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Rádio Comunitária II: Introdução

Comparando o Brasil aos outros países, vimos que estávamos


atrasados com relação às leis que definiam as regras das telecomunicações.
Com a criação da ANATEL, houve uma modernização em tais leis, o que
possibilitou a implantação da Lei Geral de Telecomunicação (L.G.T.).
Posteriormente criou-se a lei que regulamenta o serviço de rádio
comunitária no Brasil, com a aprovação da lei 9612 de 1998 [1]. Surge então
a oportunidade de termos no Brasil, emissoras de rádio de pequeno porte,
definidas como Rádio Comunitária (RadCom), oportunidade essa devido às
dificuldades que anteriormente haviam para se conseguir uma concessão
de uma emissora em FM, por ser um investimento de alto valor que
dependia da aprovação do Congresso Nacional e liberação de canal na
cidade proposta.

As concessões deste tipo de emissora são destinadas para fundações


ou associações comunitárias. A partir de então começou uma corrida para
se ter uma concessão deste tipo de serviço. Com a outorga da lei, inicia-se
este trabalho que visa implantar a rádio comunitária de nome fantasia POP
FM 87,9 MHz, localizada no Estado de Minas Gerais, na cidade de Belo
Horizonte, no bairro Providência, com concessão destinada ao Conselho
Comunitário do Bairro Providência (COMPROV).

Este trabalho visa desenvolver um projeto de implantação de uma


emissora de rádio comunitária no centro social do bairro Providência,
amparada na lei 9612/98, que funcionará com potência efetiva irradiada
definida por lei, cobrindo um limite máximo de contorno protegido para a
rádio de 1 km, a contar da torre de transmissão.

Será apresentada neste trabalho de conclusão de Curso, toda


trajetória para se implantar uma rádio comunitária, desde estudos de
topografia do terreno até os cálculos de limites de contorno de serviço
protegido com base na lei 9612/98 que regulamenta o serviço de Rádio
Comunitária no Brasil. Depois de feitos todos os cálculos de viabilidade
técnica para Implantação da emissora, e conseguindo chegar a valores
estipulados pela Norma, será encaminhado ao Ministério das
Comunicações pedido de outorga para um Canal em Frequência Modulada
para execução do serviço.
A Rádio Comunitária surge da necessidade de nos comunicarmos uns
com os outros; a rádio comunitária permite uma forma de comunicação
eficaz, dentro do raio de cobertura da mesma; levando cidadania, educação
e cultura para todos que poderão sintonizar uma emissora democrática e
de comunicação simples, permitindo o entendimento de seu conteúdo
jornalístico até para as pessoas mais humildes.

Atualmente uma pequena parte da população detém grande parte


dos meios de comunicação em nosso país; essas pessoas normalmente são
políticos, pois possuem além de condições financeiras favoráveis,
facilidades em conseguir concessões de uso público.

Com a lei 9612/98 surge uma oportunidade para que a população


mais carente possa usufruir de um meio de comunicação mais próximo da
realidade de onde vive. A dificuldade a partir deste momento ficaria por
conta de se criar uma associação comunitária que inicialmente defenderia o
direito de exploração do meio de comunicação aqui exposto. Desta forma
atenderia um requisito na lei que impõe que somente associações
comunitárias de bairros ou fundações podem concorrer a concessões de
rádio comunitária. Nosso objetivo maior é conseguir uma concessão para
exploração de tal serviço, levando uma forma de entretenimento para as
pessoas do Bairro Providência e adjacências, sob o nome fantasia de POP
FM, operando na frequência de 87,9 MHz, canal este destinado a execução
do serviço de Radio difusão Comunitário na Região Metropolitana de Belo
Horizonte.

A questão de ser ter uma rádio comunitária localizada próxima aos


seus ouvintes traz como consequência uma união e um interligamento
entre a rádio e seu público alvo, uma vez que toda programação da mesma
é voltada para a comunidade onde está inserida a emissora. Todo trabalho
desenvolvido na emissora será executado por pessoas da própria
comunidade de forma voluntária, e assim sendo, teremos pessoas que
realmente se importam com este projeto.

