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Formação continuada para professores de 6º ao 9º ano

Língua Portuguesa
Aula 2
Objeto do conhecimento:
Práticas de linguagem por campo de
atuação (leitura, produção e revisão de textos). de
linguagem, eixos de ensino e campos de atua
Objetivo:
Reconhecer as práticas de leitura, produção e
revisão de textos.
A prática de leitura para ampliação e construção do
conhecimento interdisciplinar nos leva a três pontos
essenciais:
● Ter proficiência leitora não é fácil.
● A leitura NÃO é conteúdo específico do currículo de
Língua Portuguesa.
● A leitura pode ser um caminho para tornar a escola “o
melhor lugar da quebrada” (Sérgio Vaz).
Todo professor é professor de leitura na BNCC e no
DCTMA

Utilizar diferentes linguagens – verbal, corporal, visual,


sonora e digital –, bem como conhecimentos das
linguagens artística, matemática e científica, para se
expressar e partilhar informações, experiências, ideias e
sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos
que levem ao entendimento mútuo.

BNCC - Competência Geral nº 4


Para todos os componentes curriculares.
Leitura no currículo maranhense
“...as atividades de leitura e escrita propostas no ensino de Língua
Portuguesa devem possibilitar aos alunos a ampliação da construção do
conhecimento nos demais componentes e contribuir com estratégias de
integração curricular
em relações interdisciplinares, por intermédio de
atividades e projetos realizados no espaço escolar.”

(DCTMA, p. 89) Escola como espaço motivador de leitura em todas as áreas


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Pistas para formação de leitores


Como motivar os estudantes para a leitura?
Para refletir

O domínio da escrita representa o poder de dizer, se auto


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afirmar e se enraizar no mundo.

Os textos a serem trabalhados devem estar relacionados à


2 realidade, às vivências dos estudantes, ou seja, os textos que
circulam por onde eles estão e que tenham significado para
eles.
Gêneros textuais por Campo de Atuação

Jornalístico Notícias, fotodenúncias, fotorreportagens multimidiáticas, infográficos,


midiático podcasts, entrevistas, cartas de leitor, comentários, artigos de opinião.

Contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas de


Artístico
literário aventuras, de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias em
quadrinhos, mangás, poemas.

Vida
Regimentos, estatutos, regulamentos, reclamações, solicitações, tomar
pública notas em discussões, debates, palestras, apresentação de propostas,
reuniões.

Estudo e Esquemas, infográficos, tabelas, quadros sinópticos, quadros comparativos,


pesquisa resumos, resenhas, comentários, mapas conceituais.
Escolhas didáticas imprescindíveis para
a produção de textos
Seleção tática

01 02 03 04
Nomeação e Finalidade para a Leitura e análise de Levantamento e seleção
caracterização do escrita. modelos. de informações.
gênero.
01 Recursos para a produção de textos
Silhueta - Carteira de Identidade
Recursos para a produção de textos
Quadro de ferramentas
Gênero carta pessoal
Recursos para a produção de textos
Quadro de ferramentas
● Gênero carta pessoal
Características Função
Marcas de pessoalidade na linguagem Conectar pessoas distantes
(linguagem descontraída)
Interlocução direta;
Discussão de temas íntimos
Aspectos textuais Aspectos ortográficos

Data; Letras maiúsculas no início das frases, no nome do


Saudação (vocativo) destinatário e do lugar.
Corpo do texto; Pontuação (ponto final, vírgula, ponto de interrogação,
Assinatura; ponto de exclamação).

