Você está na página 1de 7

O Conhecimento

No quotidiano falamos de conhecimento, de crenças que estão fortemente


apoiadas por dados e dizemos que elas têm justificação ou que estão bem
fundamentadas.

- Epistemologia: A epistemologia é a parte da filosofia que tenta


entender estes problemas relativos ao conhecimento. Estes problemas
dividem-se em três grandes questões: possibilidade, origem e natureza
do conhecimento.

 O que podemos conhecer? Possibilidade


 De onde vem o conhecimento? Origem
 O que é o conhecimento? Natureza

- Do ponto de vista filosófico, o conhecimento é sempre um fenómeno que


pode ser analisado e que corresponde a um ato.
- Este ato de conhecer envolve sempre um sujeito, que conhece, e um objeto
que é ou pode ser conhecido, ou seja, é uma relação dual na qual o sujeito e o
objeto não se confundem.

Para a questão relativa à possibilidade temos as seguintes


respostas:

Cetiscismo: teoria que rejeita Dogmatismo: este, opondo-


a possibilidade de conhecer. se ao ceticismo, defende que
Se for este o caso estamos o conhecimento é uma
perante um ceticismo radical. possibilidade (a convicção
Quando o ceticismo assume dos dogmáticos deriva da
apenas a necessidade de experiência que todos temos
questionar, de forma de que formulamos crenças
metódica e justificada, com o que associamos a
fim de chegar a uma certeza conhecimento).
absoluta e indubitável,
estamos perante uma forma
de ceticismo moderado.
Críticas: A crítica que dos céticos aos dogmáticos é de que as crenças por
si só não podem ser consideradas conhecimento, sem que antes sejam
submetidas a um enorme metódico e racional que as provem como crenças
verdadeiras e justificadas.

Para a questão relativa à origem temos as seguintes respostas:

Empirismo: o empirismo Racionalismo: o racionalismo


apresenta-se como uma opõe-se ao empirismo,
teoria que procura explicar a defendendo que o
origem do conhecimento, conhecimento tem origem na
defendendo que este razão, enquanto fonte de
provém dos dados dos justificação e explicação da
sentidos. informação.

Por fim, para a questão relativa à natureza, temos as seguintes


respostas:

Idealismo: o idealismo Realismo: esta teoria opõe-


valoriza o sujeito na relação se ao idealismo e defende
de conhecimento, que o elemento essencial no
defendendo que este é o ato de conhecer é o objeto.
elemento essencial no ato de
conhecer.
A teoria de Descartes
René Descartes foi um filósofo, físico e matemático francês que viveu entre os
séculos XVI e XVII. Ele é considerado o criador de pensamento cartesiano, ou
racionalismo, sistema filosófico que deu origem à filosofia Moderna.
Descartes foi considerado o “pai” do racionalismo e ao mesmo tempo, o
fundador da metodologia moderna das ciências no sentido crítico.
Foi, também, o criador da frase “Penso, logo existo”.

 Ceticismo metodológico

O ceticismo metodológico foi desenvolvido por René Descartes e consiste em


duvidar de todos os conhecimentos que não sejam evidentes.
A dúvida metódica é aquela que Descartes afirma ser uma dúvida sem falhas,
com respostas extremamente exatas sem nenhuma possibilidade de dúvida.
Esta é um instrumento metodológico que este filósofo utilizou para chegar à
prova da existência de verdades absolutas.
Segundo este filósofo, todas as coisas que não forem completamente evidentes
e tudo o que já nos tenha enganado no passado não pode ser considerado
conhecimento verdadeiro.
Portanto, a primeira regra do seu método defendia que nunca devemos
“aceitar como verdadeiro alguma coisa sem a conhecer evidentemente”, ou
seja, evitar cuidadosamente a precipitação e o preconceito.

 Ceticismo Moderado

Como ceticista moderado, Descartes, com o seu trabalho, pretendia afirmar


que tudo o que é visto como duvidoso precisaria de ser considerado como falso.

 Racionalismo

O racionalismo cartesiano indica que só é possível chegar ao conhecimento da


verdade através da razão do ser humano.
Para Descartes, existiam três categorias de ideias: as adventícias, as factícias e
as inatas.
Como racionalista, este filósofo assume que para além das ideias adventícias e
factícias, os homens possuem ideias inatas, ideias que, nascidas connosco, são
como que a marca do criador à sua imagem.
 Idealismo
O idealismo metódico de Descartes é uma doutrina racionalista que, colocando
em dúvida todo o conhecimento estabelecido, parte da certeza do pensar para
deduzir, por meio da ideia da existência de Deus, a existência do mundo
material. 

 Cógito:

Cógito, ou cogito ergo sum em latim, traduzido para português significa


“Penso, logo existo”.
Descartes procurava uma certeza que não pudesse ser contestada pelos
céticos, reconstruindo o seu conhecimento como uma base sólida racional. Para
isso, é necessário questionar tudo aquilo que parece ser uma verdade absoluta,
já que, caso haja o menor motivo para a dúvida, toda e qualquer sentença deve
ser rejeitada.
Assim, ele chegou à conclusão de que se ele estava a pensar num determinado
momento, então a sua existência era, naquele momento, certa e real.

 O papel da existência de Deus:

Uma das grandes preocupações de René Descartes era, justamente, provar a


existência de Deus.

Para ele a única coisa que realmente pode ser considerada verdadeira é o
pensamento, visto que todo pensamento por si só prova sua existência, ou seja,
mesmo que uma pessoa duvide que o pensamento exista, essa sua dúvida já é
um pensamento.