A rádio ficará instalada no centro social do COMPROV, que vem


sendo construído para abrigar não somente a emissora como também
outros serviços destinados à comunidade, tais como: posto médico,
consultório odontológico, creche, consultório psicológico, dentre outros;
visando o beneficio exclusivamente para toda a população as margens do
centro comunitário.

Importância da Rádio Comunitária

A rádio comunitária é de suma importância não só para a localidade


onde será instalada como para toda a população em geral, pois marca uma
revolução nos meios de comunicação. Atualmente os meios de
comunicação, um poder tão importante no mundo atual, e de detenção de
poucos, pois requer interesses públicos para se conseguir uma concessão
de uma emissora seja de rádio ou de televisão, não obstante necessita de
um grande recurso financeiro para se projetar e construir uma emissora de
rádio comercial.

Os equipamentos utilizados por estas emissoras são em geral caros e


importados. Para se ter uma base, emissoras atualmente em
funcionamento em Frequência Modulada (FM), são vendidas por valores em
torno de 2 a 4 milhões de reais. Estes valores variam dependendo da
infraestrutura da emissora e localização da mesma [13].

A rádio comunitária levará cultura, entretenimento, diversão, lazer e


conscientização a região coberta pelo sinal da emissora, lugares esses que
normalmente são vilas e favelas de um modo geral. Não que uma rádio
comunitária somente possa a vir ser instalada em comunidades mais
humildes, mas o objetivo principal é a construção da cidadania de um povo,
através de um meio de comunicação que não seja manipulado por
interesses destrutivos como acontece nos meios de comunicação atuais
[13].

Uma rádio feita pelo povo para o povo, com uma linguagem simples
e humilde, de fácil entendimento de qualquer um, lidando com os
problemas locais da região onde instalada.
Estrutura do Trabalho

O desenvolvimento deste trabalho transcorrerá de forma linear. Após


a definição das coordenadas geográficas do local de instalação da emissora,
podemos fazer o levantamento de estudo do terreno com a intenção de
não achar desnível superior a 30 metros; na sequência, calcularemos a
viabilidade técnica para a rádio, relacionando o tipo de transmissor a ser
utilizado; calcularemos também os equipamentos que compõem o sistema
irradiante, antena transmissora, torre de sustentação, cabo coaxial dentre
outros.

Após termos definido os equipamentos que compõem o sistema


irradiante; sendo composto de transmissor, cabo coaxial, antena e torre de
sustentação, passaremos para o levantamento de custos dos mesmos, com
a intenção de conseguirmos o melhor equipamento por um baixo custo,
junto às empresas de Santa Rita do Sapucaí, no vale da eletrônica, em
Minas Gerais.

Tutoriais

O tutorial parte I apresentou inicialmente as características básicas


das Rádios Comunitárias e os aspectos regulatórios do serviço. A seguir
apresentou os aspectos técnicos das tecnologias relacionadas com a sua
implementação e fez uma breve incursão no futuro das emissoras de rádio
a partir da sua implementação digital.

Este tutorial parte II apresenta o projeto de implantação da Rádio


Comunitária, iniciando pela definição de sua localização, pelo levantamento
do terreno e pela definição e especificação do transmissor. A seguir
apresenta a especificação do sistema irradiante, da torre de transmissão, e
da linha de transmissão de RF. O projeto é finalizado apresentando os
cálculos da potência efetiva irradiada e da intensidade de campo no limite
da área do serviço. Finalmente, são apresentadas as conclusões do trabalho
realizado.
Rádio Comunitária II: Projeto, Localização e Transmissão

Para se implantar uma rádio comunitária deve-se observar toda


regulamentação específica para seu funcionamento dentro das regras da
Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) e do Ministério das
Telecomunicações [1].

Nossa base para implantação da emissora será a lei 9612/98 por se


tratar de uma lei específica para as emissoras comunitárias, e na Norma
complementar N.º 1/2004 – Serviço de Radiodifusão Comunitária.
Observando seus artigos podemos, passo a passo, dimensionar toda parte
técnica da emissora, conforme será feito a partir de agora nos cálculos de
viabilidade técnica. Esses cálculos são baseados em dados da emissora tais
como frequência de operação, distância do contorno protegido e potência
máxima irradiada, e compreendem cálculos de potência efetiva irradiada,
perdas na linha de transmissão e intensidade de campo no limite da área
de serviço [7].

