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Aluna:

Anna Thereza Rosa de Oliveira

Assunto:
Educação Básica

Referência Bibliográfica Completa:


LINS DE AZEVEDO, J. M. Plano Nacional de Educação e planejamento: A questão
da qualidade da educação básica. Retratos da Escola, [S. l.], v. 8, n. 15, p. 265–280,
2015. DOI: 10.22420/rde.v8i15.441. Disponível em:
https://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde/article/view/441. Acesso em: 3 out.
2022.

Tipo de fichamento:
Resumo

Texto da ficha:
Em 2014 foi implantado o Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024), sua
tramitação levou quase quatro anos e o projeto recebeu 2.915 emendas,
representando o significativo interesse da população. O longo tempo também pode
ser justificado pelos múltiplos e contraditórios interesses em disputa, sugerindo o
grau de importância atribuído.
O plano constitui uma expressão de planejamento, ou seja, ele resulta de uma
série de reflexões, debates e análises, nele constam os objetivos que expressam o
que se pretende fazer, de que modo, quando, com quais recursos e com que atores.
Esse plano deve ser visto como instrumento capaz de incorporar reconstruções e
não como algo concreto, pois apesar das decisões consubstanciadas ele está
passível de participação da democracia política.
A ideia do PNE remete aos pioneiros no movimento pela educação nas primeiras
décadas do século passado, que tinha como vertente uma educação republicana, de
massa, laica, obrigatória e gratuita, embasada nos princípios científicos e valores
democráticos, indo em contrapartida ao ensino elitista capitaneado pela igreja
católica.
A Constituição promulgada em 1934, que durou apenas três anos, determinou
no art.150 como competência da União a fixação do “plano nacional de educação,
compreensivo do ensino de todos os graus e ramos, comuns e especializados”, bem
como a coordenação e a fiscalização da “sua execução, em todo o território do
País”. O art. 152, por sua vez, estabeleceu que caberia ao Conselho Nacional de
Educação, a elaboração do referido plano “para ser aprovado pelo Poder Legislativo
e sugerir ao Governo as medidas que julgar necessárias para a melhor solução dos
problemas educativos bem como a distribuição adequada dos fundos especiais”. Em
1937 uma nova Constituição botou por terra ideais republicanos e implantou a
ditadura do Estado Novo.
Após a 2ª Grande Guerra e a ditadura varguista, o planejamento voltou à tona,
porém só retornou de vez em 1961 na primeira Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB). Em consequência disso, surgia o primeiro PNE contendo
metas de uma educação republicana para serem alcançadas em um prazo de oito
anos, porém a lei não foi cumprida, na medida que o golpe militar de 1964 imprimiu
outras orientações. Nessas orientações, a educação foi vinculada à teoria do capital
humano, aproximando os sistemas de ensino e o sistema econômico.
O Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG) estreou o planejamento do
regime autoritário, sendo assim a política educacional foi tomada como instrumento
de melhoria dos recursos humanos para o desenvolvimento. O próximo governo
tomou como prioridade as definições do Programa Estratégico de Desenvolvimento
(PED), nele, garantiu-se um mínimo de escolaridade para toda a população e
previu-se a expansão do ensino médio, compreendendo nele o fornecimento de
capacitação para o trabalho.
O I Plano Setorial de Educação e Cultura (I PSEC), divulgado no Governo
Médici, objetivou a continuidade da expansão e a aceleração da revolução do
processo educacional brasileiro. Esse plano continuava a predominância do enfoque
econômico da educação. O II PSEC objetivou a integração dos sistemas de ensino e
uma efetiva articulação entre todos os níveis, de modo a conferir coesão e unidade,
e priorizou a inovação e renovação do ensino, a fim de melhorá-lo qualitativamente e
modernizá-lo, a preparação de recursos humanos por meio da expansão da
pós-graduação e a capacitação técnico-administrativa. Já o III PSEC retornou o foco
à educação como direito de cidadania, desconectando seus objetivos com o projeto
de desenvolvimento. Há indicações de um planejamento participativo, bem como o
reconhecimento da educação como política social.
No processo de redemocratização ficou evidente os problemas sociais
produzidos pelo regime autoritário e, no texto da Carta Magna, o planejamento da
educação voltou a ser registrado. Mais tarde, a LDB determinou como
responsabilidade da União a elaboração do Plano Nacional de Educação. A
construção do primeiro plano refletiu as tensões e contradições presentes no regime
ditatorial brasileiro, mas também criou-se um debate sobre as soluções para as
questões educacionais. Após cerca de três anos, o I PNE foi instituído em janeiro de
2001, com vigência até 2010.
Sua estrutura foi montada em seis subdivisões: I - Introdução; II - Níveis de
ensino; III - Modalidades de ensino; IV - Magistério da educação básica; V -
Financiamento e gestão; e VI - Acompanhamento e avaliação. Esse documento
apresentou problemas relacionados às metas financeiras, revelando ausência de
recursos para as inovações previstas, e à focalização das políticas. Apesar disso,
ele representou um documento importante para a educação brasileira.
Durante a vigência do I PNE, houveram mudanças significativas na esfera
política brasileira com a ascensão ao Governo de uma coligação que se dizia
democrático-popular. Essa nova coalizão estabeleceu marcos significativos para as
políticas educacionais, numa perspectiva que passou a privilegiar a inclusão e a
democratização. Iniciativas como a ampliação do ensino fundamental e da educação
obrigatória e gratuita, que passou a abranger a educação infantil e o ensino médio, a
criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), além da ampliação de políticas
afirmativas e de inclusão. É nesse contexto de novas orientações de políticas sociais
que o II PNE foi concebido e aprovado.
A partir disso, entra em discussão a questão da qualidade da educação e do que
seria essa noção de qualidade. Com isso, o II PNE é considerado um dos principais
instrumentos das políticas educacionais brasileiras, o plano confere centralidade à
busca da qualidade da educação socialmente referenciada e, em relação ao I PNE,
houveram avanços e inovações importantes na forma e conteúdo, com as metas e
estratégias articulando entre si e frisando os meios e mecanismos financeiros.

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