Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
(Organizador)
RECURSOS HÍDRICOS
editora
científica digital
ROBSON JOSÉ DE OLIVEIRA
(Organizador)
RECURSOS HÍDRICOS
1ª EDIÇÃO
editora
científica digital
2021 - GUARUJÁ - SP
editora
científica digital
O conteúdo dos capítulos e seus dados e sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade
exclusiva dos autores. É permitido o download e compartilhamento desta obra desde que no formato
Acesso Livre (Open Access) com os créditos atribuídos aos respectivos autores, mas sem a possibilidade
de alteração de nenhuma forma ou utilização para fins comerciais.
Esta obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial-Sem Derivações 4.0
Internacional (CC BY-NC-ND 4.0).
R311 Recursos hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa / Organizador Robson José de Oliveira. – Guarujá, SP:
Científica Digital, 2021.
E-BOOK
ACESSO LIVRE ON LINE - IMPRESSÃO PROIBIDA
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-89826-78-1
DOI 10.37885/978-65-89826-78-1
1. Recursos hídricos – Brasil. 2. Desenvolvimento de recursos hídricos – Brasil. I. Oliveira, Robson José de.
2021
CDD 333.91
Direção Editorial
Reinaldo Cardoso
João Batista Quintela
Editor Científico
Prof. Dr. Robson José de Oliveira
Assistentes Editoriais
Erick Braga Freire
Bianca Moreira
Sandra Cardoso
Bibliotecário
Maurício Amormino Júnior - CRB6/2422
Jurídico
Dr. Alandelon Cardoso Lima - OAB/SP-307852
editora
científica digital
CONSELHO EDITORIAL
Mestres, Mestras, Doutores e Doutoras
Robson José de Oliveira Flávio Aparecido De Almeida
Universidade Federal do Piauí, Brasil Faculdade Unida de Vitória, Brasil
editora
científica digital
CONSELHO EDITORIAL
editora
científica digital
CONSELHO EDITORIAL
Clecia Simone Gonçalves Rosa Pacheco Réia Sílvia Lemos da Costa e Silva Gomes
Instituto Federal do Sertão Pernambucano, Brasil Universidade Federal do Pará, Brasil
Maria Luzete Costa Cavalcante António Bernardo Mendes de Seiça da Providência Santarém
Universidade Federal do Ceará, Brasil Universidade do Minho, Portugal
editora
científica digital
CONSELHO EDITORIAL
editora
científica digital
APRESENTAÇÃO
Esta obra, RECURSOS HIDRICOS, GESTÃO, PLANEJAMENTO E TÉCNICAS DE PESQUISA, constituiu-se a partir de um
processo colaborativo entre professores, estudantes e pesquisadores que se destacaram e qualificaram as discussões
neste espaço formativo. Resulta, também, de movimentos interinstitucionais e de ações de incentivo à pesquisa que
congregam pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento e de diferentes Instituições de Educação Superior
públicas e privadas de abrangência nacional e internacional. Tem como objetivo integrar ações interinstitucionais nacionais
e internacionais com redes de pesquisa que tenham a finalidade de fomentar a formação continuada dos profissionais da
educação, por meio da produção e socialização de conhecimentos das diversas áreas do Saberes.
As vantagens de publicar em um livro trabalhos de tão eficiência e gabarito é que podemos apresenta para sociedade
resultados, revisão do que melhor está sendo discutido, pesquisado na academia e nesse contexto que envolve a temática
de recursos hídricos numa época em que vivemos mais uma crise hídrica no pais é bom levantar discussões sobre a
questão da água e seus usos com profissionais que militam na área para que possamos apresentar soluções, resultados
e busca de melhoria do uso mais adequado de nossa agua e levando a mais pessoas possível. Os mais variados temas
envolvendo pesquisas como Indicadores de desempenho para reservatórios; Uso de sítios florestais para melhoria de áreas
degradadas; Qualidade de vida em uma cidade mineira através de índices econômicos, sociais e ambientais; Origem de
agua em reservatório sob a ótica hidrogeoquimica; Caracterização de umidade do solo, entre outras pesquisas de pessoas
que buscam a ciência como proposito de encontrar soluções para uma vida melhor nesse planeta.
Agradecemos aos autores pelo empenho, disponibilidade e dedicação para o desenvolvimento e conclusão dessa obra.
Esperamos também que esta obra sirva de instrumento didático-pedagógico para estudantes, professores dos diversos
níveis de ensino em seus trabalhos e demais interessados pela temática.
Robson José de Oliveira
SUMÁRIO
CAPÍTULO
01
A ADOÇÃO DE PLANO DE MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL DIRECIONADO PARA A REGIÃO DA CAATINGA COMO
FERRAMENTA DE GESTÃO NA SOLUÇÃO DE CONFLITOS EM CENÁRIOS DE ESCASSEZ HÍDRICA
Ariadne Ferreira Gomes; Paloma Paiva Santiago; Enio Costa; Érika da Justa Teixeira Rocha
' 10.37885/210705535................................................................................................................................................................................... 14
CAPÍTULO
02
A DINÂMICA HIDROLÓGICA DA ZONA RIPÁRIA MONITORADA PELO NÍVEL DO LENÇOL FREÁTICO
Claudia Moster; Walter de Paula Lima; Maria José Brito Zakia; Jean Paul Laclau
' 10.37885/210705565...................................................................................................................................................................................24
CAPÍTULO
03
A INFLUÊNCIA DO EFLUENTE DE UMA ETE NA CARACTERÍSTICA DA MATÉRIA ORGÂNICA DISSOLVIDA DE UM RIO
Rafael Duarte Kramer; Jhonatas Antonelli; Marcelo Real Prado; Júlio Cesar Rodrigues Azevedo
' 10.37885/210705376................................................................................................................................................................................... 38
CAPÍTULO
04
ANÁLISE COMPARATIVA DA CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS NO AQUÍFERO BAURU EM MATO GROSSO DO SUL
E EM SÃO PAULO
Denise Aguena Uechi; Sandra Garcia Gabas; Giancarlo Lastoria
' 10.37885/210705516................................................................................................................................................................................... 48
CAPÍTULO
05
CARACTERIZAÇÃO DA UMIDADE DO SOLO NA BACIA DO PEFI
Maria del Carmen Sanz Lopez; Augusto José Pereira Filho
' 10.37885/210705506.................................................................................................................................................................................. 58
CAPÍTULO
06
GESTÃO INTEGRADA DA INFORMAÇÃO E DO MONITORAMENTO DE DADOS AMBIENTAIS EM BACIAS HIDROGRÁFICAS
PARA GESTÃO DE RISCOS AMBIENTAIS
Maria Bernardete Guimarães
' 10.37885/210705569................................................................................................................................................................................... 71
SUMÁRIO
CAPÍTULO
07
IMPACTOS DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO (MARIANA - MG) NA GEOMETRIA HIDRÁULICA DO RIO
GUALAXO DO NORTE
Diego Rodrigues Macedo; Antônio Pereira Magalhães Júnior; Regina Paula Benedetto de Carvalho; Miguel Fernandes Felippe
' 10.37885/210705526.................................................................................................................................................................................. 92
CAPÍTULO
08
INDICADORES DE DESEMPENHO ESTATÍSTICOS PARA RESERVATÓRIOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Shevine Silva Oliveira Risso; Patrícia Teixeira Leite Asano; Eduardo Lucas Subtil; Maria Cleofé Valverde Brambila
CAPÍTULO
09
INFLUÊNCIA DE OBRAS DE PROTEÇÃO COSTEIRA NO CONTROLE DE EROSÃO NA PRAIA CENTRAL DE MARATAÍZES (ES)
Angélica Aparecida Liandro Pinheiro; Arthur Costa Cerqueira; Idel Cristiana Bigliardi Milani
CAPÍTULO
10
MAPEAMENTO DAS ESTRUTURAS DE DEFESA LITORÂNEA E MITIGAÇÃO DE PROCESSOS EROSIVOS EM PERNAMBUCO
- BRASIL
Arthur Costa Cerqueira; Idel Cristiana Bigliardi Milani; Angélica Aparecida Liandro Pinheiro
CAPÍTULO
11
MODELAGEM E SIMULA O DA DISPERSÃO DE DIÓXIDO DE CARBONO NA REPRESA DA USINA HIDRELÉTRICA DE MANSO
E REGIÃO
Beatris Carila da Silva; André Krindges
CAPÍTULO
12
MONITORAMENTO DE METAIS PESADOS EM BACIA HIDROGRÁFICA
André Gorjon Neto; Cássia Maria Bonifácio; Osvaldo Tarelho Júnior; Célia Regina Granhen Tavares
Rosahelena Reis Morais Silva; Adnívia Santos Costa Monteiro; José do Patrocínio Hora Alves
CAPÍTULO
14
OS IMPACTOS DA PRESENÇA DE AGROTÓXICOS EM CURSOS D’ÁGUA NO MUNICÍPIO DE BURI – SP
CAPÍTULO
15
PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA NO MONITORAMENTO AMBIENTAL
CAPÍTULO
16
PLANEJAR COM AS ÁGUAS: O PAPEL DE GRUPOS EXTENSIONISTAS E ASSESSORIAS POPULARES NA CONSTRUÇÃO DE
Augusto Cesar Oyama; Edimilson Rodrigues dos Santos Junior; Marcelo Montaño; Marcel Fantin
CAPÍTULO
17
QUALIDADE DE VIDA EM TUPACIGUARA (MG): ANÁLISES A PARTIR DE ÍNDICES SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS
Enio Costa
IFCE
10.37885/210705535
RESUMO
15
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
16
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 1. PMFS ativos em 2018 com base nas informações do CNIP- APNE – adaptado de CNIP-APNE.
METODOLOGIA
Caracterização da área
A área de estudo está localizada no município de Pentecoste - Ce. Esse município está
na mesorregião norte cearense, situado na bacia hidrográfica rio Curu, médio Curu. O cli-
ma predominante é o Semiárido e no município, está localizado um dos maiores centros
de pesquisas ictiológicas da América do Sul, de onde são exportados alevinos de várias
espécies e tecnologia de desenvolvimento de criatórios e reprodução para todo o estado e
regiões Nordeste e Norte do país (PENTECOSTE, 2020). Além da exportação muitos alevinos
são comercializados para os próprios moradores, que investem na aquicultura. A Fazenda
Aliança, onde deve ser implantado o PMSF, tem coordenadas geográfica 3° 52’ 49” S e 39°
16’ 19” W. A Figura 2 mostra a localização da área de estudo.
17
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 2. Localização da área de estudo – MANGUEIRA (2017).
Há ainda uma região com vegetação nativa do bioma da Caatinga, não muito densa,
com aparente estado de degradação. O conflito no Gerenciamento do Recurso Hídrico é
observado principalmente nos períodos de estiagem, quando a água do açude – fonte de
abastecimento – sofre com o processo de competição, sendo compartilhada entre a desse-
dentação dos rebanhos e a manutenção das condições ambientais dos tanques de peixes.
Figura 4. Ciclo de gestão de projetos dos Padrões Abertos da CMP, versão 3.0 – adaptado de CMP (2013).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nas observações feitas após visitas técnicas à Fazenda Aliança e de diálo-
gos com os proprietários, foi elaborado o escopo do Plano de Manejo Florestal Sustentável
- PMFS, seguindo os procedimentos apresentados por Gomes (2018).
O Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS da Fazenda Aliança terá como ob-
jetivo principal reduzir os conflitos sobre o uso do recurso hídrico, aplicando técnicas de
gerenciamento e ferramentas de controle. Essas técnicas serão apresentadas na etapa
de monitoramento.
Com base no que foi observado durante a visita técnica, constatou-se que há um con-
flito no gerenciamento do recurso hídrico naquela localidade. Essa competição se dá entre
os diversos usos exigidos para a água que está represada no açude da propriedade, sendo
mais perceptível nos períodos de estiagem.
19
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Além disso, chegou-se à conclusão de que o solo dessa localidade está passando
por um processo de degradação. Essa conclusão resulta da análise visual do terreno, dos
diálogos com os proprietários da Fazenda e, da análise de estudos previamente realizados
por outros pesquisadores, que indicaram, dentre outros fatores, que o pisoteio do rebanho
bovino está causando alterações na densidade do solo – caracterizando um início de de-
gradação (MANGUEIRA, 2017).
Assim, considerando que a recuperação da vegetação de Caatinga remanescente às
margens do açude poderá ajudar a regular o processo de erosão desse solo, permitindo a
redução da carga de sedimentos no açude e contribuindo para a retenção de umidade no
solo, justifica-se a proposição do PMFS para essa localidade.
Nesta etapa, faz-se necessário a apresentação das ações, dos objetivos e das metas
definidas para o Plano de Monitoramento. Assim, o Quadro 1 detalha algumas das atividades
que nortearão o PMFS da Fazenda Aliança.
20
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Quadro 2. Indicadores para o PMFS da Fazenda Aliança.
Frequência de acompanha-
Indicador Unidade Valor Base* Meta**
mento
Taxa de eficiência hídrica % 30% 50% Trimestralmente
Taxa de evapotranspiração % 75% 50% Quinzenalmente
Utilização da água de reuso L 100 L 500 L Mensalmente
Umidade no solo % 3% 20% Mensalmente
Taxa de recuperação da vegetação no entorno
% 15% 90% Trimestralmente
do açude
* Os valores bases são fictícios
** As metas não levaram em consideração um valor base real, e por isso, na criação do PMSF faz-se necessário a avaliação
de todos os dados que serão utilizados para uma definição realista das metas.
2021
Ações
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Monitoramento quantitativo da demanda da
X X X X X X
água
Monitoramento qualitativo do
X X X X X X
uso da água
Recirculação da água nos tanques de tilápia X X X X X X X X X X
Monitoramento da taxa de
X X X X X X
evapotranspiração da água de cultivo
Reuso de efluentes para fins agrícolas X X X X X X X X X
Recuperação da vegetação com plantio no
X X X X
entorno do açude
O cronograma de ações é parte integrante do plano de trabalho. Este por sua vez
deve ser elaborado anualmente ou semestralmente, alinhado com as metas e estratégias
previamente definidas no PMFS.
Passo 4: análise dos dados, utilização dos resultados e adaptações das ações
Para a análise dos dados deverá ser definida a metodologia de mensuração de cada
indicador e estabelecida uma reunião mensal ou quinzenal para avaliação dos resultados ob-
tidos no período de estudo. Um sistema de indicadores só será eficiente se a equipe respon-
sável pelo seu acompanhamento estiver alinhada com o planejamento estratégico e o PMFS.
Os resultados poderão ser utilizados para produção de cartilhas e artigos, com a fina-
lidade de compartilhar o aprendizado. Além disso, ao ser observado um resultado negativo
21
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
em alguma ação, o mesmo será utilizado como diagnóstico para elaboração de uma nova
estratégia e redefinição da meta alinhada à atividade.
Por fim, deve ser documentado todo o aprendizado com o primeiro ciclo de aplica-
ção do PMFS, a fim de avaliar possíveis mudanças e melhorias que tornem mais ágil o
alcance do objetivo.
O compartilhamento do aprendizado deverá ser estimulado e a Fazenda Aliança estará
aberta para receber pesquisadores e voluntários na aplicação e estudo do seu PMFS.
CONCLUSÃO
22
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
REFERÊNCIAS
1. ANA. Agência Nacional de Águas. “Água e Floresta: uso sustentável na Caatinga”. (2014)
AQUINO, M. D. (2016) “Gestão de Recursos Hídricos”. Fortaleza.144 p.
2. GOMES, A.F. (2018) “Parque Urbano da Lagoa da Viúva: diagnóstico ambiental para proposi-
ção do Plano de Manejo.”78 p.
3. GUERRA, A.J. T.; JORGE, M.C.O. (2014). Degradação dos Solos no Brasil. Brasil: Bertrand
Brasil, 320 p.
5. THOMAS, L.; MIDDLETON, J. (2003). “Guidelines for Management Planning of Protected Are-
as”. IUCN Gland, Switzerland and Cambridge, 79 p.
8. PEREIRA, T. M.S; SANTIAGO, M.S.; SILVA, J.A.L; MOURA, C. D. (2018). “Tanques de pedra:
tecnologia social voltada a gestão hídrica”. Revista Brasileira de Meio Ambiente. (1- 4), pp.16-23.
23
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
02
A dinâmica hidrológica da zona ripária
monitorada pelo nível do lençol
freático
Claudia Moster
UFRRJ
10.37885/210705565
RESUMO
Objetivo: O objetivo da pesquisa foi acompanhar o nível freático, em uma microbacia ex-
perimental, por meio de medições em poços piezométricos, a fim de compreender a dinâ-
mica hidrológica e a possibilidade de delimitar espacialmente a zona ripária. Resultados:
Ocorreu pouca variação na profundidade do nível freático, em todos os poços, ao longo
do período. Observou-se diferença no comportamento entre margens opostas e entre
poços localizados entre a região das nascentes e a parte baixa da microbacia. O plantio
de Eucalipto não teve influência nos resultados durante o período do monitoramento.
Conclusão: As variações observadas na zona ripária confirmaram a característica do
ecótono tridimensional: variação horizontal, entre a parte agricultável e o riacho; variação
longitudinal, ao longo do curso d’água, entre a cabeceira e a rede de drenagem; variação
vertical, na influência da água subterrânea e na estrutura da vegetação. Em microbacias,
ou cabeceiras de drenagem, é possível identificar a influência da água subterrânea na
vegetação ou no solo, durante o período de maior pluviosidade ou expansão da área
variável de afluência da rede de drenagem. Devido à essa dinâmica espacial e temporal,
e suas propriedades hidrológicas e funcionais, recomenda-se o planejamento de ações,
práticas operacionais e de manejo considerando a localização das zonas ripárias.
25
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
28
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
contribuir com a compreensão da dinâmica hidrológica em áreas ripárias, como subsídio
para o desenvolvimento e a implantação de práticas sustentáveis de uso do solo.
O experimento apresentado foi conduzido na microbacia experimental “Tinga”, localiza-
da na Estação Experimental de Ciências Florestais de Itatinga, pertencente à Universidade
de São Paulo, em Itatinga – SP. A microbacia possui monitoramento desde 1991, e vários
estudos foram conduzidos na área de hidrologia florestal e indicadores hidrológicos de sus-
tentabilidade de plantações florestais. O objetivo da pesquisa foi acompanhar o nível freático,
por meio de medições em poços piezométricos, realizada no período de maio de 2005 a
abril de 2006, a fim de compreender a dinâmica hidrológica e a possibilidade de delimitar
espacialmente a zona ripária.
MÉTODO
29
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 1. Simulação da Área Variável de Afluência (AVA) da microbacia do Tinga.
30
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 2. Desenho esquemático dos transectos e piezômetros, com indicação do limite da APP (considerado como 30,0
metros a partir da margem do riacho), na microbacia do Tinga.
Tabela 1. Profundidade (m) dos poços e distância (m) entre os poços e o riacho.
Transecto / Poço Profundidade (m) Distância (m) Transecto / Poço Profundidade (m) Distância (m)
A1 2 1 C1 1 1
A2 4 15 C2 4 15
A3 11 48 C3 13 49
B1 5 1 D1 2 1,5
B2 5 14 D2 5 13
B3 11 60 D3 11 69
RESULTADOS E DISCUSSÃO
31
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 3. Perfil tranversal do riacho nos transectos A e B (A) e nos transectos C e D (B).
18
16
14
12
Cota (m)
10
8
6
4
2
0
B3 B2 B1 Riacho A1 A2 A3
Nível Solo
Nível Freático
18
16
14
12
Cota (m)
10
8
6
4
2
0
D3 D2 D1 Riacho C1 C2 C3
Nível Solo
Nível Freático
Ocorreu diferença nas declividades por pontos entre os transectos, sendo que a maior
declividade foi encontrada entre o riacho e o poço D1, no qual a calha do riacho encontra-se
sob um degrau da vertente. A menor declividade foi encontrada entre o riacho e o poço B1,
onde existe a ocorrência de uma terceira nascente próxima e é possível observar o caminho
da água desta nascente à calha principal do riacho.
Na Figura 3 verifica-se a existência do predomínio de água subterrânea na posição
1, mas o nível freático acompanha a elevação do terreno a partir da posição 2 na vertente.
Esse resultado pode ser um indicativo da existência de uma camada impermeável, resultante
da formação geológica.
As Figuras 4 e 5 apresentam os gráficos relativos ao monitoramento do período
de maio de 2005 a abril de 2006, para a variação da profundidade da água subterrânea
em cada transecto.
32
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
C
B
A
14
12
10
8
6
4
2
0
14
12
10
8
6
4
2
0
14
12
10
8
6
4
2
0
10/05/05 10/05/05 10/05/05
Precipitação (mm)
Precipitação (mm)
16/11/05
Precipitação (mm)
22/11/05 22/11/05
06/12/05 13/12/05 13/12/05
C1
A1
B1
03/01/06 10/01/06 10/01/06
B2
30/01/06
A2
C2
01/02/06 01/02/06
B3
13/02/06 14/02/06 14/02/06
A3
06/03/06
C3
07/03/06
0
0
20
40
60
80
20
40
60
80
20
40
60
80
100
120
140
100
120
140
160
100
120
140
160
33
D
10/05/05
07/06/05
28/06/05
13/07/05
09/08/05
06/09/05
27/09/05
25/10/05
16/11/05
06/12/05
03/01/06
30/01/06
13/02/06
06/03/06
21/03/06
28/03/06
22/05/06
0 140
2 120
Precipitação (mm)
Nível Freático (m) 4 100
6 80
8 60
10 40
12 20
14 0
Precipitação (mm) D1 D2 D3
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
35
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
REFERÊNCIAS
1. BACCHI, E.; CORREL, D.L.; HAUER, R.; PINAY, G.; TABACCHI, A. P.; WISSMAR, R.C.
Development, maintenance and role of riparian vegetation in the river landscape. Freshwater
Biology, 40. p: 497-516. 1998.
2. BRASIL. Lei Federal n. 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegeta-
ção nativa; altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de
1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro de
1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de
2001; e dá outras providências.Lei Federal n. 12.651. Código Florestal Brasileiro. Diário Oficial,
Brasília, 15 de setembro de 1965.
3. BUTTLE, J.; MCDONELL, J.J. Isotope tracers in catchment hydrology in the humid tropics .
In: BONELL, M. E BRUIJNZEEL, L.A. (Eds.). Forest - water - people in the humid tropics. New
York: Cambridge University Press, 2003.
5. CLINNICK, P.F. Buffer strip management in Forest Operations: A Review. Australian Forestry,
48, 1. p. 34-45. 1985.
6. EDWARDS, R. The Hidden River in Riparian Zones. Center for Streamside Studies. University
of washington, Seattle. Session I, Section B. 103-104. Disponível em <www.cfr.washington.
edu/outreach/summit/23Edwards.pdf>. Acesso em 13 ago. 2005.
8. GOMI, T.; SIDLE, R.C.; RICHARDSON, J.S. Understanding Processes and downstream linka-
ges of headwater systems. Bioscience, n. 10, v. 52. p: 905-916. 2002.
9. ILLHARDT, B.L.; VERRY, E.S.; PALIK, B.J. Defining Riparian Areas. In: Functions and Strate-
gies for Management. Committee on Riparian Zone Functioning and Strategies for Management.
Water Science and Technology Board. Board on Environmental Studies and Toxicology. Division
on Earth and Life Studies. National Research Council. National Academy Press. Washington,
D.C. 2002
10. LIMA, W.P.; ZAKIA, M.J.B. Hidrologia de Matas Ciliares. In: RODRIGUES, R.R.; LEITÃO FILHO,
H.F. (Eds.). Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. São Paulo, Editora da Universidade
de São Paulo, FAPESP, cap. 3, p. 33-44. 2004.
