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Matriz do teste de avaliação modelo IAVE – Unidade 1

Teste n.° 6 – Álvaro de Campos

Domínios – Educaçã o Literá ria; Leitura / Gramá tica; Escrita


Objetivos Conteúdos
Objetivos Conteú dos Estrutura e Percentagem (%) Perguntas/ cotaçã o

Educação Literária Parte A Parte A A.


Ler e interpretar textos Texto literá rio: 3 itens de resposta 1. 20 pontos
literá rios (EL11 e EL12; 14) excerto de um curta 2. 20 pontos
texto 3. 20 pontos
poético de Álvaro
de Campos Grupo I
B.
Parte B 50% Parte B 4. 20 pontos
Texto literá rio: 2 itens de resposta 5. 20 pontos
Excerto de curta
Os Lusíadas
Total – 100
pontos
Leitura Texto de leitura nã o 1.1 5 pontos
Ler e interpretar textos de literá ria constante 5 itens de escolha 1.2 5 pontos
diferentes géneros e graus no programa de 12.o mú ltipla e/ou de 1.3 5 pontos
de complexidade (L12; 7) ano (Memó rias) associaçã o 1.4 5 pontos
1.5 5 pontos
Gramática
a) Explicitar aspetos da a) Semântica – 3.2
semâ ntica do português valor aspetual
(G12; 19)
Grupo II
b) Construir um conhecimento b) Ponto 1 – retoma 20%
reflexivo sobre a estrutura e dos conteúdos 3 itens de resposta
o uso do português (G12; 17) de 10º ano e restrita 2.1 5 pontos
11º anos – 2.2 5 pontos
sintaxe: funções 2.3 5 pontos
sintáticas e a frase
complexa:
coordenação e
subordinação
Total – 40 pontos
Escrita
a) Planificar a escrita de textos a) Planificaçã o
(E12; 10)
b) Escrever textos de diferentes b) Texto de opinião
géneros e finalidades
(E12; 11) 1 item de resposta
c) Redigir textos com coerência c) Redação / Grupo III Item
extensa
e correçã o linguística textualizaçã o 30% único – 60 pontos
(200 a 300 palavras)
(E12; 12)
d) Rever os textos escritos d) Revisã o
(E12; 13)

Total –
200 pontos
GRUPO I
A
Lê o texto.

_ Ó fá bricas, ó laborató rios, ó music-halls, ó Luna-Parks1,


_ Ó couraçados2, ó pontes, ó docas flutuantes –
_ Na minha mente turbulenta e encandescida3
_ Possuo-vos como a uma mulher bela,
5 Completamente vos possuo como a uma mulher bela que nã o se ama,
_ Que se encontra casualmente e se acha interessantíssima.

_ Eh-lá-hô fachadas das grandes lojas!


_ Eh-lá-hô elevadores dos grandes edifícios!
_ Eh-lá-hô recomposiçõ es ministeriais4!
10 Parlamentos, políticas, relatores de orçamentos,
_ Orçamentos falsificados!
_ (Um orçamento é tã o natural como uma á rvore
_ E um parlamento tã o belo como uma borboleta.)

_ Eh-lá o interesse por tudo na vida,


15 Porque tudo é a vida, desde os brilhantes5 nas montras
_ Até à noite ponte misteriosa entre os astros
_ E o mar antigo e solene, lavando as costas
_ E sendo misericordiosamente o mesmo
_ Que era quando Platã o era realmente Platã o
20 Na sua presença real e na sua carne com a alma dentro,
E falava com Aristó teles, que havia de nã o ser discípulo dele.

______________

Fernando Pessoa, Poesia dos outros eus, edição de Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2007, pp. 231 e 232.

______________
1
«Luna-Parks» – parques de diversã o; 2 navios de guerra; 3 rubra de calor; 4 «recomposiçõ es ministeriais» – alteraçõ es na
composiçã o dos governos por mudanças de ministros; 5 diamantes

1. Identifica os dois recursos expressivos presentes nos dois primeiros versos do texto.

2. Explicita a intençã o da inclusã o da informaçã o presente entre parênteses nos versos 12 e 13: «(Um
orçamento é tã o natural como uma á rvore / E um parlamento tã o belo como uma borboleta.)».

3. Apresenta duas marcas de modernidade que sejam cantadas no poema.


B

Lê o texto.

_ Mas eu que falo, humilde, baxo e rudo1,


_ De vó s nã o conhecido nem sonhado?
_ Da boca dos pequenos2 sei, contudo,
_ Que o louvor sai à s vezes acabado.
5 Nem me falta na vida honesto estudo,
_ Com longa esperiencia misturado,
_ Nem engenho, que aqui vereis presente,
_ Cousas que juntas se acham raramente3.

_ Pera servir-vos, braço à s armas feito;


10 Pera cantar-vos, mente à s Musas dada;
_ Só me falece4 ser a5 vó s aceito6,
De7 quem virtude8 deve ser prezada.

[…]
______________

Luís de Camõ es, Os Lusíadas, organização de Emanuel Paulo Ramos, X, 154 e 155, 3ª edição,
Porto, Porto Editora, 1987, p. 355.

