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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS JOSÉ BELCHIOR VIEGAS

(Sede: Escola Secundária José Belchior Viegas)

Português – 11.º Ano Turma A – Cursos Científico-Humanísticos – Ano letivo 2017/2018


1.º Teste globalizante de avaliação

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

EDUCAÇÃO LITERÁRIA

Leia o texto.

MADALENA – Pois está bem. Digo que mal sei dar-vos conselhos, e não queria dar-vos ordens... Mas, meu
-
- amigo, tu tomaste – e com muito gosto meu e de seu pai – um ascendente no espírito de Maria... tal que
- não ouve, não crê, não sabe senão o que lhe dizes. Quase que és tu a sua dona, a sua aia de criação.
- Parece-me... eu sei... não fales com ela desse modo, nessas coisas….
5 TELMO – O quê? No que me disse o inglês sobre a Sagrada Escritura que eles lá têm em sua língua, e que...
- MADALENA – Sim... nisso decerto... e em tantas outras coisas tão altas, tão fora de sua idade, e muitas de
- seu sexo também, que aquela criança está sempre a querer saber, a perguntar. É a minha única filha: não
- tenho... nunca tivemos outra... e, além de tudo o mais, bem vês que não é uma criança... muito... muito
- forte.
10 TELMO – É... delgadinha1, é. Há de enrijar2. É tê-la por aqui, fora daqueles ares apestados 3 de Lisboa; e
- deixai, que se há de pôr outra.
- MADALENA – Filha do meu coração!
- TELMO – E do meu. Pois não se lembra, minha senhora, que, ao princípio, era uma criança que não podia... –
- é a verdade, não a podia ver: já sabereis porquê… mas vê-la, era ver... Deus me perdoe!... nem eu sei... E
15 daí começou-me a crescer, a olhar para mim com aqueles olhos... a fazer-me tais meiguices, e a fazer-se-
- me um anjo tal de formosura e de bondade, que – vedes-me aqui agora, que lhe quero mais do que seu pai.
- MADALENA (sorrindo) – Isso agora!...
- TELMO – Do que vós.
- MADALENA (rindo) – Ora, meu Telmo!
20 TELMO – Mais, muito mais. E veremos: tenho cá uma coisa que me diz que antes de muito se há de ver
- quem é que quer mais à nossa menina nesta casa.
- MADALENA (assustada) – Está bom; não entremos com os teus agouros e profecias do costume: são sempre
- de aterrar... Deixemo-nos de futuros...
- TELMO – Deixemos, que não são bons.
25 MADALENA – E de passados também...
- TELMO – Também.
- MADALENA – E vamos ao que importa agora. Maria tem uma compreensão...
- TELMO – Compreende tudo!
- MADALENA – Mais do que convém...
30 TELMO – Às vezes.
- MADALENA – É preciso moderá-la.
- TELMO – É o que eu faço.
- MADALENA – Não lhe dizer...
-
35
Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, prefácio de Annabela Rita, Porto, Edições Caixotim, 2004, pp. 64-66

1
magrinha; 2 fortalecer-se; 3 referência à peste que grassava

1. Explicite a relação entre Telmo e Maria, tal como apresentada por D. Madalena.
2. Atente nas palavras de Telmo referindo-se a Maria: «é a verdade, não a podia ver:» (linha 15).
Explique esta atitude de Telmo com base no conhecimento que tem da obra.

3. No texto podem detetar-se sugestões de um futuro trágico. Justifique esta afirmação recorrendo a
dois exemplos pertinentes.

Leia o texto.
«Vós», diz Cristo Senhor nosso, falando com os Pregadores, «sois o sal da terra»; e
chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é
impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo
tantos nela, que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou
5 é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não
salga, e os Pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa
salgar, e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina, que lhes dão, a não querem receber; ou
é porque o sal não salga, e os Pregadores dizem uma coisa, e fazem outra; ou porque a
terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o
10 que dizem; ou é porque o sal não salga, e os Pregadores se pregam a si, e não a Cristo; ou
porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes em vez de servir a Cristo servem a seus
apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
Padre António Vieira, «Sermão de Santo António», in Obra completa (dir. José Eduardo Franco e Pedro
Calafate), tomo II, volume X, Lisboa, Circulo de Leitores, 2014, p. 137.