11. MCGLYNN, B.L. E MCDONNELL, J.L. 2003. Quantifying the relative contributions of riparian
and hillslope zones to catchment runoff. Water Resources Research, v. 39, n.11. p: 1310-1320.
2003.
36
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
12. VANNOTE, R.L.G.; MINSHALL, W.; CUMMINS, K.W.; SEDELL, J.R.; GUSHING, E. The river
continuum concept. Can. J. Fish. Aquatic Sci., 37, p. 130-137. 1980. In: VERRY, E.S. E DOL-
LOFF, A.C. The challenge of managing for healthy riparian areas. In: Functions and Strategies
for Management. Committee on Riparian Zone Functioning and Strategies for Management.
Water Science and Technology Board. Board on Environmental Studies and Toxicology. Division
on Earth and Life Studies. National Research Council. National Academy Press. Washington,
D.C. 2002
13. VIDON, P.G.F.; HILL, A.R. Landscape controls on the hydrology of stream riparian zones.
Journal of Hydrology, 292 . p: 210-228. 2004.
37
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
03
A influência do efluente de uma ETE
na característica da matéria orgânica
dissolvida de um rio
Jhonatas Antonelli
UFPR
10.37885/210705376
RESUMO
A matéria orgânica dissolvida (MOD) tem papel na vital na qualidade hídrica dos corpos
aquáticos. Diferentes graus de humificação podem representar diferentes fontes possíveis
desse material. Nos últimos anos tem-se notado um crescente aumento da influência
antrópica do carbono orgânico dissolvido (COD) na composição da MOD. Muitos estudos
têm demostrado que os efluentes de estações de tratamento de efluentes (ETEs) tem
aportado cargas significativas de COD nos rios, o que tem acarretado em um desequi-
líbrio tanto dos fatores abióticos como dos bióticos. Neste estudo foi comparado as ca-
racterísticas do COD encontrado no rio Emboguaçu, da cidade de Paranaguá-PR, com o
COD do efluente da ETE de mesmo nome do rio. Por meio de análises espectroscópicas
foi possível relacionar esse material orgânico das duas diferentes fontes estudadas, e
confirmar a provável influência da ETE na qualidade hídrica do rio.
39
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
Área de Estudo
Rio
41
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
O rio Emboguaçu foi amostrado em março de 2011. Foram coletados 1L de amostra
em três diferentes pontos: o primeiro próximo a foz do rio na baia de Paranaguá (C1), o
segundo logo após o deságue do rio Emboguaçu-mirim na ponte da avenida Senador Atílio
Fontana (C2) e o terceiro ponto foi coletado próximo ao bairro Jardim Araca (C3).
ETE
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com relação a ETE, a concentração da DBO foi baixa na entrada da estação (afluente)
nas duas amostragens (40 mg L–1 e 60 mg L–1, respectivamente), comparando com a da
42
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
faixa apresentada por Metcalf e Eddy (2003) para esgoto sanitário (Tabela 2). As baixas
concentrações encontradas podem estar relacionadas à provável diluição do esgoto, devi-
do à rede coletora apresentar entrada de águas pluviais. Essa mistura, além de alterar as
concentrações da matéria orgânica dissolvida (MOD), pode modificar as características da
mesma, fazendo com que materiais mais refratários vindos do solo, por exemplo, sejam
encontrados no esgoto.
Figura 1. Espectros de contorno da MEE do afluente e efluente da coleta 1 (acima) e do afluente e efluente da coleta 2
(abaixo). Todos os gráficos foram normalizados pelos seus respectivos valores de COD.
Figura 2. Espectros de contorno da MEE das amostras do rio Emboguaçu. Todos os gráficos foram normalizados pelos
seus respectivos valores de COD.
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
3. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CO-
NAMA n°430, de 13 de maio de 2011, Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento
de efluentes, complementa e altera a Resolução n° 357, de 17 de março de 2005, do Conselho
Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.
4. CARSTEA, E. M.; BAKER, A.; SAVASTRU, R. (2014) Comparison of river and canal water
dissolved organic matter fluorescence within an urbanised catchment. Water and Environmental
Journal 28(1), pp. 11- 22.
5. COBLE, P. G. (1996) Characterization of marine and terrestrial DOM in seawater using exci-
tation emission matrix spectroscopy. Marine Chemistry 51(4), pp. 325 - 346.
6. GOLDMAN, J.H.; ROUNDS, S.A.; NEEDOBA, J.A. (2012) Applications of Fluorescence Spec-
troscopy for Predicting Percent Wastewater in an Urban Stream. Environmental Science &
Technology 46(8), pp. 4374 – 4381.
7. HENDERSON, R. K.; BAKER, A.; MURPHY, K.R.; HAMBLY, A.; STUETZ, R.M.; KHAN, S.J.
(2009) Fluorescence as a potential monitoring tool for recycled water systems: A review. Water
Research 43(4), pp. 863 - 881.
8. HUDSON, N.; BAKER, A.; REYNOLDS, D. (2007) Fluorescence analysis of dissolved organic
matter in natural, waste and polluted waters - A review. River Research and Applications 23(6),
pp. 631 - 649.
10. JIANG, T.; SKYLLBERG, U.; BJÖRN, E.; GREEN, N.W.; TANG, J.; WANG, D.; GAO, J.; LI,
C. (2017) Characteristics of dissolved organic matter (DOM) and relationship with dissolved
mercury in Xiaoqing River-Laizhou Bay estuary, Bohai Sea, China. Environmental Pollution
223, pp. 19 - 30.
11. KNAPIK, H.G.; FERNANDES, C.V.S.; AZEVEDO, J.C.R. (2014) Aplicabilidade de técnicas de
espectroscopia e da concentração de carbono orgânico dissolvido na caracterização da ma-
téria orgânica em rios urbanos. Revista Brasileira de Recursos Hídricos 19(4), pp. 214 – 225.
12. MCKNIGHT, D. M.; BOYER, E. W.; WESTERHOFF, P. K.; DORAN, P. T.; KULBE, I.; ANDER-
SEN, D. T. (2001) Spectrofluorometric characterization of dissolved organic matter for indication
of precursor organic material and aromaticity. Limnology and Oceanography 46(1), pp. 38 – 48.
13. METCALF; EDDY. (2003) Wastewater Engineering: Treatment, Disposal and Reuse. 4 ed. New
Delhi: McGraw-Hill, 2048 p.
46
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
14. MICHAEL, I.; MICHAEL, C.; DUAN, X.; HE, X.; DIONYSIOU, D.D.; MILLS, M.A.; FATTA-KAS-
SINOS, D. (2015) Dissolved effluent organic matter: Characteristics and potential implications
in wastewater treatment and reuse applications. Water Research 77(15), pp. 213-248.
15. OLIVEIRA, J. L.; BOROSKI, M.; AZEVEDO, J. C. R.; NOZAKI, J. (2006) Spectroscopic in-
vestigation of humic substances in a tropical lake during a complete hydrological cycle. Acta
Hydrochimica Et Hydrobiologica 34(6), pp. 608 – 617.
16. PEURAVUORI, J.; KOIVIKKO, R.; PIHLAJA, K. (2002) Characterization. differentiation and
classification of aquatic humic matter separated with different sorbents: synchronous scanning
fluorescence spectroscopy. Water Research 36(18), pp. 4552 – 4562.
17. QUARANTA, M.L.; MENDES, M.D.; MACKAY, A.A. (2012) Similarities in effluent organic mat-
ter characteristics from Connecticut wastewater treatment plants. Water Research 46(2), pp.
284 – 294.
18. THOMAS, J. D. (1997) The role of dissolved organic matter, particularly free amino acids and
humic substances, in freshwater ecosystems. Freshwater Biology 38(1), pp. 1 – 36.
19. THURMAN, E. M. (1985) Organic geochemistry of natural waters. M. Nijhoff, 497 p. TREMBLAY,
L.B.; DITTMAR, T.; MARSHALL, A.G.; COOPER, W.J.; COOPER, W.T. (2007)
20. Molecular characterization of dissolved organic matter in a North Brazilian mangrove porewater
and mangrove-fringed estuaries by ultrahigh resolution Fourier Transform-Ion Cyclotron Reso-
nance mass spectrometry and excitation/emission spectroscopy. Marine Chemistry 105(1 - 2),
pp.15 - 29.
21. WETZEL, R. G. (2001) Limnology. Lake and River Ecosystems. San Diego: Academic Press,
1006 p.
22. YU, H.; SONG, Y.; LIU, R.; PAN, H.; XIANG, L.; QIAN, F. (2014) Identifying changes in dis-
solved organic matter content and characteristics by fluorescence spectroscopy coupled with
self-organizing map and classification and regression tree analysis during wastewater treatment.
Chemosphere 113, pp. 79 – 86.
47
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
04
Análise comparativa da concentração
de metais pesados no aquífero Bauru
em Mato Grosso do Sul e em São Paulo
Giancarlo Lastoria
UFMS
10.37885/210705516
RESUMO
49
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 1. Mapa das sub-bacias hidrográficas e poços da SANESUL e CPRM no Sistema Aquífero Bauru no Mato Grosso do Sul.
O SAB no MS aflora em cerca de 37% do seu território (Mato Grosso do Sul, 2010),
de área total de 357.145,532 km² (IBGE, 2010), na porção centro-oriental estendendo-se
desde o limite das ocorrências dos basaltos da Formação Serra Geral, na região centro-sul,
até o rio Paraná (CPRM, 2012).
O SAB em SP aflora em cerca de 40% do seu território (SÃO PAULO, 2013) de área total
de 248.221,996 km² do Estado (IBGE, 2010), abrangendo a região noroeste, com espessura
média saturada de 75 metros, atingindo até 300 metros na região do Planalto Residual de
Marília, estando sobreposta aos basaltos da Formação Serra Geral (SÃO PAULO, 2013).
51
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
O SAB é composto por rochas sedimentares de idade cretácea superior, o Grupo
Caiuá, e por rochas sedimentares de idade neocretácea, mais jovem e que está sobreposta
ao Caiuá, o Grupo Bauru. O Grupo Bauru-Caiuá compõe o último episódio significativo de
deposição sobre a Bacia Sedimentar do Paraná e está sobreposta as rochas basálticas da
Formação Serra Geral (CPRM et al., 2006).
Figura 2. Mapa das sub-bacias e poços de monitoramento da CETESB do Sistema Aquífero Bauru.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram analisadas as concentrações de Cu, Cr, Fe, Mn e Zn dos poços que explotam
águas do SAB e que são explorados pela CETESB em SP, e pela SANESUL e CPRM no
MS, conforme mostra Tabela 2.
Observando-se os terceiros quartis, as concentrações de cobre encontram-se dentro do
Valor máximo permitido (VMP) para o consumo humano (2,00 mg/L) nos dois Estados. A sua
concentração aumenta em 230% de 2010 para 2011 em SP apresentando valores superiores
ao VRQ estabelecido para o cobre no SAB do Estado, que é menor que 0,01 mg/L, mas essa
53
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
variação não é significativa para iniciar processo de investigação de possível contaminação
antrópica, pois há a diminuição do teor de cobre nestes mesmos pontos em 500% em 2012,
estando todos dentro do padrão de background local. Em MS, o teor de cobre, nos poços da
SANESUL, sofreram uma redução em 500% de 2009 a 2010, mantendo-se constante até
2013. Os poços da CPRM não sofreram variações. Comparando-se os valores de cobre total
entre os dois Estados percebe-se que sua concentração no MS, em termos de qualidade
natural do SAB, é pelo menos seis vezes superior ao de SP.
Em geral, os poços não apresentaram concentrações de cromo acima do VMP de 0,05
mg/L, no Estado de SP, mas atentando-se aos valores máximos, nota-se a ocorrência de
poços com valor superior ao VMP e consequentemente ao VRQ do Estado. Isso indica que
atividades antrópicas pontuais podem estar atingindo as águas subterrâneas do SAB com
cromo, apesar de que estudos realizados por Bertolo et al. (2011a) e Bertolo et al. (2011b)
verificaram que há ocorrência de cromo acima do VMP nas águas subterrâneas na região
oeste do Estado, nas imediações do município de Urânia, entretanto foi detectado que a
origem é natural. O teor de cromo tendeu a aumentar em SP de 2010 a 2012. No MS, os
poços monitorados pela CPRM tenderam a aumentar a concentração de Cr em 600% de
2012 a 2013. Já os poços da SANESUL sofreram um aumento de 2009 a 2010 de 171%,
mantendo-se constante até 2012 e reduzindo em 2013. Comparando-se os valores de cro-
mo total entre os dois Estados percebe-se que, em geral, sua concentração em MS é pelo
menos uma vez e meia inferior ao background do Estado de SP.
Tabela 2. Concentrações cobre, cromo, ferro manganês e zinco total por ano no SAB, em poços explorados pela CETESB em
São Paulo e por poços explorados pela SANESUL e monitorados pela CPRM no Mato Grosso do Sul (3° quartil, em mg/L).
COBRE CROMO FERRO MANGANÊS ZINCO
SP - MS - MS - SP - MS - MS - SP - MS - MS - SP - MS - MS - SP - MS - MS -
CETESB SANESUL CPRM CETESB SANESUL CPRM CETESB SANESUL CPRM CETESB SANESUL CPRM CETESB SANESUL CPRM
Mínimo - 0,010 - - 0,010 - - 0,010 - - 0,060 - - 0,010 -
Máximo - 0,150 - - 0,100 - - 0,800 - - 0,130 - - 0,270 -
2009
Mediana - 0,040 - - 0,010 - - 0,105 - - 0,060 - - 0,060 -
3° quartil - 0,070 - - 0,013 - - 0,125 - - 0,060 - - 0,080 -
Mínimo 0,005 0,010 - 0,003 0,010 - 0,020 0,030 - 0,020 0,060 - 0,020 0,010 -
Máximo 0,038 0,070 - 0,081 0,050 - 0,192 0,250 - 0,030 0,170 - 0,840 0,390 -
2010
Mediana 0,005 0,025 - 0,017 0,030 - 0,020 0,080 - 0,020 0,060 - 0,020 0,060 -
3° quartil 0,006 0,030 - 0,028 0,030 - 0,020 0,115 - 0,020 0,060 - 0,020 0,090 -
Mínimo 0,005 0,010 - 0,002 0,010 - 0,010 0,050 - 0,020 0,060 - 0,011 0,010 -
Máximo 0,054 0,850 - 0,076 0,050 - 4,720 0,800 - 0,030 0,140 - 0,440 0,920 -
2011
Mediana 0,005 0,030 - 0,015 0,020 - 0,020 0,080 - 0,020 0,060 - 0,020 0,065 -
3° quartil 0,020 0,040 - 0,029 0,030 - 0,020 0,110 - 0,020 0,060 - 0,039 0,100 -
Mínimo 0,005 0,010 0,002 0,003 0,010 0,002 0,005 0,011 0,018 0,003 0,006 0,004 0,003 0,010 0,003
Máximo 0,066 0,110 0,025 0,094 0,050 0,002 0,061 17,000 0,036 0,023 0,222 0,293 0,490 0,340 0,014
2012
Mediana 0,005 0,040 0,002 0,018 0,020 0,002 0,005 0,110 0,025 0,003 0,018 0,018 0,017 0,070 0,005
3° quartil 0,005 0,040 0,002 0,031 0,030 0,002 0,008 0,120 0,027 0,003 0,060 0,025 0,046 0,140 0,006
Mínimo - 0,020 0,002 - 0,010 0,011 - 0,080 0,037 - 0,006 0,012 - 0,040 0,005
Máximo - 0,320 0,002 - 0,050 0,014 - 1,430 0,049 - 0,194 0,355 - 1,800 0,005
2013
Mediana - 0,040 0,002 - 0,010 0,012 - 0,150 0,041 - 0,028 0,017 - 0,160 0,005
3° quartil - 0,045 0,002 - 0,020 0,014 - 0,220 0,044 - 0,043 0,021 - 0,250 0,005
CONCLUSÕES
O SAB é uma importante fonte de abastecimento de água nos Estados de São Paulo
e de Mato Grosso do Sul. Em ambos os estados, possuem extensas áreas de afloramento,
40% da área total de São Paulo e 37% de Mato Grosso do Sul. Trata-se, portanto, de um
aquífero livre naturalmente mais vulnerável à contaminação por atividades antrópicas.
As áreas de afloramento do SAB estão ocupadas principalmente com culturas de cana-
-de açúcar e pastagens no Estado de São Paulo e com pastagens e cultura de eucalipto em
55
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Mato Grosso do Sul. Tais atividades, associadas a outras mais pontuais, como os curtumes,
podem estar associadas a fontes de metais pesados em aquíferos livres.
Foram comparadas as concentrações de Cu, Cr, Fe, Mn e Zn nas águas subterrâneas
do Aquífero Bauru, entre MS e SP e verificou-se que MS possui concentrações superiores
às de São Paulo para o cobre, ferro, manganês e zinco. Tais diferenças podem ser naturais
devido a variações faciológicas do depósito ou decorrentes a interações com o uso da terra.
Embora o período estudado seja restrito para conclusões, é importante que esse com-
parativo sirva para verificar as tendências dos metais no SAB e avaliar suas causas e provi-
denciar medidas de controle e proteção desses poços de abastecimento, em estudos futuros.
REFERÊNCIAS
1. BAILEY, S. E.; OLIN, T. J.; BRICKA, R. M.; ADRIAN, D. D. A review of potentially low-cost
sorbents for heavy metals. Water Research, v. 33, n. 11, p. 2469-2479, 1999.
2. BERTOLO, R.; BOUROTTE, C.; MARCOLAN, L.; OLIVEIRA, S.; HIRATA, R. Anomalous content
of chromium in a Cretaceous sandstone aquifer of the Bauru Basin, state of São Paulo, Brazil.
Journal of South American Earth Sciences, v. 31, n. 1, p. 69-80, 2011a.
3. BERTOLO, R.; BOUROTTE, C.; HIRATA, R.; MARCOLAN, L.; SRACEK, O. (2011b) Geoche-
mistry of Natural Chromium Occurrence in a Sandstone Aquifer in Bauru Basin, São Paulo
State, Brazil. Applied Geochemistry, v. 26, n. 8, p. 1353-1363, 2011b.
56
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
9. FREITAS, T. C. M. de. O Cromo na Indústria de Curtumes de mato Grosso do Sul, Brasil:
Aspectos Ecológicos. Campo Grande. 2006. 136p. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde)
- Programa Multi-institucional de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – Rede Centro-Oeste,
convênio Universidade de Brasília, Universidade Federal de Goiás e Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul, 2006.
10. HASHIM, M. A.; MUKHOPADHYAY, S.; SAHU, J. M.; SENGUPTA, B. Remediation Tech-
nologies for Heavy Metal Contaminated Groundwater (Review). Journal of Environmental
Management, v. 92, n. 10, p. 2355-2388, 2011.
13. LALAH, J. O.; NJOGU, S. N.; WANDIGA, S. O. The Effects of Mn2+, Ni2+, Cu2+, Co2+ and Zn2+
Ions on Pesticide Adsorption and Mobility in a Tropical Soil. Bulletin of Environmental Con-
tamination and Toxicology, v. 83, n. 3, p. 352-358, 2009.
14. MATO GROSSO DO SUL. Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciên-
cia e Tecnologia. Instituto de Meio Ambiente - SEMAC. Plano estadual de recursos hídricos
de Mato Grosso do Sul. Campo Grande: Editora UEMS, 2010.
15. MATO GROSSO DO SUL. Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciên-
cia e Tecnologia - SEMAC. Instituto de Meio Ambiente. Caderno Geoambiental das Regiões
de Planejamento do MS. Campo Grande, 2011.
16. OTERO, N.; VITORIA, L.; SOLER, A.; CANALS, A. Fertiliser characterisation: Major, trace and
rare earth elements. Applied Geochemistry, v. 20, n. 8, p. 1473-1488, 2005.
17. SÃO PAULO. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB. Divisão de Toxicolo-
gia, Genotoxicidade e Microbiologia Ambiental. Ficha de Informação Toxicológica - Zinco.
São Paulo: CETESB, 2012.
18. SÃO PAULO. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB. Relatório de qua-
lidade das águas subterrâneas no Estado de São Paulo 2010-2012. São Paulo: CETESB,
2013. (Série Relatórios).
20. TANJI, K.; VALOPPI, L. Groundwater contamination by trace elements. Agriculture, Ecosys-
tems and Environment, v. 26, p. 229-274. 1989.
21. WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO. Guidelines for drinking-water quality. 4th ed.
Geneva: WHO, 2011.
57
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
05
Caracterização da umidade do solo na
Bacia do PEFI
10.37885/210705506
RESUMO
59
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
Figura 1. Ilustração dos principais processos hidrológicos numa micro bacia hidrográfica.
Figura 2. Mapa de localização dos sítios de medição de umidade do solo no Parque e Fontes do Ipiranga na Região
Metropolitana de São Paulo.
A precipitação que infiltra no solo está submetida a duas forças fundamentais: gravitacio-
nal e capilar. Volumes pequenos de água no solo se distribuem uniformemente na superfície
de pequenas parcelas de solo. A força capilar é maior do que a força gravitacional que age
sobre a água e, assim, a água permanece nas camadas menos profundas do solo. Taxa de
precipitação baixa e de curta duração é completamente infiltrada no solo. A percolação até
a zona saturada do solo requer a ação das forças gravitacional e capilar.
O solo se divide em duas zonas: zona aerada e zona saturada. A zona aerada se divide
em três camadas: zona de umidade do solo – superficial; zona intermediária - onde a umi-
dade é menor do que na zona de franja capilar e maior do que na zona superficial do solo
e; zona de franja de capilaridade – camada mais próxima ao nível d’água no solo. A zona
saturada é a camada onde os poros do solo estão totalmente preenchidos por água. A Figura
1 mostra as zonas aerada ou não saturada e saturada.
A taxa de infiltração é a velocidade com que a precipitação penetra o solo a parti de
uma velocidade inicial máxima. Analisar-se-á esta velocidade de acordo com o modelo
empírico de Horton (DA PAIXÃO, 2009). A variação temporal da taxa de infiltração dada
por (TUCCI, 2012):
(1)
onde,
t = tempo decorrido desde a saturação superficial do solo;
It = taxa de infiltração;
Ii = taxa de infiltração inicial;
Ib = taxa minima de infiltração e;
k = condutividade hidráulica saturada.
Assim, a taxa de infiltração é depende da condutividade hidráulica do solo.
A integração da Equação (1) entre um tempo inicial (t = 0) e um t futuro, resulta:
(2)
(3)
Utilizaram-se refletômetros CS615-G (Pereira Filho et. al. 2007) para estimar a umidade
volumétrica do solo (m3 m–3) no Parque CIENTEC em dois sítios conforme mostrado na Figura
62
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
2. O primeiro na mata do Parque CIENTEC e, o segundo, junto a Estação Meteorológica
Automática com um total de dez e dois sensores, respectivamente. Os sensores são pre-
viamente calibrados para o tipo de solo existente no local (BRUNO, 2004). Estes sensores
medem a constante dielétrica do solo (permissividade dielétrica), convertida em umidade
(m3 m–3). Os refletômetros foram dispositivos verticais em diferentes profundidades (Figura
2) com amostragem a cada 30 minutos e resolução de 30 cm de espessura.
Obteve-se o perfil médio de umidade mensal do solo, a taxa de infiltração e as curvas
de perfil médio mensal da umidade para cada camada de solo monitorada. Determinou-se
ainda os períodos de secagem e umidificação das camadas. A secagem ocorre entre o fim de
um episódio de chuva e intervalo de tempo (longo) até o próximo episódio de chuva. A umidi-
ficação ocorre durante vários episódios de chuva e, portanto, maior volume de precipitação.