______________
1
v. 1 – Camõ es exibe a sua origem social, o povo; 2 «dos pequenos» – de pessoas do povo; 3 vv. 5-8: Camõ es apresenta vá rias
qualidades suas: o conhecimento baseado nos livros, o «estudo», o conhecimento facultado pela «experiê ncia» da vida, o
«engenho», isto é , a capacidade poé tica, «aqui» – em Os Lusíadas – concretizada; 4 «só me falece» – só me falta; 5 por;
6
conhecido; 7 por; 8 a capacidade engenhosa que lhe permitiu construir Os Lusíadas

4. Tem em atençã o o conector de natureza adversativa «contudo» presente no verso 3. Explica a sua
funçã o no contexto em que ocorre.

5. Refere as duas características de natureza biográ fica que Camõ es apresenta na segunda estrofe.

GRUPO II

Lê o texto.

_ A Quinta da Alorna, em Almeirim, era e é ainda hoje uma vastíssima e bela propriedade, uma
_ das melhores do país. Pertencera, até meados do século XIX, aos Marqueses da Fronteira e da
_ Alorna e deles tomara o nome. Adquirira-a por essa altura o Visconde da Junqueira, magnate
_ financeiro1 nobilitado pela monarquia liberal2. Ligado à indú stria dos tabacos, tinha o novel
5 titular3 fortuna suficiente para se substituir, na posse das terras, à velha aristocracia carregada
de títulos4 e aligeirada de bens5. […]
______________
1
«magnate financeiro» – grande capitalista; 2 «nobilitado pela monarquia liberal» – tornado nobre pelo regime moná rquico
liberal; 3 «novel titular» – novo nobre; 4 «carregada de títulos» – cheia de títulos nobiliá rquicos: condes, marqueses, duques…;
5
«aligeirada de bens» – que tinha perdido os bens, empobrecida
_ Pois foi para a Alorna, menina dos meus olhos – tão grande que eles não puderam reter-lhe
_ por muito tempo a imagem –, que partimos em caravana de automó veis, mandados vir de
_ Lisboa, da Companhia das Carruagens, dona dos coupés usados pela família e agora já de alguns
10 desses novos veículos motorizados que ainda eram luxo de espantar pobres e remediados e até
_ ricos pouco afeitos a tais conquistas do progresso.
_ Levava quatro horas a viagem do Linhó até Almeirim, porque as estradas eram de
_ macadame6 ruim, os automó veis de parca velocidade, diminuída ainda pelos cuidados que
_ exigia o transporte de minha avó , entrevada e dorida. No primeiro carro seguiam a avó , a tia
15 Jesuína, minha madrinha, uma criada, o Carlos Eugénio7 e eu. O automó vel tinha a disposição
_ interior do coupé, a mesma carrosserie escura e dois assentos pequenos, por nó s dois ocupados,
_ em frente do banco traseiro. Portinholas altas, com vidraça de correr na metade superior.
_ No segundo automó vel, gémeo do primeiro, seguiam as duas tias Isabéis, a do Linhó , irmã da
_ nossa avó , e a de Lisboa, filha mais nova desta; e também a Maria, neta da falecida Mãe Carlota 8,
20 e outra criada.
_ Marchava lentamente a caravana, pelas estradas esburacadas e cheias de pó . Eu falava todo o
_ tempo e o Carlos Eugénio interrompia-me para me dar conselhos de moderação ou para
_ responder, com o seu saber privilegiado, às perguntas da minha curiosidade. Com o aparelho
_ metálico pesado que dava vida precária à sua perna atrofiada pela paralisia infantil, ele sofria
25 sem um queixume os incó modos da longa viagem e dos solavancos frequentes. A nossa avó , que
_ as tias e as criadas tinham trazido ao colo até ao banco do automó vel donde ao fim das longas
_ horas do trajeto a tirariam, era pouco mais do que um molho de ossos minados pelo
_ reumatismo deformante, e a viagem era para ela uma via de sofrimento suportada com o
_ estoicismo da grande alma escondida em corpo tão minguado. Só eu tagarelava o tempo todo,
30 ante o sorriso benevolente da tia Jesuína e a repreensão delicada do Carlos Eugénio.
_ A viagem fazia-se por Santarém, pois muitos anos ainda haviam de decorrer antes de se cons-
_ truir a ponte de Vila Franca. Ao atravessarmos a velha ponte que liga Santarém à margem esquer-
_ da do Tejo, via-se já, a despontar na terra baixa da lezíria9, escassos quilómetros ao sul, o vulto bran-
_ co do palácio da Alorna, meta da nossa expedição. Passávamos por Almeirim e descíamos pela
35 estrada que leva a Benfica do Ribatejo. À direita abria-se, à nossa espera, o grande portão da quin-
_ ta. Os automóveis percorriam uma estreita alameda, torneavam o jardim cuidado. E paravam, pare-
_ cia que exaustos do esforço singular, em frente aos degraus onde o Dr. Mateus Barbosa, adminis-
_ trador das propriedades desde o tempo da Condessa da Junqueira, a governanta e toda a criadagem
_ esperavam outra condessa que não tinha nem o saber agronómico nem a autoridade daquela.
______________

Joaquim Paço D’Arcos, Memórias da minha vida e do meu tempo, Lisboa, Guimarães, 2013, pp. 81, 83 e 84.

