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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS JOSÉ BELCHIOR VIEGAS

(Sede: Escola Secundária José Belchior Viegas)


Português – 11.º Ano Turma C/D – Cursos Científico-Humanísticos – Ano letivo 2019/2020
1.º Teste globalizante de avaliação

Grupos e Cotações Domínios Classificação


Grupo I – 104 pontos Educação Literária
Grupo II – 24 pontos Leitura
Grupo II – 32 pontos Gramática
Grupo III – 40 pontos Escrita
Classificação Final: ______________________________________ Prof. _________________________

GRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

EDUCAÇÃO LITERÁRIA

PARTE A
Leia o texto. Se necessário, consulte as notas.

- MADALENA – Pois está bem. Digo que mal sei dar-vos conselhos, e não queria dar-vos ordens... Mas, meu
- amigo, tu tomaste – e com muito gosto meu e de seu pai – um ascendente no espírito de Maria... tal que não
- ouve, não crê, não sabe senão o que lhe dizes. Quase que és tu a sua dona, a sua aia de criação. Parece-
- me... eu sei... não fales com ela desse modo, nessas coisas….
5 TELMO – O quê? No que me disse o inglês sobre a Sagrada Escritura que eles lá têm em sua língua, e que...
- MADALENA – Sim... nisso decerto... e em tantas outras coisas tão altas, tão fora de sua idade, e muitas de seu
- sexo também, que aquela criança está sempre a querer saber, a perguntar. É a minha única filha: não tenho...
- nunca tivemos outra... e, além de tudo o mais, bem vês que não é uma criança... muito... muito forte.
- TELMO – É... delgadinha1, é. Há de enrijar2. É tê-la por aqui, fora daqueles ares apestados 3 de Lisboa; e deixai,
10 que se há de pôr outra.
- MADALENA – Filha do meu coração!
- TELMO – E do meu. Pois não se lembra, minha senhora, que, ao princípio, era uma criança que não podia... – é
- a verdade, não a podia ver: já sabereis porquê… mas vê-la, era ver... Deus me perdoe!... nem eu sei... E daí
- começou-me a crescer, a olhar para mim com aqueles olhos... a fazer-me tais meiguices, e a fazer-se-me um
15 anjo tal de formosura e de bondade, que – vedes-me aqui agora, que lhe quero mais do que seu pai.
- MADALENA (sorrindo) – Isso agora!...
- TELMO – Do que vós.
- MADALENA (rindo) – Ora, meu Telmo!
- TELMO – Mais, muito mais. E veremos: tenho cá uma coisa que me diz que antes de muito se há de ver quem é
20 que quer mais à nossa menina nesta casa.
- MADALENA (assustada) – Está bom; não entremos com os teus agouros e profecias do costume: são sempre
- de aterrar... Deixemo-nos de futuros...
- TELMO – Deixemos, que não são bons.
- MADALENA – E de passados também...
25 TELMO – Também.
- MADALENA – E vamos ao que importa agora. Maria tem uma compreensão...
- TELMO – Compreende tudo!
- MADALENA – Mais do que convém...
- TELMO – Às vezes.
30 MADALENA – É preciso moderá-la.
- TELMO – É o que eu faço.
- MADALENA – Não lhe dizer…
-
Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, prefácio de Annabela Rita, Porto, Edições Caixotim, 2004, pp. 64-66.
-
35
1
magrinha; 2 fortalecer-se; 3 referência à peste que grassava

1. Explicite a relação entre Telmo e Maria, tal como apresentada por D. Madalena.

2. Atente nas palavras de Telmo referindo-se a Maria: «é a verdade, não a podia ver:» (linha 15).
Explique esta atitude de Telmo com base no conhecimento que tem da obra.

3. No texto podem detetar-se sugestões de um futuro trágico. Justifique esta afirmação recorrendo a
dois exemplos pertinentes.

PARTE B

Leia o texto. Se necessário, consulte as notas.