Obteve-se também as curvas de umidade do solo da superfície e a 20 cm para a EMA
do Parque CIENTEC. Selecionou-se eventos de precipitação para o cálculo da taxa de in-
filtração e condutividade hidráulica saturada k.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
63
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 3. Evolução da umidade do solo na mata do Parque CIENTEC entre setembro de 2007 e outubro de 2008. Estão
indicadas as profundidades de 0 cm a 300 cm e os período úmidos (azul claro).
Figura 4. Variação da umidade do solo (m3 m–3) da superfície do solo até 50 cm de profundidade denominada de zona de
umidade (a), entre 60 cm e 200 cm onde esta a zona intermediária (b) e, abaixo de 300 cm, zona de franjas capilares (c).
(a)
(b)
64
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
(c)
Tabela 1. Umidade média mensal do solo por profundidade entre outubro de 2007 e setembro de 2008 na mata do Parque
CIENTEC. Destacam-se os valores de umidade minima (amarelo) e máxima (verde) nos períodos seco (rosa) e úmido (azul).
65
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 5. Variação da umidade média mensal no período úmido (a) e seco (b). Nota-se a recarga de água no solo até 50
cm, percolação entre 60 cm a 200 cm e a zona de franja capilar abaixo de 300 cm.
(a) (b)
Volume Profundidade eq
Precipitação
(mm) (m) (m3.l/h) (m3/m3) (m3/m3)
66
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Medições da umidade do solo junto a EMA
Análises e gráficos similares foram obtidos para a medições em dois níveis junto a
estação meteorológica automática (EMA) do Parque CIENTEC entre outubro de 2007 e
outubro de 2008 mostrados na Figura 6.
Figura 6. Variação temporal da umidade do solo medida junto a Estação Meteorológica Automática colocados junto ao
pluviômetro da mesma (Figura 2, sítio 2) entre outubro de 2007 e março de 2008 (a) e abril a outubro de 2008 (b). Os
círculos azuis são alguns eventos de precipitação apenas sentidos no sensor de superfície. Estão destacados eventos de
chuva de baixa acumulação (elipse azul).
(a)
(b)
67
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Tabela 3. Estimativa da infiltração de equilíbrio (Ib), da taxa de infiltração I(t) e da taxa de infiltração inicial (Ii) e constante
hidráulica do solo (k) para eventos de chuva de baixa acumulação (destaque azul na Fig. 6) para a camada superficial de
solo da junto a EMA.
Volume eq
Precipitação Profundidade (m)
(mm) (m3.l/h) (m3/m3) (m3/m3)
31/10/07 das
7,874 0 36 0,157 0,250 0,0026
14:05 às 14:20
10/12/07 das
5,334 0 27 0,157 0,272 0,0043
13:15 às 13:35
25/12/07 das
4,826 0 5 0,157 0,268 0,0222
18:15 às 19:05
29/12/07 das
8,128 0 13 0,157 0,259 0,0078
16:50 às 18:00
11/01/08 das
9,398 0 22 0,157 0,272 0,0052
18:50 às 19:50
16/01/08 das
6,096 0 5 0,157 0,275 0,0236
17:15 às 18:05
20/03/08 das
4,572 0 14 0,157 0,281 0,0089
17:10 às 17:40
02/04/08 das
5,842 0 24 0,157 0,245 0,0037
14:25 às 14:40
10/04/08 das
5,080 0 9 0,157 0,283 0,0140
18:30 às 19:30
30/05/08 das
8,636 0 6,8 0,157 0,223 0,0097
02:15 às 04:50
21/06/08 das
7,112 0 10 0,157 0,255 0,0098
17:40 às 18:10
Tabela 4. Estimativa da infiltração de equilibrio (Ib), da taxa de infiltração I(t) e da taxa de infiltração inicial (Ii ) e constante
hidráulica do solo (k) para eventos de precipitação de maior volume de chuva acumulada (Fig. 6) para as duas camadas
solo em 0 cm e 20 cm junto a EMA.
Volume eq
Precipitação Profundidade (m)
(mm) (m3.l/h) (m3/m3) (m3/m3)
24/10/07 das 0 9,4 0,157 0,284 0,0135
44,450
6:40 às 20:45 20 12,3 0,167 0,327 0,0130
01/11/07 das 0 34 0,157 0,280 0,0036
13,716
17:15 às 8:15 20 81 0,167 0,325 0,0020
CONCLUSÃO
A evolução dos perfis médios da umidade do solo (m3 m–3) nos diversos horizontes
de solo na mata no Parque CIENTEC entre outubro de 2007 e setembro de 2008 apresen-
taram características similares em fase com variação da média absoluta da umidade em
cada camada mostrados na Figuras 5 e respectivos valores na Tabela 1. Os mínimos de
umidade do solo ocorreram nos meses de outubro de 2007 exceto na zona de franja capilar
observado em novembro de 2007, consistente com o período seco. Os máximos de umidade
ocorreram entre janeiro e fevereiro de 2008 após o período de chuvoso. Houve discrepâncias
68
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
nas medições de umidade no nível de 100 cm, onde o máximo de umidade ocorreu entre
abril e maio de 2008.
A variação da umidade volumétrica próximo à superfície para eventos isolados de
precipitação é muito próximo ao volume de chuva medido pelo pluviômetro. Nota-se que
a umidade por camada até 50 cm de profundidade na Figura 4a variam sicronamente, ou
seja, na zona aerada, o sistema radicular da vegetação permite a infiltração da água até
esta profundidade quase instantaneamente por ação gravidacional.
A variação da umidade do solo entre 60 cm e 200 cm mostrado na Figura 4b ocorre
algum tempo após a variação da umidade na camada de solo acima após cessar a chuva
que resulta no processo de redistribuição da água subterrânea por percolação na zona
intermediária. Por último, há pouca variação da umidade do solo abaixo de 300 cm de pro-
fundidade devido a zona de franjas conforme mostrado na Figura 4c.
AGRADECIMENTOS
Este projeto foi financiado pela FAPESP processo 13952-2. O primeiro autor agra-
dece a FUNDESPA pela bolsa de estudos de Iniciação Científica para realização desta
pesquisa. O segundo autor agradece ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico pela bolsa de produtividade, processo 301149/2017-8.
69
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
REFERÊNCIAS
1. BRUNO, Rogério Deitali. Variabilidade observada da umidade do solo em floresta tropical
e cerrado. 2004. Tese de Doutorado.
2. CICCO, Larisse Souza de. Evolução da regeneração natural de floresta ombrófila densa alto-
-montana e a produção de água em microbacia experimental, Cunha-SP. 2013.
3. DA LUZ, Cynthia Fernandes Pinto et al. A MATA ATLÂNTICA DO PARQUE ESTADUAL DAS
FONTES DO IPIRANGA (SÃO PAULO, BRASIL) ENTRE O PASSADO HISTÓRICO E O PRE-
SENTE. 2011.
4. DA PAIXÃO, Francisco JR et al. Ajuste da curva de infiltração por meio de diferentes modelos
empíricos. Revista Brasileira de Tecnologia Aplicada nas Ciências Agrárias, v. 2, n. 1, 2009.
70
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
06
Gestão integrada da informação e do
monitoramento de dados ambientais
em bacias hidrográficas para gestão
de riscos ambientais
10.37885/210705569
RESUMO
72
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
MÉTODO
77
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
O armazenamento das informações depende da escolha de um servidor de dados
apropriado, segundo o PIRH DOCE (2010):
80
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 4. Monitor da SECA, SALA de SITUAÇÃO (fonte: ANA (2020) e AGERH-ES (2020); Estações Meteorológicas do
INCAPER. Mapa de Estações Meteorológicas, INCAPER (2020), ATLAS de vulnerabilidade à inundação no ES e ARES -ATLAS
de áreas de risco no ES (fonte: CDCES, 2020).
81
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 6. Dados constantes no sistema GEOIEMA.
Fonte:IEMA(2021)-GEOIEMA.
82
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 8. Dados constantes do sistema GEOIEMA (2021).
83
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 10. Monitor de Secas e precipitação média em Minas Gerais e Espírito Santo, de 1998 a 2015.
84
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 12. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos– MAPAS INTERATIVOS.
85
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 13. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos– MAPAS INTERATIVOS.
86
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 14. Dados do Sistema HIDROWEB (estações pluviométricas e fluviométricas, reservatórios).
87
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 16. SISTEMA DE INFORMAÇÕES DO RIO DE JANEIRO-SIGA GUANDU (RIO DE JANEIRO,2021).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
88
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
de gestão de risco de desastres, por exemplo, está associado ao grau e à qualidade da
participação das comunidades expostas.
Outro aspecto crítico é o fator impermeabilização do solo, provocada pelo processo
de urbanização, segundo Souza e Caiado (2014) sem drenagem adequada, associado às
escavações e exposição do solo ao intemperismo transformam áreas de baixo risco em áreas
de risco elevado. Ações que minimizem estes fatores dependem da análise dos locais e de
visualizar novos cenários futuros, que através do sistema de informação georreferenciado
possibilita a criação de cenários para a discussão, avaliação, planejamento e definição de
metas. Através da análise conjunta de vários mapas e dados georreferenciados uma pos-
sível “Tragedy of Communs” (HARDIN, 1968) pode ser minimizada ou evitada, como secas
severas e perdas severas de alimentos e água, deslocamentos de populações e êxodos,
perdas de terras e disputas por água.
As medidas para implantar o Portal são: reunir e analisar todas as informações exis-
tentes, escolher as principais informações, ter um banco de dados atualizado diariamente e
compartilhado via portal e integrar os atores do processo de gestão, criar um plano de comu-
nicações eficiente, georreferenciar os dados e integrar diversos bancos de dados. E monitorar
o sistema implantado criando indicadores. Atualizar os dados diariamente para a análise dos
gestores e para reavaliar ações e metas, indicadores e planos de risco. O Portal proposto
pela autora está na figura 17.
CONCLUSÃO
A proposta visa integrar os diversos sites e dados com informações atualizadas num
único Portal, que permitirá minimizar o tempo nas respostas do Sistema de Gestão de Riscos
89
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Ambientais no estado e uma melhor gestão e planejamento ambiental dos riscos nas bacias
hidrográficas. O grande desafio futuro é capacitar gestores públicos no sistema, formar e
contratar novos profissionais para a área e gerar novas informações para o sistema. Outros
desafios são trabalhar com novos softwares que permitam suportar e armazenar dados de
séries longas, realizar operações de cálculo que permitam a interface com a sociedade para
agilizar ações de curto prazo nestas áreas. Mas é preciso investir em Inovação e Tecnologia,
tanto para criar sistemas novos quanto para melhorar a comunicação das informações em
tempo real, permitindo minimizar os prejuízos econômicos, financeiros, humanos e ambientais
nas áreas impactadas por ações antrópicas e ações climáticas. O futuro depende de investir-
mos em Capital Humano, em Ciência e Tecnologia, Inovação e Meio Ambiente (Preservação,
Conservação, Biodiversidade, Desenvolvimento Sustentável, Cobertura Vegetal e Florestal,
Mata Ciliar) para uma melhor qualidade de vida em nossas bacias hidrográficas, sem atin-
girmos uma Tragedy of Communs.
REFERÊNCIAS
1. AGERH (2020) Agência Estadual de Recursos Hídricos do ES. Boletim diário Sala de Situação.
Disponível:<agerh.es.gov.br>. Acesso: outubro de 2020.
8. CEARÁ (2021) Informações sobre regiões Hidrográficas. COGERH - Companhia de Gestão dos
Recursos Hídricos do Ceará. Disponível:< portal.cogerh.com.br>. A. jan/21. CDCES-DEFESA
CIVIL ES-DCES (2020) “PEPDEC - Plano Estadual de Defesa Civil do ES.” Disponível:www.
defesacivil.es.gov.br. Ac. Janeiro 2021.
90
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
9. COGERH (2020) Fundação Cearense. “Portal Hidrológico”. Disponível: <portal.cogerh.com>.
Acesso: outubro 2020.
10. CPRM (2020) Companhia de Pesquisa em Recursos Minerais. Serviço Geológico do Brasil .
“Levantamento de Áreas de Risco-2011 a 2020.” Disponível:< www.cprm.gov.br>. Acesso:
janeiro 2020.
11. DISTRITO FEDERAL (2021) ADASA - Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento
Básico do DF. Dados do Sistema Informações. Disponível:<www.adasa.df.gov.br.> Acesso:
janeiro de 2021. FARIS, S. (2009) Mudança Climática Forest. Elsevier. Campus.
12. FERNANDES, V. (2020) O prejuízo dos municípios do ES com as chuvas: veja a lista. IN: A
GAZETA online Disponível:< https://www.agazeta.com.br/es/gv/o-prejuizo-dos-municipios-do-
-es-com-as-chuvas-veja-alista-0220. Acesso: jan.2021.
13. GALEANO, E.A.V.; TAQUES, R.C.; MASO, L.J.; COSTA, A.F.S.; FERRÃO, R.G. (2015) Esti-
mativa de perdas na produção agrícola capixaba em 2015. In: INCAPER em revista volume 6
e 7. ISSN: 2179-5304. Vitória. D.
15. IPCC (2014) Climate Change: Mitigation of Climate Change -2014/ AR5 Synthesis Report -
2014. Disponível em: http://ipcc.ch/ e < https://archive.ipcc.ch/pdf/assessment-report/ar5/wg2/
WGIIAR5-Chap3_FINAL.pdf. > e < https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/2018/02/ar5_wgII_
spm_en.pdf> Acesso: janeiro de 2021.
16. RAMOS, E. dos A.; SILVA, B.F.P. da; BRITO, T.T.; SILVA, J.G.F.da; PANTOJA, P.H.B.; MAIA,
I.F.; THOMAZ, L.B. (2015) A estiagem no ano hidrológico 2014-2015 no Espírito Santo -ES. IN:
INCAPER em revista. volume 6 e 7. ISSN -2179-5304.
20. SABESP (2020) Companhia de Saneamento de São Paulo. ”Situação dos Mananciais”. Dis-
ponível: <mananciais.sabesp.com.br>. Acesso: outubro de 2020.
21. SÃO PAULO (2021) SigSP: Sistema Integrado de Gestão de recursos Hídricos de SP. Bacia
do Pardo. D.:< sigh.sp.gov.br> Acesso: jan. 2021.
22. ONU (2015) Organização das Nações Unidas.”Líderes mundiais prometem aumentar esforços
para reduzir riscos de desastres”. D.:<news.un.org/pt/story/2015/03/1505431/líderes-(…).>Ac.:
18.03.2015
23. WIKIPÉDIA (2021) Enchentes e Deslizamentos no Sudeste do Brasil em 2020. Disp.: < https://
pt.wikipedia.org/wiki/Enchentes_e_deslizamentos_no_Sudeste_do_Brasil_em_2 020#Esp%-
C3%ADrit o Santo. Acesso: janeiro 2021.
91
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
07
Impactos do rompimento da barragem
de Fundão (Mariana - MG) na geometria
hidráulica do Rio Gualaxo do Norte
10.37885/210705526
RESUMO
93
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
MÉTODO
Área de estudo
Com 83.400 km² de área, a bacia do rio Doce situa-se na região sudeste do país,
abrangendo os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. O rio Doce nasce da confluência
dos rios Piranga e Carmo, com nascentes nos municípios de Ressaquinha e Ouro Preto
(MG) e foz no oceano Atlântico, em Linhares (ES). O regime fluvial regional é perene e
acompanha o comportamento climático tropical, com vazantes entre os meses de agosto
a setembro e picos de cheias entre dezembro e março. Cerca de 98% da bacia se insere
no bioma Mata Atlântica e 2% no Cerrado, apresentando relevo ondulado, montanhoso e
acidentado (CBH-DOCE, 2019).
O rio Gualaxo do Norte é um dos principais afluentes do Alto rio Doce (bacia com cer-
ca de 561,55 km²), e foi o curso d’água de maior porte mais afetado pelo rompimento (DA
CUNHA RICHARD, 2020; SANTANA, 2021). Os rejeitos entulharam de imediato os córregos
Ferrugem e Santarém, atingindo o Gualaxo do Norte até a confluência com o Rio do Carmo
em Barra Longa. Este último foi utilizado como sistema de referência para comparação pois
não foi atingido diretamente pelo desastre e possui porte semelhante ao Gualaxo do Norte,
ambos de 6ª ordem (sensu Strahler). Além disso, as estações hidrológicas que são fontes
dos dados utilizados nos dois rios estão situadas nas mesmas declividades (4°) e faixas
altimétricas (279 a 483m) - Fig. 1. No Gualaxo do Norte, a distância entre a nascente e a
estação (afetada) é em torno de 78,13 km, com desnível topográfico de 636m. Já a distância
95
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
entre a nascente do Rio do Carmo e a estação (controle) é de 65,42 km, com um desnível
topográfico de cerca de 1136m.
.
Fonte: elaborado pelos autores, extraído do CPRM (2007) e ANA (2015).
97
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
A passagem da onda de rejeito pelo fundo do vale do Gualaxo do Norte afetou trechos
de confluências com tributários a jusante, ora erodindo ora se acumulando ao longo das
calhas fluviais (Fig. 3 e 4). Outra parte do fluxo continuou se deslocando e alcançou o rio
Doce (CPRM/ANA, 2015a; 2015b; VERVLOET, 2016). No Gualaxo, a lama seguiu a direção
preferencial da drenagem com elevada energia. Já nos tributários houve duas ondas de
passagem: na primeira, os sedimentos lamosos invadiram as confluências em processos de
fluxos remontantes, ocupando a maior parte dos leitos e reduzindo as seções disponíveis
para a circulação da água; como consequência, os processos de inundação que se seguiram
removeram parte dos depósitos gerados pela primeira onda, formando planícies de rejeito
de minério de ferro (VERVLOET, 2016).
Figura 3. Fundo do vale do rio Gualaxo do Norte em Barra Longa (A) e Ponte do Gama (B).
Figura 4. Deposição de rejeito nas margens (A) e leito (B) do rio Gualaxo do Norte.
Procedimentos e técnicas
RESULTADOS E DISCUSSÃO
100
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 5. Relações entre variáveis geométricas do rio Gualaxo do Norte nos períodos pré (2011-2015) e pós-rompimento
(2016-2020). O sombreado indica o erro-padrão relativo ao ajuste das retas de regressão.
101
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 6. Relações entre variáveis geométricas do Rio do Carmo nos períodos pré (2011-2015) e pós-rompimento (2016-
2020). O sombreado indica o erro-padrão relativo ao ajuste das retas de regressão.
Tabela 1. Diferenças dos coeficientes β1 e β0 nas relações entre parâmetros hidráulicos no rio Gualaxo do Norte (* p-valor
< 0,05 denota diferenças significativas) e Rio do Carmo (não há diferença entre os ajustes).
Figura 8. Trecho do rio Gualaxo do Norte com corredeira em leito rochoso ao fundo e leito aluvial em primeiro plano (A)
e trecho com leito rochoso (B).
Como visto, os ajustes na seção fluvial nos trechos analisados não têm explicação
aparente nas características físicas do rejeito presente na calha. Sendo predominantemen-
te silto-arenoso, o material tende a ter baixa coesão e resistência, facilitando o recuo das
margens. Outra hipótese a ser considerada nos ajustes da seção do canal envolve os im-
pactos físicos do rompimento na remoção de materiais de leito que encobriam e protegiam
um substrato aluvial e rochoso friável. A elevada energia do fluxo de rejeito pode ter atuado
como um eficiente mecanismo de arraste da cobertura aluvial mais resistente que era pouco
mobilizada pelos fluxos fluviais ordinários e formava um pavimento detrítico no leito. Esse
fenômeno, entendido como encouraçamento na literatura, é comum em sistemas fluviais do
Quadrilátero Ferrífero, seja sob forma de pavimentos de clastos, seja sob forma de couraças
ferruginosas (COTA et al., 2018; FIGUEIREDO FILHO et al., 2019). Com a remoção desta
barreira protetora, consolidada ao longo de um período geológico incerto, os fluxos podem
passar a erodir as camadas inferiores mais friáveis, formadas por aluviões mais finos e/ou
pouco coesos, além do próprio saprolito alterado, aumentando a incisão do canal com o
tempo. A própria massa de rejeito deve ter removido significativa parte deste substrato aluvial
friável na sua passagem. No caso do rio Gualaxo do Norte, a existência de encouraçamento
e o seu papel na dinâmica fluvial devem ser futuramente investigados.
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
106
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
REFERÊNCIAS
1. ALKMIM, F. F.; MARSHAK, S. Transamazonian Orogeny in the Southern São Francisco Cra-
ton Region, Minas Gerais, Brazil: evidence for Paleoproterozoic collision and collapse in the
Quadrilátero Ferrífero. Precambrian Research. n.90, p.29–58. 1998.
2. ALMEIDA, C. A.; DE OLIVEIRA, A. F.; PACHECO, A. A.; LOPES, R. P.; NEVES, A. A.; QUEI-
ROZ, M. E. L. R. Characterization and evaluation of sorption potential of the iron mine waste after
Samarco dam disaster in Doce River basin–Brazil. Chemosphere, v. 209, p. 411-420, 2018.
6. AZAM, S.; LI, Q. Tailings Dam Failures: A Review of the Last One Hundred Years. Waste
Geotechnical News, v. 28, n. 4, p. 50-53, 2010.
11. CBH-DOCE - COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE (2019). A Bacia. [S.I].
Disponível em: <http://www.cbhdoce.org.br/institucional/a-bacia >. Acesso em 10 de março
de 2019.
107
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
14. CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL. GeoSGB: Geodiversidades do Brasil, [S.I],
escala 1: 2.500.000, 2007. Disponível em <https://geosgb.cprm.gov.br/ > . Acesso em 12 de
julho de 2021.
17. DA CUNHA RICHARD, Eduardo et al. Influence of Fundão tailings dam breach on water quality
in the Doce River Watershed. Integrated Environmental Assessment and Management, v.
16, n. 5, p. 583-595, 2020.
18. DEY, S. Fluvial Hydrodynamics: Hydrodynamic and sediment transport phenomena. Geo-
Planet: Earth and Planetary Sciences, Springer, book 3, 2014. 687 p.
22. ESTIGONI, M. V., NELSON, A. D., DUFFICY, A., TORREALBA, S. F., & DE LIMA, G. (2020).
Sediment Transport Assessment for Rio Gualaxo Do Norte After the Fundão Dam Failure.
Integrated Environmental Assessment and Management, 16(5), 572-582.
23. FELIPPE, M. F.; COSTA, A.; JÚNIOR, R. F.; MATOS, R. E. S.; MAGALHÃES JÚNIOR, A. P.
Acabou-se o que era Doce: notas geográficas sobre a construção de um desastre ambiental.
In: MILANEZ, B.; LOSEKANN, C. Desastre no Vale do Rio Doce: antecedentes, impactos e
ações sobre a destruição. Rio de Janeiro: Folio Digital: Letra e Imagem, 2016.
24. FERNANDES, G. W., GOULART, F. F., RANIERI, B. D., COELHO, M. S., DALES, K., BOES-
CHE, N., ... & SOARES-FILHO, B. Deep into the mud: ecological and socio-economic impacts
of the dam breach in Mariana, Brazil. Natureza & Conservação, v. 14, n. 2, p. 35-45, 2016.
25. FIGUEIREDO FILHO, W. F. A.; OLIVEIRA, F. S.; BARROS, L. F. P.; MACHADO, H. A.; MA-
GALHÃES JÚNIOR, A. P. O papel da dinâmica do relevo na evolução de couraças no vale do
Rio Conceição, Quadrilátero Ferrífero – MG. Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 20, n.
1, p. 201-216, 2019.
26. GRAF, W. H. Fluvial Hydraulics: Flow and Transport Processes in Channels of Simple
Geometry. John Wiley & Sons, 1998. 692 p.
27. GREGORY, K. J. The human role in changing river channels. Geomorphology, Elsevier, 79,
172–191, 2006.
