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A Última Nau
_ Levando a bordo El-Rei D. Sebastiã o,
_ E erguendo, como um nome, alto o pendã o1
_ Do Império,
_ Foi-se a ú ltima nau, ao sol aziago2
5 Erma, e entre choros de â nsia e de pressago3
_ Mistério.
Fernando Pessoa, Poesia do eu, edição de Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, p.369.
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1
bandeira; aziago, 2 azarento, que anuncia desgraça; 3 que prevê o futuro; 4 nevoeiro
1. Caracteriza a «nau» referida na primeira estrofe (v. 4) com os elementos textuais pertinentes
presentes nas duas primeiras estrofes.
2. Tem em atençã o o verso 19: «Nã o sei a hora, mas sei que há a hora,». Interpreta-o tendo em
atençã o o sentido global do poema.
3. Identifica, justificando, a quem se dirige o sujeito poético nos três ú ltimos versos do poema.
B
Lê o texto.
_ Pouco depois, felizmente, avistaram uma barca pequena, que navegava para a Atouguia.
_ Começaram a bradar-lhes1, de joelhos, que lhes valessem; e estando a barca a um tiro de
_ berço2, logo lhes acudiu com muita pressa.
_ Vinha a bordo dessa barca um Rodrigo Á lvares de Atouguia, mestre e senhorio dela3, e
5 uns parentes e amigos seus. Todos começaram a esforçar os da nau. Não temessem nada;
_
não os desamparariam, ainda que com risco de se perderem eles pró prios. E não desejavam
_ por isso prémio algum.
_ Vendo o estado em que estavam os da nau, ficaram ató nitos. Logo lhes deram pão, água e
_ frutas, que para si traziam.
1 O senhorio da barca, tanto que 4 acabou de lhes dar de comer, passou-lhes um cabo de
0
reboque com que afastaram a nau da rocha e a foram trazendo ao longo da costa até à baía
_
de Cascais, aonde chegaram pelo sol-posto. Acorreram botes, em que se meteram; uns
desembarcaram ali em Cascais; outros só em Belém tomaram terra.
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«As terríveis aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho (1565)», in História trágico-marítima – narrativas de naufrágios da época das
conquistas, Adaptação de Antó nio Sérgio, Lisboa, Sá da Costa Editora, 2009, p. 145.
5. Caracteriza os passageiros da «barca pequena» (linha 1) com base nos seus comportamentos e ati-
tudes.
GRUPO II
Lê o texto.
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1
formalidade; 2 tristonha; 3 algué m vindo de fora
_ Mas toda a família Martins habitava por perto: na rua das Amoreiras ou do Arco do
_ Carvalhão: a Tia Maria e o Tio Joaquim, a Ivone, a Lourdes, o Manuel; todo o clã que vinha do
_ tio Frederico, Adolfo, Lucinda, Lourdes, Vonicha e os irmãos, continuava no Bairro da
_ Liberdade.
45 Todo este tecido familiar, onde uma certa estrutura patriarcal não se tinha dissolvido, era
_ enriquecido ainda pelo facto do Avô José, o Avô Zezinho, viver connosco, na casa da rua Victor
_ Bastos; e bem assim, a Ana que, desde os três anos, viera para Lisboa viver com os meus avó s,
_ como se fosse irmã do Papá.
_ Também ela morou connosco, lá em casa, até casar. Frequentara a Escola Machado de
50 Castro e trabalhava um pouco para nó s, outro tanto para ela, como modista. Tinha uma idade
_ aproxi-mada das primas Martins (o Papá era, creio, o mais velho de todos); e, através dela,
_ todo um universo feminino de raparigas solteiras, casadoiras, conviviam e confidenciavam,
_ partilhavam projetos e comentavam os grandes acontecimentos – os bailes, a eleição da Miss
_ Campolide; as marchas populares; as pró ximas férias em Vila Cortês – ouviam os mesmos
55 programas de rádio; liam as mesmas revistas de modas ou de atualidades, cochichavam de
_ namoros, falavam dos trabalhos em que todas procuravam um princípio de apoio econó mico,
para completarem as economias domésticas tão estáveis quanto escassas e sem horizonte. Era
um tentear tímido porque, neste nível social, raras mulheres assumiam decididamente uma
vida profissional pró pria. O futuro aparecia-lhes mais na forma ó bvia do casamento.
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Maria Vitalina Leal de Matos, Secretário – Memórias, Lisboa, Book Builders, 2016, pp. 24 a 26 (texto adaptado).
1. Com a utilizaçã o da expressã o «se bem que» (linha 2) a autora inicia a apresentaçã o de
(A) uma possibilidade.
(B) uma concessã o.
(C) um contraste.
(D) uma alternativa.
5. O sinal de pontuaçã o presente em «De qualquer forma distinguia-se:» (linha 19) tem como funçã o
(A) anunciar uma enumeraçã o.
(B) anunciar uma explicaçã o.
(C) anunciar um contraste.
(D) anunciar uma possibilidade.
8. Refere o aspeto verbal presente nas formas dos verbos do excerto textual seguinte: «todo um univer-
so feminino de raparigas solteiras, casadoiras, conviviam e confidenciavam, partilhavam projetos e
comentavam os grandes acontecimentos» (linhas 50 a 52).
10. Classifica a oraçã o subordinada presente em «Mas isso era outra histó ria que tinha a ver com a
circunspecçã o das regras de convívio,» (linhas 11 e 12).
GRUPO III
Redige um texto de opinião, no qual comproves que assim é, apresentando, pelo menos, dois
argumentos e respetivos exemplos.
O teu texto deve ter entre 200 e 300 palavras e deve estruturar-se em três partes ló gicas.
CRITÉRIOS ESPECÍFICOS DE CLASSIFICAÇÃO
Grupo I ................................................................................................................... 100 pontos
A
Pergunta 1 .............................................................................................................................. 20 pontos
Aspetos de conteúdo (C) ...................................................................................................... 12 pontos
Cenário de resposta:
Trata-se de uma «nau» que partiu, levando «El-Rei D. Sebastiã o» (v. 1) com destino e paradeiros desconhe-
cidos.
Cenário de resposta:
Ele dirige-se a D. Sebastiã o, figura que perpassa por todo o poema.
B
Pergunta 4 ........................................................................................................................................ 20 pontos
Aspetos de conteúdo (C) .............................................................................................................. 12 pontos
Cenário de resposta:
Eram estes passageiros gente boa, que prontamente ajudou os ná ufragos.
Pontuaçã o
15 12 9 6 3
Parâ metro
(A) – Trata, sem desvios, o tema – Trata o tema proposto, – Aborda lateralmente o
Tema e proposto. embora com alguns tema proposto.
tipologia – Mobiliza informaçã o desvios. – Mobiliza muito pouca
ampla e diversificada – Mobiliza informaçã o informaçã o relativamente
relativamente à tipologia suficiente, relativamente à à tipologia textual
textual solicitada: produz tipologia textual solicitada: produz um
um discurso coerente e solicitada: produz um discurso geralmente
sem qualquer tipo de discurso globalmente inconsistente e, por vezes,
ambiguidade. coerente, apesar de ininteligível.
algumas ambiguidades.
Pontuaçã o
10 8 6 4 2
Parâ metro
Pontuaçã o
5 4 3 2 1
Parâ metro