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TESTE DE AVALIAÇÃO Nº 5 – 12º ANO

ESCOLA______________________________________________________ DATA ___/ ___/ 20__

NOME_______________________________________________________ N.O____ TURMA_____

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

PARTE A

Portugal Futuro

O portugal futuro é um país


aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
5 esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
10 portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
15 e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro

Ruy Belo, Homem de palavra(s), [1969], in Todos os poemas,


Lisboa, Assírio & Alvim, 2000.

1. Descreva Portugal no presente do sujeito poético, confirmando a sua resposta com


elementos textuais pertinentes.

2. Explique o modo como o sujeito poético perspetiva “portugal futuro”.

3. Avance uma explicação para o uso da minúscula no nome do país, para a ausência de
pontuação e para a circularidade do poema.

4. Identifique no poema uma característica épica e outra lírica e transcreva, para cada caso,
um exemplo.

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TESTE DE AVALIAÇÃO Nº 5 – 12º ANO

PARTE B

Leia o texto.

‒ Paulo! Por que escolheste esta vida?


A aldeia estava no fundo, quieta, sem respirar, os cães uivavam das eiras para o céu. Ao
longe, na serra em frente, um comboio silvou pela noite fora. Ouvia-se perfeitamente o
martelar das ferragens e o apito. E eu pensei: “Vai chover. Amanhã ou depois chove. Quando
5 se ouve o comboio chove sempre.”
‒ Por que escolheste esta vida?
Agora a pergunta era tão clara que eu não achei uma sombra para me esconder. De outras
vezes, outra gente me perguntara o mesmo. E nunca soube responder. Falavam-me de fora, de
outro mundo, com uma linguagem diferente. E assim, as nossas ideias jogavam à cabra-cega.
10 Eu próprio, quando queria entender-me, espreitando-me donde me não suspeitasse, não tinha
razões talhadas à medida do meu sonho. Os princípios do senso da justiça talvez tivessem
envelhecido e não pudessem acompanhar o meu anseio. Só metido dentro de mim eu me todo
e sem razões. Hei de um dia tombar e arrefecer. Talvez então seja possível a outros meterem
em leis o que gelou do meu esforço. Até lá, é difícil. Qualquer coisa me está forçando os
15 limites, mesmo da regra que julgo dar-me. Um vento largo ergueu-se não sei donde e
arrebatou-me. Lembra-me bem como tudo aconteceu. Mas quando penso no que eu fui, não
me parece que tenha acontecido nada de extraordinário. É como se eu tivesse já nascido para
isso. Meu pai às vezes dizia: “Hoje vou ter sorte”; ou: “Hoje vai-me acontecer uma desgraça.”
O mais difícil era convencer-se de que seria assim. Porque depois, durante o dia, só tinha de
20 andar atento para achar a desgraça ou a sorte que profetizara. Mas nunca fui capaz de
entender que arcanjos da vida o faziam acreditar assim nos anúncios do seu destino. Havia sol
ou chuva no céu, nem sempre o comer estava pronto a horas, às vezes o filho mais novo
chorava sem razões adultas, ou qualquer coisa parecida. Mas é difícil pensar que factos desses
decidisse das certezas de meu pai.
25 ‒ Como explicar-te porque parti?
Tenho pés para andar e olhos para ver. Posso sentar-me ou posso fechar os olhos e dizer
que não há sol nem estradas. Mas eu sei que há estradas e sol e que os olhos veem e os pés
andam. Por mais que eu queira, quando sei por dentro que uma coisa está certa, eu tenho de
saber que está certa. E ainda que os outros saibam que está errada, isso não me ajuda.
30 ‒ Não me ajuda nada, Marta.
Mas como convencê-la? As razões são tanto o que somos, que só nascendo outra vez as
poderemos renegar. Talvez Marta o acreditasse enfim, porque, sentada, enlaçou as mãos à
frente dos joelhos unidos e se calou de vez. Já não tínhamos que dizer, mas o eco das nossas
vozes e o vapor quente da nossa presença embaciavam-nos a vontade. Um fluido estranho
35 dissolvia-nos, e não era fácil assim acharmos o que nos tornava distintos. A lua vogava agora
pela água alta do céu. Marta foi a primeira a erguer-se. Então eu ergui-me também e apertei-
-lhe as mãos devagar:
‒ Adeus!
Caminhei pela vereda branca, lavado numa pureza desconhecida, anterior à minha
40 humanidade, e onde, no entanto, eu me sentia todo inteiro. Quando cheguei ao topo da

