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O problema do critério da moralidade das ações:

Capítulo 5 • a ética deontológica de Kant


• a ética utilitarista de Stuart Mill

FILOSOFIA 10.º
Sara R
a
Carlos poso
Pires
A NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO DA MORAL
Como distinguir uma O que há de incorreto
ação moralmente em matar, roubar
correta de uma ação e mentir e de correto
moralmente incorreta? em ajudar?
PROBLEMA DA
FUNDAMENTAÇÃO
Que critério ético justifica DA MORAL Será sempre incorreto
ou fundamenta a afirmação matar, roubar e mentir?
de que a ação A é correta e a E será sempre correto
ação B é incorreta? O que é correto fazer numa situação em que ajudar?
todas as alternativas são más e é preciso
escolher a menos má?

a ética deontológica de Immanuel Kant


Duas respostas diferentes
ao problema
da fundamentação da moral: o utilitarismo de Stuart Mill
O PROBLEMA DA FUNDAMENTAÇÃO DA MORAL

Haverá um critério capaz A ética deontológica


de indicar com clareza de Kant e o utilitarismo
qual é, em cada caso, a … de Mill são teorias objetivistas,
ação moralmente certa e pois consideram
a ação moralmente COMO DEVO VIVER?
que o critério da moralidade
errada? pode ser aplicado pelos
C O M O M E D E V O C O M P O R TA R ?
agentes de modo imparcial
Muitos filósofos pensam
e objetivo, recorrendo à razão
que esse critério O Q U E É O B E M E O Q U E É O M A L ? e não a sentimentos pessoais
existe, mas discordam
acerca de qual ele seja … ou tradições sociais.
e propõem critérios
diferentes.
A ÉTICA DE KANT

ÉTICA
DEONTOLÓGICA
=
ética do dever

Há deveres
Há ações que é morais absolutos.
sempre errado realizar Estes deveres devem
e há ações que é ser cumpridos
sempre correto realizar, incondicionalmente.
independentemente
Immanuel Kant
de as consequências Estes deveres são válidos
serem positivas para todos os seres racionais,
ou negativas. quer os humanos quer outros que
Não é consequencialista.
As consequências das possam existir.
ações não são o critério
de distinção do correto
e do errado.
A RAZÃO

RAZÃO
COMO SABER COMO
QUAIS SÃO JUSTIFICAR
AS AÇÕES QUE O CARÁTER Função Função
teórica prática
CONSTITUEM ABSOLUTO E
UM DEVER INCONDICIONAL
Kant responde que Mostra o que
MORAL? DOS DEVERES? Contribui para
é graças à razão. está certo
o conhecimento
Somos seres e o que está
do mundo
racionais e deve errado
ser a razão a dizer
o que está certo e RAZÃO
Determina
o que está errado. = a nossa vontade
capacidade
de pensar
e orienta
as nossas ações
A moralidade é um assunto racional. Os sentimentos, as Na moralidade está em causa a
convenções sociais, a religião e qualquer outro fator exterior razão prática, ou seja, a sua
à razão não têm nenhum papel a desempenhar na moralidade. aplicação à ação.
O IMPERATIVO CATEGÓRICO

IMPERATIVO RAZÃO Kant formula o imperativo


CATEGÓRICO categórico de vários modos,
FONTE DO IMPERATIVO
• Todos os seres racionais afirmando que a sua aplicação
CATEGÓRICO
são capazes de leva-nos a aceitar ou rejeitar as
compreender e aplicar mesmas ações.
um princípio ético – o
imperativo categórico
(ou lei moral).
Princípio supremo
• É o princípio supremo da moralidade
da moralidade – é o
critério que permite
Imperativo
distinguir as ações
categórico
moralmente corretas
das ações moralmente
incorretas. O imperativo categórico é como um teste: Fórmula da Fórmula da
lei universal humanidade
• as ações aprovadas no teste devem
• Deveres derivados do REGRA
ser feitas;
imperativo categórico são DAS
• as ações não aprovadas no teste não
também incondicionais e REGRAS
devem ser feitas.
absolutos.
O IMPERATIVO CATEGÓRICO

FÓRMULA DA LEI UNIVERSAL FÓRMULA DA HUMANIDADE


«Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao «Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na
mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal.» tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre
e simultaneamente como fim e nunca simplesmente
COMO FUNCIONA O TESTE?
como meio.»
• Antes de realizar uma determinada ação devemos
perguntar-nos que máxima (a regra subjacente à ação) • Não devemos realizar ações em que as pessoas sejam
estaremos a seguir se realizarmos essa ação. consideradas apenas meios e não fins em si mesmas.

