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HORA D´ESTUDO – 7º ano

Nome: _____________________________________________________________
Data: __________________
LEITURA/ EDUCAÇÃO LITERÁRIA

As amizades perdidas

O auge1 das amizades é na adolescência. Aquelas amizades em que um dia


não sabemos o nome um do outro e na semana seguinte não passamos um dia
sem nos falar. Fazemos amigos num piscar de olho, por vezes literalmente.
Estamos todos a passar pelos mesmos dilemas2 e com a intensidade típica da
5 nossa idade, criamos uma ligação única entre nós.
Existem amizades que vêm e pouco depois, sem grande alarido, partem. São
pessoas que conhecemos por acaso, durante uma certa altura da nossa vida,
mas que por circunstâncias alheias a nós ou até por falta de tempo, de um
momento para o outro, deixam de existir. E se algum dia nos voltarmos a
10 encontrar, iremos colocar um sorriso na cara e perguntar como é que a vida lhes
correu até agora.
Não são essas as amizades de que quero falar, porque, embora com alguma
pena, essas estavam destinadas a partir. Não existiram aqueles momentos de
confidencialidade entre dois amigos que enfrentaram o mundo juntos. O tipo de
15 amigos que se sentam num carro, cercados por uma noite escurecida, a falar
sobre tudo aquilo que os rodeia, entristece, anima, ou que os confunde.
As horas passam tão depressa como os anos que já tiveram juntos. E assim
tão rapidamente devagar, cria-se uma amizade sem fim. Entre risos e segredos,
todas essas pequenas aventuras partilhadas deixam-nos com o sentimento
20 tranquilo de que entre o inseguro funcionamento do mundo, aquilo que temos
está pregado no ar... Até que um dia, sem um aviso prévio, o vento sopra e tudo
voa. São as amizades perdidas, que, em vez de partir, fogem.
Não acontece tão de repente assim, acontece devagarinho e é quase
sorrateiramente3 que palavras deixam de ser trocadas. Ninguém nos disse que a
25 nossa última conversa seria a última. No entanto, suavemente, brutalmente, o
tempo passou e agora somos apenas estranhos que partilham memórias.
Sinto curiosidade em saber se ao voltarmos a encontrar esses nossos amigos
daqui a muitos anos, trocar umas palavras com a pessoa a quem contávamos
todos os nossos segredos será constrangedor4, ou se será um encontro entre
velhos amigos que um dia se conheceram sem filtros.
Benedita Mendonça in http://visao.sapo.pt/opiniao/bolsa-de-especialistas/2018-
04-13-As-amizades-perdidas (consultado em 15/02/2019).

Notas
1
auge: ponto mais alto.
2
dilema: situação difícil, sem aparente saída.
3
sorrateiramente: de modo discreto.
4
constrangedor: que causa embaraço.

Prof. Carla Caetano 2019/2020 1


HORA D´ESTUDO – 7º ano

1. Para cada item (1.1. a 1.4.), escolhe a opção que completa corretamente as afirmações
que se seguem de acordo com o texto.

1.1. No texto afirma-se que algumas amizades são passageiras


(A) porque não eram verdadeiras ou não aconteceram no tempo certo.
(B) por motivos que não estão relacionados connosco ou por serem
superficiais.
(C) porque lhes dedicámos pouco tempo ou por fatores que não dependem
de nós.
(D) porque aconteceram na altura errada e não tiveram significado.

1.2. A cronista considera que


(A) é uma satisfação que algumas amizades passageiras acabem.
(B) é normal que algumas amizades passageiras acabem.
(C) é normal que algumas amizades passageiras sejam indesejáveis.
(D) é lamentável que algumas amizades passageiras sejam indesejáveis.

1.3. A verdadeira amizade distingue-se pelo facto de


(A) se associar às confidências.
(B) de implicar cumplicidade nalguns assuntos.
(C) durar para sempre.
(D) estar destinada a acabar.