28. GRISON, F.; KOBIYAMA, M. Teoria e Aplicação da Geometria Hidráulica: Revisão. Revista
Brasileira de Geomorfologia, v. 12, n. 2, p. 25-38, 2011.
108
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
29. HOOKE, R. L. On the history of humans as geomorphic agents. Geology, 28: 843–846, 2000.
30. IBAMA - INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE. Laudo Técnico Preliminar: Impactos
ambientais decorrentes do desastre envolvendo o rompimento da barragem de Fundão, em
Mariana, Minas Gerais. 2015.
33. LANA, C. E.; CASTRO, P. T. A. Variabilidade morfológica em níveis de base do rio Maracujá
(Quadrilátero Ferrífero MG): influências litológicas, estruturais e de reativações cenozóicas.
Revista Brasileira de Geomorfologia. 11, 21–30, 2010.
36. LEOPOLD, L. B.; MADDOCK, T. The hydraulic geometry of stream channels and some
physiographic implications. US Government Printing Office, Washington, DC, 1953.
37. MACEDO, D. R.; HUGHES, R. M.; KAUFMANN, P. R.; CALLISTO, M. Development and va-
lidation of an environmental fragility index (EFI) for the neotropical savannah biome. Science
of The Total Environment. 635, 1267–1279, 2018.
38. MACEDO, D. R.; LOPES, F. W. A.; MAGALHÃES JÚNIOR, A. P.; BARROS, L. F. P. Noções
de hidráulica e hidrometria fluvial. In Hidrogeomorfologia - formas, processos e registros
sedimentares fluviais. Bertrand Brasil, p. 79-102, 2020.
42. MAGALHÃES JR., A. P.; SAADI, A. Ritmos da dinâmica fluvial Neo-Cenozóica controlados por
soerguimento regional e falhamento: o vale do rio das Velhas na Região de Belo Horizonte,
Minas Gerais, Brasil. Geonomos. 2(1), 42–54, 1994.
46. MENDES, L. C.; FELIPPE, M. F. Alterações geomorfológicas de fundo de vale na bacia do Rio
do Carmo (MG) decorrentes do rompimento da Barragem de Fundão. Caminhos de Geografia,
v. 20, n. 69, p. 237–252-237–252, 2019.
47. MILANEZ, B.; LOSEKANN, C. (org.). Desastre no Vale do Rio Doce: antecedentes, impactos
e ações sobre a destruição. Rio de Janeiro: Folio Digital: Letra e Imagem, 2016. p. 125-159.
49. REIS, M. O.; MOURA, A. C. M. B.; COTA, G. E. M.; MAGALHÃES JÚNIOR, A. P. Panorama
dos rompimentos de barragens de rejeitos de minério no mundo. Caderno de Geografia, v.30,
n.61, p. 368-390, 2020.
50. RÓZSA, P. Nature and Extent of Human Geomorphological Impact – A Review. Anthropogenic
Geomorphology, Springer, pp 273-291, 2010.
51. RUCHKYS, U. A.; AMORIM, P. T.; MIRANDA, M. P. S.. Mineração em Geossistemas Fer-
ruginosos e Questões de Geoética: o Caso do Rompimento da Barragem de Córrego do
Feijão, Minas Gerais, Brasil. CONFINS (PARIS), v. 40, p. 1, 2019.
52. SALGADO, A. A. R.; SILVA, J. R. Mapeamento das unidades de relevo da região da Serra do
Gandarela - Quadrilátero Ferrífero-/MG. Geografias, Belo Horizonte, v. 5, n.2, p. 107 – 125,
2009.
53. SALGADO, A. A. R.; BRAUCHER, R.; VARAJÃO, C. A. C.; COLIN, F.; VARAJÃO, A. F. D.;
NALINI JUNIOR, H. A. Relief evolution of the Quadrilátero Ferrífero (Minas Gerais, Brazil) by
means of (10Be) cosmogenic nuclei. Zeitschrift für Geomorphologie. 52, 317-323, 2008.
54. SANTANA, F. C., FRANCELINO, M. R., SCHAEFER, C. E., VELOSO, G. V., FERNANDES-
-FILHO, E. I., DE JP SANTANA, A., ... & ROSA, A. P.. Water quality of the Gualaxo do Norte
and Carmo rivers after the Fundão dam collapse, Mariana, MG. Water, Air, & Soil Pollution,
v. 232, n. 4, p. 1-13, 2021.
55. SCHUMM, S.A. A tentative classification of alluvial river channels”. United States Geolo-
gical Survey Circular 477, Washington, DC, 1963.
56. SCHUMM, S. A. The Fluvial System. New York: John Wiley and Sons, 1977.
57. SCHUMM, S. River Variability and Complexity. Cambridge: Cambridge University Press,
2005. 236 p.
61. SUGUIO, K.; BIGARELLA, J. J. (1990). Ambientes fluviais. Ed. UFSC, Florianópolis, 183 p,
2ª ed.
111
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
08
Indicadores de desempenho
estatísticos para reservatórios: uma
revisão de literatura
10.37885/210504613
RESUMO
113
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
115
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 1. Esboço de definição para variáveis usadas para calcular índices de desempenho.
Segundo Loucks (1997), este gráfico facilita o entendimento dos conceitos dos indica-
dores de desempenho em reservatórios. A confiabilidade seria representada pela quantidade
de oferta hídrica que atenderam plenamente a demanda, ou seja, a quantidade de oferta
hídrica (podendo ser dado em vazão ou volume) que localizam-se na região dos “valores
satisfatórios”, no caso acima da reta de demanda (1). As ofertas hídricas que estão na re-
gião dos “valores insatisfatórios”, abaixo da reta de demanda (1), representam um estado
de falha para o sistema quanto ao atendimento da demanda e assim reduz a confiabilidade
do reservatório.
A resiliência está relacionada com o tempo de duração da falha no sistema (área ha-
churada em vermelho). Esta duração do estado da falha, simplificadamente, seria o tempo
em que ocorre a mudança da curva no ponto (a) – que sai da região dos “valores satisfató-
rios” para a região dos “valores insatisfatório” e retorna para o ponto (b) – sai da região dos
“valores insatisfatórios” e retorna para a região dos “valores satisfatórios” novamente. Desse
modo têm-se o tempo de duração da falha no sistema reservatório.
Por último a vulnerabilidade, representada pela área hachurada do gráfico, que está
relacionada ao déficit de demanda hídrica, que seria considerado como o volume ou vazão em
que a demanda hídrica deixou de ser atendida devido a baixa oferta hídrica no reservatório.
Uma vez definidos estes dados, é possível calcular estatísticas de confiabilidade, resi-
liência e vulnerabilidade associadas para porções sucessivas dessa série de tempo. E com
base nestes indicadores, obtém-se os Índice de Sustentabilidade Hídrica.
Baseado no contexto apresentado e alinhado ao objetivo deste trabalho de pesquisa,
buscou-se realizar um levantamento bibliográfica detalhado para que pudesse identificar
os principais trabalhos vigentes na literatura que envolvessem a aplicação dos critérios de
confiabilidade, resiliência e vulnerabilidade na determinação do desempenho aplicados à
Reservatórios de forma que os aspectos científicos propostos pudessem ser adequadamen-
te fundamentados.
116
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Sendo assim, na Tabela 1, são apresentados os principais trabalhos publicados envol-
vendo a aplicação de indicadores de desempenho.
117
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Tabela 1. Principais publicações que aplicaram indicadores de desempenho em sistemas hídricos (continuação).
Loucks, D. P.
Van Beek, E.
Water resources systems planning and Management: an introduction to
2005 Stedinger, J. R. Di- TEORIA
methods, models and applications.
jkman, J. P.
Villars, M. T.
Brandão, J. L. B. SFPLUS: Modelo para Avaliação do Desempenho de Sistemas de Reserva- Bacia do São Francisco,
2006
Barros, M. T. L. D. tórios com Usos Múltiplos. Brasil
Li, Y.
2007 Estimating resilience for water resources systems. TEORIA
Lence, B. J.
Andrade, P. R. G. S.
Aplicação de critério de sustentabilidade na avaliação de desempenho de Bacia do rio Capibaribe,
2009 Curi, W. F.
um sistema hídrico de usos múltiplos. PE – Brasil
Curi, R. C.
Wang, C. H.
2009 Resilience Concepts for Water Resource Systems. TEORIA
Blackmore, J. M.
Investigating the behavior of statistical indices for performance assess- Reservatório Dharoi, bacia
2010 Jain, S. K
ment of a reservoir. do Sabarmati, Índia
Raje, D. Reservoir performance under uncertainty in hydrologic impacts of climate Reservatório Hirakud, rio
2010
Mujumdar, P. P. change. Mahanadi, Orissa, Índia
Sandoval-Solis, S.
Bacia do Rio Grande,
2010 McKinney, D. C. Sustainability index for water resources planning and management.
EUA e México
Loucks, D. P.
Vieira, A. Reservatórios Engenheiro
Escolha das regras de operação racional para subsistema de reservatórios
2010 Santos, V. Ávidos e São Gonçalo,
no semiárido nordestino
Curi, W. Paraíba, Brasil
118
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Tabela 1. Principais publicações que aplicaram indicadores de desempenho em sistemas hídricos (continuação).
119
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Tabela 1. Principais publicações que aplicaram indicadores de desempenho em sistemas hídricos (continuação).
Através das publicações apresentadas, pode-se ter uma ampla ideia da quantidade
de estudos que aplicaram os indicadores de desempenho, e que remontam desde o século
passado ao atual, e a sua abrangência internacional, onde tem sido aplicado em estudos
de reservatórios e açudes no Brasil, em países europeus, e pode-se destacar diversas pu-
blicações asiáticas como do Irã, Israel, Palestina, Índia e Coreia do Sul.
Finalizada essa importante etapa de revisão bibliográfica e com conhecimento da
importância dos indicadores para a pesquisa, a seguir será feita uma breve descrição dos
principais indicadores de desempenho aplicados a estudos e análises de reservatórios.
CONFIABILIDADE
(1)
(2)
Resiliência
(3)
122
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
(4)
Vulnerabilidade
123
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
(5)
(6)
O Reservatório Billings
125
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 3. Esquema hidráulico da Bacia do Alto Tietê
126
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 4. Representação dos Sistemas Produtores do Guarapiranga-Billings-Rio Grande.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
128
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 5. Relação entre indicadores de desempenho e ISH do Reservatório Billings sem considerar a transferência de
águas do sistema Tietê-Pinheiros-Billings versus vazões de demanda.
Cabe destacar, que o reservatório sob estas condições, sem o auxílio de um aporte de
água, não poderia atender demandas futuras para a RMSP, as vazões de 80,09 m3/s para
129
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
2025 e de 82,84 m3/s para 2035, acarretariam a total insustentabilidade do sistema. Assim,
os valores de desempenho, principalmente no que tange a resiliência e a vulnerabilidade
são de extrema importância e devem ser avaliadas pelo operador, porque cabe ao mesmo
analisar se a magnitude da falha, é significativa ou não, e quais os meios para garantir
melhor eficiência no seu processo para que o impacto de uma falha não torne oneroso sua
produção seja ela de energia ou de água tratada.
A magnitude de uma falha pode ser significativa, por exemplo, quando se trata de uma
demanda que não possua meios de realizar sua reserva. Como as demandas hídricas que
visam garantir a geração de energia hidroelétrica, a falha do atendimento, não poderia ser
compensado por termoelétricas devido a sua posição geográfica perto de um grande centro
de carga que é a capital paulista, bem como, sua importância para o setor elétrico brasileiro
no caso de uma recomposição devido a apagões, conforme mostrado por Silva (2016).
Já para o abastecimento de água, o não atendimento, atualmente está sendo compen-
sado por captações em outras bacias, que de acordo com o Plano de Bacia Hidrográfica
do Alto Tietê, para atendimento ao consumo de água para a RMSP, tem sido praticado a
importação de água da Bacia do rio Piracicaba, localizada ao norte da Bacia do Alto Tietê,
e outras menores nos rios Capivari e Guaratuba (FUSP 2009). Isto leva a grandes sistemas
integrados, maior custo na operação e uma dependência da RMSP de outras bacias.
A Bacia do Alto Tietê sofreu importantes intervenções antrópicas que foram realizadas
gradativamente ao longo do século passado. Além disso, a operação do sistema hidráulico
que foi sendo implantado alterou-se ao longo do tempo, onde os usos da água foram tendo
suas prioridades alteradas, da geração de energia elétrica, para diluição de efluentes e o
abastecimento urbano, envolvendo ainda o controle de cheias da RMSP.
A crescente conscientização da opinião pública relacionadas às questões ambien-
tais, fez com que fossem implantadas ao longo do tempo diferentes opções de manejo do
Reservatório, a fim de obter melhorias das condições ambientais. Assim, a partir de 1975,
estabeleceu-se como parâmetro que a vazão de água bombeada do Rio Pinheiros deveria
estar em função da operação das turbinas geradas de energia em Cubatão, o que eviden-
ciava a preferência pela geração de energia elétrica em detrimento dos valores ambien-
tais (LITTLE, 2003).
Porém, a aprovação da legislação de proteção de mananciais metropolitanos de 1975
(especificamente Billings e Guarapiranga) evidenciou uma mudança de paradigmas na so-
ciedade. Neste momento iniciou-se um embate com o setor energético, quando a legislação
passou a focar na preservação da capacidade de suporte da bacia por meio de restrição e
regulação das formas de uso e ocupação do solo (VICTORINO, 2002).
130
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
No início da década de 1980, o aumento da ocupação urbana agravou mais a pro-
blemática da poluição, e em 1984, a SABESP implementou a “operação balanceada”, que
consistia na operação considerando o saneamento e a geração de energia elétrica, em que
seria bombeada apenas metade da vazão disponível no Alto Tietê para a Billings, deixando
a outra parte seguir o seu curso natural do rio em direção ao Médio Tietê. Esta ação seria
operada mesmo provocando perda na geração de energia em Henry Borden (SABESP,
2009; ESCAMES, 2011).
Segundo o Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, a bacia do Alto Tietê sofreu gra-
dativas intervenções que alteraram significativamente o regime fluvial do rio Tietê e da rede
hídrica. Além do processo gradativo de urbanização da bacia hidrográfica existiram impor-
tantes intervenções de obras e operação (FUSP, 2009), dentre as quais pode-se mencionar:
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. ADELOYE, A. J.; SOUNDHARAJAN, B. S.; OJHA, C. S. P.; REMESAN, R. Effect of Hedging-In-
tegrated Rule Curves on the Performance of the Pong Reservoir (India) During Scenario-Neutral
Climate Change Perturbations.Water resources management, v. 30, n. 2, p. 445-470, 2016.
2. ADGER, W. Neil. Social and ecological resilience: are they related?. Progress in human ge-
ography, v. 24, n. 3, p. 347-364, 2006.
3. AHMAD, S. S.; SIMONOVIC, S. P. A three‐dimensional fuzzy methodology for flood risk analy-
sis. Journal of Flood Risk Management, v. 4, n. 1, p. 53-74, 2011.
4. AKHBARI, Masih; GRIGG, Neil S. Managing water resources conflicts: modelling behavior in
a decision tool. Water Resources Management, v. 29, n. 14, p. 5201-5216, 2015.
133
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
8. ASEFA, T.; CLAYTON, J.; ADAMS, A.; ANDERSON, D. Performance evaluation of a water
resources system under varying climatic conditions: Reliability, Resilience, Vulnerability and
beyond. Journal of Hydrology, v. 508, p. 53-65, 2014.
11. BOZORG-HADDAD, Omid et al. Development of a comparative multiple criteria framework for
ranking pareto optimal solutions of a multiobjective reservoir operation problem. Journal of
Irrigation and Drainage Engineering, v. 142, n. 7, p. 04016019, 2016.
12. BRANDÃO, João Luiz Boccia; BARROS, Mario Thadeu Leme de. SFPLUS: Modelo para Ava-
liação do Desempenho de Sistemas de Reservatórios com Usos Múltiplos. Revista Brasileira
de Recursos Hídricos, Porto Alegre - RS, v. 11, n. 3, p. 43-53, 2006.
13. CAI, X.; MCKINNEY, D. C.; LASDON, L. S. A framework for sustainability analysis in water
resources management and application to the Syr Darya Basin. Water Resources Research,
v. 38, n. 6, 2002.
14. CASTELLARIN, A.; GALEATI, G.; BRANDIMARTE, L.; MONTANARI, A.; BRATH, A. Regional
flow-duration curves: reliability for ungauged basins. Advances in Water Resources, v. 27,
n. 10, p. 953-965, 2004.
15. CELESTE, Alcigeimes B.; BILLIB, Max; CURI, Wilson F. Regras operacionais de reservatório
derivadas por um sistema de inferência neuro-fuzzy adaptativo. Anais do X Simpósio de
Recursos Hídricos do Nordeste, 2010.
17. CUTTER, Susan L.; BORUFF, Bryan J.; SHIRLEY, W. Lynn. Social vulnerability to environ-
mental hazards. Social Science Quarterly, v. 84, n. 2, p. 242-261, 2003.
18. DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica. Plano Diretor de Aproveitamento dos
Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista – 2013. Disponível em: <http://www.
daee.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1112:plano-diretor-de-apro-
veitamento-dos-recursos-hidricos-para-a-macrometropole-paulista>. Acesso em 03 de março
de 2016.
19. EL‐BAROUDY, Ibrahim; SIMONOVIC, Slobodan P. Fuzzy criteria for the evaluation of water
resource systems performance. Water resources research, v. 40, n. 10, 2004.
20. EMAE - Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. Sistema Hidráulico da Emae –
2016a. Disponível em: <http://www.emae.com.br/usina_elevatoria_traicao.htm>. Acesso em:
09 de fevereiro de 2016.
134
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
21. ESCAMES, Fernando Escames. Usina Parque: Aproveitamento e Valorização do Patrimô-
nio Energético, Ambiental e Histórico da Usina Hidrelétrica Henry Borden. 2011. 134 f.
Dissertação (Mestrado em Energia). Universidade Federal do ABC, Santo André. 2011.
22. ERMINI, R.; ATAOUI, R. Computing a global performance index by fuzzy set approach. Pro-
cedia Engineering, v. 70, p. 622-632, 2014.
23. FIERING, Myron B. Alternative indices of resilience. Water Resources Research, v. 18, n. 1,
p. 33-39, 1982.
25. FOWLER, H. J.; KILSBY, C. G.; O’CONNELL, P. E. Modeling the impacts of climatic change
and variability on the reliability, resilience, and vulnerability of a water resource system. Water
Resources Research, v. 39, n. 8, 2003.
26. FUSP – Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo. Plano da Bacia Hidrográfica do
Alto Tietê: Relatório Final – Volume 1/4 - dezembro de 2009. Disponível em: <http://www.
fabhat.org.br/site/images/docs/volume_1_pat_dez09.pdf>. Acesso em: 20 de janeiro de 2016.
27. GALAITSI, S. E.; HUBER-LEE, A.; VOGEL, R. M.; NAUMOVA, E. N. Using water insecurity to
predict domestic water demand in the Palestinian West Bank. Water International, v. 40, n.
4, p. 614-634, 2015.
28. GHIMIRE, Bhola N. S.; REDDY, M. Janga. Optimization and uncertainty analysis of operatio-
nal policies for multipurpose reservoir system. Stochastic environmental research and risk
assessment, v. 28, n. 7, p. 1815-1833, 2014.
30. GOHARIAN, Erfan et al. Incorporating potential severity into vulnerability assessment of water
supply systems under climate change conditions. Journal of Water Resources Planning and
Management, v. 142, n. 2, p. 04015051, 2015.
31. GRAMULIA JUNIOR, Jacyro. Uma abordagem baseada em algoritmos genéticos para ge-
renciamento e controle de transferência não natural de água entre rios em contribuição
ao planejamento da operação de sistemas hidrotérmicos. 2014. 158 f. Tese (Doutorado
em Energia) – Universidade Federal do ABC, Santo André. 2014.
32. GRAMULIA JUNIOR, Jacyro. Contribuição da Usina Hidroelétrica de Henry Borden para o
Planejamento da Operação de Sistemas Hidrotérmicos de Potência. 2009. 93 f. Dissertação
(Mestrado em Energia) – Universidade Federal do ABC, Santo André. 2009.
33. HAYNES, Kingsley E.; GEORGIANNA, Thomas D. Risk assessment of water allocation and
pollution treatment policies in a regional economy: Reliability, vulnerability and resiliency in
the Yellowstone Basin of Montana. Computers, environment and urban systems, v. 13, n.
2, p. 75-94, 1989.
34. HAZEN, Allen. Storage to be provided impounding reservoirs for municipal water supply. In: Pro-
ceedings of the American Society of Civil Engineers. ASCE, 1913. p. 1943-2044.
135
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
35. HASHIMOTO, T.; STEDINGER, J. R.; LOUCKS, D. P. Reliability, resiliency, and vulnerability
criteria for water resource system performance evaluation. Water Resources Research, v.
18, n.1, p. 14–20, 1982.
36. HOLLING, Crawford S. Resilience and stability of ecological systems. Annual review of eco-
logy and systematics, p. 1-23, 1973.
37. HOQUE, Yamen M. et al. Watershed reliability, resilience and vulnerability analysis under
uncertainty using water quality data. Journal of environmental management, v. 109, p. 101-
112, 2012.
38. HOQUE, Yamen M.; HANTUSH, Mohamed M.; GOVINDARAJU, Rao S. On the scaling behavior
of reliability–resilience–vulnerability indices in agricultural watersheds. Ecological Indicators,
v. 40, p. 136-146, 2014.
39. JAIN, S. K.; BHUNYA, P. K. Reliability, resilience and vulnerability of a multipurpose stora-
ge reservoir/Confiance, résilience et vulnérabilité d’un barrage multi-objectifs. Hydrological
sciences journal, v. 53, n. 2, p. 434-447, 2008.
40. JAIN, Sharad K. Statistical performance indices for a hydropower reservoir. Hydrology Rese-
arch, v. 40, n. 5, p. 454-464, 2009.
41. JAIN, Sharad K. Investigating the behavior of statistical indices for performance assessment
of a reservoir. Journal of hydrology, v. 391, n. 1, p. 90-96, 2010.
42. KARAMOUZ, Mohammad; HOUCK, Mark H. Annual and monthly reservoir operating rules
generated by deterministic optimization. Water Resources Research, v. 18, n. 5, p. 1337-
1344, 1982.
43. KAY, Paul A. Measuring sustainability in Israel’s water system. Water International, v. 25, n.
4, p. 617-623, 2000.
44. KINDLER, Janusz; TYSZEWSKI, Sylwester. Multicriteria evaluation of decision rules in the de-
sign of a storage reservoir. In: Closing the Gap Between Theory and Practice (Proceedings
of the Baltimore Symposium. 1989.
45. KJELDSEN, Thomas Rodding; ROSBJERG, Dan. A framework for assessing the sustainability
of a water resources system. IAHS PUBLICATION, p. 107-114, 2001.
47. KJELDSEN, Thomas Rodding; ROSBJERG, Dan. Choice of reliability, resilience and vulnerability
estimators for risk assessments of water resources systems/Choix d’estimateurs de fiabilité, de
résilience et de vulnérabilité pour les analyses de risque de systèmes de ressources en eau.
Hydrological sciences journal, v. 49, n. 5, 2004.
48. KLEMEŠ, Vít. Reliability of water supply performed by means of a storage reservoir within a
limited period of time. Journal of Hydrology, v. 5, p. 70-92, 1967.
49. KLEMEŠ, Vít. Reliability estimates for a storage reservoir with seasonal input. Journal of Hy-
drology, v. 7, n. 2, p. 198-216, 1969.
136
putations). Leningrad, Gidrometeoizdat, 1952.
52. KUNDZEWICZ, Zbigniew W.; KINDLER, Janusz. Multiple criteria for evaluation of reliability
aspects of water resource systems. International Association of Hydrological Sciences,
Publication. 1995.