Como sabemos o canal definido para a transmissão das emissoras


comunitárias é o canal 200, que corresponde à frequência de 87,9 MHz. Na
figura 1, podemos ver detalhadamente a locação deste canal no espectro
de radiofrequência.

Figura 1: Espectro de radiofrequência de 54 a 216 MHz


Fonte: Cartilha “Rádio comunitária - Desafios e Perspectivas - CCS”
Podemos ver que o canal 200 está localizado dentro da faixa de
frequência do canal 6 (TV), o que impede a coexistência de emissoras do
RadCom numa mesma localidade onde exista uma emissora de TV neste
canal (6).

Não é o caso de Belo Horizonte, onde não existe emissora de (TV)


operando no canal (6).

Localização da Emissora

A emissora será instalada nas dependências do COMPROV, juntamente


com todo sistema irradiante. Temos reservado três cômodos, que
compreenderão: o primeiro para abrigar o compressor de áudio, gerador
de estéreo e transmissor, segundo cômodo para o estúdio principal da
emissora, o terceiro será a recepção da rádio. Como o estúdio principal e o
sistema irradiante da emissora estão no mesmo edifício; não utilizaremos
sistema de link, onde poderíamos colocar o sistema irradiante na sede da
emissora, e o estúdio principal em outro local. Mas a lei não permite este
tipo de transmissão. Os dados do endereço da emissora são:

 Rua: Manhuara, 1371 – Providência;


 Belo Horizonte – MG;
 CEP: 31.814-020.

Coordenadas Geográficas do Local do Sistema Irradiante

Com base no mapa utilizado para determinação do nível médio do


terreno na área de prestação do serviço de Radiodifusão Comunitário,
obtivemos as coordenadas geográficas do local de instalação da emissora:

 Latitude: 19°S 51’15”;


 Longitude: 43°W 55’ 25”.

Levantamento do Nível Médio do Terreno


De acordo com a norma regulamentadora, a cota do terreno (solo),
no local de instalação do sistema irradiante, não poderá ser superior a
trinta metros, com relação à cota de qualquer ponto do terreno no raio de
um km em torno do local do sistema irradiante. De acordo com a ANATEL,
caso a condição estabelecida acima não seja satisfeita, a instalação
proposta será analisada como situação especial. Será feita uma análise de
um estudo específico que apresente as peculiaridades do terreno, com
levantamento das cotas num raio de até 4 km, no qual fique demonstrada a
execução adequada do serviço na área a ser atendida, sem acréscimo dos
valores de intensidade de campo sobre áreas de serviço de estações de
radiodifusão comunitária ocupando o mesmo canal [7].

Para tanto, utilizaremos o mapa da região pretendida de instalação da


rádio, para fazermos este levantamento topográfico da região delimitada a
um 1 km de raio. Os dados utilizados são [7]:

 Cartas Utilizadas: Cartas de Belo Horizonte, sistema geodésico Sul-


Americano 1969 – SAD/69;
 Denominação: Levantamento aerofotogramétrico;
 Procedência: PRODABEL – Empresa de informática de informação do
município de Belo Horizonte S.A.;
 Escala: 1:10.000;
 Equidistância das curvas de nível: 20,0 a 100,0 metros;
 Data da publicação: agosto / 1989.
A Tabela 3.1, abaixo, mostra de forma simplificada, o levantamento do
nível médio do terreno de cobertura da emissora, tomando como centro do
círculo, o sistema irradiante, juntamente com o estúdio principal da
emissora.

Tabela 1: Levantamento do Nível Médio do Terreno


LEVANTAMENTO DO NÍVEL MÉDIO DO TERRENO

AZIMUTE Nível médio do terreno


(Graus) (Metros)

0° 788

20° 788

40° 782,14

60° 782,5

80° 788,2

100° 794,3

120° 802,9

140° 853

160° 816,9

180° 814,3

200° 803

220° 805,6

240° 805,8

260° 793,04
280° 780,7

300° 782,5

320° 781,6

340° 782,5

Nível médio geral do terreno 796,5

Fonte: Cartas de Belo Horizonte, sistema geodésico Sul-Americano 1969 –


SAD/69

Atendendo a um requisito da norma: Em nenhum local da área de


cobertura da emissora, raio de 1 km, foi encontrada uma cota inferior a 30
metros do local pretendido [7].