Destinatário (para quem é remetida a carta);


Recursos para a produção de textos
Quadro de ferramentas – fábula
PERSONAGENS CARACTERÍSTICAS (dos MORAL
personagens)

Rato da cidade Mais gordo Mais vale uma vida simples e sossegada que muito luxo com
Rato do campo Mais magro perigos e preocupações.
Leão Forte Uma boa ação ganha outra.
Ratinho Fraco Os preguiçosos colhem o que merecem.
Cigarra Folgada Os mais fortes prevalecem.
Formiga Trabalhadeira A aparência pode ser mudada, mas a natureza não.
Sapo Pequeno Não tente imitar os outros; seja sempre você mesmo.
Boi Grande Quem desdenha quer comprar.
Raposa Esperta

ASPECTOS TEXTUAIS E ORTOGRÁFICOS


Frases curtas Letras maiúsculas no início das frases e nos nomes dos personagens.
Parágrafos Pontuação (ponto final, vírgula, travessão, ponto de interrogação ponto de
Diálogos exclamação).
Lugar e tempo
Recurso para a revisão de textos
03
Quadro analítico

QUANTO AO GÊNERO FÁBULA

Há personagens com características e comportamentos


humanos? Apresenta um conflito a ser resolvido?
Apresenta uma moral ou reflexão que combina com a Desenvolve-se sem omitir ou contradizer informações?
história?

QUANTO À ORTOGRAFIA E PONTUAÇÃO

Obedece às normas de ortografia estudadas?


Há pontuação correta no discurso direto e indireto?
Está bem pontuada, sem frases muito longas?

QUANTO AOS ASPECTOS VISUAIS

A letra está legível (em caso de produção manuscrita), do


Há divisão em parágrafos, com recuo da primeira linha?
tamanho adequado?
Resumindo
Trabalho em equipe

Elaboração de

Silhueta ● Infográfico
Quadro de ferramentas ● Mapa conceitual
Quadro de revisão ● Contos de terror
● Entrevista
● Regulamento
● Tomada de notas
● Autobiografia
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“O nono ano já foi outra história, comecei um pouco desanimada, mas na


escola havia uma professora, não era de língua portuguesa, mas ela gostava
muito de ler e sempre falava de algumas leituras que fazia. Eu ouvia tudo com
muita atenção, até que um dia ela falou sobre um livro que estava lendo e
fiquei muito interessada. O nome do livro é “Violetas na janela”, pedi o livro
emprestado. Depois dessa leitura despertei para outras, inclusive li outro livro:
“Emil e os detetives”, não gostei muito da história, mas não importa, o bom
mesmo foi que li e também li outros livros.”

Beatriz Caetano Souza – 15 anos


(Memórias de leitura: um estudo sobre a formação do leitor do ensino fundamental –
anos finais
Aula 3
Objeto do conhecimento:

Análise linguística e semiótica;


Indicadores educacionais em Língua Portuguesa (SEAMA)
Recomposição das aprendizagens (projeto interventivo)
E recomposição das eixos de ensino e campos de atua
Objetivo:

Exercitar práticas de análise linguística e semiótica.


Compreender os indicadores educacionais em Língua Portuguesa
(SEAMA) e as intervenções para a recomposição das
aprendizagens.
O que é análise linguística e semiótica?
● Análise linguística

Inclui as questões tradicionais da gramática e


questões amplas do texto (adequação aos objetivos
pretendidos; análise de recursos como metáforas,
metonímias, paráfrases, citações, discursos direto e
indireto; organização e inclusão de informações);
não limita-se à higienização do texto do aluno em
seus aspectos gramaticais e ortográficos.
(GERALDI, 1997, p. 74, com modificações)
● Semiótica
Ciência que analisa todos os
sistemas de comunicação presentes
numa sociedade. Teoria de representação
criada por Charles S. Pierce, que
considera os signos em seus modos de
representações e de manifestações.

(Dicionário Houaiss da Língua


Portuguesa)

.
O que é análise
linguística e semiótica

Prática de linguagem que envolve:

● os procedimentos e estratégias de análise e avaliação consciente dos


textos, durante os processos de leitura e de produção de textos;

● as formas de composição dos textos, a coesão, a coerência e a


organização dos textos, de acordo com o gênero;

● os conhecimentos grafofônicos, ortográficos, lexicais, morfológicos,


sintáticos, sociolinguísticos e semióticos.
“...nas práticas de análise linguística/semiótica abandona-se a perspectiva
meramente metalinguística com base na palavra isolada e na frase
descontextualizada e privilegia-se a análise dos textos produzidos em práticas
efetivas de uso da linguagem, sempre articuladas às atividades de leitura/escuta
e produção escrita... deve-se garantir (...) a presença de gêneros textuais que
contemplem a diversidade linguística inerente ao falar maranhense...”