53. LEE, Gwang-Man. Water Supply Performance Assessment of Multipurpose Dams Using Sustai-
nability Index. Journal of Korea Water Resources Association, v. 47, n. 5, p. 411-420, 2014.
54. LEE, Gwang-Man; CHA, Kee-Uk; YI, Jaeeung. Analysis of Non-monotonic Phenomena of Re-
silience and Vulnerability in Water Resources Systems. Journal of Korea Water Resources
Association, v. 46, n. 2, p. 183-193, 2013.
55. LEE, T. L.; CHEN, C. H.; PAI, T. Y.; WU, R. S. Development of a meteorological risk map for
disaster mitigation and management in the Chishan Basin, Taiwan. Sustainability, v. 7, n. 1,
p. 962-987, 2015.
56. LI, Yi; LENCE, Barbara J. Estimating resilience for water resources systems. Water Resources
Research, v. 43, n. 7, 2007.
59. LOUCKS, Daniel P. et al. Water resources systems planning and management: an intro-
duction to methods, models and applications. Paris: Unesco, 2005.
60. MAIER, Holger R. et al. First‐order reliability method for estimating reliability, vulnerability, and
resilience. Water Resources Research, v. 37, n. 3, p. 779-790, 2001.
61. McMAHON, Thomas A.; ADELOYE, Adebayo J.; ZHOU, Sen-Lin. Understanding performance
measures of reservoirs. Journal of Hydrology, v. 324, n. 1, p. 359-382, 2006.
62. MOTEVALLI, Mostafa et al. Using Monte-Carlo approach for analysis of quantitative and qua-
litative operation of reservoirs system with regard to the inflow uncertainty. Journal of African
Earth Sciences, v. 105, p. 1-16, 2015.
63. MOY, Wai‐See; COHON, Jared L.; REVELLE, Charles S. A programming model for analysis
of the reliability, resilience, and vulnerability of a water supply reservoir. Water Resources
Research, v. 22, n. 4, p. 489-498, 1986.
64. ONS – OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO. Inventário das restrições operati-
vas hidráulicas dos aproveitamentos hidrelétricos – Revisão - 1 de 2016. Disponível em:<
http://www.pha.poli.usp.br/LeArq.aspx?id_arq=14709 > Acesso em 20 de fevereiro de 2016.
137
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
67. ROUSTA, B. Asl; ARAGHINEJAD, S. Development of a multi criteria decision making tool for
a water resources decision support system. Water Resources Management, v. 29, n. 15, p.
5713-5727, 2015.
68. SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. Proposta de Re-
novação de Outorga do Sistema Cantareira – 30/07/2015a. Disponível em: <http://www2.
ana.gov.br/Paginas/servicos/outorgaefiscalizacao/renovacaocantareira.asp>. Acesso em 20
de novembro de 2015.
69. ______. CHESS – Crise Hídrica, estratégia e soluções da SABESP para a Região Metro-
politana de São Paulo – 30/04/2015b. Disponível em: <http://site.sabesp.com.br/site/uploads/
file/crisehidrica/chess_crise_hidrica.pdf>. Acesso em 20 de novembro de 2015.
70. ______. DOSSIÊ Sistema Rio Grande – 2009. Disponível em: <http://memoriasabesp.sabesp.
com.br/acervos/dossies/pdf/7_dossie_sistema_rio_grande.pdf6.>. Acesso em 10 de novembro
de 2016.
71. SANDOVAL-SOLIS, S.; MCKINNEY, D. C.; LOUCKS, D. P. Sustainability index for water re-
sources planning and management. Journal of Water Resources Planning and Management,
v. 137, n. 5, p. 381-390, 2010.
73. ______. Prefeitura Municipal de São Paulo. Plano diretor de São Paulo. Lei de uso e ocu-
pação do solo: estudos básicos. São Paulo Prefeitura de São Paulo, 2013.
74. ______. Governo do Estado de São Paulo. Plano estadual de recursos hídricos: PERH
2012-2015 : relatório de acompanhamento: ano 2012 / Governo do Estado de São Paulo,
Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos, Coordenadoria de Recursos Hídricos.
1. ed. São Paulo: Coordenadoria de Recursos Hídricos, 2014.
75. ______. Resolução Conjunta SMA / SSE-002, de 19 de fevereiro de 2010. Trata de pro-
cedimentos a serem adotados em casos de emergência na operação do sistema hídrico da
bacia do Alto Tietê e bacias a ela interligadas. Diário Oficial do Estado de São Paulo. SP, 19
fev. 2010. Seção 1, p. 112.
77. SHARMA, Priyank J.; PATEL, P. L.; JOTHIPRAKASH, V. Performance evaluation of a multi-pur-
pose reservoir using simulation models for different scenarios. In: Proceedings of Conference
HYDRO–2014 International, MANIT Bhopal, India. 2014.
138
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
80. TEEGAVARAPU, Ramesh SV; SIMONOVIC, Slobodan P. Simulation of multiple hydropower
reservoir operations using system dynamics approach. Water resources management, v. 28,
n. 7, p. 1937-1958, 2014.
81. TODINI, Ezio. Looped water distribution networks design using a resilience index based heu-
ristic approach. Urban water, v. 2, n. 2, p. 115-122, 2000.
82. VICTORINO, V. I. P. Gestão de águas e democracia participativa: uma longa trajetória so-
ciopolítica. I Encontro da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Meio
Ambiente e Sociedade - GT: Teoria e Meio Ambiente. 2002.
83. VIEIRA, Allan et al. Escolha das Regras de Operação Racional para Subsistema de Reser-
vatórios no Semiárido Nordestino. Engenharia Ambiental: Pesquisa e Tecnologia, v. 7, n.
1, p. 37-50, 2010.
84. VOGEL, Richard M.; FENNESSEY, Neil M.; BOLOGNESE, Ralph A. Storage-reliability-resi-
lience-yield relations for Northeastern United States. Journal of Water Resources Planning
and Management, v. 121, n. 5, p. 365-374, 1995.
85. ZHUANG, Baoyu; LANSEY, Kevin; KANG, Doosun. Resilience/availability analysis of muni-
cipal water distribution system incorporating adaptive pump operation. Journal of Hydraulic
Engineering, v. 139, n. 5, p. 527-537, 2012.
139
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
09
Influência de obras de proteção
costeira no controle de erosão na
praia central de Marataízes (ES)
10.37885/210705483
ABSTRACT
The coastal zones are regions with great movement of energy, that are located under
a transition area, between the continent and the sea. This region is characterized by a
great diversity of natural and biological resources, which draws attention to economic in-
vestments in the real estate market, industries and port movement, in addition to tourism.
The development of these activities generates the anthropic impact associated with the
oceanographic, geological and climatic characteristics of the site, provoking or stimulating
the erosive processes, which constitute coastal erosion. Coastal erosion involves the
transport of sediments from one site to another, forming environments with deposition
and removal of sediments. The Espirito Santo coast presents fragility in relation to the
erosive processes that occur along its coast, considering this theme, the present study
will address the action of coastal protection works, as a way to mitigate the occurrence
of erosive processes in Central Beach in municipality of Marataizes.
141
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
Figura 1. Localização do Município de Marataízes- ES, com destaque para a área de estudo, praia Central de Marataízes.
Figura 2. Projeto proposto pelo DHI para recuperação da praia em Marataízes. Inclui a construção de ferraduras e
enroncamentos nas terminações do trecho.
144
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
METODOLOGIA
Após definir a área de estudo iniciou-se a fase de coleta de dados sobre a temáti-
ca proposta, verificando a disponibilidade de referenciais teóricos que apresentem estu-
dos realizados na praia Central de Marataízes, evidenciando a existência de erosão em
sua faixa costeira.
Paralela à busca por referências bibliográficas foi realizada uma análise temporal na
Praia Central de Marataízes entre os anos de ?2003? e 2017, utilizando a ferramenta Google
Earth Pro, a qual possibilita identificar imagens com alta resolução espacial ao longo do tempo.
O presente estudo utilizou, prioritariamente, as imagens do ano 2010, antes da cons-
trução das obras de proteção costeira na praia Central, comparando com as imagens do
ano de 2017, tendo a finalidade de avaliar a influência espaço-temporal destas obras no
processo de contenção de sedimentos e redução do processo erosivo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 3. Projeto de construção dos espigões em formato de ferradura mediante preenchimento com aterro hidráulico.
145
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
A partir das imagens de satélite dos anos de 2010 e 2017 é possível observar a va-
riação na zona de praia obtida mediante a implementação das obras de proteção costeira
construídas na praia Central de Marataízes (Figura 4). Analisando a região no ano de 2010,
observam-se pontos onde a linha de costa se mostrava reduzida, devido as característi-
cas dissipativas da praia, onde há grande fluxo de energia gerando a destruição das du-
nas frontais indicando o mais alto grau de erosão no ciclo morfodinâmico e intermediário
(ALBINO et al., 2006).
Figura 4. A) Praia Central de Marataízes no ano de 2010, antes das obras de proteção costeira; B) Praia Central de
Marataízes no ano de 2017 após a construção das estruturas de proteção costeira.
146
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 5. Posição da linha de costa entre 1969 e 2010 da praia Central de Marataízes.
Os atuais enrocamentos são compostos por blocos de grande porte e não mais com
pedras de porte pequeno que acabaram sendo levadas pela maré, em projetos anteriores
(Figura 6). O projeto atual de recuperação da região costeira de Marataízes aparenta uma boa
proposta que realmente está gerando resultados positivos, atuando em termos de proteção
da linha costeira, minimizando impactos sociais na região e trazendo benefícios econômicos
à mesma, pois potencializou ainda mais o desenvolvimento turístico.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. ALBINO, J.; PAIVA, D. S.; MACHADO, G. M. (2001). “Geomorfologia, Tipologia, Vulnerabili-
dade Erosiva e Oc. Urbana das Praias do Litoral do Espírito Santo, Brasil”. Geografares., N.
2, p. 63 - 69.
3. ALDREDINI, P.; ARASAKI, E. (2009). “Obras e Gestão de Portos e Costas: a Técnica Aliada
ao Enfoque Logístico e Ambiental”, in Obras de Defesa dos Litorais – Tipos de Obras. Ed.
Blucher, São Paulo – SP, pp. 495 - 517.
148
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
4. ESPINOZA, J. A. A.; HERZOG, I. B. (2016). “Estudo da Efetividade de Obras de Contenção de
Erosão Costeira em Conceição da Barra – Es”. Revista Guará., N.6, p. 71 - 80.
8. LYRA, M. (2016). “Marataízes Evita Avanço do Mar e Protege Moradores em Área de Risco
(ES)”. Disponível em <http://marcolyra.blogspot.com.br/2016/12/marataizes-evita-avanco-do-
-mar- e.html> acessado em 28 de abril de 2018.
149
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
10
Mapeamento das estruturas de defesa
litorânea e mitigação de processos
erosivos em Pernambuco - Brasil
10.37885/210705484
ABSTRACT
Coastal erosion is characterized by the exchange of energy between the terrestrial and
marine environments through the sedimentary balance. This process has as main factors
climatic, oceanographic and topographic conditions. Human settlement in the coastal
zone is one of the main aggravating factors for erosive processes along the coastline,
resulting in serious socio- environmental problems, which are commonly mitigated by the
implementation of rigid coastline stabilization structures. The coast of Pernambuco has
visibility in the search for solving problems of coastal erosion and mitigation of intense
human occupation in one of the shorter coastal stretches of Brazil. The presence of coastal
protection on the beaches of Pernambuco have unknown impacts on sedimentary circu-
lation patterns, especially in the coastal currents, such effects may generate undesirable
results in beach morphology and anomalies in the medium to long term. The present
study seeks to understand the distribution of these shaping structures of the coastline,
as well as to analyze through a sample section in the coastline the temporal evolution of
the effects of sedimentary accumulation caused by the use of coastal protection structu-
res. These analyzes were obtained by remote sensing, geographic information system
environment and database about the evidence of problems related to coastal erosion on
the beaches of Pernambuco.
151
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
Área de Estudos
152
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 1. Localização da Área de estudos.
Fonte: o Autor.
Segundo Manso et al. (2006), a erosão costeira no estado de Pernambuco teve seus
primeiros registros no início do século 20, feito por Ferraz (1914). Em meados do século
passado, estudos indicaram a necessidade de construção de obras de proteção costeira
do tipo espigão e quebra-mar nas praias dos Milagres, Carmo e Farol, inseridas na região
pernambucana. Porém, posteriormente foi constatado que a construção destas estruturas
apenas mudou a posição da ocorrência de erosão costeira, não solucionando a problemática.
153
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Estudos recentes a respeito da vulnerabilidade de erosão costeira no estado de
Pernambuco indicam que a influência antrópica é o fator que mais contribui para incidência
de erosão das praias. A urbanização na linha de praia, ou seja, a presença de edificações
e impermeabilização destas áreas bem como intervenções na circulação dos sedimentos
são agravantes para a ocorrência de erosão costeira (Menezes, 2016).
Martins (2015), em seu estudo sobre a região costeira de Pernambuco, desenvolveu
o Mapeamento do Grau de Vulnerabilidade à Erosão Costeira em seus diferentes setores,
sendo eles o Setor Norte, Setor Metropolitano e Setor Sul, com diferentes graus de vulne-
rabilidade (Figura 2).
De acordo com Martins (2015), o Setor Norte da zona costeira de Pernambuco apre-
senta 19 km da faixa litorânea com baixa vulnerabilidade à erosão, 27 km da linha de praia
deste setor apresenta vulnerabilidade moderada e 7 km da extensão litorânea possui alta
vulnerabilidade à erosão. Os presentes valores representam, respectivamente, 36%, 50%
e 14% da linha de costa do Setor Norte do litoral pernambucano.
O Setor Metropolitano, que contempla os municípios Olinda, Recife e Jaboatão dos
Guararapes, possui 2 km (7%) do litoral com baixa vulnerabilidade à erosão costeira, apro-
ximadamente 14 km (50%) da faixa litorânea com moderada vulnerabilidade a erosão e 12
km (43%) apresentam alta vulnerabilidade à erosão praial (Martins, 2015). Este trecho é o
mais urbanizado entre os três setores da zona costeira, sendo a zona costeira de Olinda
154
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
87,9% intensamente urbanizada, o litoral de Recife possui 67% da sua área intensamente
urbanizada enquanto 68,3% da faixa litorânea de Jaboatão dos Guararapes está intensa-
mente urbanizada (Menezes, 2016).
O Setor Sul do litoral pernambucano apresenta os índices de vulnerabilidade a erosão
costeira mais baixos do estado, sendo 43 km (47%) de faixa litorânea com baixa vulnerabi-
lidade, 44 km (49%) de praia com média vulnerabilidade a erosão e 3,5 km (4%) de litoral
com alta vulnerabilidade a erosão marinha (Martins, 2015). Estes indicadores podem ser
correlacionados com a intensidade e o tipo de ocupação do litoral sul do estado, que de modo
geral apresenta baixa intensidade de urbanização em linha de praia, e possui percentuais
equivalentes a 19,9% de baixa urbanização no litoral de Cabo de Santo Agostinho, 10,1%
no litoral de São José da Coroa Grande e apenas 8,7% do litoral de Tamandaré possui baixa
intensidade de urbanização (Menezes, 2016).
METODOLOGIA
155
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
RESULTADOS
Figura 3. A) Distribuição das estruturas de proteção de linha de costa e retenção de sedimentos ao longo do litoral
pernambucano; B) Zoom temático no Setor Metropolitano; C) Zoom temático no Setor Norte; D) Zoom temático no
Setor Sul.
156
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 4. A) Trecho do litorâneo com intenso uso de estruturas de proteção costeira e área destacada da Praia do Janga.
B) Linha de costa da Praia do Janga em 2017. C) Linha de costa da Praia do Janga em 2009.
CONCLUSÃO
A partir do presente estudo, nota-se que as estruturas de proteção costeira são am-
plamente utilizadas em determinados trechos de praia considerados intensamente erodi-
dos. As estratégias de mitigação dos problemas erosivos da linha de costa não possuem uma
ação coordenada, resultando, frequentemente, em intervenções cujos efeitos mitigadores se
sobrepõem ou são inclusive indesejados. Como é verificado no trecho da Praia do Janga, no
município de Paulista, onde foi identificado sucessivos quebra-mares estabelecendo função
de engorde de praia e a ocupação urbana avançando nesta área de engorde.
157
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
As informações apresentadas sugerem que os efeitos mitigadores estão voltados a
recuperação funcional das áreas degradadas pela ocupação urbana e as estruturas de defe-
sa da linha de costa promovem a interceptação de sedimentos de deriva litorânea oriundos
também da erosão costeira. Neste cenário, mostra-se necessário um planejamento voltado
a recuperar a qualidade ambiental destas áreas degradadas. Portanto, deve haver práticas
de recuperação por meio de barreiras naturais às forçantes oceânicas, bem como o replantio
de vegetação nativa em linha de costa e a manutenção de vegetação em desembocaduras
de rios na linha de costa deveriam ser métodos previstos em plano de ordenamento da zona
costeira do estado.
REFERÊNCIAS
1. BRANDÃO, R. L. (2008). “Regiões Costeiras”, in Geodiversidade do Brasil: conhecer o passado
para entender o presente e prever o futuro, Org. por SILVA, C. R, CPRM, Rio de Janeiro – RJ,
pp. 90 - 97.
3. LINO, A. P.; MARTINS, K. A.; PEREIRA, P. S.; LIMA, J. P.; ARAÚJO, A. S.; GONÇALVES, R.
M.; OLINTO, A.; OLIVEIRA, A.; FISCHER, A.; ARAÚJO, R. J.; LIRA, V. A. (2014). Mapeamento
da linha de costa de Pernambuco. Centro de Tecnologia e Geociências, Secretaria de Meio
Ambiente e Sustentabilidade, Recife/PE, 10 p.
158
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
11
Modelagem e Simula o da Dispersão
de Dióxido de Carbono na Represa da
Usina Hidrelétrica de Manso e Região
André Krindges
UFMT
10.37885/210705570
RESUMO
O problema de dispersão de dióxido de carbono nos últimos anos vem sendo monito-
rado devido ao sério risco para o meio ambiente. Neste artigo, propõem se um modelo
matemático tridimensional (3D) sobre o problema de dispersão de dióxido de carbono
no meio água-ar e simulação numérica com cenários sobre uma região circunvizinha à
usina hidrelétrica do Manso. O processo de dispersão é modelado através de um sis-
tema de Equações Diferenciais Parciais do tipo Difusão advecção, com os campos de
velocidades apresentando variação no tempo adotados como parâmetro na equação de
difusão, com condições de fronteiras variando no espaço e no tempo. A implementação
de um programa computacional com dados reais do local da pesquisa possibilitou simu-
lações e criação de diferentes cenários, que permitiu ilustrar a capacidade qualitativa do
modelo, sua abordagem computacional e verificar o comportamento da concentração de
dióxido de carbono de forma inédita nesta área, o que é fundamental para compreender
os efeitos da mudança nos ciclos biogeoquímicos globais e regionais, bem como o papel
dos ecossistemas terrestres tropicais no balanço de dióxido de carbono neste local.
160
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
MÉTODO
(2,1)
Denota se por u(x, y, z, t) a concentração de CO2 no ponto (x, y, z), sendo que represen-
tam: x a longitude, y a latitude, z a altitude e t o instante de tempo, com (x, y, z, t)
. Com . O segundo termo pode ser descrito genericamente por:
div(uxo) = difusão + advecção
Desta forma, os termos da modelagem clássica ficam:
difusão = , (cf. OKUBO, 1980)
transporte = , (cf. DINIZ, 2003)
decaimento = , (cf. BASSANEZI, (2002)
Então a equação denominada equação de transporte que modela o fenômeno da dis-
persão de um determinado poluente, neste caso, a concentração de CO2, é dada por:
(2,2)
com, 161
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
αu = αu(x, y, z, t), o coeficiente de difusibilidade efetiva no meio;
V = V (x, y, z, t), o campo de velocidades no meio aéreo;
σu = σu(x, y, z, t), a taxa de degradação global no meio aéreo.
f = f(x, y, z, t), é o termo fonte de CO2.
Na equação (2.2) o termo div [α∇u] está representando a difusão para o meio, ou seja,
o espalhamento natural devido a movimentos moleculares ou movimentos relacionados à
turbulência, depende do próprio gás, neste caso, da posição, do tempo, da temperatura; o
termo div modela o transporte advectivo, relacionado a agentes externos, nesta situa-
ção, o transporte de dióxido de carbono, seguindo a direção dada pelo vetor das correntes
de ventos dominantes, o termo σu está ligado a fenômenos relacionados a alterações so-
fridas pelo gás ao reagir com o meio externo com o passar do tempo, perdendo massa e
excluindo-se do meio.
A solução de qualquer equação diferencial dependente do tempo requer a especifica-
ção de condições na fronteira do sistema estudado e condições de início do processo físico.
Para que seja útil em aplicações, um problema de valor sobre o contorno deve ser bem
posto. Isto é, estabelecidas determinadas condições para o problema, haverá então solução
única, que depende continuamente das condições envolvidas.
As condições de contorno, para este problema, serão consideradas como as de Robin
ou de von Neumann, em função da passagem de gás pela fronteira, dadas por
• Condição de Robin
(2.3)
162
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
(2.4)
sendo,
η é o vetor normal exterior unitário ao longo do domínio Γ;
α representa o coeficiente de difusibilidade.
(2.5)
(3.1)
(3.3)
(3.4)
Agora, prossegue se efetuando a multiplicação da equação (2.2) por uma função teste
não nula, e integrando a equação resultante no sentido de Lebesgue sobre
o domínio Ω e considerando as condições dadas, segue que:
(3.5)
(3.6)
Usando a primeira identidade de Green, (Iório e Iório, 1988) no segundo termo do lado
esquerdo da equação (3.5), para os operadores aqui analisados:
(3.7)
(3.8)
A fim de construir métodos para aproximar a solução de 3.8 precisa se garantir a exis-
tência e unicidade da solução procurada. Considerando a formulação variacional do problema
164
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
obtido, para tal propósito usa se o Teorema de Lions LIONS (1961) e seguindo procedimentos
adotados por: DINIZ (2003), OLIVEIRA (2003), CASTRO (1993) e MISTRO (1992).
A demonstração encontra-se em LIONS (1961) e de um modo geral para o caso em
que a é não linear MEYER (1997) faz a demonstração para um problema similar.
Segue na construção da formulação variacional do modelo para o caso da região do
Manso. Da equação (3.8). Reescrevendo-a de forma compacta, tem se:
(3.9)
e, aplica se as condição de contorno de Robin, em que considera que existe uma perda
de CO2 para as laterais do paralelepípedo, incluindo a emissão para a atmosfera. Essas
perdas são proporcionais à quantidade presente na respectiva fronteira:
(3.10)
(3.11)
(3.12)
sendo, .
Aplicando as condições de fronteiras, na segunda parcela do segundo termo na ex-
pressão acima, fica:
(3.13)
165
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
(3.14)
(3.15)
(3.16)
(3.17)
MÉTODO NUMÉRICO
O MEF foi desenvolvido em 1909 por Walter Ritz (1878 − 1909), para determinar a
solução aproximada de problemas em mecânica dos sólidos deformáveis. O MEF é uma
técnica robusta chamada Método dos Elementos Finitos, ela ajuda a resolver estes tipos
de problemas. Foi aplicado o Método dos Elementos Finitos via Galerkin, na aproximação
numérica de soluções para Equações Diferenciais Parciais.