Devido a esse raciocínio, Descartes passa a examinar a ideia de perfeição.


Quando dizemos que alguma coisa é imperfeita, estamos a usar a ideia de
perfeição sob a ausência de algo que a tornaria perfeita.

Caso essa coisa estivesse completa, teríamos a noção de um ser perfeito,


demonstrando que a ideia de perfeição não se origina nos sentidos, mas na
razão, Descartes abre o caminho para a prova racional da existência de Deus.
Ao questionar a origem da ideia de Deus, ele depara com o problema de que
essa tal ideia não poderia ter surgido do nada pois nenhum ser, muito menos
um ser perfeito, poderia ter surgido do nada.
 Críticas
Círculo cartesiano: Para Descartes, Deus é a garantia da verdade do que
conhecemos com clareza e distinção, mas ao mesmo tempo, usa a clareza e
distinção para provar a existência de Deus. Assim, os críticos dizem que isto é
uma explicação circular e, portanto, inaceitável.

Impossibilidade da dúvida metódica: David Hume crítica a dúvida metódica em


duas situações; primeiramente, ele diz que a dúvida metódica leva receção
infinita, por isso é impraticável; por outro lado, também diz que esta é contra a
natureza porque há crenças que o ser humano não questiona, logo, a dúvida
não é praticável.

Cogito: Hume pensa que, o eu, tal como o entendemos, não existe. De facto, ele
pensa que, de acordo com a experiência, tudo o que podemos dizer é que a
mente, ou o eu, é uma espécie de feixe ou coleção de perceções. Então, se
retirarmos esse ser, fica apenas o pensamento. Descartes poderia dizer apenas
que algo pensa, tirando o eu da afirmação.

O argumento da marca: Descartes afirma que nós próprios, como seres


imperfeitos, não podemos ser a causa da ideia de perfeição e conclui daí que só
um ser perfeito pode ser a causa da ideia de perfeição que temos em nós. Os
críticos pensam que esta afirmação é falsa pois existem muitos contraexemplos
a mostrar precisamente que o mais perfeito pode surgir do menos perfeito.

 A resposta empirísta de Hume:


Defensor do empirismo, o escocês afirma que todo o processo de
entendimento se inicia com impressões. Não seria possível desvincular o
pensamento das sensações. O autor define que as sensações são as únicas
capazes de serem comprovadas. A perceção a partir das nossas sensações é a
única realidade que os seres humanos são capazes de conhecer.

Impressões e ideias: Para Hume, as impressões são as sensações mais fortes,


mais vivas e de certa forma, mais recentes e as ideias podem ser definidas como
as memórias, como as lembranças, portanto, sensações mais distantes e menos
vívidas.
 Relações de ideias e questões de facto:

O conhecimento da
Princípio empirista – Bifurcação de Hume natureza é empírico

 Todos os objetos da razão ou investigação humanas podem


naturalmente dividir-se em duas classes: Relações de Ideias e Questões

Relação de ideias Questões de facto

- São conhecimentos a priori; -São conhecimentos a posteriori;

- A verdade das proposições e a validade - A verdade das proposições que se


dos argumentos não dependem da referem a factos depende do exame
experiência; empírico;

- As relações de ideias são verdades - A verdade das proposições de facto é


necessárias; contingente;

- É logicamente impossível a sua - As proposições que se referem a factos


negação; visam descobrir coisas sobre o mundo e
dar conhecimento sobre o que nele existe
- As proposições que exprimem e ou acontece;
combinam relações de ideias não nos dão
conhecimento sobre o que se passa no
mundo – circunscrevem-se ao domínio
das entidades abstratas.
de Facto.

Nota:
Conhecimento à priori: aquele que não depende da experiência.
Conhecimento à posteriori: aquele que depende da experiência.
 A relação causa-efeito

Como outros empiristas, Hume acreditava que as nossas ideias derivam da


experiência sensorial. Porém, a partir dessas experiências, surge o “raciocínio
enganoso”, construindo ilusões, como a existência de leis na natureza e de
mecanismos de causa e efeito.

Assim, observando regularidades na natureza, o Homem acreditou que existiam


leis, do mesmo modo que, vendo um evento suceder-se ao outro, este inventou
uma relação de causa-efeito.

 Conjunção constante, conexão necessária e hábito

A ideia de casualidade exprime uma conexão que não podemos mostrar nem
demonstrar que existe na realidade. Portanto, esta ideia de conexão resulta de
um hábito.
A experiência repetida da conjunção constante entre dois acontecimentos
leva-nos a esperar que a sua conjunção continue no futuro.

 O Problema da indução – Karl Popper

Este problema é uma crítica, inicialmente formulada por David Hume e


posteriormente usada por Karl Popper, através do método indutivo.

Método Indutivo: o método indutivo não é capaz de gerar um conhecimento


seguro e verdadeiro sobre a realidade.

O problema da indução surge para qualquer tipo de conhecimento que use o


método indutivo. Segundo este método, os cientistas observam
cuidadosamente a natureza e depois formam leis. Por exemplo, o processo de
pesquisa com o plano inclinado de Galileu Galilei.
Karl Popper concluiu que não podemos pressupor uma sequência de eventos
no futuro que ocorrerá como ocorreu no passado, pois não existe a garantia que
isso poderá acontecer, apesar de haver uma grande possibilidade de ocorrer.

Você também pode gostar