______________
1
v. 1 – Camõ es exibe a sua origem social, o povo; 2 «dos pequenos» – de pessoas do povo; 3 vv. 5-8: Camõ es apresenta vá rias
qualidades suas: o conhecimento baseado nos livros, o «estudo», o conhecimento facultado pela «experiê ncia» da vida, o
«engenho», isto é , a capacidade poé tica, «aqui» – em Os Lusíadas – concretizada; 4 «só me falece» – só me falta; 5 por;
6
conhecido; 7 por; 8 a capacidade engenhosa que lhe permitiu construir Os Lusíadas

1. Para responderes a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a ú nica opçã o que permite obter uma
afirmaçã o correta.
1.1 Os pronomes pessoais presentes em «Pertencera, até meados do século XIX, aos Marqueses da
Fronteira e da Alorna e deles tomara o nome. Adquirira-a por essa altura o Visconde da
Junqueira, » (linhas 2 e 3) sã o mecanismos de construçã o da coesã o
(A) interfrá sica. (B) referencial. (C) lexical. (D) temporal.
1.2 Com a frase «– tã o grande que eles nã o puderam reter-lhe por muito tempo a imagem –,»
(linhas 7 e 8) o memorialista pretende,
(A) descrever a imagem da quinta.
(B) reforçar a importâ ncia da quinta.
(C) acentuar a dimensã o da quinta.
(D) especificar a localizaçã o da quinta.

1.3 Para justificar a lentidã o da viagem entre Linhó e Almeirim, o autor apresenta
(A) dois motivos. (C) quatro motivos.
(B) três motivos. (D) um só motivo.

1.4 A expressã o «sorriso benevolente» (linha 30) configura uma


(A) comparaçã o. (C) sinestesia.
(B) hipérbole. (D) personificaçã o.

1.5 O texto termina com uma comparaçã o entre duas condessas cuja funçã o é
(A) descrever a imagem da quinta.
(B) reforçar a importâ ncia da quinta.
(C) acentuar a dimensã o da quinta.
(D) especificar a localizaçã o da quinta.

5. O autor estabelece entre esse tempo e o nosso, uma relaçã o de


(A) engrandecer a segunda.
(B) engrandecer a primeira.
(C) enaltecer a segunda.
(D) diminuir a primeira.

2. Responde, de forma correta, aos itens apresentados.


2.1 Refere o valor aspetual presente no verbo levar no enunciado «Levava quatro horas a viagem
do Linhó até Almeirim» (linha 12).
2.2 Identifica a funçã o sintá tica da expressã o destacada em «Marchava lentamente a caravana»
(linha 21).
2.2 Indica o valor da oraçã o subordinada presente na frase complexa «Passá vamos por Almeirim
e descíamos pela estrada que leva a Benfica do Ribatejo.» (linhas 34 e 35).

GRUPO III
As viagens foram e continuam a ser, hoje, principalmente para os jovens, fontes de conhecimento
importantes.
Redige um texto de opiniã o, no qual comproves esta perspetiva, apresentando, pelo menos, dois
argumentos e respetivos exemplos.
O teu texto deve ter entre 200 e 300 palavras e deve estruturar-se em três partes ló gicas.
CRITÉRIOS ESPECÍFICOS DE CLASSIFICAÇÃO
Grupo I ................................................................................................................... 100 pontos

A
Pergunta 1 .............................................................................................................................. 20 pontos

Cenário de resposta:
Nos dois primeiros versos estã o presentes a apó strofe e a enumeraçã o.

Pergunta 2 ........................................................................................................................................ 20 pontos


Cenário de resposta:
O sujeito poético, ao incluir esta referência entre parênteses, chama a atençã o para novos temas que podem ser
abordados pela poesia.

Pergunta 3 ..................................................................................................................................................... 20 pontos

Cenário de resposta:
O mundo fabril (v. 1) e o mundo político (v. 10).

B
Pergunta 4 ........................................................................................................................................ 20 pontos

Cenário de resposta:
O sujeito poético apresenta-se ao Rei como pertencente ao povo, como sendo «humilde» (v. 1); mas o facto de
pertencer a essa camada social nã o o impede de ser capaz de mostrar a sua inteligê ncia e bom senso: daí o
conector.

Pergunta 5 ..................................................................................................................................................... 20 pontos

Cenário de resposta:
Na segunda estrofe, Camõ es refere explicitamente a sua vida de soldado (v. 9) e de poeta (v. 10).

Grupo II ........................................................................................................................................................... 40 pontos

Níveis Resposta Pontuaçã o


1.1 B 5
1.2 C 5
1.3 B 5
1.4 D 5
1.5 B 5
2.1 Valor imperfetivo 5
2.2 Sujeito 5
2.3 Valor de restriçã o 5

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