O Método dos Elementos Finitos, via Galerkin, envolve a divisão do domínio da so-
lução num número nito de subdomínios simples (os elementos nitos) e usando conceitos
variacionais construir uma aproximante da solução sobre a coleção de elementos nitos
CAREY, ODEN (1981). Dada a formulação variacional do problema foi dividido o domínio
(meio contínuo) do problema em sub-regiões de geometria simples (formato tetraedro e
triangular). Os elementos nitos, utilizados na discretização (subdivisão) do domínio do pro-
blema são conectados entre si por determinados pontos, denominados nós ou pontos no-
dais. Ao conjunto de elementos nitos e pontos nodais, usualmente, dá-se o nome de malha
de elementos finitos.
166
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
DOMÍNIO TRIDIMENSIONAL
(5.1)
(5.2)
(5.3)
167
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Dentre os diferentes sub-espaços nitos que podem ser escolhidos para definir ,
considerado o espaço das funções polinomiais de três variáveis de grau menor ou igual a
1, 2 definidos em , isto é,
(5.4)
DISCRETIZAÇÃO ESPACIAL
(6.1)
(6.2)
(6.3)
As soluções uj (t) não dependem de (x, y, z). E como v ϵ Uh, logo é suficiente avaliar
para os elementos da base de Uh, então:
Fazendo uh = (u1(t), u2(t), ..., uNh (t))T , pode se escrever a expressão (6.3) sob a forma
de um sistema de equações Diferenciais Ordinárias de primeira ordem. 168
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
(6.4)
sendo,
(6.5)
com,
169
(7.1)
(7.2)
(7.3)
com unj representando a concentração no j-ésimo nó, para o instante tn e u j(n+1) a con-
centração no j-ésimo nó, para o instante tn+1. Para o caso geral, relembrou que uj denota a
concentração na discretização temporal. Chega se na seguinte equação:
(7.4)
RESULTADO
Nesta seção são apresentados os resultados numéricos das simulações obtidas a partir
do modelo matemático proposto no estudo da dispersão de dióxido de carbono na usina
hidrelétrica de Manso e região próxima.
Para obter resultados próximos à realidade, recorreu se aos dados coletados do local,
para estimar os valores dos parâmetros necessários para simulação e teste do código nu-
mérico para o modelo adotado, dentre eles: o coeficiente de difusão na água e no solo e a
velocidade de transporte. Estes parâmetros utilizados foram estimados dentro de espectros
plausíveis para o modelo matemático em discussão na simulação de cenários e teste de
códigos numéricos desenvolvidos.
A análise da dispersão de poluentes na região do Manso tornou-se um desafio conside-
rando suas dimensões e particularidades, desta forma, buscou se abordagens alinhadas aos
estudos teóricos. Também a busca por coeficientes adequados à realidade deste fenômeno
ambiental, constituiu em um grande desafio para este trabalho de pesquisa. Isto, decorreu
devido a grande dificuldade de se obter dados coletados no local e a escassez de trabalhos
realizados que dispusessem de tais dados.
Para solucionar esse problemas recorreu se aos dados da empresa privada de meteo-
rologia a Clima e Tempo. Comprou se os dados referente a intensidade e direção do vento,
temperatura, precipitação e umidade relativa do período de janeiro de 2016 a dezembro de
2017 na região da usina, da represa e no reservatório.
Os dados de efluxo de CO2 foram fornecidos pelo pesquisador PINTO-JR, (2007),
após contato pessoal. As coletas foram realizadas em solo com características similares
ao da região estudada, solos com cobertura vegetal do cerrado, para os anos de 2014 a
170
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
2018. As taxas de efluxo de CO2 dependem da temperatura e umidade, índice de nutriente,
respiração da raiz, processos microbióticos, matéria orgânica, aeração do solo, porosidade
do solo, disponibilidade de água do solo, produtividade primária líquida (PPL) e o tipo da
vegetação existente na área. O efluxo de CO2 do solo mediu se com o aparelho de absorção
de infravermelho que calcula as emissões de CO2 provenientes do solo, o EGM-1/WMA-2
(PP System, Hitchin Hertz, UK), junto com sua câmera de retenção de CO2 com 1170cm3,
cobrindo uma área no solo de 78, 5cm2. PINTO-JR, (2007).
Para obter os resultados utilizou se rotinas em ambiente computacional no Matlab, cuja
interface gráfica permite facilidades na análise dos fenômenos tratados. Também dispõe de
animações que descrevem o processo evolutivo da dispersão no domínio discretizado, num
intervalo de tempo previamente determinado.
A região do reservatório da hidrelétrica de Manso, também tem se impacto ambiental
devido à inundação do solo das regiões próximas, juntamente com o lago, é um local com
potencial para emissões acentuadas de CO2.
É interessante ressaltar que a não existência de floresta densa na região do Manso,
fator que reduziria a atividade convectiva, contribuiria para a acumulação nos baixos níveis
da troposfera, próximas a superfície. A troposfera corresponde a 80% do peso atmosférico,
com espessura em torno de 12km até 17km nos trópicos. Praticamente todos os fenômenos
meteorológicos confina se a esta camada, na sua base está a Camada Limite Planetária
(CLP) ou também conhecida como Camada Limite Atmosférica (CLA). Esta camada é a
parte da troposfera que está mais próxima da superfície terrestre, e é diretamente afetada
por ela, principalmente através da difusão turbulenta.
As emissões em reservatórios variam se de forma ampla de acordo com a localização
geográfica, com a profundidade, tipo de vegetação, temperatura, dentre outros. A cobertura
vegetal deste local é caracterizada como cerrado e em alguns locais apresenta mata de
galeria, com árvores de 15 metros de altura com copas não muito densas e raízes pouco
profundas. E o solo grande parte coberta por gramíneas ralas. O clima da região apresenta
temperatura média entre 27, 60C a 230C. De acordo com a classificação de Köppen o clima
da região do tipo AW (clima savânico), tropical semi-úmido, com dois períodos distintos: um
seco e frio, de maio a outubro e o outro chuvoso e quente, de novembro a abril.
Para a obtenção da simulação na região Ω (paralelepípedo) adotou se as seguin-
tes dimensões: a altura (h) de 17.000m, o comprimento (c) de 65.678m e largura (L) de
53.836m. Na face inferior do paralelepípedo tem se o Lago do Manso inserido.
As coordenadas dos nós converteu se em UTM - Universal Transversa de Mercator,
que utiliza um sistema de coordenadas cartesianas bidimensional para dar localizações
na superfície da Terra. É uma representação de posição horizontal, isto é, é utilizada para
171
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
identificar os locais na Terra independentemente da posição vertical, mas difere do método
tradicional de latitude e longitude
Abaixo encontra se a gura (1) que demonstra a discretização em tetraedros do domínio,
e na face inferior as duas regiões Γ1 e Γ2 pertencentes ao lado inferior do domínio.
172
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 3. Discretização do domínio.
DISCUSSÃO
Simulação de Cenários
Cenário 1
Para determinar alguns dos parâmetros variáveis para o cenário 1, recorreu se aos
dados reais do local interpolados. Juntamente com os parâmetros constantes, tem se na
tabela 1 todos os parâmetros necessários para o primeiro cenário.
173
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 4. Concentração de CO2 nas fronteiras Γ1 e Γ2.
174
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 6. Nível da concentração de CO2 na faixa entre 37km a 39km na iteração 40.
Figura 7. Nível da concentração de CO2 na faixa entre 37km a 39km nas iterações 40s 150 e 298.
Cenário 2
175
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Tabela 2. Parâmetros utilizados no cenário 2.
Verifica se através da gura (10 : a) que a dispersão do gás ocorre inicialmente nas
regiões de pouca umidade e onde o nível de água é baixo, devido possivelmente a fatores
como os citados para o cenário 1. Para os mesmos intervalos da largura entre 15 a 20 quilô-
metros e outros de 35 a 40 quilômetros pertencentes ao lago, a dispersão não é acentuada. 176
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Após a inundação, o sistema antes neutro passa a ser emissor de gases de efeito estufa,
como o dióxido de carbono.
Para regiões alagadas de baixa profundidade, pode acelerar o processo emissivo, a
maior quantidade de matéria orgânica, como galhos, árvores e folhas, somado a águas com
pouca mobilidade, podem ser responsáveis por uma parcela importante nas emissões.
Figura 10. Nível da concentração de CO2 na faixa entre 37km a 39km na iterações 150 e 300.
Observa se que não houve diferença significativa ao mudar o valor de k7, possivelmente
devido as extensas dimensões das fronteiras adotadas para o modelo.. A representação
da dispersão de CO2 na gura (10 : b) mostra se, que ela torna efetiva sobre toda a região,
espalhando sobre ela com o aumento das iterações.
Analisando os gráficos, em todos os cenários, interpreta se este fenômeno, como caso
real, resultante do processo natural do aumento da umidade do solo na região mais próxima
do lago, a concentração de dióxido de carbono é maior. Possivelmente essa irregularidade
se dá de acordo com o período de cheia ou vazante da parte alagada.
Na região estudada, a dispersão de dióxido de carbono produz uma concentração
estabilizada, para todos nós do domínio. Algumas instabilidades numéricas que podem
ocorrer em aproximação, é decorrente do termo advectivo quando torna-se preponderante
na equação, isso sucede quando as dimensões da malha é maior em um determinado valor
ou quando o valor de V (termo adevectivo) for muito maior que o de α (coeficiente de difu-
são) para o caso constante, por exemplo. Daí, o sistema é mal condicionado, pois a matriz
associada ao termo advectivo passa a ser assimétrica porém, pode ser contornado com o
uso de malhas refinadas.
As simulações obtidas respeitaram as condições de Peclet, e a escolha dos parâmetros
de discretização levou em consideração a condição de estabilidade do método, obtendo
assim confiabilidade numérica nos resultados.
177
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
CONCLUSÕES
Este modelo, introduz um aspecto inovador que retrata os cenários expostos da disper-
são de gás dióxido de carbono no ar e água, num domínio tridimensional, com alguns parâ-
metros variáveis no espaço e tempo, com condições de fronteiras adotadas não constantes
sobre a região do reservatório da hidrelétrica de Manso e região adjacente, fenômeno este,
bastante complexo devido as dificuldades encontradas na dinâmica advectiva, como reações
químicas e processos naturais, ação antropogênica, em particular sobre a região. E ainda,
deparou se com o problema da escassez de recursos computacionais à altura do volume
de dados reais manipulados.
Os cenários apresentados mostraram-se coerentes em relação a quantidade de CO2
emitida pelo solo e também pela água, com estudos teóricos sobre o processo de emissão
desse gás. As regiões analisadas apresentaram resultados nas simulações de acordo com
o esperado, sendo observada a nuvem de gás baixa na região, ou seja, a intensidade de
gás e a ordem com que cada ponto passa a receber o poluente, tudo isso em concordância
com os estudos teóricos e esperado em cada cenário.
Generalizando, pode se dizer que a modelagem, a discretização e a simulação do
problema criaram resultados coerentes com todas as hipóteses teóricas feitas. Os algorit-
mos mostrou se robustos, pois pode ser utilizado para variados problemas de dispersão de
gases. Para chegar na estabilidade da concentração de CO2, foram em média 1500 horas de
processamento usadas, em testes com cada diferentes valores para alguns parâmetros de
cada cenário. De acordo com a característica principal do trabalho, desde o início relatado,
em construir um modelo de modo mais geral possível, agora dispõem se de um algoritmo
que pode tratar de vários problemas dessa categoria. Destaca se ainda neste texto o trata-
mento teórico original, que nos garante existência e unicidade da solução do problema em
sua formulação variacional e também a convergência dos métodos.
Também em termo da computação científica envolvida e que merece ser comentada, de
trabalhar com elementos nitos tri-dimensionais em concordância com a descrição do domínio
apresentado, suas características geométricas (irregular) e as inerentes dificuldades algorít-
micas, o código principal independe totalmente desta situação, sendo facilmente adaptado
mesmo se considerar domínios bem mais irregulares, para isso, basta introduzir uma nova
malha de elementos nitos descritiva da situação de domínio a ser trabalhada. Em outras
palavras, a simulação numérica resultante independe, nesse sentido, de especificidades
geométricas do domínio.
178
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
REFERÊNCIAS
1. RAICH, J.W.; SCHLESINGER, W.H. The global carbondioxide ux in soil respiration and
its relation ship to vegetation and climate. Tellus, v.44B, n.2, p.81 − 99, b1992.
2. HANSEN, J., M. SATO, R. RUEDY, A. LACIS, and V. OINAS: Global warming in thetwenty-
rstcentury: Analternatives cenario. Proc. Natl. Acad. Sci., 97, 9875 − 9880, doi:10.1073/
pnas.170278997, 2000.
3. OKUBO, A., Difusion and ecological problems: Mathematical models. Springer, Berlin, 1980.
6. I RIO, R. J.; I RIO, V. Equações diferenciais parciais: Uma introdução. R. Janeiro: IMPA,
1988.
12. CAREY, G. F.; ODEN, J. T. Finite Elements: mathematical aspects. N. York: John Wiley &
Sons, 1981. v. 4.
13. PINTO-JR, O. B.. Efluxo de CO2 do Solo em Floresta de Transi o Amazônica Cerrado e
em rea de Pastagem. Cuiab , 2007. 79p. Disserta o (Mestrado) - Instituto de Ciências Exatas
e da Terra, Universidade Federal de Mato Grosso. 2007.
179
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
12
Monitoramento de metais pesados em
bacia hidrográfica
10.37885/210805778
RESUMO
Muitos dos metais estão presentes na água de maneira natural, porém a ação antrópica
produz o aumento destas concentrações. O monitoramento de metais fez-se necessário,
pois a água superficial é utilizada para fins de produção de alimentos, abastecimento
público e recreação, e a presença de concentrações elevadas de metais pode prejudicar
a saúde humana. Neste estudo foram monitorados, de forma mensal, as concentrações
de metais totais (Zn, Ca, Pb, Mn, Na, Ni, Ba, Cd, Co, Cr, K) e metais dissolvidos (Al, Fe,
Cu) nas águas superficiais do rio Pirapó - PR, entre Outubro de 2012 a Janeiro de 2014.
Com o monitoramento foi possível observar que alguns metais apresentaram concen-
trações acima do estipulado pelo CONAMA 357/2005 para um rio de Classe 2, e do que
poderia ser esperado pela composição do solo, indicando assim a existência de fontes
de origem antrópica.
181
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
182
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
MATERIAIS E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os metais Cobalto, Cromo e Ferro são encontrados naturalmente nas águas superfi-
ciais, e durante o período de monitoramento não foram identificados valores superiores ao
estabelecido em legislação para estes metais. A seguir são avaliadas as concentrações de
metais que ultrapassaram os valores limites estabelecidos em legislação.
Alumínio
Bário
184
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 02. Variação da concentração de bário.
De acordo com CETESB (2008a) o bário é uma substância que pode ser encontrada
naturalmente nas águas superficiais em decorrência dos minerais presentes no solo. Uma
parte da contaminação de bário poderia ser explicada pela presença de sólidos nas águas
superficiais, uma vez que a maior parcela da bacia hidrográfica é de domínio rural e pode
ocorrer a lixiviação de produtos agrícolas, que contribuam para o aumento da poluição di-
fusa de bário. No entanto não é possível descartar a presença de fontes de poluição que
contribuam em grande parte para o aumento da poluição causada por bário.
Cádmio
185
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 03. Variação da concentração de cádmio.
Chumbo
186
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
contaminação é resultado de fontes de poluição difusa, tendo origem principalmente no
arraste de algum defensivo agrícola utilizado na área de estudo.
Cobre
Manganês
187
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 06. Variação da concentração de manganês.
Níquel
A concentração limite de níquel nas águas superficiais (0,025 mg L–1), para o rio Pirapó
não foi ultrapassada na maioria das amostras, sendo que apenas nas coletas referentes
aos meses de Fevereiro/2013 (trechos 1, 2, 3 e 8), Março/2013 (trecho 9) e Novembro/2013
(trechos 6, 7, e 9).
A Figura 07 apresenta a variação da concentração de níquel durante o período
de monitoramento.
188
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 07. Variação da concentração de níquel.
Freire (2010) cita que a principal fonte de contaminação de níquel em águas superficiais
tem origem no escoamento superficial em áreas urbanas, uma vez que a maior contribuição
de níquel provém do uso industrial. Este fato pode ser facilmente verificado uma vez que os
meses de maior concentração corresponderam aos meses de precipitação de maior inten-
sidade, e os pontos que apresentaram valores superiores estão localizados a montante de
trechos onde ocorre o lançamento de efluentes industriais. A única exceção está no ponto1
(Fevereiro/2013) onde não foi possível determinar as causas do aumento da concentração
deste parâmetro.
Potássio
189
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 08. Variação da concentração de potássio.
Sódio
A resolução CONAMA n°357/2005 não estabelece nenhum valor limite para este com-
posto, pois o sódio pode ser encontrado naturalmente em qualquer água superficial já que
é um dos elementos mais abundante na terra. A Figura 09 apresenta a variação da concen-
tração deste elemento durante o período de monitoramento.
Verifica-se através dos dados obtidos é possível observar três momentos distintos
para as concentrações deste elemento. Não é possível determinar com exatidão quais os
fatores que causaram o aumento das concentrações, pois como citado anteriormente ele
corresponde a um dos elementos químicos mais abundantes na terra.
190
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 09. Variação da concentração de sódio.
Zinco
191
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 10. Variação da concentração de zinco.
A poluição por zinco pode ser associada tanto ao lançamento de efluentes quanto
ao uso de compostos agrícolas que contenha zinco em sua composição. Não foi possível
determinar as causas do comportamento deste parâmetro nas águas superficiais do rio
Pirapó. O que pode ser suposto é que por ocorrer concentrações superiores ao limite em
todos os pontos entre os meses de Outubro/2012 e Janeiro/2013, a contaminação ocorre
por uso de produtos agrícolas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
192
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
sua composição. Assim é possível concluir que existe a necessidade de tomada de ações
mitigadoras para a manutenção da qualidade da água do rio Pirapó.
REFERÊNCIAS
1. BONIFÁCIO, C. M. Avaliação da fragilidade ambiental em bacias hidrográficas do alto vale do
rio Pirapó, Norte do Paraná: proposta metodológica. 2013. Dissertação. Universidade Estadual
de Maringá, 2013.
193
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
13
Origem da água do reservatório do
POXIM: uma visão hidrogeoquímica
10.37885/210705375
RESUMO
Nesse trabalho foram utilizados o diagrama de Gibbs e as razões iônicas, como traça-
dores dos processos hidrogeoquímicos envolvidos na composição iônica da água do
reservatório Poxim, localizado em São Cristóvão, no estado de Sergipe, Nordeste do
Brasil. Foram realizadas oito campanhas de amostragem, nos períodos seco e chuvoso,
dos anos de 2013, 2014, 2015, 2017 e 2019. Em cada amostra foram determinados os
seguintes parâmetros: temperatura, pH, sólidos totais dissolvidos, Na+, K+, Ca2+, Mg2+,
HCO3-, SO42- e Cl-. A abundância iônica ocorreu na seguinte ordem Ca2+ > Na+ > Mg2+
> K+ e HCO3- > Cl- > SO2-. O diagrama de Gibbs indicou uma nítida evolução do domínio
da precipitação para o intemperismo e nessas condições, a interação água – rocha passa
a ser o principal mecanismo que controla os constituintes iônicos dissolvidos na água.
Através das razões iônicas foi possível inferir que a dissolução do sal marinho carreado
através da deposição atmosférica, seguido do intemperismo da biotita e dissolução da
calcita, foram os principais processos geoquímicos responsáveis pelas características
químicas da água do reservatório Poxim.
195
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
196
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
MÉTODO
Área de estudo
197
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
As amostras de água superficial foram coletadas em oito campanhas amostrais em
um único ponto (Figura 1), nos anos de 2013, 2014, 2015, 2017 e 2019. As amostras fo-
ram coletadas e analisadas pelo Laboratório de Química da Água do Instituto Tecnológico
e de Pesquisas do Estado de Sergipe (ITPS), usando a metodologia descrita no Standard
Methods (APHA, 2012).
A precisão das análises foi determinada por meio do balanço iônico, usando a se-
guinte a equação:
x 100 (1)
Onde,
∑cátions = somatório das concentrações em meq L–1 de Ca+2, Mg+2, Na+ e K+; ∑ânions
= somatório das concentrações em meq L–1 de HCO3-, SO42-, Cl- e A é a percentagem de
erro do balanço iônico.
O valor de A, para as amostras analisadas variaram de – 6,2 % a 4,0 % com um valor
médio absoluto de 1,3 %. De acordo com YAOUTI et al. (2009) um erro de ± 10 % no balanço
iônico é aceitável para esse tipo de estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Hidroquímica
Tabela 1. Estatística descritiva dos parâmetros medidos para a água do reservatório Poxim. (Média±dp = média ± desvio
padrão, T = temperatura da água, STD = sólidos totais dissolvidos).
198
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Parâmetros Mínimo - Máximo Média ± dp
Hidrogeoquímica
NaCl (1)
A Figura 3a mostra a relação do Na+ com o Cl–, onde se observa a distribuição das
amostras do Poxim próximas as linhas 1:0,85 e 1:1. Considerando que o reservatório está
localizado numa região próxima a costa e sem evidencias de presença de evaporitos, con-
clui-se que o aerossol marinho trasportado pela precipitação atmosférica e pela deposição
seca, deve ser a principal origem do Cl– e Na+. Comportamento semelhante foi observado
para a água do reservatório Jacarecica I (ALVES et al., 2021).
Os minerais carbonatados (calcita e dolomita) e sulfatados (gipsita), de modo geral,
são as principais origens dos íons Ca2+ e Mg2+ nas águas naturais, pois possuem maior so-
lubilidade que os silicatos. Na Figura 3b, se todas as amostras se distribuíssem em torno da
linha 1:1, os cátions Ca2+ e Mg2+ seriam originários principalmente, da dissolução da calcita,
dolomita e gipsita. Observa-se, no entanto, que a maioria dos pontos estão abaixo da linha
1:1, indicando a contribuição de outras fontes além dos carbonatos e sulfatos.
(b)
(2)
200
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
(3)
Na Figura 4a a proximidade das amostras com a linha 1:2 sugere que a dissolução da
calcita é mais significativa que a da dolomita.
Na Figura 4b as amostras ficaram muito abaixo da linha 1:1, linha de dissolução da
gipsita (Eq. 4), evidenciando a baixa contribuição da gipsita para as concentrações do cálcio.
(4)
(5)
201
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 4. Gráficos de dispersão: a) HCO3- vs Ca2+, b) SO42- vs Ca2+, c) Ca2+ + Mg2+ vs ∑cátions.
(a)
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
202
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
dos reservatórios de Sergipe”, aprovado na Chamada Universal 2018, e conta com finan-
ciamento do CNPq.
A CAPES pela concessão da bolsa de mestrado.
Esse trabalho utilizou os dados gerados no Projeto “Monitoramento de Mananciais
Superficiais e Reservatórios do Estado de Sergipe”. Por isso apresentamos nossos agrade-
cimentos à Superintendência Especial de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (SERHMA/
SEDURBS) e ao Instituto Tecnológico e de Pesquisas de Sergipe (ITPS).
REFERÊNCIAS
1. ALENCAR, N.R.O. Processos hidrogeoquímicos envolvidos na salinização dos reserva-
tórios Algodoeiro e Três Barras situados na região do baixo São Francisco no estado
de Sergipe. 109f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado em Recursos Hídricos, Uni-
versidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2020.
2. ALVES, J. P. H; FONSECA, L. C.; CHIELLE, R. S. A.; MACEDO, L.C.B. Monitoring water quality
of the Sergipe River basin: an evaluation using multivariate data analysis. Revista Brasileira
de Recursos Hídricos, Porto Alegre, v. 23, e27, 2018.
3. ALVES, J. P. H.; LIMA, M. H. R.; DÓRIA, J. R.; SILVA, I. S.; MONTEIRO, A. S. C. Hydrogeo-
chemical characterization of reservoir waters undergoing salinization processes in Northeastern
Brazil. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v.26, 2021.