• Queremos que essa regra seja seguida por todos os • Uma coisa tem um preço, de modo a poder ser comprada
agentes em todas as situações semelhantes e vendida. O ser humano (e outros seres racionais que
(universalização da regra)? possam existir) não tem um preço. Não é uma coisa, é
um ser autónomo, com capacidade de escolha, único e
SIM NÃO insubstituível, e não deve ser considerado como um
A ação é A ação é moralmente meio, ou instrumento, ao serviço de alguém.
moralmente má e não deve ser feita.
boa e deve ser feita. Um ser humano não deve ser tratado como um mero
Devem ser realizadas apenas as ações meio ou instrumento ao serviço dos outros, pois é um
que decorrem de máximas que possam ser racional capaz de fazer as suas próprias escolhas
ser transformadas em leis universais. e, como tal, a sua autonomia deve ser respeitada.
A BOA VONTADE
Temos uma boa vontade quando o nosso
querer é determinado pela razão
e obedecemos ao imperativo categórico. VALOR MORAL
O valor da boa vontade não depende DAS AÇÕES
dos resultados ou das consequências
BOA de uma determinada ação.

A D E não depende depende

VONT
Ações determinadas pelo dever
(animadas por uma boa vontade)
têm valor moral.
Ações não determinadas pelo das
consequências do motivo
dever, mas por inclinações imediatas resultantes (do princípio
É intrínseca ou com intenção egoísta, não têm da ação do querer
e ilimitadamente ou do princípio
valor moral. da vontade).
boa; não pode ser Fazer o que está
usada para o mal. Existem coisas boas para nem da
certo pelas
satisfação
razões certas
além da boa vontade, das inclinações
(ou seja repeitar
mas a boa vontade ou de interesses
o imperativo
é o bem supremo
(ou bem último). categórico)
TIPOS DE AÇÃO

AGIR POR DEVER


Para Kant, a boa vontade, sendo
intrínseca e ilimitadamente boa, não AÇÕES
pode ser usada para o mal. AÇÕES POR
Um agente dotado de boa vontade CONTRÁRIAS DEVER
não realiza ações contrárias ao dever AO DEVER
– pelo contrário, age por dever.

O que é agir por dever?


AÇÕES
Kant distingue diferentes tipos de
CONFORME
ação consoante o seu valor moral.
O DEVER

Intenção Inclinações
egoísta imediatas
Quais as ações que possuem valor moral?

AÇÕES CONTRÁRIAS AÇÕES AÇÕES CONFORME


AO DEVER POR DEVER O DEVER
• Ações erradas, que não • Ações que realizamos • Ações de acordo com o dever, mas que não são
devemos realizar. por reconhecermos motivadas pelo respeito ao dever.
• Estas ações não passam racionalmente que
são ações corretas • O agente faz o que é correto, mas não o faz pelo
no teste do imperativo
e que devemos fazer. motivo moralmente certo.
categórico:
– não são • Ações realizadas • Não têm valor moral.
universalizáveis; unicamente com Kant distingue dois tipos de ações conforme o dever:
– não respeitam as a intenção de
pessoas como fins cumprir o dever.
em si mesmas. INTENÇÃO EGOÍSTA INCLINAÇÕES IMEDIATAS
• São ações corretas
e têm valor moral. • Ações motivadas • Ações motivadas por
• São imorais.
pelo interesse sentimentos como a simpatia,
(consequências o amor ou a compaixão.
benéficas para o • A ação é a correta, mas é
agente), mas de
realizada por influência dos
que resulta algo
sentimentos e não pela
de bom.
consciência do dever.
TIPOS DE AÇÃO E VALOR MORAL
Em resumo:

contrárias imoralidade
ao dever (ações incorretas)

AÇÕES em mera conformidade com o dever:


legalidade
(ações corretas, mas sem
Intenção egoísta ou inclinação imediata
valor moral)
de acordo
com o dever
moralidade
por dever (ações corretas
e com valor moral)
IMPERATIVO CATEGÓRICO E IMPERATIVO HIPOTÉTICO