4. Apresente os vários motivos segundo os quais, para o pregador, a palavra de Deus não
surte efeito.

5. Identifique o recurso expressivo através do qual se referem os pregadores, justificando.

GRUPO II

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.


Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

LEITURA | GRAMÁTICA

Leia o texto seguinte.

Estrasburgo: o pai natal põe a alma em movimento


- São familiares e festivos os sons que me chegam aos ouvidos e eu permito que os meus passos,
- vagarosos e calcando a neve, enegrecendo-a, abram caminho pelo meio da multidão, por entre
- sorrisos de crianças que vivem de forma tão intensa esta felicidade que para elas, na sua puerilidade,
- nada tem de efémera. Os pais também se divertem, de uma forma diferente, preenchendo a alma
5 com recordações e aquecendo o corpo com uma bebida quente, felizes por verem os seus filhos
- felizes, e percebendo, ao contrário destes, como é ténue a fronteira entre a realidade e o imaginário.
- Já a havia visto iluminada, numa noite de verão, há alguns anos, mas nunca tão majestosa e
- sedutora como agora. Sem ela, a cidade e o mercado de Natal não teriam o mesmo encanto. As
- luzes que dela emanam projetam-se sobre os pequenos chalés de madeira e a magnificente praça,
10 mas ocultam grande parte da sua própria beleza, como alguém, um ser com vida própria, que
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- pretende passar despercebido num evento em que não é protagonista. Mas a Cathédrale Notre
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(Sede: Escola Secundária José Belchior Viegas)

- Dame não pode, nem mesmo neste período do ano, com o espírito de Natal tão impregnado em cada
- rua e viela de Estrasburgo, ser desprezada, sob pena de estarmos a perder o que de mais valioso
- oferece esta cidade da Alsácia que mudou quatro vezes de nacionalidade entre 1870 e 1945,
15 balançando entre o galo francês e a águia alemã. […]
- Cheira a vinho quente, doce e frutado, a pão e a especiarias ao longo das artérias desta cidade
- que conserva o seu charme medieval, célebre também, desde tempos imemoriais, pelas suas feiras
- que atraíam negociantes de toda a Europa. Ainda hoje, Estrasburgo mantém essa vocação e o
- mercado de Natal é, ainda que a uma escala reduzida, um retrato desses tempos. Mal a noite se
- anuncia, as ruas enchem-se de gente, de um formigueiro humano que erra sem pressas por este
20 ambiente sedutor, perscrutando as montras das lojas com o seu brilho, as decorações reluzindo à luz
- das lanternas nas fachadas das casas, e recuperando, no caso dos mais velhos, memórias e odores
- da infância – e como o da canela inunda o ar.
- Como uma força saída das profundezas das igrejas, os cânticos ecoam no céu sem estrelas,
- apaziguando ainda mais os espíritos impregnados do espírito de Natal. Centenas de comerciantes
25 com os seus chalés de madeira tentam atrair, com os seus rostos emoldurados por sorrisos, os
- transeuntes, propondo produtos que vão dos presentes originais aos tradicionais ornamentos para a
- árvore de Natal e tudo o que envolve a quadra natalícia, sem esquecer uma variedade infindável e
- sem fronteiras de guloseimas para os mais pequenos. […]
- Todos os anos, de forma a valorizar o trabalho dos expositores e a premiar a qualidade dos seus
30 produtos e a decoração, uma comissão avalia as candidaturas ao concurso do melhor chalé e, entre
- três centenas, seleciona dezena e meia. Uma vez anunciada a lista final, os visitantes dispõem de
- uma semana para votar no seu preferido e o prémio é anunciado e entregue num dos últimos dias do
- ano, numa cerimónia que tem lugar no Hôtel de Ville.