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colina, olhei ainda atrás a ausência de Marta. Mas, lentamente, surpreso e todavia calmo, fui
descobrindo Marta em pessoa, em pé, no meio do caminho, vestida de lua, esperando decerto
como eu que toda a serra e toda aldeia e tudo o que nos fora prometido ficasse enfim tão
deferente como quando ainda não tínhamos nascido.
Vergílio Ferreira, “Adeus”, in Contos, Lisboa, Quetzal Editores, 2009.

5. Demonstre a dificuldade que o narrador tem em justificar a sua partida.

6. Identifique, exemplificando o valor semântico, dois recursos expressivos, considerando o


seu contexto.

PARTE C

7. A realidade é frequentemente percecionada de forma subjetiva por vários autores.

Escreva uma breve exposição onde demonstre o modo subjetivo como dois autores
estudados no Ensino Secundário apresentam a realidade ou o meio circundante.

A sua exposição deve incluir:


 uma introdução ao tema;
 um desenvolvimento onde apresente os autores/as obras e o modo como a
realidade é retratada;
 uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

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GRUPO II
Uma geração de inábeis sociais
Esta semana descreveram-me um cenário que me causou arrepios: o recreio de um colégio
de Lisboa, daqueles no topo dos rankings nacionais, repleto de miúdos, mas, em vez do
rebuliço normal das crianças a brincar, o cenário era de paz. Uma paz podre. Os muitos
miúdos que ocupavam o pátio estavam sentados pelas escadas, nos bancos corridos ou no
5 chão, agarrados ao seu smartphone. Era cada um por si, cérebros abstraídos e dormentes,
isolados do mundo à sua volta, tão sozinhos entre uma multidão de colegas – pequenos e
tristes zombies digitais.
Não é só nas escolas. Basta ver os encontros de famílias com crianças pequenas ou os
grupos de teenagers quando se juntam –, algo que acontece com muito menos frequência do
10 que na minha geração, em que passávamos horas perdidas à conversa nas esplanadas ou nos
jardins. É ver cada um no seu telefone, um dedinho a deslizar para ver o vídeo, a foto ou
a storie seguinte, dois dedinhos de cada lado para jogar ao jogo da moda: mata este, atira
sobre aquele.
Estamos longe de perceber exatamente como estes nativos digitais vão ser no futuro, por
15 mais estudos que se comecem agora a fazer ao impacto da tecnologia nos cérebros destes
miúdos. Terão com toda a certeza competências extraordinárias que nós não temos, vão
inventar maravilhas que nos hão de deixar boquiabertos e pôr-nos a pensar como é que
vivemos sem isso até àquele dia. Sei que teremos computadores excecionais capazes de fazer
coisas que não conseguimos sequer ficcionar – cálculos mirabolantes, matchs perfeitos entre
20 ofertas e vontades cada vez mais caprichosas, velocidades estonteantes para tudo e mais
alguma coisa.
Voltando ao recreio e aos dedinhos nos ecrãs... Não sei como serão daqui a uma ou a duas
dezenas de anos estes nativos digitais, mas uma coisa não é difícil de antecipar: serão muito
mais socialmente inábeis. E isso é inquietante, porque estamos, afinal, a falhar em formar as
25 novas gerações no que garantidamente mais vamos precisar no futuro: melhores seres
humanos, com o que, na verdade, nos distingue na nossa humanidade – a capacidade de
ouvir, ler ou tocar o outro, de interagir em sociedade. Uma criança que não aprendeu a
brincar num recreio não sabe criar empatias, gerir conflitos e emoções, ultrapassar
frustrações. Como vão estas crianças trabalhar em equipa, integrar-se num grupo ou
30 empresa? Que caminho das pedras tardio terão de fazer para desformatar um cérebro de
sinapses condicionadas pelos ecrãs que nós – pais, educadores, adultos – lhes enfiámos à
frente?
Isto não são apenas considerandos gerais de ordem filosófica. O caso é sério, não podemos
encolher os ombros. Todos os dias saem novos estudos que dizem que a dependência de
35 jogos eletrónicos e das redes sociais causa verdadeiros distúrbios emocionais, e a Organização
Mundial de Saúde já propôs inseri-la como doença mental na próxima revisão do manual de
classificação de patologias. Um estudo da Ordem dos Médicos a crianças portuguesas de 11
anos conclui que um terço está em risco de dependência. Muitos passam quatro horas por
dia, todos os dias, a jogar. Além de inábeis sociais, estamos a criar uma geração de viciados
40 numa droga tão ou mais aditiva do que as que conhecíamos até agora.
Mafalda Anjos, Editorial revista VISÃO nº 1361 de 4 de abril,
in https://visao.sapo.pt/ (texto com supressões).