Como forma de ilustração, na figura 2 podemos ver a representação


do desnível permitido no terreno de instalação da emissora [7].

Figura 2: Desnível Máximo do terreno até 1 km da Torre


Fonte: Cartilha “Rádio comunitária - Desafios e Perspectivas - CCS
Dados do Transmissor

Ao escolhermos o tipo de transmissor a ser utilizado em nossa rádio,


recorremos ao que a Norma estabelece como base técnica para o mesmo.
O transmissor deve atender aos requisitos abaixo:

 Somente será permitida a utilização de equipamentos transmissores


certificados pela ANATEL.
 Os equipamentos transmissores utilizados no Serviço de
Radiodifusão Comunitária deverão ser pré-sintonizados na
frequência de operação consignada à emissora e deverão ter sua
potência de saída inibida à potência de operação constante da
Licença para Funcionamento de Estação.

As especificações dos transmissores deverão atender aos requisitos


mínimos a seguir indicados:

 Os transmissores não poderão ter dispositivos externos que


permitam a alteração da frequência e da potência de operação.

 Os transmissores devem estar completamente encerrados em


gabinete metálico e todas as partes expostas ao contato dos
operadores serão eletricamente interligadas e conectadas à terra.

 Todo o transmissor deve ter fixado no gabinete uma placa de


identificação onde conste, no mínimo, o nome do fabricante, o
número de série, a potência nominal e a frequência de operação.

 O dispositivo de controle da frequência deve ser tal que permita a


manutenção automática da frequência de operação entre os limites
de mais ou menos 2000 Hz da frequência nominal.
 Qualquer emissão presente em frequências afastadas de 120 a 240
kHz (inclusive) da frequência da portadora deverá estar pelo menos
25 dB abaixo do nível da portadora sem modulação.

 As emissões em frequências afastadas da frequência da portadora


de 240 kHz até 600 kHz, inclusive, deverão estar pelo menos 35 dB
abaixo do nível da portadora sem modulação.

 As emissões em frequências afastadas de mais de 600 kHz da


frequência da portadora deverão estar abaixo do nível da portadora
sem modulação de (73 + P) dB, onde P é a potência de operação do
transmissor em dBk.

 A distorção harmônica total das frequências de áudio, introduzidas


pelo transmissor, não devem ultrapassar o valor eficaz de 3% na
faixa de 50 a 15.000 Hz para percentagens de modulação de 25, 50 e
100%.

 O nível de ruído, por modulação em frequência, medido na saída do


transmissor, na faixa de 50 a 15.000 Hz, deverá estar, pelo menos, 50
dB abaixo do nível correspondente a 100% de modulação da
portadora por um sinal senoidal de 400 Hz.

 O nível de ruído, por modulação em amplitude, medido na saída do


transmissor, na faixa de 50 a 15.000 Hz, deverá estar, pelo menos, 50
dB abaixo do nível que represente 100% de modulação em
amplitude.
Com base nestes itens a serem atendidos, fizemos várias pesquisas de
mercado e chegamos à conclusão de que o transmissor a ser comprado
seria da Teletronix Equipamentos, por atender a todos os requisitos acima,
e pelo valor do mesmo ser acessível frente aos outros transmissores
similares de outras empresas consultadas. Tal transmissor apresenta os
seguintes dados:

 Fabricante: Auad Correa Equipamentos Eletrônicos LTDA.;


 Tipo: Transmissor de Radiodifusão;
 Modelo: TELETRONIX, SP5050;
 Categoria: 2B;
 Potência de Saída: 50,0 Watts com redução até 10,0 Watts;
 Número de Homologação: 27997 – XXX528.

Obs.: O transmissor utilizado será o transmissor SP5050 com potência


ajustável de 10 a 50 W.

Vale salientar uma importante observação: o transmissor será


calibrado internamente para operar com 37,0 Watts. A figura 3 apresenta
uma vista do painel frontal e traseiro do transmissor.