- INÊS Renego deste lavrar1 - Antes o darei ao Diabo


- e do primeiro que o usou! 20 Que lavrar mais nem pontada8.
- Ó Diabo que o eu dou, - Já tenho a vida cansada
- Que tão mao é d’aturar! - de jazer sempre dum cabo9.
5 Ó Jesu! Que enfadamento2, - Todas folgam e eu não
- e que raiva, e que tormento, - todas vêm e todas vão
que cegueira, e que canseira3 25 onde querem, senão eu.
- - Hui! e que pecado é o meu,
- - ou que dôr de coração?
-
10 - Esta vida é mais que morta.
- - São eu coruja ou corujo
- 30 ou são algum caramujo10
que não sai senão à porta?
- - E quando me dão algum dia
15 - licença, como a bugia11,
- - que possa estar à janela
- 35 é já mais que a Madanela
- - quando achou a aleluia12.

Gil Vicente, «Auto de Inês Pereira», in Teatro de Gil Vicente, apresentação e leitura de António José Saraiva,
6.a edição, Lisboa, Portugália Editora, s/d, pp. 159-161

1
v. 1 – recuso este trabalho; 2 aborrecimento; 3 desgraça; 4 vv. 8-9 – hei de encontrar uma solução para este problema; 5 panela que não era usada; 6

vividos; 7 v. 18 – sempre a trabalhar nos panos; 8 bocado; 9 no mesmo sítio; 10 espécie de lapa, molusco marinho; 11 macaca,
12
alusão à alegria de Maria Madalena quando soube da Ressurreição de Cristo: a de Inês é idêntica, quando se põe à janela

4. Indique pelo menos três motivos do descontentamento de Inês.

5. Transcreva os versos nos quais Inês afirma ser um caso único entre as jovens da sua geração.

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6.  Complete as afirmações abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opção adequada a cada
espaço.

Neste texto podemos encontrar várias marcas do texto dramático, nomeadamente, a presença da
fala da personagem, que se denomina de _ a)____ ; o único exemplo de didascália ocorre,
por exemplo, em ____ b) ____.

a) b)
1. texto secundário 1. «INÊS» (v. 1)
2. monólogo 2. «Ó Diabo que o eu dou,» (v. 3)
3. aparte 3. «Ó Jesu! Que enfadamento» (v. 5)
4. diálogo 4. «Hui! e que pecado é o meu,/ ou que dôr de coração? (vv. 26 –
27)

PARTE C

7. Leia o excerto seguinte da obra Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett.


«Mas ora o que me dá que pensar é ver que, tirado aqui o meu bom velho Telmo (chega-se toda
para ele, acarinhando-o), ninguém nesta casa gosta de ouvir falar em que escapasse o nosso
bravo rei, o nosso santo rei D. Sebastião.»

Escreva uma breve exposição na qual comprove que D. Sebastião é a figura do passado
desejada por uns e receada por outros.
A sua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;

• um desenvolvimento no qual explicite um aspeto por que D. Sebastião é desejado e outro


aspeto por que é receado, fundamentando cada um deles com uma referência pertinente à
obra;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

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GRUPO II

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.


Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

LEITURA | GRAMÁTICA

Leia o texto.

Frei Luís de Sousa regressa ao Teatro D. Maria ao fim de 20 anos


Um «monumento» que «deve estar disponível de tempos a tempos para ser visitado pelo público», é como o
encenador Miguel Loureiro classifica Frei Luís de Sousa, que estreia nova versão, no Teatro D. Maria, em Lisboa.