Nem sempre o verbo «dever» é usado num sentido


moral – ao contrário do que acontece com os deveres
que derivam do imperativo categórico.
Por isso, Kant faz uma distinção entre imperativo IMPERATIVO HIPOTÉTICO IMPERATIVO CATEGÓRICO
categórico e imperativo hipotético. A ação é um meio para outro A ação é um fim em si mesma.
fim.
O imperativo hipotético é uma regra que nos diz que
Faz X para obteres Y. Faz X.
meios devemos usar se queremos atingir determinados
resultados. Exemplo: Sê honesto se queres Exemplo: Sê honesto.
que as pessoas te respeitem.
O imperativo hipotético não tem caráter moral porque Obrigação ou dever Obrigação ou dever
quem lhe obedece: condicional. incondicional.
A ação não tem valor moral. A ação tem valor moral.
• não age por dever;
A vontade é heterónoma. A vontade é autónoma.
• age contra o dever ou por mera conformidade ao
dever.

O imperativo hipotético promove a heteronomia da


vontade enquanto o imperativo categórico promove
a sua autonomia.
AUTONOMIA E HETERONOMIA DA VONTADE

A U T O N O M I A D A V O N TA D E H E T E R O N O M I A D A V O N TA D E
• A vontade é autónoma se obedece à razão (se queremos • Quando a vontade é influenciada por sentimentos ou
aquilo que a razão ordena) e ao imperativo categórico interesses pessoais, não obedece a si mesma. Kant diz
(ou lei moral). que nesses casos a vontade é heterónoma, por obedecer
ser
autónomo a algo que é exterior à razão (sentimentos / interesses)
• Quando a vontade obedece a si
e não à razão e à lei moral.
mesma, é autónoma, e, por isso, =
é uma vontade livre (ser livre é ser livre
obedecer à lei moral).
AUTONOMIA HETERONOMIA
• Não basta escolher para ser realmente livre: é preciso A vontade não depende de A vontade depende de algo
escolher o que está moralmente certo. Só é livre quem algo exterior. exterior (aquilo que deseja
faz o que tem a obrigação moral de fazer. dá a lei à vontade).

Ações livres. Ações não livres: dominadas


por sentimentos ou interesses.
A ação está de acordo com o A ação está de acordo com
Por sermos seres racionais, quando a nossa imperativo categórico. o imperativo hipotético.
vontade obedece à razão e à lei moral estamos a
obedecer A ação tem valor moral. A ação não tem valor moral.
a nós próprios. Pode dizer-se que isso faz de nós algo
como um legislador moral e um coautor da lei moral.
OBJEÇÕES À ÉTICA DE KANT

Conflito de deveres É errado negar a importância


Segundo esta objeção, existem casos em que há moral dos sentimentos
deveres incompatíveis (conflito de deveres). Segundo esta objeção, alguns sentimentos
Se os deveres em causa forem todos absolutos, são muito importantes para a vida humana
não sabemos o que fazer, qual deles seguir. e têm caráter moral. É habitual considerar
que a amizade ou o amor, por exemplo,
são sentimentos moralmente bons. Não é
O imperativo categórico correto eliminá-los da esfera ética,
negando a sua importância moral.
é consequencialista
Segundo esta objeção, ao contrário do que Kant
pretendia, o único modo plausível de entender o Atenção!
imperativo categórico é consequencialista: Estas são
três de vá apenas
averiguar se uma máxima é ou não rias objeç
universalizável é analisar se as consequências ões
de todas as pessoas agirem do mesmo modo, em possíveis
à ética
circunstâncias semelhantes, são boas ou más. de Kant.
A ÉTICA DE STUART MILL

Se uma ação tiver


UTILITARISMO consequências
• Fundado pelo filósofo favoráveis, é
am.
inglês Jeremy Benth
moralmente
• Stuart Mill foi discípulo
correta.
de Bentham.