Figura 3: Transmissor de FM utilizado no Projeto


Fonte: Foto do site www.teletronix.com.br/transmissores
Rádio Comunitária II: Sistema Irradiante
Dados do Sistema Irradiante

Ao escolhermos o tipo de antena transmissora a ser utilizada em nossa


rádio, recorremos ao que a Norma estabelece como base técnica para a
mesma. A antena deve atender aos requisitos listados a seguir:

 O sistema irradiante de estação do Serviço de Radiodifusão


Comunitária deverá estar localizado, preferencialmente, no centro da
área de serviço da emissora.
 O diagrama de irradiação da antena utilizada por estação do Serviço
de Radiodifusão Comunitária deverá ser omnidirecional.
 O ganho da antena transmissora será de, no máximo, 0 dB, em
relação ao dipolo de meia onda.

Com base nos itens acima a serem atendidos, fizemos várias pesquisas
de mercado e chegamos à conclusão de que a antena a ser comprada seria
da Teletronix Equipamentos, por atender a todos os requisitos acima e pelo
valor da mesma, comparado este valor com o valor de outras antenas de 0
dB de ganho de outros fabricantes [4] [7].

Abaixo estão listados os dados da antena transmissora escolhida para o


sistema irradiante:

 Fabricante: Auad Correa Equipamentos Eletrônicos LTDA.;


 Tipo de Antena: Dipolo de meia-onda Onidirecional;
 Modelo: DP0dB;
 Polarização: Linear, Vertical;
 Ganho máximo com relação ao dipolo de meia onda: 0dBd ou 1,0
vezes.
Como forma de visualização é apresentada na figura 4 uma foto da
antena que utilizaremos no sistema irradiante de nossa emissora, POP FM
87,9 MHz, retirada do site da empresa Teletronix Equipamentos [4].

Figura 4: Antena Dipolo 1/4 de onda utilizada no Projeto


Fonte: Foto do site www.teletronix.com.br
Como a lei determina que o diagrama de irradiação da antena
utilizada por estação do Serviço de Radiodifusão Comunitária deverá ser
omnidirecional, na figura 5 é mostrado, como forma de ilustração, o
Diagrama de Irradiação da Antena Dipolo ¼ de Onda.

Figura 5: Diagrama de Irradiação da Antena Dipolo 1/4 de onda


Fonte: Foto do site www.idealantenas.com.br
Com base no diagrama de irradiação da antena a ser utilizada,
podemos extrair os valores de intensidade de campo e tabelá-los, conforme
é apresentado na Tabela 3.1.

Tabela 2: Valores de Intensidade de Campo Antena Dipolo ¼ de Onda


Graus E/Emax (dB) (%) Graus E/Emax (dB) (%)

0º 1 0 100,00% 90º 0,78 -2,16 60,84%

-
5º 0,99 98,01% 95º 0,76 -2,38 57,76%
0,09

-
10º 0,99 98,01% 100º 0,75 -2,5 56,25%
0,09

-
15º 0,99 97,02% 105º 0,73 -2,73 53,29%
0,13

-
20° 0,98 96,04% 110º 0,72 -2,85 51,84%
0,18

-
25º 0,97 94,09% 115º 0,7 -3,1 49,00%
0,26

-
30º 0,96 92,16% 120º 0,69 -3,22 47,61%
0,35

-
35º 0,95 90,25% 125º 0,68 -3,35 46,24%
0,45

-
40º 0,93 86,49% 130º 0,67 -3,48 44,89%
0,63

-
45º 0,92 84,64% 135º 0,66 -3,61 43,56%
0,72
-
50º 0,9 81,00% 140º 0,65 -3,74 42,25%
0,92

