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Filosofia

Senso comum e Conhecimento cientifico


O senso comum, também conhecido como conhecimento vulgar, é o conhecimento
essencialmente prático, isto é, responde a situações e necessidades do dia a dia.
Este conhecimento é completamente distinto do conhecimento cientifico, que se centra
num objeto de estudo e não em crenças, procurando responder a fenômenos.

Características do Senso comum/Características do Conhecimento cientifico


Espontâneo, superficial; Racional;
Relativo ou subjetivo para cada Critico, sendo que os sentidos e
pessoa; crenças são postos em causa;
Acrítico e ametódico - a sua Metódico, tem um método
credibilidade não é analisada e não característico;
existe um método especifico para Linguagem especifica e rigorosa - por
obter este tipo de conhecimento; vezes se necessário é criada uma
Linguagem imprecisa; linguagem própria;
A aprendizagem não é organizada. A aprendizagem é organizada, sendo
necessário seguir as etapas do
método.

Em síntese, é possível concluir que o conhecimento vulgar e o conhecimento


cientifico não têm qualquer ligação, de forma que a ciência consegue, a partir da
investigação cientifica, explicar as crenças do senso comum ou refutá-las.

O problema de demarcação - teorias cientificas e não


cientificas
O problema da demarcação é uma das questões centrais da ciência do
conhecimento, trata-se de saber o que distingue o conhecimento cientifico de outras
áreas do saber (o que é e não é ciência).

Método indutivo
Foi elaborado por Francis Bacon, este considerava que o conhecimento cientifico
devia assentar na indução e experimentação.
Este método é composto por 4 fases:
1.Observação O cientista deve observar minuciosamente o
objeto de estudo de forma a encontrar as suas
causas.
2.Formulação de hipóteses Procura desenvolver uma tese que explique os
fenômenos a partir da indução.

A teoria é testada a partir de um conjunto de


3. Experimentação experiências.

4. Formulação de uma lei Recorrendo novamente à indução, o cientista


geral generaliza a relação encontrada entre fenómenos
semelhantes e estabelece uma lei

O método cientifico tradicional foi alvo de várias críticas, nomeadamente:


O problema da indução - Para o método cientifico fazer sentido seria necessário que
a natureza fosse toda igual, sendo que isto não acontece - um enunciado geral é
justificado a partir de casos particulares
Factos inobserváveis - relacionado com o critério da verificabilidade, não é possível
observarmos todos os casos existentes
Observação - diversos filósofos entendem que a observação não poderá ser o ponto
de partida, para além disso está dificilmente será imparcial

Critério da verificabilidade -

Método dedutivo hipotético


uma teoria só é cientifica se
for possível verificá-la
Karl Popper apresentou criticas ao método cientifico tradicional e empiricamente
ao critério da verificabilidade, apresentando um novo critério e um novo método para
resolver o problema da demarcação da ciência.

Critério da falsificabilidade - Uma teoria é cientifica apenas se for falsificável, ou seja se


for possível refutá-la a partir da experiência
Desta forma, Popper afirma que o que caracteriza a ciência é as suas teorias estarem
sempre abertas à possiblidade de refutação (a refutação é mais precisa do que a
verificabilidade, uma vez que a teoria é refutada ela é dada como falha) - as leis da
ciência pode sempre acabar por ser refutadas pela experiência

O método dedutivo hipotético ou de conjunturas em questão de fases, é bastante


diferente do método indutivo:
a hipótese é corroborada

2. Tentativa de
1. Problema 3. Tentativa de refutação
explicação - conjuntura
- testes exprimentais

a hipótese é refutada
Quando a teoria cientifica é corroborada ela é reconhecida como uma boa teoria, mas ela
não é oficializada, estando sempre aberta à possiblidade de refutação caso os testes não a
favoreçam.
Assim a ciência vai avançando, e as velhas teorias vão sendo substituída por novas cada
vez melhores, quanto mais resistente aos testes a teoria for, mais próxima da verdade esta
se encontra. - a ciência é revolucionária e avança em direção à verdade.