Admirador confesso da obra de Almeida Garrett (1789-1854), tanto da literatura de viagens como da
dramaturgia e da lírica «mais lamechas», Miguel Loureiro encena a peça que subiu pela primeira vez ao
5 palco em 1843 e é baseada na vida de Frei Luís de Sousa (1555-1632), o nome adotado pelo frade
Manuel de Sousa Coutinho.
Considerando que a peça tem «uma escrita muito bonita», e que é «um exercício de português
absolutamente maravilhoso para um palco», Miguel Loureiro afirmou à imprensa que a peça que leva a
cena «segue absolutamente o cânone». Assegura que pegou neste drama em três atos, «acreditando na
10
lenda que está por trás dele, acreditando nas linhas de pensamento que o texto tem sobre a questão do
sebastianismo, a questão da saudade, a questão de uma projeção de Portugal que se cumpre ou não,
sobre um projeto político diferente para o país».
Excetuando «duas ou três frases mais pietistas» e «um ou outro gesto mais expressivo», a encenação de
15 Miguel Loureiro de Frei Luís de Sousa não se excede em lamúrias, choros ou gritos, pautando-se antes pelo
comedimento e contenção. «Sem trair o espírito do texto original, das fábulas e das fantasmagorias que contém»,
Miguel Loureiro disse ter tentado «tocar nas teclas todas» do drama garrettiano, «sem carregar muito na tecla
político-nacionalista que a peça tem».
Acrescentou ter seguido mais «pela zona de uma certa sombra, de uma certa névoa», o que está
20 também patente na cenografia de André Guedes, assim como na cena em que Manuel de Sousa
Coutinho deita fogo à própria casa, em Almada, para que os governadores do reino não se apoderassem
dela para escapar à peste negra que grassava em Lisboa na época.
A ação da peça de Almeida Garrett decorre em pleno domínio dos Filipes de Espanha em Portugal,
época em que o mito do sebastianismo ainda estava muito presente na sequência do desaparecimento
25 do rei na Batalha de Alcácer Quibir.
Esta peça surge de um desafio que José Luís Ferreira, antigo diretor do S. Luiz, lançou a Miguel
Loureiro, disse o encenador. O diretor do D. Maria II achou que seria bom fazê-lo na sala Garrett, já que
foi o autor romântico que propôs a edificação daquele teatro no Rossio.
Vinte anos depois da última encenação desta peça de Almeida Garrett no D. Maria II – a de Carlos
Avilez, em 1999 –, Tiago Rodrigues, diretor artístico do Teatro Nacional, achou que era tempo de a fazer
30
aqui, argumentou Miguel Loureiro.

Agência Lusa, «Frei Luís de Sousa regressa ao Teatro D. Maria ao fim de 20 anos»,
disponível em https://www.dn.pt/lusa (texto com adaptações e supressões,
consultado em outubro de 2019).

1. No primeiro parágrafo do texto, o uso das aspas serve para


(A) introduzir o discurso direto e uma ironia.
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(B) assinalar a presença do discurso indireto e de uma hipérbole.
(C) reproduzir o diálogo e destacar uma alegoria.
(D) delimitar uma citação e uma metáfora.

2. A encenação de Miguel Loureiro de Frei Luís de Sousa


(A) excede-se em lamúrias, contendo várias frases pietistas, muito choro e gritos.
(B) rege-se por um tom moderado, excetuando alguns apontamentos mais dramáticos.
(C) pauta-se pelo comedimento, já que segue absolutamente o cânone trágico.
(D) configura-se lamechas, embora as cenas pietistas, o choro e os gritos sejam pontuais.

3. A opção do encenador «pela zona de uma certa sombra, de uma certa névoa» (linha 19)
(A) evidencia a importância dada à vertente político-nacionalista da obra.
(B) homenageia o mito do sebastianismo, que percorre a obra.
(C) traduz-se no cenário ou, por exemplo, na cena do incêndio do palácio de Almada.
(D) glorifica o contexto da obra em que o desaparecimento de D. Sebastião era recente.

4. Nos contextos em que ocorrem, as palavras destacadas em «pautando-se antes pelo


comedimento e contenção» (linha 16) contribuem para a coesão
(A) lexical por sinonímia.
(B) lexical por repetição.
(C) gramatical referencial.
(D) gramatical frásica.

5. As orações subordinadas introduzidas por que em «Miguel Loureiro afirmou à imprensa que a
peça que leva a cena segue absolutamente o cânone» (linhas 9 e 10) são
(A) adjetiva relativa restritiva e substantiva completiva, respetivamente.
(B) substantiva completiva e adjetiva relativa restritiva, respetivamente.
(C) substantiva relativa e adjetiva relativa restritiva, respetivamente.
(D) ambas adjetivas relativas restritivas.

6. Indica os referentes das palavras sublinhadas.


a) «a de Carlos Avilez» (linhas 29 e 30).
b) «achou que era tempo de a fazer aqui» (linhas 30 e 31).

7. Identifica a função sintática do constituinte «que estreia nova versão» (linha 2).

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GRUPO III

ESCRITA

O Natal é um dos momentos mais importantes da vida social nos países ocidentais, em geral, e
no nosso, em particular.

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta
palavras, apresente o seu ponto de vista sobre a importância desta festa.

No seu texto:
– explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois
argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
– utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2019/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras –, há que atender ao seguinte:
 um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
 um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

FIM

COTAÇÕES
Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
I
16 16 16 16 16 8 16 104
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
II
8 8 8 8 8 8 8 56

III Item único


40
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(Sede: Escola Secundária José Belchior Viegas)

TOTAL 200

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