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Gerência geral: Rafael Cobianchi

Coordenação Editorial: Thuâny Simões


Projeto Editorial: Rhayssa Siqueira
Preparação e revisão: Decápole/Bruno Castro
Projeto gráfico e diagramação: Diego Rodrigues
Capa: Thiago de Almeida
 
 
 
Este livro segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.
 
 
 
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Cachoeira Paulista, SP, Brasil, 2022
m at h e u s f e r n a n d e s
comunidade católica ruah

a
eSPIRITUALIDADE
arcanjos
d o s s a n t o s

c o m o v i v ê - l a
´
sumario
Prefácio.................................................................................... 11
Apresentação............................................................................13
1. Uma luz para estudarmos os santos anjos..............................15
Fontes seguras: o que ensina a Santa Igreja............................... 15
2. Deus criou todas as coisas ordenadas................................... 23
A criação das coisas visíveis e invisíveis......................................23
Qual a liberdade dos anjos?......................................................30
3. Hierarquias.......................................................................... 35
Os anjos cooperam para o nosso bem....................................... 35
Disposição das ordens angélicas................................................37
Primeira hierarquia – Deus Pai e Criador.................................41
Serafins, Querubins e Tronos..........................................41
Segunda hierarquia – Deus Espírito Santo Santificador............46
Dominações, Potestades e Virtudes.................................46
Terceira Hierarquia – Deus Filho Redentor.............................. 52
Principados, Arcanjos e Anjos......................................... 52
Festas..............................................................................59
4. Falsas devoções angélicas..................................................... 63
Sincretismo religioso................................................................63
Como saber se uma oração ou devoção é mesmo católica?........68
Devoções não católicas.............................................................68
Posso invocar outros arcanjos?.........................................68
5. São Rafael Arcanjo: “medicina de Deus”.............................. 75
São Rafael, guia e guarda dos viajantes.....................................75
São Rafael, protetor do peregrino.............................................79
São Rafael, refúgio das pessoas indigentes.................................82
São Rafael, consolo para os aflitos.............................................85
São Rafael, médico dos enfermos..............................................87
São Rafael, guardião do matrimônio.........................................91
São Rafael, protetor das famílias...............................................95
São Rafael, auxílio nas tentações...............................................98
São Rafael, amigo das pessoas caridosas................................... 101
6. São Gabriel Arcanjo: “Força de Deus”................................ 105
São Gabriel, auxílio dos escolhidos.......................................... 105
São Gabriel, mestre e socorro dos profetas............................... 107
São Gabriel, fortaleza dos fracos...............................................111
São Gabriel, embaixador de Deus............................................ 113
São Gabriel, anjo da força de Deus.......................................... 116
São Gabriel, anjo da encarnação.............................................. 117
São Gabriel, mensageiro da revelação...................................... 120
São Gabriel, guia de São José e da Sagrada Família.................. 121
São Gabriel, consolador do Senhor.......................................... 124
7. São Miguel Arcanjo: “quem como Deus?”.......................... 127
São Miguel, baluarte da fé....................................................... 127
São Miguel, luz dos anjos........................................................ 130
São Miguel, cheio da graça de Deus........................................ 133
São Miguel, príncipe dos exércitos do Senhor.......................... 135
São Miguel, vencedor do dragão infernal................................. 138
São Miguel, guardião do Paraíso............................................. 143
São Miguel, nosso advogado.................................................... 145
São Miguel, príncipe da Igreja................................................. 146
São Miguel, perfeito adorador do Verbo.................................. 148
8. Os santos anjos da guarda.................................................. 153
Todos nós temos um Santo Anjo da Guarda........................... 153
Quando recebemos nosso Santo Anjo da Guarda?................... 155
Qual é a hierarquia do meu Anjo da Guarda?.......................... 157
Meu Santo Anjo fica comigo o tempo todo?............................ 158
Posso dar um nome ao meu Anjo da Guarda?......................... 162
Herói de guerra e servo no ministério de São Miguel............... 163
A força do Santo Anjo da Guarda............................................ 166
O que acontece com nosso anjo quando morremos?................ 167
Como meu Santo Anjo pode se manifestar a mim?.................. 169
9. A experiência com os santos arcanjos.................................. 171
Os Anjos e Arcanjos na vida dos santos................................... 171
São João de Deus e São Rafael Arcanjo.................................... 171
São João Bosco e seu Anjo da Guarda...................................... 173
Santa Maria Francisca das Cinco Chagas e São Rafael Arcanjo.174
Santa Faustina Kowalska e São Miguel Arcanjo....................... 175
São Padre Pio e São Miguel Arcanjo........................................ 176
Santa Joana d’Arc e São Miguel Arcanjo.................................. 177
São Francisco de Assis e a Quaresma de São Miguel Arcanjo... 179
Beata Ana Rosa Gattorno e São Gabriel Arcanjo..................... 180
Testemunhos que vivemos....................................................... 181
Uma senhora paraguaia.................................................. 182
Rezar certo..................................................................... 183
Queda de energia repentina............................................ 183
UTI infantil................................................................... 185
Levanta-te e vai para a capela.......................................... 187
Meu avô......................................................................... 188
A maior graça que podemos receber................................ 192
Conclusão.............................................................................. 195
Apêndice................................................................................197
A simples prática da espiritualidade angélica............................ 197
Súplica Ardente aos Santos Anjos............................................ 198
Referências bibliográficas....................................................... 205
´
prefacio
A Igreja ensina que:

