrolado em faixas no nascimento, para
ter Suas fraldas trocadas, tomar chá para dor de
barriga, para ser cuidado por uma mãe, para
receber visitas e presentes, para se alimentar na
mãe que o gerara, para aprender o ofício com
seu pai, para crescer no meio dos outros e não

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Diácono Osvaldo Lima

ser diferente, para se perder na multidão, para


ser chamada a atenção, para ser obediente aos
pais, para brincar com os Seus amigos enquan-
to criança.
Deus teve o desejo de ser inscrito, insculpi-
do, gravado no coração do homem de um modo
definitivo. Ele quis ser criatura para nos abraçar,
tocar, sofrer e chorar conosco. Igualzinho a nós,
menos no pecado!
Vamos rezar, pois é bom, faz bem ao doente
no leito do hospital, a quem o assiste, aos fami-
liares. Rezar é nos render a Deus, ainda que este-
jamos tímidos, mesmo que não nos recordemos
das orações que nos ensinaram quando criança.
Rezar é bom, é saudável à alma, reconstrói e
nos recorda palavras tão escassas e não mais
pronunciadas. Rezar é falar com o Amado que,
de desconhecido, passa a ser conhecido e me
faz conhecido como sou. Rezar é falar da minha
alma que há muito não falo, não expresso nem
mesmo o vazio que vai dentro de mim. Rezar é
bom, faz crer que sou ouvido, que alguém me
escuta e se importa comigo. Precisamos rezar!

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O chamado de Deus

Mesmo que não saibamos por onde começar e


nem o que dizer. Rezar ajuda a me encontrar,
pois, uma vez perdido, sei que sou achado! Rezar
me rejuvenesce, renova e faz crescer a minha fé!
O Salmo 139(138), cantado e interpretado
sob inúmeras letras, em várias versões e por outra
enormidade de intérpretes, é inspiração para que
agora rezemos. E se você souber, pode cantá-lo!
Cantando ou rezando, faça-o meditando, com
calma, pausadamente. Se lhe for possível, reze-
-o num momento de silêncio exterior. Escute
apenas sua voz dizendo estas lindas palavras de
louvor a Deus que nos criou.
 
Tu Me Conheces
(Padre Jonas Abib)
 
Tu me conheces quando estou sentado.
Tu me conheces quando estou de pé.
Vês claramente quando estou andando.
Quando repouso, tu também me vês.
Se pelas costas sinto que me abranges,
também de frente sei que me percebes.

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Diácono Osvaldo Lima

Para ficar longe do teu espírito,


o que farei, aonde irei, não sei.
Para onde irei? Para onde fugirei?
Se subo ao céu ou se me prostro,
no abismo eu te encontro lá.
Para onde irei? Para onde fugirei?
Se estás no alto da montanha verdejante,
ou nos confins do mar,
se eu disser que as trevas me escondam
e que não haja luz onde eu passar,
pra ti a noite é clara como o dia,
nada se oculta ao teu divino olhar.
Tu me teceste no seio materno
e definiste todo meu viver.
As tuas obras são maravilhosas.
Que maravilha, meu Senhor, sou eu.
Para onde irei? Para onde fugirei?
Se subo ao céu ou se me prostro,
no abismo eu te encontro lá.
Para onde irei? Para onde fugirei?
Se estás no alto da montanha verdejante
ou nos confins do mar,
dá-me tuas mãos, oh meu Senhor bendito.

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O chamado de Deus

Benditas sejam sempre tuas mãos.


Prova-me, Deus, e vê meus pensamentos.
Olha-me, Deus, e vê meu coração.
Livra-me, Deus, de todo mau caminho.
Quero viver, quero sorrir, cantar.
Pelo caminho da eternidade,
Senhor, terei toda felicidade.
Para onde irei? Para onde fugirei?
Se subo ao céu ou se me prostro,
no abismo eu te encontro lá.
Para onde irei? Para onde fugirei?
Se estás no alto da montanha verdejante
ou nos confins do mar.

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