-
55º 0,89 79,21% 145º 0,64 -3,88 40,%%
1,01

-
60º 0,88 77,44% 150º 0,63 -4,01 39,69%
1,11

-
65º 0,87 75,69% 155º 0,63 -4,01 39,69%
1,21

-
70º 0,85 72,25% 160º 0,63 -4,01 39,69%
1,41

-
75º 0,84 70,56% 165º 0,62 -4,15 38,44%
1,51

-
80º 0,82 67,24% 170º 0,62 -4,15 38,44%
1,72

-
85º 0,8 64,00% 175º 0,62 -4,15 38,44%
1,94

-
180º 0,62 38,44% 270º 0,78 -2,16 60,84%
4,15

-
185º 0,62 38,44% 275º 0,8 -1,94 64,00%
4,15

-
190º 0,62 38,44% 280º 0,82 -1,72 67,24%
4,15

-
195º 0,62 38,44% 285º 0,84 -1,51 70,56%
4,15
-
200º 0,63 39,69% 290º 0,85 -1,41 72,25%
4,01

-
205º 0,63 39,69% 295º 0,87 -1,21 75,69%
4,01

-
210º 0,63 39,69% 300º 0,88 -1,11 77,44%
4,01

-
215º 0,64 40,96% 305º 0,89 -1,01 79,21%
3,88

-
220º 0,65 42,25% 310º 0,9 -0,92 81,00%
3,74

-
225º 0,66 43,56% 315º 0,92 -0,72 84,64%
3,61

-
230º 0,67 44,89% 320º 0,93 -0,63 86,49%
3,48

-
235º 0,68 46,24% 325º 0,95 -0,45 90,25%
3,35

-
240º 0,69 47,61% 330º 0,96 -0,35 92,16%
3,22

245º 0,7 -3,1 49,00% 335º 0,97 -0,26 94,09%

-
250º 0,72 51,84% 340º 0,98 -0,18 96,04%
2,85

-
255º 0,73 53,29% 345º 0,99 -0,13 97,02%
2,73

260º 0,75 -2,5 56,25% 350º 0,99 -0,09 98,01%


-
265º 0,76 57,76% 355º 0,99 -0,09 98,01%
2,38

Fonte: Tabela do site www.idealantenas.com.br

Esta tabela nos mostra a variação da relação da intensidade de


campo elétrico E em relação ao campo E (máximo), em função da variação
da inclinação da antena na torre de sustentação [5].

Tipo de Estrutura da Torre de Transmissão

Ao escolhermos o tipo de sustentação do sistema irradiante a ser


utilizado em nossa rádio, recorremos ao que a Norma estabelece como
base técnica para o mesmo. O tipo de estrutura para sustentação da
antena deve atender aos requisitos abaixo:

 O sistema irradiante de estação do Serviço de Radiodifusão


Comunitária deverá estar localizado, preferencialmente, no centro da
área de serviço da emissora;

 A altura da antena com relação ao solo será de, no máximo, trinta


metros;

 A cota do terreno (solo), no local de instalação do sistema irradiante,


não poderá ser superior a trinta metros, com relação à cota de
qualquer ponto do terreno no raio de um km em torno do local do
sistema irradiante;

 O estúdio e o transmissor devem estar instalados,


preferencialmente, na mesma edificação, não sendo permitida a
instalação de estúdio auxiliar [7].
Atendendo aos requisitos acima, optamos pelo seguinte tipo de
sustentação:

 Tipo de estrutura de sustentação: Auto-suportável;

 Altura física da estrutura de sustentação em relação à sua base: 30,0


metros;

 Altura do centro geométrico da antena em relação à base da


estrutura de sustentação: 30,0 metros;

 Altitude da base da estrutura de sustentação sobre o nível do mar:


795 metros;

 Altura do centro geométrico da antena sobre o nível geral do terreno:


28,05 metros.

Dados da Linha de Transmissão em R.F.

Para escolhermos o tipo de cabo a ser utilizado em nossa emissora


recorremos à Norma, que estabelece a base técnica para o mesmo. O tipo
de cabo a ser utilizado deverá ser:

“I) A ligação entre o transmissor e a antena deve ser feita por meio de
cabo coaxial.”

Existem diversos tipos de cabos coaxiais disponíveis no mercado


nacional, optamos por aquele que tem a menor perda em relação ao seu
comprimento, e atendesse ao requisito do sistema irradiante e do
transmissor, de que sua impedância deverá ser de 50 Ω. O cabo que mais
atende aos nossos requisitos é aquele que minimiza as perdas na linha de
transmissão.