A existência dos seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada


Escritura chama habitualmente de Anjos, é uma verdade de fé. O
testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a unanimidade
da Tradição. (Catecismo § 328)

P
ortanto, é dogma de fé a existência dos Anjos. Ao
longo de toda a Sagrada Escritura eles estão presentes,
do Gênesis ao Apocalipse. São Gregório Magno contou
mais de trezentas passagens sobre os Anjos na Bíblia. A Carta aos
Hebreus diz que eles “são todos espíritos servidores, enviados
ao serviço dos que devem herdar a salvação” (Hb 1,14).
São Jerônimo dizia que Deus ama tanto os homens que deu
a cada um deles um Anjo da Guarda. Vale destacar a presença
marcante deles na vida de Jesus, desde a sua concepção até a
Sua Ascensão ao Céu.
Em nossos dias, o povo de Deus tem se interessado mais
em conhecer os Anjos. Neste sentido, tenho a satisfação de
apresentar o livro do missionário Matheus Fernandes, que tem

11
A espiritualidade dos Santos Arcanjos

estudado profundamente este assunto, com base no que ensina


a Sagrada Escritura, a Sagrada Tradição da Igreja e o Sagrado
Magistério; o que é fundamental para o bom ensino.
O livro de Matheus Fernandes, A espiritualidade dos Santos
Arcanjos: como vivê-la, contém um estudo profundo sobre os
Santos Arcanjos, São Miguel, São Rafael e São Gabriel, indi-
cando o ministério de cada um deles.
A obra traz os ensinamentos dos grandes Santos da Igreja
sobre os Anjos, e de modo especial daqueles que tiveram um
relacionamento mais íntimo com os seus Anjos da Guarda. Traz
inúmeras citações de Santos doutores da Igreja e poderá ajudar
o povo de Deus a conhecer, correta e profundamente, a atuação
dos Santos Arcanjos e também do nosso Anjo da Guarda.
Peço a Deus que os que lerem este livro possam ter uma
grande edificação espiritual, um conhecimento profundo dos
Santos Anjos e um relacionamento fervoroso com eles.

Prof. Felipe Aquino

12
˜
apresentacao

E ˜
m maio de 2015, o saudoso Bispo Dom Redovino Rizzar-
do nomeou-me assessor eclesiástico para a Comunidade
Católica RUAH, que foi referendado pelo nosso atual
Bispo Diocesano Dom Henrique Aparecido de Lima. Desde
então, venho acompanhando e orientando espiritualmente esta
comunidade. Conviver com esses jovens foi para mim uma
dádiva, pois não havia presenciado ainda tanta intensidade de
oração, doação e preocupação em resgatar, principalmente, a
juventude para o caminho de Deus e do bem.
Depois de um longo período sem haver nenhuma pu-
blicação sobre a espiritualidade angélica, somos presenteados
por esta obra que vem resgatar e afervorar tal espiritualidade,
protegendo-a do erro do sincretismo religioso e do simples
devocionismo.
O livro “A Espiritualidade dos Santos Arcanjos – Como
vivê-la”, de autoria do missionário Matheus Fernandes, fun-
dador da Comunidade Católica RUAH, apresenta um estudo
e a vivência da espiritualidade angélica. É, sem dúvida, uma
obra de grande confiabilidade, pois está em plena sintonia com
as Diretrizes da fé da Igreja Católica Apostólica Romana e em

13
A espiritualidade dos Santos Arcanjos

perfeita consonância com as Sagradas Escrituras, a Sagrada


Tradição e com o Sagrado Magistério.
Tenho a certeza de que, ao ler esta obra, você também
navegará, juntamente com os personagens envolvidos e os anjos
dispostos por Deus, para realizar a sua obra na condução do
Seu Povo rumo à santidade e à salvação.
Uma ótima leitura! Que Deus os abençoe e seus Anjos
os protejam!