Se uma ação tiver


consequências
O utilitarismo é desfavoráveis, é
consequencialista, moralmente incorreta.
pois a moralidade das
ações depende das ill Ao contrário do que acontece na ética kantiana,
rt M
consequências. Stua
o motivo é irrelevante para avaliar a moralidade
de uma ação.
Para Mill, a moralidade de uma ação depende
das suas consequências.
O PRINCÍPIO DA UTILIDADE

O princípio da utilidade (de uma ação)


é o fundamento da moral

Minimizam
trazem
Ações têm a felicidade
INFELICIDADE
consequências SE ou aumentam
às pessoas
desfavoráveis a infelicidade:
envolvidas
são ações
incorretas
O PRINCÍPIO DA UTILIDADE

O princípio da utilidade (de uma ação)


é o fundamento da moral
MAXIMIZAR A FELICIDADE.
MINIMIZAR A INFELICIDADE.
trazem Maximizam
Ações têm FELICIDADE a felicidade A UTILIDADE (ou FELICIDADE)
consequências e minimizam
SE (ou bem-estar)
a infelicidade: é o critério ético que permite
favoráveis às pessoas
são ações justificar se uma ação
envolvidas é correta ou é incorreta.
corretas
O PRINCÍPIO DA UTILIDADE
é, assim, o fundamento da REGRA
moral (ou o princípio ético DAS
Minimizam supremo). REGRAS
trazem a felicidade
Ações têm
INFELICIDADE ou aumentam i o d a utilidade
consequências SE às pessoas a infelicidade:
Princí p
s, Mill us
a «princí
pio
desfavoráveis Por veze licidade» em vez
envolvidas são ações da maior
fe
a u tilidade.
cíp i o d
incorretas de «prin
O PRINCÍPIO DA UTILIDADE
A imparcialidade
MAXIMIZAR A FE
LICIDADE
A utilidade (ou felicidade) é o critério ético que permite justificar se uma ação é correta MINIMIZAR A INF
ELICIDADE
ou é incorreta. Esta felicidade é a felicidade de quem? Será a do agente da ação?

Não. Não se trata somente da felicidade do agente, mas também a de:


Ao avaliar se uma
• todas as pessoas implicadas na ação; ou ação
é moralmente boa
ou má,
deve calcular-se d
• do maior número possível de implicados (se for impossível todos). e modo
imparcial e não te
ndencioso
a felicidade que é
Por essa razão, a felicidade deve ser calculada com imparcialidade.
previsível ela prod
uzir.

O AGENTE DEVE TER EM CONTA A SUA FELICIDADE, MAS NÃO DEVE DESFAVORECER A DOS OUTROS.
A FELICIDADE DE CADA UM DOS INDIVÍDUOS IMPLICADOS NA AÇÃO DEVE CONTAR DA MESMA MANEIRA.
O HEDONISMO

A ética de Mill é hedonista Prazeres superiores


e inferiores O hedonismo
de Mill
é QUALITAT
IVO
FELICIDADE Os prazeres são todos iguais?
e não quanti
tativo.
Consiste
no prazer e na Mill responde que não. Considera que há prazeres
ausência de dor superiores (os intelectuais) e prazeres inferiores (os
ou sofrimento. corporais), e afirma que quem os conhece a ambos
prefere sempre os superiores aos inferiores.

Por isso, dizemos Porque são preferíveis os prazeres intelectuais?


que a ética de Mill
as Os prazeres intelectuais satisfazem melhor a natureza dos
Teorias étic é hedonista.
m
que defina seres racionais – capazes de pensar, imaginar e falar (que
felicidade feito Mill considera as capacidades mais elevadas) e não apenas de
como um e ão
da realizaç da «hedonista» sentir, como os animais não racionais.
pessoal ou deriva do grego
obediência hédoné = prazer
o
a Deus nã istas
são hedon
DEVERES À questão
«Será que os fins
justificam os meios?»,
o utilitarismo responde:
Não há deveres absolutos «Por vezes, justificam.»
Para Mill, mentir, por exemplo, é
normalmente incorreto – porque
mentir provoca mais infelicidade se minimiza se maximiza
do que felicidade. a felicidade ou MENTIR a felicidade ou
aumenta a
Mas mentir é sempre incorreto? infelicidade
ROUBAR reduz a
infelicidade
Mill responde que não. Considera
que em determinadas situações MATAR
mentir pode ser a ação correta, (por exemplo)
desde que ao mentir se esteja
a maximizar a felicidade. ação ação
Uma mesma ação pode ser incorreta correta
incorreta numa determinada
situação e correta noutra,
ins ju s t if icaram
o que faz com que não existam os f
deveres absolutos – ao contrário os meios
do que Kant defende.
PRINCÍPIOS SUBORDINADOS MAXIMIZAR O PRAZE
R
MINIMIZAR A DOR