Assim sendo, escolhemos o cabo listado abaixo:

 Fabricante: KMP Pirelli;


 Tipo: Cabo coaxial;
 Modelo: RGC 213;
 Impedância Característica: 50 Ω;
 Atenuação em dB por 100 metros: 5,0 dB / 100m;
 Comprimento Total: 35,0 metros;
 Eficiência: 0,668;
 Perda na Linha: ((5x35) / 100) = 1,75 dB.

De acordo com os cálculos, a perda com a utilização deste cabo, será de


1,75 dB, uma perda considerada aceitável. A Figura 3.6 apresenta uma
ilustração do cabo RGC 213, incluindo detalhes de sua estrutura.

Figura 6: Cabo coaxial RGC 213


Fonte: Foto do site www.pirellicabos.com.br/RGC 213
Rádio Comunitária II: Potência Irradiada e Intensidade de
Campo

Potência Efetiva Irradiada (ERP)

De acordo com a lei, a potência efetiva irradiada pela rádio


comunitária deverá ser de -16 dBk, para que possamos ter uma intensidade
de campo máxima dentro do raio de 1 km ao redor da torre de transmissão
de 91dBµ.

Este valor é estabelecido por lei, para que o sinal de uma emissora do
RadCom não interfira em nenhuma circunstância no sinal da emissora
vizinha.

A potência efetiva irradiada (ERP) por emissora do RadCom deverá


ser igual ou inferior a 25 Watts. A distância mínima entre emissoras do
RadCom deverá ser de 4,5 km, possibilitando assim um melhor uso do
espectro de radiofrequência, uma vez que todas as emissoras utilizam o
mesmo canal dentro de uma cidade. No caso de Belo Horizonte, o canal
escolhido é o 200, que corresponde à frequência de 87,9 MHz. Em cidades
cujo raio é menor que 4,5 km de distância, haverá apenas uma concessão
de rádio comunitária.

O cálculo da potência efetiva irradiada é dado pela equação a seguir:

 ERP (dBk) – potência efetiva irradiada, em dB relativos a 1 kW


(tomado o valor máximo, de -16 dBk, correspondentes a 25 W),
sendo:

ERP (dBk) = 10 log ( Pt x Ght x Gvt x η )

Onde:

 Pt - potência do transmissor, em kW;


 Ght - ganho da antena, no plano horizontal, em relação ao dipolo de
meia onda, em vezes;
 Gvt - ganho da antena, no plano vertical, em relação ao dipolo de
meia onda, em vezes;
 η - Eficiência da linha de transmissão.

Valores utilizados neste projeto:

 Potência de operação do Transmissor: 37,0 Watts.


o Passando para kW:
o Pt = 0,037 kW.

 Tipo de antena: Dipolo de meia-onda Onidirecional.


o Polarização: Linear, Vertical.
o Ganho máximo com relação ao dipolo de meia-onda: 0dBd ou
1,0 vezes.
o Ght = 1

 Tipo de antena: Dipolo de meia-onda Onidirecional.


o Polarização: Linear, Vertical.
o Ganho máximo com relação ao dipolo de meia-onda: 0dBd ou
1,0 vezes.
o Gvt = 1

 Cabo coaxial RG213 com eficiência da linha de transmissão igual:


o η = 0,668

Substituindo os valores e calculando temos:

ERP (dBk) = 10 log ( Pt x Ght x Gvt x η )

ERP (dBk) = 10 log ( 0,037 x 1 x 1 x 0,668) = -16,07dBk


Este valor (-16,07dBk) está dentro do valor máximo estipulado pela Norma
complementar N.º 1/2004 – Serviço de radiodifusão comunitária [7].

Intensidade de Campo no Limite da Área do Serviço

De acordo com a lei, a intensidade de campo máxima dentro do raio


de 1 km ao redor da torre de transmissão deverá ser de 91dBµ. Sendo
assim, de acordo com a fórmula podemos calcular esta intensidade de
campo.

O máximo valor de intensidade de campo que a estação poderá ter a


uma distância de um quilômetro da antena e a uma altura de 10 metros
sobre o solo será de 91 dBμ, obtido a partir da expressão [7]:

E (dBμ) = 107 + ERP (dBk) – 20 log d (km)

Onde:

 ERP (dBk) – potência efetiva irradiada, em dB relativos a 1 kW


(tomado o valor máximo, de -16 dBk, correspondentes a 25 W).
 d (km) – Distância da antena transmissora ao limite da área de
serviço (raio da área de serviço).