Diácono Antonio Bitencourt do Amaral

14
1. uma luz para
estudarmos os
santos anjos

Fontes seguras: o que ensina a Santa Igreja

A
o longo dos anos, muitas pessoas têm me pergun-
tado: “Você ensina sobre anjos e demônios, mas onde
você busca suas fontes? Como você estuda?”. Elas me
dizem que procuram, mas não conseguem achar conteúdo
e que, se encontram, muitas vezes é superficial e incompleto.
Eu gosto muito quando vejo esse interesse nas pessoas, pois é
importantíssimo conhecer mais a fundo o que os estudos sobre
a angelologia e a demonologia nos ensinam. Acima de tudo,
porque o aprofundamento na devoção aos Santos Anjos é de
um imensurável benefício para nossa vida e nossa caminhada.
Infelizmente, vivemos uma época em que pouco se fala
a respeito da devoção aos Santos Anjos. Não há na literatura
da atualidade muitas opções que sejam, ao mesmo tempo, de

15
A espiritualidade dos Santos Arcanjos

qualidade e fiéis à fé católica. Não que nossos teólogos atuais


não tenham produzido conteúdos importantes – na Europa, por
exemplo, especialistas em angelologia têm trazido à tona esse
tema com cada vez mais frequência. Entretanto, o mesmo não
se aplica à América do Sul e, de modo particular, ao Brasil. Em
nosso país, o pouco conteúdo disponível ainda não se tornou
tão popular e acessível. Essa escassez de fontes confiáveis gera
falta de conhecimento, e a falta de conhecimento gera a falta de
interesse. É um ciclo vicioso que se expandiu nos últimos tempos,
mas que agora tem sido vencido por uma grande moção divina.
Respondendo às perguntas, minhas fontes de estudo são,
primordialmente: o Catecismo da Igreja Católica (CIC); o
Código de Direito Canônico; a Suma Teológica de Santo
Tomás de Aquino; escritos dos santos doutores da Igreja; e,
evidentemente, as Sagradas Escrituras, sendo utilizadas neste
livro a Bíblia Ave-Maria e a Bíblia de Jerusalém. Certamente,
algumas referências são de teólogos recentes, mas a base mais
sólida, mesmo para eles, ainda se encontra na Sagrada Tradição.
Se buscarmos na Patrística1 os ensinamentos dos Santos
Padres da Igreja ainda nos primeiros séculos, veremos que muito
se falou e ensinou sobre os anjos. Trata-se de um repertório
riquíssimo que até hoje é objeto de estudo e reflexão. Dentre
os que discorreram a respeito dos Santos Anjos nesse período,
destaco: São Dionísio – areopagita –, que é apresentado na Suma

1
Para quem não está familiarizado com o termo, Patrística é a corrente
filosófica cristã de estudos dos nossos primeiros pais na fé, nos três primeiros
séculos da Igreja, e consistia em dissertar e elaborar sobre as doutrinas e
verdades de fé católicas, bem como em combate a heresias.

16
MATHEUS FERNANDES

Teológica de Santo Tomás de Aquino como “Pseudo-Dionísio”;


Santo Agostinho; São Jerônimo; São Gregório; e outros.
A ação dos Santos Anjos sempre esteve presente no seio da
Igreja; porém, como já dissemos, ao longo dos séculos houve
uma notável diminuição desta santa devoção. Em alguns pe-
ríodos, pouco se produziu a esse respeito. Veremos o resgate
deste tema na segunda metade da Idade Média, quando Santo
Tomás de Aquino, no século XIII, documentou suas conclusões
em diversos trabalhos, mas, principalmente, nos tratados de
sua Suma Teológica, pela qual estabelece relações entre razão,
filosofia, ciência, fé e teologia. Para ele, três coisas eram neces-
sárias para a salvação: “Saber o que deve crer, o que deve querer
e o que deve fazer”. Frade da Ordem dos Pregadores, Santo
Tomás recebeu mais tarde o título de “Doutor Angélico”. Seu
inigualável trabalho não só trouxe à luz esta santa devoção,
como suas reflexões se tornaram fonte indubitável para nós e
são estudadas até hoje.
Contemporâneo de Santo Tomás de Aquino, temos São
Boaventura: teólogo, filósofo e frade da Ordem dos Frades
Menores. Durante sua vida, dedicou-se a escrever sobre diver-
sos assuntos, incluindo os Santos Anjos. Falava com firmeza
da urgência em se estudá-los e, a esse respeito, direcionou a
seguinte fala aos confrades e sacerdotes:

Estas coisas a muitos parecem alheias e estranhas. Com efeito,


muitos são tidos por grandes clérigos, mas não sabem dizer o nome
dos coros dos anjos. Nós, que estamos à porta daquela Jerusalém
da cúria celeste, pela qual a cada dia esperamos, e desejamos uma

17
A espiritualidade dos Santos Arcanjos

vez entrar, não conhecemos nem queremos conhecer os nomes dos


ministros daquela cúria. É grande negligência.2

Uma de suas frases mais conhecidas nos mostra o quanto


a fé e a razão permeavam seus estudos:

Não basta a leitura sem a unção, não basta a especulação


sem a devoção, não basta a pesquisa sem maravilhar-se; não basta a
circunspecção sem o júbilo, o trabalho sem a piedade, a ciência sem
a caridade, a inteligência sem a humildade, o estudo sem a graça.

Exatamente em um momento em que a prática da filoso-


fia grega invadia a Europa, inclusive dentro das Ordens e dos
Mosteiros, quando muito se divagava sobre o sentido da vida,
Deus, dogmas e assuntos de fé, surgiram grandes pensadores
da Igreja. Nas universidades, estudantes, frades e pregadores
entravam em choque em debates teológicos e, neste cenário
difícil de divisão, figuras como São Boaventura e Santo Tomás
de Aquino emergem como inspiração divina para o mundo.
Esse movimento inaugurou o que chamamos de Escolástica: um
método de desenvolvimento do pensamento crítico que objetiva
conciliar a fé cristã com o pensamento racional e filosófico.
Algo semelhante se deu séculos mais tarde. Ao fim da Era
Moderna, muitas heresias sobre o mundo angélico haviam sur-
gido. A disseminação de seitas pagãs, falsas doutrinas, ocultismo,
espiritismo e pseudociências esotéricas, principalmente vindas do
Oriente, e até do protestantismo, trouxeram consigo a mancha

2
Sermo V, de Sanctis Angelis, Opera Omnia IX, p. 625.

18
MATHEUS FERNANDES

do sincretismo religioso. Quase todas elas, de alguma forma,


apropriam-se da figura mística dos anjos em suas doutrinas.
Consequentemente, a falta de conhecimento aprofundado dos
cristãos sobre a devoção aos Santos Anjos permitiu que essas
crenças se infiltrassem na fé católica. Isso ocorreu de tal modo
que, até os dias de hoje, sofremos com essa interferência.
Por misericórdia, Deus nos enviou seu socorro mais uma
vez. É nesse cenário que surge o grande Papa Leão XIII. Pro-
fundo conhecedor dos estudos teológicos de Santo Tomás de
Aquino, assim que foi eleito Papa, trabalhou fortemente para
incentivar o entendimento entre a Igreja e o mundo moderno.
Trouxe de volta a doutrina escolástica, exigiu também que se
resgatasse e estudasse a teologia de Santo Tomás de Aquino e
fez dela o sistema filosófico e teológico oficial da Igreja Católica,
e não apenas para os sacerdotes, mas para padres em formação
e fiéis leigos. Além disso, reabriu o Observatório do Vaticano,
para afirmar a todos, na prática, que a Igreja não se opõe à
ciência, ao contrário, incentiva e promove estudos e discussões.
Por consequência de suas ações nesse sentido, seu belo papado
reavivou a Igreja da época, conquistou novos fiéis e trouxe de
volta muitos que estavam afastados.
Leão XIII era um grande devoto de São Miguel Arcanjo.
Há relatos, inclusive, de que tinha sempre em seu bolso um
pequeno livreto com reflexões, orações e invocações a São Miguel.
Durante o dia, por várias vezes, lançava mão do livreto e rezava.
Durante seu papado, também promoveu a devoção ao Espírito
Santo, a devoção mariana e ao Santo Rosário. Faleceu em 1903.