(DCTMA, págs. 90/91)


Como fazer análise linguística e semiótica

Devemos partir da língua que se usa em casa, nas conversas


do dia a dia, no escritório, na rua, cuidando-se para que as
palavras não sejam despidas de seus significados culturais,
fixando-nos apenas no substantivo, no adjetivo...
“Para qualquer situação vale o jeito de
falar/escrever que é adequado à situação. (...)
Porque competente é quem domina o maior número
possível dos falares ou escritas. A convivência do
aluno com a produção linguística valorizada é uma
condição para a incorporação gradual do falar, do
escrever prestigiado”
(ANTUNES, 2007)
Indicadores Educacionais em Língua
Portuguesa
Concepção de avaliação no DCTMA

A avaliação é para diagnosticar, registrar e redimensionar a


aprendizagem dos estudantes, respeitando suas
especificidades e níveis de desenvolvimento. (DCTMA,
págs. 24 a 26)
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Níveis de aprendizagem mensurados pelo SEAMA


Padrões de desempenho do SEAMA
Descritores do nível 1
NÍVEL 1 – ATÉ 175 PONTOS (abaixo do básico)

● Localizar informação explícita em contos, fábulas,


reportagens e mitos.
● Inferir a causa do comportamento de um
personagem em fragmentos de diários, em tirinhas
e em cartuns e realizar inferência em textos não
verbais.
● Reconhecer a finalidade de receitas.
Descritores do nível
NÍVEL 10 – ACIMA DE 375 PONTOS (avançado)
● Reconhecer a ideia principal em manuais, reportagens, artigos e teses.
● Identificar os elementos da narrativa em contos e crônicas.
● Diferenciar fato de opinião e opiniões diferentes em artigos e notícias.
● Inferir o sentido de palavras em poemas e em contos.
● Inferir o efeito de sentido provocado pela repetição de formas verbais em
fábulas.
● Reconhecer o tema comum entre textos do gênero poema.
● Reconhecer a relação de sentido estabelecida por conjunção adversativa
em sinopses e o gênero artigo de opinião.
● Inferir o efeito de sentido causado pelo uso do recurso estilístico da rima e
por escolha de expressão em poemas e crônicas.
● Inferir efeito de ironia em poemas.
Recomposição das
aprendizagens no âmbito do
SEAMA

Desempenho dos ● Desempenho básico, com


estudantes do 9º ano em pontuação entre 203 e 225.
Língua Portuguesa ● Processo inicial de desenvolvimento
de competências e habilidades.
● O reforço é recomendado.
● Definir as prioridades de
aprendizado
Promover a divulgação dos resultados do SEAMA e
compartilhar as análises desses resultados com
toda a equipe gestora e pedagógica para pensar e
(re)pensar novas rotas do trajeto.
01 Perguntas norteadoras

A. Quais são as principais defasagens percebidas nos alunos da escola


em Língua Portuguesa?

B. Que ações coletivas podem ser pensadas para cada ano?

C. Será necessário reorganizar as turmas a partir das defasagens?

D. É possível e necessário o desenvolvimento de atividades ampliadas no


contraturno?

E. É possível e necessário o desenvolvimento de um trabalho conjunto


entre professores do componente curricular?
02 Definir estratégias para recompor as
aprendizagens não alcançadas pelos
estudantes

Intensificação de atividades que comecem


pelas habilidades que apresentaram
menores percentuais de acertos.
03 Focar nos descritores característicos
dos níveis distribuindo-os por etapa dos
Anos Finais

Proposta de descritores do SEAMA – Língua Portuguesa – a serem


trabalhados por ano:

● Níveis 1 e 2 – 6º ano
● Níveis 3, 4 e 5 – 7º ano
● Níveis 6 e 7 – 8º ano
● Níveis 8, 9 e 10 – 9º ano
Projeto interventivo
Projeto interventivo

Elaborado coletivamente para criar situações de


Para quê?
aprendizagem para os estudantes que apresentam
necessidades específicas.