1.4. No final do texto, a cronista confessa que gostava de saber como se sentiria ao
reencontrar um amigo
(A) do passado.
(B) passageiro.
(C) que nunca foi um estranho.
(D) que partiu de repente.

GRAMÁTICA
Lê o texto.
O tio Montague vivia numa casa próxima da nossa. Não era, no sentido estrito, meu
tio, mas uma espécie de tio-avô, mas como se tinha gerado uma acesa discussão entre os
meus pais sobre se eu o devia tratar por tio-avô ou tio-bisavô, no final de contas achei melhor
tratá-lo simplesmente por “tio”.
Não me lembro de alguma vez o ter visitado quando as árvores do bosque entre as
nossas casas estavam a florir. Todas as minhas memórias de caminhar por esse bosque são
de dias frios, com gelo ou neve, e as únicas folhas que via eram as que estavam mortas, a
apodrecer, no chão.

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HORA D´ESTUDO – 7º ano

Ao fundo do bosque havia um portão de uma cerca, daqueles que permitem que
passem as pessoas, mas as ovelhas não. Não sei porque é que o bosque ou o cercado que
ficava ao lado precisavam de um portão assim, pois nunca vi qualquer criatura naquele
campo ou em qualquer parte das terras do meu tio. Bom, pelo menos nenhuma criatura a que
pudesse chamar gado vivo.
Nunca gostei dessa cerca. Tinha uma mola incrivelmente forte no portão e o meu tio
não a mandava olear tantas vezes quanto seria necessário. Seja como for, nunca passei por
esse portão sem sentir um estranhíssimo terror de ficar preso. No bizarro estado de pânico
em que ficava então, imaginava, estupidamente, que alguma coisa se preparava para me
atacar pelas costas.
Chris Priestley, As Histórias de Terror do Tio Montague.
Lisboa: Arteplural Edições, 2012

1. Associa as palavras da coluna A aos processos de formação de palavras indicados


na coluna B.

COLUNA A COLUNA B
a. tio-avô
b. florir
c. apodrecer 1. Derivação
d. tio-bisavô
2. Composição
e. bosque
f. estranhíssimo
g. pedra
h. incrivelmente

2. Identifica a frase que contém a sequência de palavras cujas classes são:

determinante + nome + nome + verbo + preposição contraída + nome + adjetivo

(A) Ao fundo do bosque havia um portão.


(B) Tinha uma mola incrivelmente forte no portão.
(C) O tio Montague vivia numa casa próxima.
(D) O meu tio não a mandava olear.

3. Indica a classe e a subclasse das palavras destacadas nas frases.


Prof. Carla Caetano 2019/2020 3
HORA D´ESTUDO – 7º ano

a. Não era, no sentido estrito, meu tio.


b. Não era, no sentido estrito, meu tio, mas uma espécie de tio-avô.
c. Todas as minhas memórias de caminhar por esse bosque são de dias frios, com
gelo ou neve.
d. Nunca gostei dessa cerca.
e. O meu tio não a mandava olear.

4. Indica a função sintática desempenhada pelos constituintes destacados nas frases.

a. A Marta precisa da tua ajuda.

b. Ontem vi uma estrela cadente.

c. Já disse à mãe que vou mais tarde!

d. Ela deu-me uma carteira gira!

e. O astronauta aterrou na base.

f. Vou ao cinema no domingo.

g. Contei-lhe tudo o que sabia.

h. Ele deu uma dentada no pão!

i. Sabes, Maria, quem te telefonou.

j. O João sabe que não estavas a falar a sério.

k. O meteorito que caiu na Sibéria causou grandes prejuízos àquelas pessoas.

l. Os alunos portaram-se mal na última aula.

m. O Luís ficou em casa.

n. Três dias depois do acidente, Mário e Pedro permaneceram no hospital.

5. Indica o grau em que se encontra o adjetivo “estranhíssimo”.


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