Sousa Ribeiro, «O Pai Natal põe a alma em movimento», in Fugas – Público, 12 de dezembro de 2015, pp. 5 e 6 (texto
adaptado)

1. O viajante traduz a sua relação com a cidade principalmente através de


(A) sentimentos.
(B) pensamentos.
(C) descrições.

(D) sensações.

2. A presença da palavra destacada em «enegrecendo-a» (linha 2) concretiza uma marca da


coesão
(A) frásica.
(B) referencial.
(C) temporal.

(D) interfrásica.

3. No início do primeiro parágrafo, a relação expressa entre a felicidade das crianças e a


efemeridade das festas é de
(A) causalidade.
(B) possibilidade.
(C) consequência.
(D) identidade.

4. A palavra destacada em «Já a havia visto iluminada…» (linha 7) concretiza


(A) uma anáfora (linguística).

(B) uma catáfora.

(C) um conector interfrásico.

(D) um hiperónimo.

5. Na frase «as ruas enchem-se de gente, de um formigueiro humano que erra sem pressas por
este ambiente sedutor,» (linhas 18 e 19) a expressão destacada concretiza uma
(A) comparação.

(B) personificação.

(C) hipérbole.

(D) metáfora.

6. O efeito produzido pelos «cânticos» de Natal que se podem ouvir na cidade (linhas 23 e 24) é de
natureza
(A) física.

(B) psicológica.

(C) física e psicológica, respetivamente

(D) psicológica e física, respetivamente.

7. A expressão «de forma a» (linha 29) inicia a apresentação de


(A) uma causa.

(B) uma consequência.

(C) um fim ou objetivo.

(D) uma oposição ou contraste.

8. Indique o antecedente de «que» na expressão «[…] que pretende passar despercebido […]» (linhas
10 e 11).

9. Refira a função sintática da oração subordinada «[…] como é ténue a fronteira entre a realidade e o
imaginário.» (linha 6).

10.Classifique a oração subordinada «Mal a noite se anuncia, […]» (linhas 18 e 19).

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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS JOSÉ BELCHIOR VIEGAS
(Sede: Escola Secundária José Belchior Viegas)

GRUPO III

ESCRITA

O Natal é um dos momentos mais importantes da vida social nos países ocidentais, em geral, e
no nosso, em particular.

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta
palavras, apresente o seu ponto de vista sobre a importância desta festa.

Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um
deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2017/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras –, há que atender ao seguinte:
 um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
 um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

FIM
COTAÇÕES
GRUPO I

A ................................................................................................................................ 60 pontos

1. ........................................................................................................... 20 pontos
Conteúdo (12 pontos)
Estruturação do discurso e correção linguística (8 pontos)

2. ........................................................................................................... 20 pontos
Conteúdo (12 pontos)
Estruturação do discurso e correção linguística (8 pontos)

3. ........................................................................................................... 20 pontos
Conteúdo (12 pontos)
Estruturação do discurso e correção linguística (8 pontos)

B ................................................................................................................................ 40 pontos

4. ........................................................................................................... 20 pontos
Conteúdo (12 pontos)
Estruturação do discurso e correção linguística (8 pontos)

5. ........................................................................................................... 20 pontos
Conteúdo (12 pontos)
Estruturação do discurso e correção linguística (8 pontos)

100 pontos
GRUPO II
1. .......................................................................................................... 5 pontos
2. .......................................................................................................... 5 pontos
3. ......................................................................................................... 5 pontos
4. ......................................................................................................... 5 pontos
5. ......................................................................................................... 5 pontos
6. ......................................................................................................... 5 pontos
7. ......................................................................................................... 5 pontos
8. ......................................................................................................... 5 pontos
9. ......................................................................................................... 5 pontos
10. ....................................................................................................... 5 pontos

50 pontos
GRUPO III

Estruturação temática e discursiva ................................................ 30 pontos


Correção linguística ....................................................................... 20 pontos

50 pontos

TOTAL ......................................... 200 pontos


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