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1. A utilização de dois pontos na linha 1 serve para introduzir uma
(A) citação.
(B) enumeração.
(C) contradição.
(D) explicação.

2. No segundo parágrafo, o autor estabelece uma comparação entre os atuais teenagers e a sua
geração para
(A) evidenciar comportamentos e/ou atitudes distintos.
(B) destacar a destreza tecnológica dos primeiros.
(C) relevar o caráter salutar da convivialidade.
(D) mostrar o tipo de entretenimento dos mais jovens.

3. A expressão “que nos hão de deixar boquiabertos” (l. 17), no contexto, significa
(A) em silêncio.
(B) espantados.
(C) taciturnos.
(D) desconfiados.

4. Da primeira para a segunda situações referidas em “Não sei como serão daqui a uma ou a duas
dezenas de anos” (ll. 22-23) estabelece-se uma relação temporal de
(A) posterioridade.
(B) simultaneidade.
(C) anterioridade.
(D) possibilidade.

5. Os processos de formação das palavras “foto” e “storie” (ll. 11-12) são, respetivamente,
(A) derivação e empréstimo.
(B) truncação e empréstimo.
(C) truncação e composição.
(D) amálgama e parassíntese.

6. Nas expressões “que me causou arrepios” (l. 1) e “e pôr-nos a pensar” (l. 17), os pronomes
pessoais desempenham as funções sintáticas de
(A) complemento direto, em ambos os casos.
(B) complemento indireto, em ambos os casos.
(C) complemento direto e de complemento indireto, respetivamente.
(D) complemento indireto e de complemento direto, respetivamente.

7. Classifique as orações seguintes:


a) “que ocupavam o pátio” (l. 4).
b) “que a dependência de jogos eletrónicos e das redes sociais causa verdadeiros distúrbios
emocionais” (ll. 34-35).

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GRUPO III

O autor do texto do Grupo II afirma: “Não sei como serão daqui a uma ou a duas dezenas de
anos estes nativos digitais, mas uma coisa não é difícil de antecipar: serão muito mais
socialmente inábeis.” (ll. 22-24).

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de


trezentas e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a importância da
socialização na formação da personalidade e do comportamento dos jovens.