Valores utilizados neste projeto:

 ERP (dBk) = -16,07dBk


 d (km) = 1 km

Substituindo os valores e calculando temos:

E (dBμ) = 107 + ERP (dBk) – 20 log d (km)


E (dBμ) = 107 + (-16,07dBk) – 20 log (1,0 km) = 90,93 dBµ.

Este resultado atende ao requisito da lei de limite de intensidade de


campo não superior a 91 dBμ, conforme calculado acima [7].

Podemos visualizar na Figura 3.7, como varia o nível de intensidade


de campo à medida que nos afastamos da torre de transmissão da
emissora do RadCom.

Para cobertura com sinal de 54 dBμ, uma emissora do RadCom pode


alcançar por volta de 5,6 km para áreas de baixo ruído ambiente,
normalmente são emissoras localizadas em áreas rurais.

Figura 7: Cobertura da Estação do RadCom

Fonte: Cartilha “Rádio comunitária - Desafios e Perspectivas - CCS”.


Rádio Comunitária II: Conclusões

No decorrer deste trabalho, após executarmos todos os cálculos


inerentes aos propostos pela norma complementar N°01/2004, podemos
concluir que a implantação da Rádio Comunitária POP FM 87,9 MHz no local
antes mencionado neste estudo, é totalmente viável. Observamos que os
resultados alcançados após execução dos cálculos estão em conformidade
com os limites impostos em norma [7].

Estamos aguardando a liberação da outorga, seja ela provisória ou


definitiva, para efetuarmos a compra dos equipamentos, e assim
colocarmos a emissora em funcionamento. Teremos instalado em nossa
emissora, na parte de áudio, os seguintes equipamentos: compressor de
áudio, gerador de estéreo, mesa de áudio de 12 canais, dois aparelhos de
CD player, um toca discos, dois gravadores de fita K-7, uma híbrida
telefônica. Já para a transmissão contaremos com: transmissor de
Frequência Modulada de 37 Watts, cabo coaxial RG213, torre de
sustentação e finalizando antena dipolo onidirecional de 0 dBd de ganho
[7].

Quando do início do nosso processo (1998) a lei Nº. 9612 de 19 de


fevereiro de 1998, determinava que a distância mínima entre as emissoras
do RadCom, deveria ser de 2,5 km, mas com a norma complementar Nº.
01/2004, a distância foi alterada para 4 km. Esta mudança tornou inviável
vários projetos que foram enviados até 2004, obrigando a aqueles que
ainda quisessem implementar uma rádio comunitária a refazerem seus
projetos para obterem a outorga [1].

Esta iniciativa do Ministério das Comunicações deixa claro o interesse


do mesmo em diminuir o número de processos para serem analisados, e
reduzir significativamente o número de emissoras outorgadas.
Ter uma Rádio Comunitária em funcionamento significa uma luta de
anos e anos, contra o regime de oligopólio das telecomunicações em que
vivemos. A Rádio Comunitária é um direito do povo, uma forma de
expressão cultural de uma comunidade qualquer. Deve ser preservada por
esta última, atendendo aos requisitos de qualidade jornalística, perfazendo
uma mídia independente e imparcial, totalmente desvinculada dos
interesses políticos.

Em 1997, uma reportagem da Gazeta Mercantil sobre rádios


comunitárias ilustra o caráter das rádios comunitárias. "Uma emissora
comunitária tem como característica principal o fato de operar em via de
duas mãos: ela não apenas fala como ouve, principalmente, assegurando,
assim, à comunidade o direito de se fazer ouvir, em seus reclamos e em
suas manifestações culturais e artísticas de natureza local".

Mesmo que no decorrer do projeto não consigamos a outorga,


esperamos que este trabalho possa auxiliar a todos aqueles que tiverem
interesse em desenvolver um projeto similar em sua comunidade.

Contamos com o apoio da empresa Teletronix, de Santa Rita do


Sapucaí, a qual está desenvolvendo todo o projeto conosco.

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