19
A espiritualidade dos Santos Arcanjos

Não se sabe com exatidão a data, mas acredita-se que,


entre 1884 e 1886, Leão XIII viveu uma experiência mística
profunda durante uma Santa Missa. O Papa teve uma revelação
divina de que espíritos demoníacos invadiam a Igreja de Roma.
Movido pelos escritos de Santo Tomás de Aquino, recorreu
imediatamente a São Miguel, invocando-o para protegê-la.
Foi nesse período que Leão XIII compôs o que hoje cha-
mamos de “orações leoninas”. Uma delas é o pequeno exorcis-
mo de São Miguel Arcanjo, tão conhecido por nós, e que ele
prescreveu para que se rezasse após cada Santa Missa, sempre
e em qualquer lugar do mundo.
Nós, missionários da Comunidade Ruah, em posse dos
nossos crucifixos (sinal externo e físico da nossa consagração
ao Carisma Ruah) temos a tradição de rezar juntos em nossa
casa de missão esta oração em alta voz, assim como também
cada um a reza em suas orações particulares diariamente. Nós a
rezamos, sobretudo, em cada Santa Missa, após a bênção final,
quando invocamos São Miguel Arcanjo para esta luta contra
o mal, conforme a prescrição.
Eis a oração:

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate. Sede o nosso


refúgio contra as maldades e as ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus,
instantemente o pedimos. E vós, príncipe da Milícia Celeste, pela
virtude divina, precipitai no Inferno Satanás e a todos os espíritos
malignos, que andam pelo mundo para perderem as almas. Amém.

20
MATHEUS FERNANDES

Acreditamos que a fonte de inspiração da súplica de Leão


XIII se encontra no suplemento da Suma Teológica de Santo
Tomás, mais precisamente conforme a q. 76, art. 3:

O ministério angélico será exercido principalmente por Mi-


guel, um dos Arcanjos, príncipe da Igreja, como foi o da Sinagoga,
conforme a Escritura do livro de Daniel, capítulo 10,13-21.3

Ou seja, São Miguel é o guardião da Igreja e tem autori-


dade para protegê-la.
No período entre o final do século XIX e o início do século
XX, as heresias acerca do mundo angélico cresceram ainda mais.
Contudo, muitos são os relatos de santos dessa mesma época
que viveram experiências extraordinárias com os Santos Anjos:
Santa Gemma Galgani, São Padre Pio de Pietrelcina, São João
Bosco, Santa Faustina e muitos outros. Embora essas experi-
ências sejam de nosso conhecimento, uma catequese completa
e sólida a respeito do mundo angélico não foi devidamente
difundida entre católicos leigos nos últimos tempos. Logo, a
compreensão da profundidade dessas experiências ficou longe
de atingir sua magnitude e sua significância.
O Papa Pio XII foi considerado o “pastor angélico”. Ao
final de seu pontificado, escreveu uma reflexão acerca de cinco
evidências presentes na devoção aos Santos Anjos. São elas: a
ajuda irrecusável que os Santos Anjos oferecem para crescermos
em santidade; a importância de intensificar nosso sentido inte-
rior para as realidades invisíveis; a utilidade de estabelecermos

3
Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Suplemento, p. 411.

21
A espiritualidade dos Santos Arcanjos

uma relação de intimidade com nosso Santo Anjo da Guarda;


a alegre perspectiva de termos o nosso anjo conosco também
na eternidade; a necessidade de reconhecermos o nosso anjo
em nossa vida neste mundo.4
Outro Papa muito devoto de São Miguel foi São João
Paulo II. Alguns anos depois do atentado que sofreu em 1981,
ele nos presenteou com sete catequeses angélicas. Foram seis
audiências e uma belíssima alocução, que ocorreu em 24 de
maio de 1987, no Santuário do Monte Gargano, Itália – local
de aparições de São Miguel. Naquela ocasião, João Paulo II
começou com uma linda saudação, dizendo: “Estou feliz em
me encontrar no meio de vós, à sombra deste Santuário de São
Miguel Arcanjo!”.5 E seguiu à luz de Atos dos Apóstolos 12,
quando os anjos socorreram nosso primeiro Papa, São Pedro,
libertando-o do cárcere. Ao lançar essas catequeses, nosso que-
rido “João de Deus” nos fez um apelo: precisamos aprender e
ensinar tudo a respeito dos Santos Anjos.
Atendendo a este apelo, e aos de tantos outros santos e
doutores de nossa Igreja, este livro tem o objetivo de levar a
todos a verdade sobre o mundo angélico e despertar em cada
um o desejo por esta santa devoção.

4
Cf. Hubert Van Dijk, O Meu Anjo e Eu, p. 7.
5
Discurso do Papa João Paulo II, À População do Monte Sant’Angelo,
24 de maio de 1987.

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