No seu texto:
 explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois
argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
 utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

FIM

COTAÇÕES

Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
I
16 16 16 8 16 16 16 104
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
II 8 8 8 8 8 8 8 56
(4+4)
III Item único 40
TOTAL 200

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PROPOSTA DE CORREÇÃO
GRUPO I

Parte A
1. Geograficamente, Portugal situa-se a leste de Espanha e tem a oeste o mar (“ter a oeste o mar e a
espanha a leste”); é um país pequeno e tem a forma de um sável (“e me parece que se chama sável”,
“é essa a forma do meu país”). Socialmente, é uma nação que carece de liberdade, uma vez que só
no Portugal futuro “o puro pássaro é possível”, e o simples facto de poder “ouvir as horas do relógio
da matriz” no futuro fá-lo-á recordar, de novo, a dureza do país (“mas isso era o passado e podia ser
duro”).
2. Para o sujeito poético, no Portugal futuro, aquele que idealiza, o “puro pássaro”, metáfora da
liberdade, será possível, e essa metáfora surge associada ao vocábulo “crianças” que,
simbolicamente, remete para a ausência de limites, para a insubmissão. Por isso, é delas que
depende “a forma do [seu] país” já que elas “desenharão a giz” esse formato sobre “o leito negro do
asfalto”. Será, nesse espaço a edificar, que o sujeito poético encontrará o seu “portugal” e “lá [será]
feliz”.
3. A não utilização da maiúscula no nome “Portugal” permite acentuar o caráter negativo que o sujeito
poético atribui à situação do Portugal “do passado”. Esse portugal é uma abstração, uma ausência
das propriedades específicas de um país.
Pela mesma razão, a construção do poema é feita sem sinais de pontuação, com exceção do ponto
final que o encerra. E o mesmo justifica o uso de uma única estrofe, que traduz um cumular gradual
de todos os versos, balizados pela repetição do próprio título no início do primeiro verso e no fim do
último, criando uma circularidade.
4. A característica épica é visível na possibilidade que o sujeito poético vê de edificar um Portugal livre,
onde ele e os outros possam ser felizes (“e na avenida que houver à beira-mar / pode o tempo
mudar será verão”). A dimensão lírica resulta da perspetiva subjetiva do “eu” bem como do desejo
que manifesta na construção de um novo país, salientando-se o uso da primeira pessoa em “Gostaria
de ouvir as horas do relógio da matriz”.

PARTE B
5. Perante a pergunta colocada pela companheira de percurso do narrador, este acaba por levar a cabo
uma longa reflexão, lembrando que já outros lha tinham posto e só agora essa questão merecia, da
sua parte, um entendimento, procurando no presente e nele próprio a resposta. Por isso, são vários
os momentos em que as suas dúvidas transparecem, como se percebe pelas afirmações onde surge
o advérbio “talvez” (“Os princípios do senso da justiça talvez tivessem envelhecido”, linhas 11-12 e
“Talvez então seja possível a outros meterem em leis o que gelou do meu esforço.”, linhas 13-14).
Também a resposta com outra pergunta (“‒ Como explicar-te porque parti?”, linha 25) comprova
que tinha dificuldade em saber a razão da sua partida, depreendendo-se, no entanto, que o que
desencadeou essa partida foi a ânsia de conhecer e de testar as suas convicções (“Por mais que eu
queira, quando sei por dentro que uma coisa está certa, eu tenho de saber que está certa. E ainda
que os outros saibam que está errada, isso não me ajuda.” – linhas 28-29), parecendo haver
múltiplas justificações que se prendem com a sua própria essência (“As razões são tanto o que
somos, que só nascendo outra vez as poderemos renegar.” – linhas 31-32).
6. Logo na linha 2 surge uma personificação, concretamente em “A aldeia estava no fundo, quieta, sem
respirar”, onde o espaço ganha vida e propicia a reflexão que o narrador vai encetar. A expressão
“eu não achei uma sombra para me esconder”, linha 7, assume, neste contexto, um valor
metafórico, dado que remete para a necessidade de encontrar uma resposta para a pergunta “tão
clara” que lhe fora colocada. Para além destes recursos expressivos, surge ainda um eufemismo em
“Hei de um dia tombar e arrefecer”, linha 13, que remete para a ideia de morte, de fim; é ainda

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visível a comparação em “É como se eu tivesse já nascido para isso”, linhas 17-18, numa tentativa
clara de conhecer a razão que o levara a partir.