Por vezes não usamos o princípio da utilidade


Uma crítica ao utilitarismo é que, na maioria das
situações, não há tempo para se refletir acerca da
ação que se quer realizar de modo a perceber, através PRINCÍPIO
Por vezes não é diretamente
da aplicação do princípio da utilidade, se maximiza usado. DA UTILIDADE
ou não a felicidade geral. Usam-se regras de ação
Mill responde que nos casos em que não é possível aprovadas pelo
usar o princípio da utilidade (o princípio supremo) o próprio princípio.
agente orienta-se por regras de ação (os princípios
subordinados), consagradas pela experiência de vida
e «aprovadas» pelo princípio da utilidade, como, por Se essas regras
exemplo: não se deve mentir; não se deve roubar; geram mais
não se deve matar. infelicidade …pode admitir-
E se as regras não funcionarem, acabando a ação por do que felicidade... se uma
produzir, ao contrário do habitual, maior infelicidade exceção
do que felicidade? à regra
Não há
Nestes casos, para Mill justifica-se, de acordo
deveres
com o princípio da utilidade, abrir uma exceção. absolutos
O BEM ÚLTIMO

Porque é que Mill considera a felicidade como o


fundamento da moral?
A felicidade é o bem último porque,
para Mill, é a finalidade última
das ações humanas. FELICIDADE
Ao contrário das outras coisas, É um bem último.
a felicidade tem valor intrínseco:
Tem valor intrínseco:
desejamo-la por si mesma.
é algo bom em si mesm
o. BENS
As outras coisas são desejadas DINHEIRO, SAÚDE,
como meios de alcançar a felicidade, por exemplo
mas desejamos a felicidade
por si mesma. têm apenas valor instrumental:
valem apenas como meios para
f e l i cida d e atingir a felicidade.
A im o
e m ú lt
éob
OBJEÇÕES À ÉTICA DE MILL (ao utilitarismo)

Dificuldades de cálculo
Segundo esta objeção, podemos cometer um
erro ao calcular as consequências das
Excesso de exigência
ações e considerar benéficas ações que Esta objeção sustenta que não é correto
afinal são prejudiciais. o agente tentar ser tão imparcial como
o utilitarismo pretende e que está certo dar
mais peso à felicidade de algumas pessoas
(familiares, por exemplo).
Violação de direitos individuais
Segundo esta objeção, o utilitarismo parece Atenção!
Estas são
justificar ações que a intuição nos diz serem três de vá apenas
erradas – como, por exemplo, sacrificar uma rias objeç
ões
pessoa inocente, violando o seu direito à vida,
possíveis
para aumentar a felicidade geral. à
de Stuart ética
São ações que põem em causa os direitos Mill.
de algumas pessoas, embora maximizem
a felicidade.
COMPARAÇÃO ENTRE AS TEORIAS DE KANT E MILL

QUESTÕES RESPOSTA DE KANT RESPOSTA DE STUART MILL

Qual é o princípio supremo da O imperativo categórico (fórmula da lei O princípio da utilidade (ou princípio da maior
moralidade? universal e fórmula da humanidade) felicidade)
Para determinar o valor moral das O motivo da ação As consequências da ação
ações é preciso analisar o quê?
Como deve o agente proceder para Submeter, com imparcialidade, as máximas ao Submeter, com imparcialidade, as ações (e as
descobrir os seus deveres? teste do imperativo categórico regras morais) ao teste do princípio da utilidade
Sim. Não admitem exceções, dizem respeito a Não. Admitem exceções, dependendo do
Os deveres morais são absolutos? todas as situações e a todos os agentes saldo global de felicidade produzido
Não. O que importa moralmente é o respeito Não. Vale tanto como a felicidade de qualquer
A felicidade do agente é um dos envolvidos na ação.
pelo imperativo categórico e isso pode
especialmente importante? O que importa moralmente é a felicidade geral
proporcionar ou não felicidade ao agente

Qual é o bem último? A boa vontade A felicidade

Quais são as principais características Racional, consequencialista, hedonista


Racional, deontológica e objetivista
destas teorias éticas? e objetivista

Apesar das muitas distinções entre estas duas éticas, há também várias situações em que a aplicação do imperativo categórico e do
princípio da utilidade conduz ao mesmo veredito moral. Exemplo: a escravatura é moralmente errada.

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