Características Busca as melhores estratégias de aprendizagem para cada


estudante.
Tem caráter coletivo e integrador.
É contínuo, se necessário for, mas pode ser temporário.
Ajusta-se à necessidade de cada escola.
Expedição Formativa Maranhense
DOCUMENTO CURRICULAR DO TERRITÓRIO MARANHENSE
Ensino Fundamental

Projeto Interventivo
No primeiro momento, perguntas orientam a elaboração
do projeto:
Quais são os estudantes que precisam de ajuda? Quem é
cada um deles?
Qual a necessidade de cada um?
Feito isso, definem-se coletivamente os objetivos do
projeto.
Expedição Formativa Maranhense
DOCUMENTO CURRICULAR DO TERRITÓRIO MARANHENSE
Ensino Fundamental

No segundo momento, elabora-se o projeto.


Nele se incluem:
1) Identificação
• Escola/CRE
• Etapa/Modalidade
• Ano(s) e turma(s)
• Responsáveis pelo atendimento
• Estudante(s) atendido(s)
2) Apresentação (breve texto que apresente linhas gerais do projeto).
3) Justificativa (relato geral das condições iniciais dos estudantes que
serão atendidos pelo projeto, levantadas na avaliação diagnóstica).
4) Objetivo geral (expressa o resultado esperado com o desenvolvimento
do projeto).
5) Objetivos específicos (são desdobramentos do objetivo geral.
Especificação dos objetivos de aprendizagem que os estudantes
devem alcançar)
6) Desenvolvimento (seleção dos procedimentos didáticos, apontando
sua operacionalização, os atores e ou setores envolvidos)
7) Avaliação da aprendizagem dos estudantes (descrição de
procedimentos e instrumentos avaliativos para acompanhar a
avaliação do desempenho do estudante no PI, em conformidade com
as Diretrizes de Avaliação Educacional - Avaliação da Aprendizagem.
Apresentação dos projetos
O Projeto Interventivo deve ser constantemente
atualizado; não tem professor nem estudantes fixos;
todos os estudantes têm nele alguma atuação; deve
ter preparação dos professores para nele atuarem;
requer reflexão sobre a necessidade de
organização escolar desvinculada das
características da; faz parte da avaliação para as
aprendizagens.
Conclusão
Referências bibliográficas

ALVES, Maria do Rosário do N. R. Educação ambiental nas aulas de língua portuguesa: gêneros textuais em uma
abordagem interdisciplinar. Tese (doutorado) - Universidade de Brasília, Faculdade de Educação, Programa de Pós-
Graduação em Educação, 2013.

BARBOSA, Jacqueline P. As práticas de linguagem contemporâneas e a BNCC, Programa Escrevendo o


Futuro/Olimpíada de Língua Portuguesa, CENPEC-SP. Disponível em
https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/nossas-publicacoes/revista/artigos/artigo/2648/as-pratica
s-de-linguagem-contemporaneas-e-a-bncc

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. MEC. Brasília, DF, 2018.
CAZDEN et al. Uma pedagogia dos multiletramentos. Desenhando futuros sociais. (Orgs. Ana Elisa Ribeiro e
Hércules Tolêdo Corrêa; Trad. Adriana Alves Pinto et al.). Belo Horizonte: LED, 2021.

DOCUMENTO CURRICULAR DO TERRITÓRIO MARANHENSE. Disponível em:


https://drive.google.com/drive/folders/1ySAHICYIWheaFju__pkAbykeAbPsE7ce
ROJO, Roxane. Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.
Até a próxima!

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