O documento resume o livro "Capitães da Areia", de Jorge Amado. A história segue um grupo de crianças de rua em Salvador, lideradas por Pedro Bala. Eventualmente, Dora junta-se ao grupo como a única rapariga. O objetivo de Amado era mostrar como a brutalidade das crianças decorria da falta de estrutura familiar e apoio do Estado.
O documento resume o livro "Capitães da Areia", de Jorge Amado. A história segue um grupo de crianças de rua em Salvador, lideradas por Pedro Bala. Eventualmente, Dora junta-se ao grupo como a única rapariga. O objetivo de Amado era mostrar como a brutalidade das crianças decorria da falta de estrutura familiar e apoio do Estado.
O documento resume o livro "Capitães da Areia", de Jorge Amado. A história segue um grupo de crianças de rua em Salvador, lideradas por Pedro Bala. Eventualmente, Dora junta-se ao grupo como a única rapariga. O objetivo de Amado era mostrar como a brutalidade das crianças decorria da falta de estrutura familiar e apoio do Estado.
Hoje vou apresentar-vos o livro “Capitães da Areia, da autoria do
escritor brasileiro Jorge Amado, publicado pela primeira vez em 1937. Jorge Amado nasceu na Baía, em 1912 e viveu uma adolescência agitada, primeiro, na Baía, no início dos seus estudos, depois no Rio de Janeiro, onde se formou em Direito e começou a dedicar-se ao jornalismo. É nesta cidade que publica, aos 19 anos, seu primeiro romance, intitulado “O País do Carnaval” (1931). Foi preso duas vezes por apresentar ideais socialistas e comunistas, vivendo exilado em vários países de onde se destacam Argentina, Uruguai e França. Possui uma vasta obra literária, com aproximadamente 45 livros publicados, romances, poemas, contos, crónicas, peças de teatro e literatura infantil. Os problemas sociais orientam a sua obra, mas o seu talento de escritor afirma-se numa linguagem rica de elementos populares e de grande conteúdo humano, o que vai superar a vertente política. O seu sentimento humano e o amor à terra natal inspiram textos onde é evidente a beleza da paisagem, a tradição cultural e popular, os problemas humanos e sociais. Fecundo contador de histórias regionais, Jorge Amado definiu-se, um dia, "apenas um baiano romântico, contador de histórias", tendo-lhe sido atribuído o Prémio Estaline, em 1951, o Prémio Pablo Neruda em 1959 e o Prémio Camões em 1994. Jorge Amado, é o autor mais adaptado da televisão brasileira, uma vez que as suas obras inspiraram novelas, com destaque para “Dona Flor e seus dois Maridos”, “Tieta do Agreste”, “Gabriela, cravo e canela”. Adicionalmente alguns dos seus livros foram adaptados ao cinema, como é o caso da obra “Capitães da Areia”, que deu origem ao filme lançado em 2011 com o mesmo título. Este escritor morreu na capital baiana, Salvador, no dia 6 de agosto de 2001, com 89 anos. A escolha do romance “Capitães da Areia” resultou da curiosidade em descobrir a relação existente entre dois nomes que, associados, originaram um título tão misterioso. Para além disso, nunca tinha lido nenhuma obra de Jorge Amado e queria partilhar com os meus colegas a realidade vivida no Brasil, país onde se verifica um grande desfasamento entre classes mais privilegiadas e as mais miseráveis. A obra tem início com a exposição de uma sequência de textos publicados no Jornal da Tarde, de Salvador. O primeiro deles é uma notícia que tem como título “Crianças Ladronas”. No corpo da notícia, narra-se o assalto praticado pelos Capitães da Areia, grupo de meninos de rua abandonados e marginalizados, que aterrorizam Salvador da Baía, à residência do Comendador José Ferreira. A notícia termina com um pedido de ajuda à polícia para tomar as providências necessárias para acabar com o problema da delinquência juvenil. Os Capitães da Areia refugiavam-se num trapiche abandonado no meio do areal, sendo este termo definido pelo narrador como uma espécie de armazém onde se guardavam produtos para exportação. Logo após a descrição deste local, é apresentado o líder do grupo, Pedro Bala, jovem de quinze anos, com uma cicatriz no rosto, fruto de uma luta com o antigo chefe dos Capitães da Areia, Raimundo, que lhe dera uma navalhada. Pedro, que possuía uma agilidade espantosa, ganhou a luta e expulsou Raimundo do grupo. Entretanto, são apresentados os mais importantes membros dos Capitães da Areia: João Grande de treze anos, que é o mais alto, o mais forte, o protetor dos menores, apesar de ser um pouco parvo. Logo depois, é introduzida a personagem Professor, o intelectual, que gostava de roubar livros, de os ler no trapiche à luz de vela e de recontar histórias aos amigos. A vida destes jovens era tão violenta que ficaram completamente encantados com um carrossel decadente, montando nos cavalinhos depois do público ir embora. O momento em que os Capitães da Areia brincam no carrossel desperta-lhes uma sensação mágica, fazendo-os sentir a alegria de uma criança que se deixa enfeitiçar por um brinquedo dum parque de diversão. A dada altura, os factos narrados centram-se em Dora, rapariga entre os 13 e os 14 anos, que passa a ser a única menina integrante dos Capitães da Areia. O ingresso dela causa inicialmente grande tensão, mas acaba por ser acolhida dentro do grupo, onde assumirá o papel de mãe, de irmã e, finalmente, de noiva e esposa de Pedro Bala. Ela e o seu irmão, Zé Fuinha perderam os pais devido à varíola e ficaram órfãos. Andavam pela rua quando conheceram João Grande e Professor, os quais decidiram acolhê-los no trapiche. Com o passar do tempo, Pedro Bala torna-se notícia de jornais de partidos de esquerda, publicados clandestinamente. Não é mais tratado como o líder dos Capitães da Areia, é o “militante proletário, o camarada Pedro Bala, que era perseguido pela polícia de cinco estados como organizador de greves, como perigoso inimigo da ordem estabelecida”. Pedro Bala foi preso, mas conseguiu fugir. O objetivo de Jorge Amado ao escrever este livro foi mostrar que a brutalidade dos Capitães da Areia decorre da problemática social, de famílias desestruturadas e da inaptidão do Estado para lidar com a questão do abandono de menores. A ação do grupo, no final da obra, deixa de ser apenas a da delinquência e passa para a da transformação política da sociedade. Aconselho vivamente a todos a leitura deste romance, já que é abordada a história de jovens comuns que partilham a mesma angústia, a mesma tristeza e a mesma frustração de uma vida desencantada e amarga. Neste sentido, “Capitães da Areia” está dotado de uma intemporalidade atroz, já que que mesmo nos dias de hoje existem ainda muitas crianças de rua a viver no mundo inteiro, que são vítimas de exploração e abusos permanentes ao longo da sua vida. Antes de dar por terminada a minha exposição oral, gostaria de vos mostrar um excerto do filme de 2011 baseado nesta obra.