4. APHA - AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard Methods for the Examina-
tion of Water and Wastewater. 22 ed. Washington, 2012.
5. BARZEGAR, R.; MOGHADDAM, A. A.; NAZEMI, A. H.; ADAMOWSKI, J. (2018). Evidence for
the occurrence of hydrogeochemical processes in the groundwater of Khoy plain, northwestern
Iran, using ionic ratios and geochemical modeling. Environmental Earth Sciences , v.77,
n.16, p. 1-17, 2018.
7. GIBBS, R. J. Mechanisms Controlling World Water Chemistry. Science, v. 170, n. 3962, p.1088-
1090, 1970.
8. GUO, J.; ZHOU, X.; WANG, L.; ZHANG, Y.; SHEN, X.; ZHOU, H.; YE, S.; FANG, B. Hydro-
geochemical characteristics and sources of salinity of the springs near Wenquanzhen in the
eastern Sichuan Basin, China. Hydrogeology Journal, v.26, n.4, p.1137-1151, 2018.
9. JIANG, L.; YAO, Z.; LIU, Z.; WANG, R.; WU, S. Hydrochemistry and its controlling factors of
rivers in the source region of the Yangtze River on the Tibetan Plateau. Journal of Geoche-
mical Exploration, v.155, p.76–83, 2015.
10. MARANDI, A.; SHAND, P. Groundwater chemistry and the Gibbs Diagram. Applied Geoche-
mistry, v.97, p.209–212, 2018.
203
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
11. MONTEIRO, A. S. C.; SILVA, E. L.; SILVA, R. R. M. 1; ALVES J. P. H. Mecanismos que con-
trolam as características das águas dos reservatórios do estado de Sergipe, Nordeste do Brasil
Scientia Plena, v.17, 011701, 2021.
13. NAGARAJU, A.; BALAJI, E.; SUN, L.H.; THEJASWI, A. Processes Controlling Groundwater
Chemistry from Mulakalacheruvu Area, Chittoor Distrit, Andhra Pradesh, South India: A Sta-
tistical Approach Basead On Hydrochemistry. Journal Geological Society of India, v.19,
p.425-430, 2018.
14. NEVES, M.A.; MACEDO, L. C. B.; FONSECA, L.C.; ALVES, J. P. H. Qualidade da água do
reservatório Jaime Umbelino – Barragem do Poxim/Sergipe. In Anais do II Congressso Interna-
cional de gestão da água e monitoramento ambiental (RESAG), Aracaju, Out. 2016, p. 81-94.
16. SILVA, E.L. Processos hidrogeoquímicos que controlam a salinização dos reservatórios
Carira e Coité, Bacia do Vaza – Barris, Estado de Sergipe. 96 f. Dissertação (Mestrado) -
Curso de Mestrado em Recursos Hídricos, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão,
2020.
17. WAHED, M. S. M. A.; MOHAMED, E. A.; EL-SAYED, M. I.; M’NIF, A.; SILLANPÄÄ, M. Hydro-
geochemical Processes Controlling the Water Chemistry of a Closed Saline Lake Located in
Sahara Desert: Lake Qarun, Egypt. Aquatic Geochemistry, v.21, n.1, p.31-57, 2015.
18. ZHANG, Y.; XU, M.; LI, X.; QI, J.; ZHANG, Q.; GUO, J.; YU, L.; ZHAO; R. Hydrochemical
Characteristics and Multivariate Statistical Analysis of Natural Water System: A Case Study in
Kangding County, Southwestern China. Water, v.10, n.1, p. 80-96, 2018.
204
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
14
Os impactos da presença de
agrotóxicos em cursos d’água no
município de Buri – SP
10.37885/210805776
RESUMO
206
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia adotada para o desenvolvimento deste trabalho foi inspirada nos estudos
de documentação indireta. A análise foi realizada em três fases:
Na primeira procedeu-se uma revisão bibliográfica, com o objetivo de reunir a bibliografia
sobre o tema estudado. Para isso fez-se uso de fontes de documentos, tais quais: artigos,
dissertações e teses, em plataformas de busca de acesso público e pela plataforma Cafe-
UFSCar. Sobre os critérios de escolha da bibliografia, foram considerados somente artigos
em revistas indexadas, assim como dissertações e teses publicadas entre o período de
(2010 a 2020), visando um referencial teórico mais atualizado. As palavras-chave utilizadas
para a busca foram: “agrotóxicos em água”, “pesticidas em água”, “efeito dos agrotóxicos
na saúde humana”, “agrotóxicos na legislação brasileira”.
A segunda fase consistiu em pesquisa documental, visando a coleta de dados por
documentos. Nesta fase foram consultados dados do Ministério da Agricultura, IBGE, ANA,
SEMAs e Prefeituras. Tais documentos tiveram foco de um levantamento quantitativo sobre
os agrotóxicos disponíveis nas águas superficiais do município de Buri - SP, como também
um levantamento qualitativo, no que tange às possibilidades de interferência de tais agro-
tóxicos na saúde humana.
E a terceira fase abordou sobre a possível relação entre os agrotóxicos encontrados nos
municípios e os possíveis efeitos nos munícipes. Para isso fez-se uma consulta na Portaria
nº 518/2004 do Ministério da Saúde, que discorre sobre a caracterização dos agrotóxicos.
Vale destacar que os limites considerados para análise foram os da União Europeia, uma
vez que o Brasil não considera um limite máximo de agrotóxico a ser aplicado nos cultivos ou
encontrado nos cursos hídricos, há somente um parâmetro definido pela ANVISA que leva
em consideração a quantidade de agrotóxico encontrada no produto final para o consumidor,
não questionando sobre os resíduos que permanecem no meio ambiente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
208
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 1. Contexto de localização do município de Buri – SP.
Milho 79.306
Soja 66.066
Trigo 17.128
Tomate 16.800
Batata-inglesa 16.300
Feijão 4.410
Batata-doce 3.034
Sorgo 3.000
Melancia 720
210
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Tabela 3. Agrotóxicos detectados na água do município de Buri – SP.
213
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Carbendazim e o Carbofurano, agrotóxicos também detectados na água do município de Buri,
se encontram na quarta e sétima posição, com 45% e 25% das amostras, respectivamente.
Além disso, vale ressaltar que muitos desses agrotóxicos que foram encontrados nas
águas superficiais do município de Buri são banidos pela legislação internacional. Já a le-
gislação brasileira, pela Portaria do Ministério da Saúde nº518 de 2004, que dispõe sobre
a qualidade da água, regulamenta substâncias que representam riscos à saúde humana,
sendo elas 54 substâncias químicas, das quais 22 são agrotóxicos.
Neste sentido, ressalta-se que as estações de tratamento de água (ETA) convencio-
nais do Brasil, em sua maioria, não dispõem de um sistema de tratamento avançado, logo
tais substâncias podem passar pelo sistema de tratamento e chegar ao consumo humano
(FERNANDES NETO, SARCINELLI, 2009). Assim, várias doenças crônicas são relacionadas
ao uso e consumo de agrotóxicos: pela água, alimento, ar ou contato direto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo e tal fato não representa
somente a alta produtividade agrícola, mas evidencia o descaso com a fiscalização ou es-
tabelecimento de normas e padrões para tais insumos agrícolas.
Conforme observado a produção agrícola do município de Buri - SP é voltada em
sua maior parte para cana-de-açúcar, soja e milho. Esses cultivos utilizam diversos tipos
de agrotóxicos e estão sobre solos com baixa fertilidade natural, o que aumenta a chance
desses produtos no ambiente – no caso, nos cursos d’água superficiais.
O levantamento mostrou que a qualidade dos recursos hídricos do município encon-
tra-se prejudicada, uma vez que há detecção de agrotóxicos em suas águas, que podem
comprometer tanto o recurso quanto o ecossistema aquático.
Além disso, os munícipes podem estar condicionados à diversas doenças crônicas
desencadeadas pelo consumo de agrotóxicos. Assim, vale lembrar a importância de uma
fiscalização efetiva e de uma gestão adequada, a fim de garantir a saúde da população e a
qualidade ambiental.
214
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
REFERÊNCIAS
1. AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS (ANA). Água no mundo: Situação da água no mundo. 2018.
Disponível em: <http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/panorama-das-aguas/agua-no-mundo>.
Acesso em: 10 de março de 2021.
3. BAJPAYEE, M; PANDEY, A. K.; ZAIDI, S.; MUSARRAT, J.; PARMAR, D.; MATHUR, N.; SETH,
P. K.; DHAWAN, A. DNA damage and mutagenicity induced by endosulfan and its metabolites.
Environmental and Molecular Mutagenesis, v. 47, n. 9, p. 682-92, 2006.
8. BRASIL. Decreto nº 4.074 de 4 de Janeiro de 2002. Regulamenta a Lei nº 7.802. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 8 janeiro 2002. Seção 1, p. 1-12.
9. BRASIL. Lei nº 6.360 de 23 de Setembro de 1976. Dispõe sobre a Vigilância Sanitária a que
ficam sujeitos os Medicamentos, as Drogas, os Insumos Farmacêuticos e Correlatos, Cosmé-
ticos, Saneantes e Outros Produtos e dá outras Providências. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 23 setembro 1976.
10. BRASIL. Lei Estadual n°7.747 de 22 de Dezembro de 1982. Dispõe sobre o controle de agro-
tóxicos e outros biocidas a nível estadual e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Rio Grande do Sul, RS.
11. BRASIL. Lei n° 7802 de 11 de julho de 1989. Dispõe sobre agrotóxicos, seus componentes e
afins. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 de julho de 1989.
12. BRASIL. Lei nº 11.936 de 14 de maio de 2009. Proíbe a fabricação, a importação, a exportação,
a manutenção em estoque, a comercialização e o uso de diclorodifeniltricloroetano (DDT) e
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 de maio 2009. Seção 1, p. 1.
13. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.914 de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre
os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e
seu padrão de potabilidade. Brasília, DF. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br › bvs ›
prt2914_12_12_2011>.
215
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
15. CETESB (São Paulo). Qualidade das águas interiores no estado de São Paulo. São Paulo:
CETESB, 2017. Disponível em: <https://cetesb.sp.gov.br/aguas-interiores/wp-content/uploads/
sites/12/2018/06/Relat%C3%B3rio-de-Qualidade-das-%C3%81guas-Interiores-no-Estado-de-
-S%C3%A3o-Paulo-2017.pdf>. Acesso em: 10 de maio de 2021.
16. DIAS, B. OMS divulga nova classificação de venenos relacionados ao câncer. Abrasco (site),
24 jun. 2015. Disponível em: <https://www.abrasco.org.br/site/noticias/saude-da-populacao/
oms-divulga-nova-classificacao-de-pesticidas-relacionados-ao-cancer/11545/>.
17. DING, J.; JIANG, Y.; LIU, Q.; HOU, Z.; LIAO, J.; FU, L. & PENG, Q. Influences of the land use
pattern on water quality in low-order streams of the Dongjiang River basin, China: A multi-scale
analysis. Science of the Total Environment, v. 551, n. 1, p. 205-216, 2016.
18. EATON, D. L.; DAROFF, R. B.; AUTRUP, H.; BRIDGES, J.; BUFFLER, P.; COSTA, L. G.; COY-
LE, J.; MCKHANN, G.; MOBLEY, W. C.; NADEL, L.; NEUBERT, D.; SCHULTE-HERMANN, R.;
SPENCER, P. S. Reviwe of the toxicology of chlorpyrifos with an emphasis on human exposure
and neurodevelopment. Critical Reviews in Toxicology. v. 38, n. 2, p.1-125, 2008.
19. FAHMY, M. A.; ABDALLA, E. F. Genotoxicity evaluation of buprofezin, petroleum oil and pro-
fenofos in somatic and germ cells of male mice. Journal of Applied Toxicology, v. 18, n. 5, p.
301-5, 1998.
20. FAO. Conservation and management of pollinators for sustainable agriculture: the international
response. In: FREITAS, B. M.; PEREIRA, J. O. P. Solitary bees: conservation, rearing and
management for pollination. Fortaleza: ImprensaUniversitária, p.19-25, 2004.
21. FDA-US – FOOD AND DRUG ADMINISTRATION. FDA testing orange juice imports for car-
bendazim, 2012. Disponível em: <https://www.foodingredientsfirst.com/news/fda-testing-oran-
ge-juice-imports-for-unlawful-pesticide.html>. Acesso em: 12 de maio de 2021.
22. FERNANDES NETO, M. L.; SARCINELLI., P. N. Agrotóxicos em água para consumo humano:
uma abordagem de avaliação de risco e contribuição o processo de atualização da legislação
brasileira, Eng. Sanit. Ambient, v. 14, n. 1, Rio de Janeiro, 2009.
23. FOSTER, W. G.; AGARWAL, S. K. Environmental contaminants and dietary factors in endo-
metriosis. Annals of the New Yorky Academy of Sciences, v. 955, n. 1, p. 213- 29, 2002.
24. HESS, S. C; NODARI, R. O. Parecer técnico n.º 01/2015: Análise técnica acerca dos riscos
associados ao glifosato, agrotóxico com uso autorizado no Brasil. UFSC, 2015. Disponível
em: < http://noticias.ufsc.br/files/2015/07/parecer-t%C3%A9cnico-N.-01.pdf>. Acesso em: 08
de maio de 2021.
25. HUOVINEN, M.; LOIKKANEN, J.; NAARALA, J.; VAHAKANGAS, K. Toxicity of diuron in human
câncer cells. ScienceDirect, v. 29, n. 7, p. 1577-1586, 2015. Disponível em: <https://www.scien-
cedirect.com/science/article/abs/pii/S0887233315001496>. Acesso em: 08 de maio de 2021.
216
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
28. JOSHI, S. C.; MATHUR, R; GULATI, N. Testicular toxicity of chlorpyrifos (an organophosphate
pesticide) in albino rat. Toxicology & Industrial Health, v. 23, n. 7, p. 439-44, 2007.
29. KNAPP, C. W.; GRAHAM, D. V.; BERARDESCO, G. DENAYELLES JR, F.; CUTAK, B. J.;
LARIVE, C. K. Nutrient level, microbial activity, and alachlor transformations in aerobic aquatic
systems. Water Research, v. 37, n. 19, p. 4761-4769, 2003.
30. LU, Y.; MORIMOTO, K.; TAKESHITA, T.; TAKEUCHI, T.; SAITO, T. Genotoxic effects of al-
pha-endossulfam and beta-endossulfam on human HepG2 cells. Environmental Health Pers-
pectives, v. 108, n. 6, p. 559-61, 2000.
32. MOSER, V. C.; BARONE JR, S.; SMIALOWICZ, R. J.; HARRIS, M. W.; DAVIS, B. J.; OVERS-
TREET, D.; MAUNEY, M.; CHAPIN, R. E. The effects of perinatal tebuconazole exposure on
adult neurological, immunological, and reproductive function in rats. Toxicological Sciences,
v. 62, n. 2, p. 339-52, 2001.
33. MOUSTAFA, G. G.; IBRAHIM, Z. S.; HASHIMOTO, Y.; ALKELCH, A. M.; SAKAMOTO, K. Q.;
ISHIZUKA, M.; FUJITA, S.; Testicular toxicity of profenofos in matured male rats. Archives of
Toxicology, v. 81, p. 875-81, 2007.
34. POLETO, C.; MERTEN, G. H. Qualidade dos sedimentos. 2ed. Editora ABRH. 285p. 2013.
35. PRABHAVATHY DAS, G.; SHAIK, A. P.; JAMIL, K. Cytotoxicity and genotoxicity induced by
the pesticide profenofos on cultured human peripheral blood lymphocytes. Drug and Chemical
Toxicology, v. 29, n. 3, p. 313-22, 2006.
36. RASHID, K. A.; MUMMA, R. O. Genotoxicity of methyl parathion in short-term bacterial test
systems. Journal of Environmental Science and Health, v. 19, n. 6, p. 565-77, 1984.
37. SABIK, H.; JEANNOT, R.; RONDEAU, B. Multiresidue methods using solid-phase, exraction
techniques for monitoring piority pesticides, incluing triazines and degradation products, in
ground and surface waters. Journal of Chromatography, v. 885, p. 217-236, 2000.
38. SANCHES, S.; CRESPO, M. T. B.; PEREIRA, V. J. Drinking water treatment of priority pesti-
cides uding low pressure UV photolysis and advanced oxidation process. Water research, v.
44, n. 6, p. 1809-1818, 2010.
39. SATAR, D.; SATAR, S.; METE, U. O.; SUCHARD, J. R.; TOPAL, M.; KARAKOC, E.; KAYA,
MEHMET, KAYA. Ultrastructural changes in rat thyroid tissue after acute organophosphate
poisoning and effects of antidotal therapy with atropine and pralidoxime: a single - blind, ex
vivo study. Current Therapeutic Research, v. 69, n. 4, p. 334-42, 2008.
40. SATAR, S.; DENIZ, S.; SINAN, K.; HULYA, L. Effects of acute organophosphate poisoning
on thyroid hormones in rats. American Journal of Therapeutics, v. 12, n. 3, p. 238-42, 2005.
41. SILVA, R. C.; BARROS, K. A.; PAVÃO, A. C. Carcinogenicidade do carbendazim e seus me-
tabólitos. Quim. Nova, v. 37, n. 8, p. 1329-1334, 2014.
44. Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisa-
gua). Relatórios gerenciais: 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/periodicos/
boletim_epidemiologico_numero_10_2013.pdf
45. SOTO, A. M.; CHUNG, K. L.; SONNENSCHEIN, C. The pesticides endossulfam, toxaphene,
and dieldrin have estrogenic effects on human estrogen-sensitive cells. Environmental Health
Perspectives, v. 102, n. 4, p. 380, 1994.
46. STEVENSON, D. E.; WALBORG, E. F. Jr.; NORTH, D. W.; SIELKEN, R. L. Jr.; ROSS, C. E.;
WRIGHT, A. S.; XU, Y.; KAMENDULIS, L. M.; KLAUNIG, J. E. Monograph: reassessment of
human cancer risk of aldrin/dieldrin. Toxicol Lett, v. 109, n. 3, p. 123-86, 1999. Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/dl/relatorio-shell-greenpeace.pdf>. Acesso em: 10 de maio de 2021.
47. SUNIL-KUMAR, K. B.; ANKATHIL, R.; DEVI, K.S. Chromosomal aberrations induced by methyl
parathion in human peripheral lymphocytes of alcoholics and smokers. Human and Experimental
Toxicology, v. 12, n. 4, p. 285-8, 1993.
48. TAXVIG, C.; HASS, U.; AXELSTAD, M.; DALGAARD, M.; BOBERG, J.; ANDEASEN, H. R.;
VINGGAARD, A. M. Endocrine-disrupting activities in vivo of the fungicides tebuconazole and
epoxiconazole. Toxicological Sciences, v. 100, n. 2, p. 464-73, 2007.
.
218
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
15
Parâmetros de qualidade da água no
monitoramento ambiental
10.37885/210805810
RESUMO
Este estudo parte do princípio de que para a gestão das águas é necessário entender
esse recurso como resultado das intensas interações entre os atores sociais e o meio
físico. Reconhece, por outro lado, que o conhecimento das características e condições
ambientais deve ser apreendido de modo integrado e transmitido para os diversos atores
relacionados à gestão e ao uso das bacias hidrográficas. Na gestão integrada dos re-
cursos hídricos, o monitoramento da água é o fator primordial, pois norteia e estabelece
ações de planejamento, fiscalização e enquadramento de cursos d’água. Desse modo, a
água deve ser sistematicamente monitorada, em termos de qualidade e de quantidade.
Neste sentido, a qualidade da água não denota somente a seu estado de pureza, mas às
suas características físico-químico-microbiológicas, que são avaliados por parâmetros de
qualidade, e que determina seus diversos usos. Desse modo, os parâmetros químicos,
físicos e biológicos servem de apoio ao entendimento das influências sobre os recursos
hídricos e aplicação da Resolução Conama 357/2005, visando o aproveitamento múltiplo
e integrado da água.
220
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
A água é um recurso natural dinâmico e requer uma visão sistêmica, dentro da gestão
dos recursos hídricos, pois, por circular por outros sistemas, qualquer alteração, pode refletir
na quantidade e qualidade da hidrosfera (MOTTER e FOLETO, 2010).
Nesse sentido, Lacerda e Cândido (2013) destacam que a gestão integrada de recursos
hídricos busca estabelecer um conjunto de ações que visam o controle e a proteção dos
recursos, frente à legislação e normas pertinentes.
Figueirêdo et al. (2008) destacam ainda que a água deve ser sistematicamente moni-
torada, em termos de qualidade e de quantidade e, Coimbra (1991), complementa sobre o
aproveitamento múltiplo e integrado da água.
De acordo com Yassuda (1993), o monitoramento corrobora para a previsão e controle
ambiental, devendo ser aplicado na gestão dos recursos hídricos. Alves (2006) menciona que
o monitoramento, além de ser um instrumento de controle e avaliação, visa compreender as
influências dos fatores naturais e das ações antrópicas, sobre o ambiente. Segundo a autora,
o monitoramento deve ser realizado por análise de tendências qualitativas e quantitativas,
a fim de identificar alterações nas características analisadas.
Desse modo, Farias (2006) destaca que o monitoramento da qualidade da água é uma
importante ferramenta na gestão dos recursos hídricos, pois fornece informações e dados,
dos quais, segundo Teixeira (2000), refletem o uso e ocupação das bacias hidrográficas.
Conforme Tucci (1997), a qualidade da água é influenciada por inúmeros fatores – for-
mação geológica, solos, geomorfologia, clima e cobertura vegetal – particulares de cada bacia
hidrográfica, variando assim, entre períodos sazonais e os cursos d’água. Já Von Sperling
(2005) destaca que qualidade da água pode ser transformada por condições naturais e por
ações antrópicas:
“Condições naturais: mesmo com a bacia hidrográfica preservada nas suas condições
naturais, a qualidade das águas é afetada pelo escoamento superficial e pela infiltração no
solo, resultantes da precipitação atmosférica. O impacto é dependente do contato da água
em escoamento ou infiltração com as partículas, substâncias e impurezas no solo. Assim, a
incorporação de sólidos em suspensão (partículas de solo) ou dissolvidos (íons oriundos da
dissolução de rochas) ocorre, mesmo na condição em que a bacia hidrográfica esteja total-
mente preservada em suas condições naturais (ocupação do solo com matas e florestas).
Neste caso, têm grande influência a cobertura e a composição do solo.
Ações antrópicas: a interferência do homem, seja de forma concentrada, como na
geração de despejos domésticos e industriais, ou de forma dispersa, como na aplicação
de defensivos agrícolas no solo, contribui na introdução de compostos na água, afetando a
221
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
sua qualidade. A forma em que o homem usa e ocupa o solo tem uma implicação direta na
qualidade da água (VON SPERLING, 2005, p.15).
Além disso, Freire (2010) menciona que a qualidade da água pode ser alterada, ainda,
durante o percurso dos cursos d’água, da nascente à foz, pois ocorre o carreamento de
sedimentos e demais materiais, que podem ser fontes geradoras de poluição.
Nesse contexto, a qualidade da água pode ser retratada por meio de parâmetros, que
determinam suas características físicas, químicas e biológicas, denominados de parâmetros
de qualidade água (SANTOS et al., 2001; PAIVA e PAIVA, 2003; VON SPERLING, 2007).
METODOLOGIA
A metodologia adotada para o desenvolvimento deste trabalho foi inspirada nos estudos
de documentação indireta, no qual procedeu-se uma revisão bibliográfica, visando elaborar
uma base conceitual acerca do tema abordado.
Neste sentido, para alcançar o arcabouço teórico fez-se uma busca em plataformas
de acesso público, dos quais foram encontrados artigos, livros, dissertações e teses. Para
a seleção dos trabalhos foram consideradas pesquisas aplicadas e autores conceituados
na temática. As palavras-chave utilizadas para a busca foram: “parâmetros de qualidade da
água”, “recursos hídricos”, “monitoramento ambiental”.