O método das conjunturas está sujeito a algumas críticas, nomeadamente:


Conceção idealizada da ciência - Alguns filósofos afirmam que o critério da
falsificabilidade não corresponde à real função dos cientistas, que não irão abandonar de
imediato as suas teorias apenas por um teste não ser favorável. Para além disto, as
previsões que são verificadas a longo prazo e têm um papel importante na ciência são
subestimadas. Popper idealiza a ciência de uma forma diferente do que ela realmente
procede.
A ciência não evolui com base nas refutações - Esta crítica é feita de um ponto de vista
histórico, sendo assim há diversos exemplos de estudiosos que não abandonaram as suas
teorias com base nas refutações.
Conhecimento útil da ciência - A confiança que a ciência adquiriu com o passar do tempo
é recorrente das previsões confirmadas com frequência e não das refutações.

Os problemas da evolução da ciência e da objetividade


do conhecimento cientifico
Para a maioria das pessoas não parece haver dúvida à cerca do caráter racional e
objetivo da ciência, em que esta vai progredindo ao longo dos tempos.
No entanto alguns filósofos entendem que deve haver uma análise mais aprofundada
relativamente á evolução da ciência, procuram assim entender se o progresso é
inteiramente racional ou não.

A perspectiva de Popper
Para Popper a ciência progride através do seu método, sendo assim as refutações fazem
com que a ciência identifique as falhas nas próprias teorias e assim propõe novas
teorias - a nova teoria é sempre melhor que a anterior, eliminando erros e resolvendo
problemas que a outra não conseguia
Popper relaciona as teorias corroboradas com a teoria da evolução da espécie, sendo
assim as que resistem mais tempo ás tentativas de refutação são as mais próximas da
verdade.
Apesar disto, nunca será possível confirmar que uma teoria corroborada é verdadeira,
uma vez que podem vir a ser refutadas no futuro.

Em relação à objetividade, Popper defende que a ciência é objetiva, uma vez que
evolui a partir de critérios racionais, lógicos e objetivos. Por exemplo, quando existe
uma escolha entre teorias concorrentes só importam critérios objetivos.
Problema da demarcação para Kuhn: não é uma

A perspectiva de Thomas Kuhn


questão central, a ciência só existe quando é
reconhecida pela comunidade cientifica
Thomas Kuhn rejeita a ideia relativamente à evolução cientifica defendida por Popper,
defendendo que a evolução da ciência não ocorre de uma forma linear e/ou continua e
é extremamente influenciada pelo contexto histórico da época.

Um dos termos inovadores que Kuhn refere é o Paradigma cientifico, que consiste num
conjunto de regras teóricas de investigação e modos de investigação específicos que a
comunidade cientifica segue durante determinado período de tempo (Matriz
disciplinar/visão do mundo).
O paradigma funciona como um modelo de referencia reconhecido pelos cientistas, a
partir do qual estes desenvolvem o seu trabalho - é composto por teorias fundamentais
que a comunidade cientifica aceita.
Para além disto Kuhn ressalta que os paradigmas ao longo da história da ciência não
podem ser comparados e não têm qualquer ligação com os restantes, uma vez que não
existem critérios objetivos que nos permitam comparar (variam de paradigma para
paradigma) - incomensurabilidade de paradigmas
Sendo assim a verdade também não é algo que se poderá comparar nesta perspectiva,
dependendo do paradigma

Kuhn divide então a evolução da ciência relativamente ao paradigma nas seguintes


etapas:
Ainda não existia ciência propriamente dita, ainda
1. Pré-ciência não estava autonomizada. Ausência de um
paradigma.
Já sob um paradigma reconhecido pela comunidade
2. Ciência Normal cientifica ocorre então a investigação - esta é a única
fase em que há progressos na ciência.
3. Crise cientifica/Anomalias O paradigma estabelecido não resolve todos os
Repetição

problemas que seria pressuposto.


Face ás anomalias, gera-se divergências dentro da
4. Ciência Extraordinária comunidade científica em relação ao paradigma, faz-
se a manutenção ou escolhe-se um novo.
5. Revolução científica Mudança de paradigma.

Kuhn acredita que a escolha de teorias cientificas obedecem a determinados


critérios compartilhados dentro da comunidade cientifica, nomeadamente:
Critérios objetivos - Simplicidade da teoria (quanto menos leis melhor), fecundidade
(capacidade de impulsionar novas descobertas), alcance (quanto mais fenômenos a
teoria explicar melhor será), consistência (coerência interna da teoria e em relação ao
paradigma) e exatidão (refere-se á quantidade de previsões acertadas que a teoria
fizer).
Critérios subjetivos - aspetos individuais do cientista

De acordo com Kuhn a ciência não é totalmente objetiva e o cientista não é sempre
imparcial, ao contrário do que defende Popper.

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