PARTE C
7. A realidade circundante ou o meio envolvente são frequentemente captados de forma subjetiva,
uma vez que o estado de espírito daquele(s) que os observa(m) atua de forma insistente no modo
como os percecionam.
Se pensarmos na forma como a cidade é captada por Cesário Verde em “O sentimento dum
ocidental”, facilmente se percebe a forte subjetividade do “eu” deambulante que a vê
disforicamente e a retrata como palco de injustiças e de desigualdades, onde o ambiente é descrito
também como sombrio e nauseabundo, e isto porque se sente aí enclausurado. Para além de Cesário
Verde, também Manuel da Fonseca em “Sempre é uma companhia” vê o Alentejo, e em particular a
aldeia de Alcaria, como um espaço de solidão, provocado pelo isolamento, com reflexos diretos
naqueles que aí habitam e cujos comportamentos evidenciam um caráter solitário e a tristeza em
que vivem. Mas já Camões, no século XVI, transpunha para a Natureza o seu estado de alma, dando-
-nos dela uma imagem ora paradisíaca ora dantesca, espelhando os seus sentimentos.
Deste modo, é possível confirmar-se que a subjetividade está presente no retrato da realidade que
muitos autores fazem nas obras que escreveram. [192 palavras]

GRUPO II
1. D; 2. A; 3. B; 4. C; 5. B; 6. D
7. a. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
b. Oração subordinada substantiva completiva.

GRUPO III
Viver em sociedade ou em comunidade é aquilo que se espera de qualquer ser humano, sendo uma
tarefa que exige de cada um de nós um conjunto de saberes que resultam das aprendizagens que
fazemos não só em ambiente escolar mas também no contacto que estabelecemos com os outros.
Efetivamente, e apesar de todos termos consciência de que a sociedade condiciona os nossos
comportamentos e molda a nossa personalidade, a verdade é que atualmente vivemos de costas
voltadas uns para os outros e, por isso, estamos cada vez mais solitários. De facto, vivemos mais
fechados sobre nós mesmos e procuramos apenas satisfazer os nossos desejos, privilegiamos os bens
materiais, ignorando aqueles que necessitam da nossa ajuda e da nossa solidariedade. Por isso, é
comum viver-se num prédio de vários andares e não se conhecer qualquer vizinho. Saímos e entramos
em casa sem olhar em redor e impedimos que as crianças convivam umas com as outras, como outrora
se fazia.
Para agravar este isolamento, surgem as novas tecnologias, que nos prendem durante horas em
frente a um computador, a um telemóvel ou a um tablet e nos fazem esquecer o que está à nossa volta,
inclusive as crianças que reclamam a nossa atenção e que nós calamos pondo-lhes um jogo num
qualquer aparelho eletrónico para não sermos incomodados. Logo, não é de estranhar que as escolas
sejam agora locais por onde andam disseminados os alunos, arrastando-se com os telemóveis pelos
corredores ou pelos recreios, anteriormente espaços de convívio, de partilha de ideias ou de opiniões,
através das quais aprendiam a argumentar e a respeitar os outros, exercitando a tão reclamada
cidadania. Convém, todavia, não esquecer que foram os adultos que incrementaram essa solidão,
impedindo os mais pequenos de brincar em espaços públicos ou com outras crianças, usando o
argumento de a sociedade ser cada vez mais violenta.
Em suma, talvez esteja na hora de mudar comportamentos e de pensar se o aumento da violência
não terá sido gerado pelas nossas atitudes egocêntricas, que nos impedem de conhecer outros e de
aprender a lidar com a heterogeneidade social.
[350 palavras]

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