DISCUSSÃO
Temperatura da água
O oxigênio é essencial para todas as formas de vida, e, na vida aquática influencia dire-
tamente nos organismos que realizam a autodepuração nos cursos d’água (VON SPERLING,
2005). Segundo Freire (2010) a quantificação do oxigênio dissolvido (OD) em águas é um
indicador expressivo da qualidade do recurso hídrico.
De acordo com Collischonn e Dornelles (2013), há um limite superior de concentra-
ção de oxigênio dissolvido, conforme as condições de temperatura e pressão atmosférica,
chamada de concentração de saturação e, conforme Wef (2006), esta concentração de
saturação relaciona-se negativamente com os sólidos dissolvidos, pois aumenta conforme
há um incremento de sólidos.
Além disso, o oxigênio dissolvido pode ser influenciado com valores acrescidos pela
turbulência das águas (natural ou artificial), como também apresentar uma concentração
mais baixa, causada naturalmente pela temperatura – no caso de águas mais quentes e
com maior quantidade de matéria orgânica, e pela influência antrópica, em cursos d’água
que percorrem centros urbanos e recebem efluentes com grande aporte de matéria orgâni-
ca (FARIAS, 2006).
Conforme Von Sperling (2007) concentrações superiores de saturação de 9,2 mg.L-¹,
na temperatura de 20ºC, indica a presença de organismos produtores de oxigênio, como as
algas. Entretanto, valores abaixo da concentração estão relacionados ao acúmulo de matéria
orgânica no curso d’água. Já Tavares (2006) destaca valores de oxigênio dissolvido entre
8 a 10 mg.L-¹, para um rio em condições naturais.
Nitrogênio Amoniacal
224
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Fósforo Total
Sólidos
Turbidez
226
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Potencial hidrogeniônico (pH)
Parâmetros biológicos
Coliformes Termotolerantes
Von Sperling (2005) e Who (2004) destacam que é possível realizar uma determinação
da potencialidade da transmissão de doenças de veiculação hídrica, de forma indireta, por
meio dos organismos indicadores de contaminação fecal, pertencentes principalmente ao
grupo dos coliformes. Esse grupo é formado, segundo Pelczar (1996) por um número de
bactérias que inclui os gêneros Klebsiella, Escherichia, Serratia, Erwenia e Enterobactéria.
Com exceção da Escherichia, as demais bactérias do grupo coliformes, segundo Tarelho
Júnior (2014), podem ocorrer em águas com altos teores de matéria orgânica, de efluentes
industriais, como também na decomposição da matéria vegetal no solo, ou seja, sem qual-
quer poluição evidente por material de origem fecal.
227
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Assim, Echerichia coli pertence ao grupo coliforme fecal (termotolerantes), sendo en-
contrada em esgotos, efluentes e águas naturais, sujeitas a contaminação por atividades
agropecuárias e animais, exclusivamente por origem fecal. A presença desse microrganismo
nas águas demonstra ainda falhas no processamento, ou contaminação pós-processamento
de uma estação de tratamento de efluentes, sendo utilizada como indicador da eficiência de
remoção de patógenos no processo de tratamento de esgotos (SÃO PAULO, 2008).
Desse modo, os coliformes termotolerantes são utilizados como padrão para qualidade
microbiológica, conforme a Legislação brasileira, de águas superficiais destinadas a abas-
tecimento, irrigação, recreação e piscicultura (CETESB, 2008).
a) À navegação; e
b) À harmonia paisagística.
229
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. ALVES, E. C. Monitoramento da Qualidade da Água da Bacia do Rio Pirapó. 2006. 105f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Química). Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Química, Universidade Estadual de Maringá, 2006.
2. APHA. Standard methods for examination of water and Wastewater. 19º ed. Washington:
EPS Group, 1995.
5. BRASIL, 2008. Agência Nacional de Águas. Plano nacional de recursos hídricos: Programas
de desenvolvimento da gestão integrada de recursos hídricos no Brasil. v.1/MMA, Secretaria
de Recursos Hídricos. Brasília: MMA, 2008.
230
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
9. COLLISCHONN W.; DORNELLES, F. Hidrologia para engenharia e ciências ambientais.
Porto Alegre: ABRH, 2013.
10. DICK, D.P.; MARTINAZZO, R. Matéria orgânica em ambientes terrestres e aquáticos: comparti-
mentos, composição e reações. In: POLETO, C.; MERTEN, G. H. Qualidade dos sedimentos.
Porto Alegre: ABRH, 2006. p.141-179.
13. FARIAS, M. S. S.; NETO, J. D.; LIMA, V. L. A.; LIRA, V. M., FRANCO, E. S. Riscos ambientais
devido a presença de metais pesados nas águas superficiais no distrito industrial de Manga-
beira. QUALIT@S Revista Eletrônica. v.6, n.2, p.1-10, 2007.
14. FIGUEIRÊDO, M. C. B.; VIEIRA, V. P. P. B.; MOTA, S.; ROSA, M de F. et al. Monitoramento
comunitário da qualidade da água: uma ferramenta para a gestão participativa dos recursos
hídricos. Revista da Gestão da Água -REGA/ABRH, v.5, n.1, p.51-65, 2008.
16. GORJON NETO, A. Monitoramento da qualidade da água na bacia do rio Pirapó. 2014.
177f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana). Programa de Pós-Graduação em En-
genharia Urbana, Universidade Estadual de Maringá, 2014.
18. LACERDA, C. S.; CÂNDIDO, G. A.; Modelos de indicadores de sustentabilidade para gestão de
recursos hídricos. In: LIRA, W. S.; CÂNDIDO, G. A (Org). Gestão, sustentável dos recursos
naturais, uma abordagem participativa. Campina Grande: EDUEPB, 2013. p.13-30.
19. MELLO, N. A. Relação entre a fração mineral do solo e qualidade de sedimentos – o solo como
fonte de sedimentos. In: MERTEN, G. H.; POLETO, C. (Orgs.) Qualidade dos sedimentos.
Porto Alegre: ABRH, 2006, p.39-92.
20. MERTEN, G. H.; POLETO, C. Rede de monitoramento e coleta de amostras. In: MERTEN,
G. H.; POLETO, C. (Orgs.) Qualidade dos sedimentos. Porto Alegre: ABRH, 2006, p.1-38.
21. MOTTER, A. F. C.; FOLETO, E. M. Um olhar sobre a gestão dos recursos hídricos: o caso
do comitê de gerenciamento da bacia hidrográfica dos rios santa rosa, santo Cristo e Turvo -
Noroeste do Rio Grande do Sul. Perspectiva, Erechim, v. 34, n.126, p.143-155, 2010.
22. OLIVEIRA, T. M. B. F.; SOUZA, L. S.; CASTRO, S. S. L.; Dinâmica da série nitrogenada nas
águas da bacia hidrográfica Apodi/Mossoró - RN - Brasil. Revista Eclética Química. v.34,
n.3, p.17-26, 2009.
23. PAIVA, J. B. D.; PAIVA, E. M. C. D. Hidrologia aplicada à gestão de pequenas bacias hi-
drográficas. Porto Alegre: ABRH, 2003.
231
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
24. PELCZAR, M. J. Microbiologia: conceitos e aplicações, 2.ed. São Paulo: Makron Books,
1996.
25. SANTOS, I.; FILL, H. D.; SUGAI, M. R. B. et al., 2001, Hidrometria aplicada. Curitiba: Instituto
de tecnologia para o desenvolvimento, 2001.
26. SÃO PAULO. Secretaria do Meio Ambiente. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo,
CETESB. Significado Ambiental e Sanitário das Variáveis de Qualidade das Águas e dos Se-
dimentos e Metodologias Analíticas e Amostragem, In: Qualidade das águas interiores no
Estado de São Paulo. Série relatórios, Apêndice A, 2008.
27. SILVA, D. F.; ANDRADE, C. L. T.; SIMEONE, M. L. F.; AMARAL, T A. et al. Análise de nitrato
e amônio em solo e água, Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2010.
28. SINCERO, A. P.; SINCERO, G. A. Pysichal Chemical Treatment of Water and Wastewater.
London: IWA Publishing, 2003.
31. TUCCI, C. E. M. Hidrologia: ciência e aplicação. 2°ed. Porto Alegre: Editora da Universidade:
ABRH, 1997.
32. VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 3ºed.
Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental/UFMG, 2005.
34. WEF, 2006. Water Environment Federation. Standard methods for the examination of water
and wastewater: online. Washington, DC, c2006. Disponível em: <http://www.standardmethods.
org/store>. Acesso em: 10/03/2014.
35. WHO. World Health Organization. Guidelines for drinking-water quality recommendation.
3ºed. Geneva, 2004.
232
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
16
Planejar com as águas: o papel de
grupos extensionistas e assessorias
populares na construção de
alternativas de requalificação urbano-
ambiental
Marcelo Montaño
USP
Marcel Fantin
USP
10.37885/210705436
RESUMO
234
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
“O BANHADO RESISTE E PROPÕE”. Foi com essa palavra de ordem que morado-
res da comunidade do Banhado, localizada na área central do município de São José dos
Campos - SP - Brasil, celebraram a luta centenária pela permanência expressa no Plano
Popular de Regularização Fundiária e Urbanística, que envolveu diversas escalas de ação
e atores, incluindo uma assessoria popular em habitação de interesse social, um grupo
extensionista, PExURB, do Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos (IAU/USP),
uma ONG ambientalista, Veracidade, e a participação ativa de moradores no processo de
produção do Plano, especialmente no mapeamento comunitário de conflitos ambientais e
qualificação de propostas infraestruturais amparadas na valorização do ciclo hidrológico. É a
partir desta e de tantas outras importantes experiências pelo Brasil (e pela América Latina)
de apropriação da técnica pelas comunidades e reflexão do lugar do saber popular que este
trabalho se insere.
Nessa discussão, cabe destacar a origem das assessorias técnicas, as quais vin-
culam-se à atuação histórica de arquitetos, engenheiros e outros profissionais ao lado de
movimentos urbanos de luta pela redemocratização do país, disputando processos contra
um Estado autoritário, e que possibilitou o desenho inicial de políticas públicas direcionadas
à população mais pobre, incluindo a participação popular e a leitura do contexto da cidade
real (SANTO AMORE, 2016). A partir desse cenário, uma das múltiplas formas pelas quais
assessorias técnicas e populares têm se manifestado (ou constituído parcerias) é através do
eixo da extensão universitária, que possui por excelência um viés de formação a qual idea-
liza a aproximação do estudante com a realidade e como forma de prestação de serviço à
comunidade, preconizando o enfrentamento de problemas da sociedade (FOPROEXT, 2012).
Como escreve Vainer (2021), o desafio hoje é que a assessoria popular seja experi-
mentada pelos dois lados, em consonância com uma relação entre conhecimento científico
e saber popular; que seja palco da construção de um conhecimento científico-acadêmico
comprometido com a vivência, mesmo que localizada e limitada, desafiando o monopólio e
a colonialidade do saber dominante e dialogando com saberes construídos fora dos cânones
e espaços da universidade, que é muitas vezes entendida como negócio, empreendimento e
lugar da técnica. Assessorias populares e grupos extensionistas constituem, nesse sentido,
possíveis campos de legitimidade da função social e política das universidades.
Diante desse cenário, este trabalho busca discutir a experiência de um Plano Popular
como suporte para regularização fundiária e visando um desenho de projeto de urbanismo
de impacto mínimo com valorização dos recursos hídricos locais. Em um período no qual
intervenções urbanas estão cada vez mais norteadas pelo empresariamento urbano, que
tem o estado como sujeito ativo da dinamização da economia urbana por meio da atração
235
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
de investimentos imobiliários (HARVEY, 1996), projetos de urbanismo alternativos cumprem
um papel fundamental e podem ser palco interessante para mudanças de paradigmas quanto
às práticas sobre as águas urbanas.
MÉTODO
Aspectos Metodológicos
Figura 3. Exemplo de um dos diagramas elaborados como suporte ao zoneamento ambiental no Banhado.
239
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Como auxílio à obtenção de dados primários, foi realizado um aerolevantamento com
uso de Aeronave Remotamente Pilotada (RPA), utilizando um DJI Phantom 4 Pro com câ-
mera acoplada, a qual possui sensor CMOS de 20 MP e lente com abertura f/2.8, de modo
a se obter uma base aerofotogramétrica para a produção de mapas planialtimétricos, ca-
dastrais e temáticos. Essa foi a opção mais viável em termos técnicos e financeiros e que
possibilitou a elaboração de um material cartográfico fundamental a partir de imagens com
alta resolução espacial (da ordem de três centímetros).
No caso do uso de RPA, cumpre mencionar que Gevaert et al. (2018) salientam que o
desenho de melhorias urbano-ambientais demandam informações geoespaciais que geral-
mente estão relacionadas aos dados sobre a planialtimetria do terreno, incluindo a delimitação
das edificações existentes, vias, linhas de energia elétrica, sistemas de abastecimento de
água, rede de drenagem, classificação de tipos de uso e ocupação do solo, limites adminis-
trativos, bem como informações sobre áreas de risco geotécnico e suscetíveis à inundação.
Contudo, faltam informações geoespaciais adequadas e atualizadas para as favelas, uma vez
que as mesmas são negligenciadas pelas coletas de dados oficiais. As fontes tradicionais de
sensoriamento remoto, que poderiam auxiliar nessa tarefa, não são suficientes para abordar
a complexidade das favelas, incluindo a identificação de unidades residenciais individuais,
mapeamento detalhado de infraestruturas internas ou detalhamento das condições ambientais
locais. É dentro desse contexto que os RPA se apresentam como uma excelente alternativa
de baixo custo e com qualidade compatível para o planejamento comunitário.
Nessa etapa, foram empregados sete planos de voo organizados por meio do aplicativo
Pix4D Capture com a finalidade de recobrir integralmente a área a ser levantada (cerca de
58,4 ha), mantendo uma sobreposição de fotos lateral e longitudinal de 80% e uma altura
média de 80 metros. Após a fase de aquisição das imagens, por meio do processamento
das imagens com o software Agisoft PhotoScan, foram gerados um ortomosaico da área
de estudo e um modelo digital do terreno, a partir do qual se extraiu curvas de nível com
equidistância de 1 metro. De forma complementar ao levantamento realizado pela equipe
de campo, foi possível, com o suporte do SIG QGIS, vetorizar moradias e suas caracterís-
ticas construtivas, inclusive em áreas nas quais a equipe em terra foi impossibilitada de ter
acesso, e foram traçadas e hierarquizadas as vias (Figura 4).
240
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 4. Processo de obtenção e organização de dados espaciais da comunidade do Banhado.
Fonte: Augusto Cesar Oyama; Ivan Langone Francioni Coelho; Erick Rodrigues (2019).
Figura 5. Canais de drenagem mapeados que atravessam a comunidade do Banhado e o ortomosaico de alta resolução
gerado a partir do aerolevantamento.
241
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O zoneamento ambiental proposto (Figura 6) teve, como primeira função, fornecer di-
retrizes e elementos limitantes, reforçando a necessidade de limitar o avanço da ocupação
humana na planície do Banhado, para estabelecer um projeto compatível com o sistema
242
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
ambiental Banhado e promover a conservação do solo local. Entende-se, neste caso, haver
dois sistemas interligados pelas condições ambientais do território, as quais devem ser objeto
de requalificação: a área atualmente ocupada pela comunidade e o restante do território
conectado à APA do Banhado.
Figura 7. Exemplos das referências para projeto: (A) canal de água com desníveis - Fazenda do Pinhal, São Carlos/SP; (B)
Parque Manancial de Águas Pluviais - Haerbin, Heilongjiang, China; (C) Parque Urbano da Orla do Guaíba - Porto Alegre,
Rio Grande do Sul.
Fontes: (A) registro de foto do grupo PexURB 92019); (B) e (C) archdaily (2020).
244
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Dentre as propostas, destaca-se a utilização de espaços livres públicos (como praças,
por exemplo) próximos a canais testemunhos para receber a água precipitada, retendo-as
temporariamente até que ocorra a infiltração, o que resgata simbolicamente a função de
uma várzea. De modo complementar, o conjunto de técnicas de manejo das águas pluviais
previu, em especial, a utilização de pisos drenantes para as vias, sistemas distribuídos de
infiltração como canteiros pluviais, biovaletas, bacias de detenção e reserva de áreas per-
meáveis nos lotes. A Figura 8 mostra algumas pranchas produzidas para ilustrar as propostas
do projeto de urbanismo.
Figura 8. Pranchas esquemáticas destacando algumas das propostas para uma rua compartilhada na comunidade do
Banhado. É conservada a configuração natural do pequeno canal de água, sendo previstos mecanismos de proteção e
amortecimento, como canteiros pluviais e faixas permeáveis.
Figura 9. Diretrizes e propostas do plano popular de regularização fundiária e urbanística para a comunidade do Banhado.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. AB’SÁBER, A.N. Estratégias para a proteção da orla das escarpas, banhados e paisagismo
das avenidas de fundo de vale em São José dos Campos - SP. Palestra ministrada pelo
Prof. Dr. Aziz Nacib Ab’Saber na Univap. São José dos Campos: 1991.
6. GEVAERT, C.M., SLIUZAS, R., PERSELLO, C., VOSSELMAN, G. (2018). Evaluating the
Societal Impact of Using Drones to Support Urban Upgrading Projects. ISPRS Int. J.
Geo-Inf, 7(91), 1-15. Retrieved from http://www.mdpi.com/2220-9964/7/3/9.
247
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
7. HARVEY, D. Do gerenciamento ao empresariamento: a transformação da administração
urbana no capitalismo tardio. São Paulo: Espaço e Debates, nº 39, pp. 48-64, 1996.
9. REZENDE, O. M.; MIGUEZ, M. G.; VERÓL, A. P. Manejo de águas pluviais e sua relação
com o desenvolvimento urbano em bases sustentáveis integradas – Estudo de caso dos
rios Pilar-Calombé, em Duque de Caxias/RJ. In Revista Brasileira de Recursos Hídricos,
Vol. 18, n. 2, abril-jun 2013, pp. 149 - 163.
11. SANTOS, M. A. Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4. ed. São Paulo:
Edusp, 2006, 259 p.
12. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (Município). Lei nº 8756, de 28 de junho de 2012. Cria o Parque
Natural Municipal do Banhado e dá outras providências. São José dos Campos, SP, 2012.
13. SILVA, D. A.; VIANNA, P. C.; ZANETTI, V. Planejamento urbano, agentes e representações:
criação do banhado, cartão postal de São José dos Campos. Ambiente & Sociedade, v.
XX, n. 2, pp. 163–184, jun. 2017.
14. SOUZA, C. F.; CRUZ, M. A. S.; TUCCI, C. E. M. Desenvolvimento Urbano de Baixo Impac-
to: Planejamento e Tecnologias Verdes para a Sustentabilidade das Águas Urbanas. In
Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Vol. 17, n. 2, abril-jun 2012, pp. 9 - 18.
15. SPIRN, A. O Jardim de Granito, a natureza no desenho da cidade. São Paulo: Edusp, 1995.
17. VAINER, Carlos. Assessoria Popular: Um Mal Necessário? Algumas Teses para Discus-
são. In: IV Encontro Internacional de Planejamento em Contexto de Conflito, 2021. Rio de
Janeiro: Neplac, 2021.
18. VILLAÇA, F. Espaço Intra-Urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP: Lincoln
Institute, 1998.
248
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
17
Qualidade de vida em Tupaciguara
(MG): análises a partir de índices
socioeconômicos e ambientais
10.37885/210705294
RESUMO
Este artigo versa sobre o tema qualidade de vida e tem como objeto de estudo o municí-
pio de Tupaciguara (MG). Trata-se de um município de pequeno porte demográfico, cuja
dinâmica recente é marcada por decréscimos e baixo crescimento populacional. A sua
economia é pouco diversificada, sendo baseada na agropecuária e no setor de servi-
ços. O presente estudo tem como objetivo analisar a qualidade de vida de Tupaciguara
a partir de índices socioeconômicos e ambientais. Para o desenvolvimento das análises,
utilizaram-se os seguintes índices: Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Índice
Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS), Índice de Vulnerabilidade Social e Índice
de Qualidade Vida Urbana/Brasil. Na análise dos índices selecionados, estabeleceram-
-se comparações com dados de outros municípios de porte demográfico semelhan-
te ao de Tupaciguara, localizados na mesorregião geográfica Triângulo Mineiro/Alto
Paranaíba. Os resultados demonstram que o município de Tupaciguara apresenta uma
condição de qualidade de vida intermediária, conforme o contexto da análise. Nos índices
mais generalistas, Tupaciguara destaca-se nas faixas mais elevadas de desenvolvimento.
Entretanto, quando se observam as variáveis referentes a emprego e renda, educação,
saúde, meio ambiente e saneamento, os índices são mais baixos.
250
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
O tema qualidade de vida não é propriamente um assunto novo. Ele está presente nos
debates acadêmicos, na política pública e na percepção das pessoas. Por muitas vezes este
assunto é visto como um conceito vago, relativo, adjetivo e sem aplicabilidade. Qualidade de
vida também é considera como um assunto complexo, cujos debates e avanços, sobretudo
no âmbito teórico e metodológico, podem contribuir para uma melhor qualificação e quan-
tificação das condições de vida da população, sobretudo nas cidades. Foi, portanto, com
base nessa segunda abordagem que o presente trabalho foi desenvolvido.
A questão da qualidade de vida é tratada em diferentes escalas espaciais. Pode-se
analisar a qualidade de vida na escala mundial, dos países, das regiões, das grandes ci-
dades e também das pequenas localidades. A escala é função dos objetivos definidos nos
estudos sobre qualidade de vida.
No âmbito dos estudos urbanos, a qualidade de vida das cidades é bastante discuti-
da. As condições de qualidade de vida de uma cidade são resultantes do processo de urbani-
zação que, ao longo do tempo, materializa formas e conteúdos específicos no espaço urbano.
Esta produção do espaço, por sua vez, relaciona-se com as decisões políticas e econômicas
tomadas por agentes locais, regionais e nacionais, bem como sofre influências de um pro-
cesso socioeconômico geral delineado nas tramas do próprio desenvolvimento do capital.
No estudo de pequenas cidades, além disso, vale considerar que estas possuem suas
especificidades próprias. Assim, refletir sobre qualidade de vida em pequenas cidades é um
esforço de entender este tema a partir das particularidades destes espaços.
No caso das pequenas cidades brasileiras, em geral, quando se pensa em indicadores
como segurança, tranquilidade, tempo de deslocamento e amenidades ambientais, estas
aparecem com destacável qualidade de vida.
No entanto, para apreender os aspectos principais da qualidade de vida em pequenas
cidades faz-se necessário estabelecer alguns indicadores específicos de modo a represen-
tar a realidade desses espaços. Por exemplo, em geral, o transporte intermunicipal é muito
importante para as condições de deslocamento e mobilidade das pessoas das pequenas
cidades. No entanto, ainda são poucas as referências que proporcionam metodologias pró-
prias para a compreensão da qualidade de vida nas pequenas cidades brasileiras.
Neste estudo, apresentam-se análises sobre a qualidade de vida da cidade de
Tupaciguara (MG), - que é uma cidade de pequeno porte demográfico, localizada na me-
sorregião geográfica Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba.
251
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
MÉTODO
RESULTADOS E DISCUSSÕES
252
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Em 2010, 22 municípios da referida mesorregião possuíam população total entre 10 mil
e 30 mil habitantes, os quais apresentavam 18% da população regional. São, portanto, esses
municípios que serão objetos de análise e comparação neste estudo. A seguir, listam-se os
nomes e o número de habitantes de cada deles (Quadro 1).
Quadro 1. Mesorregião Geográfica Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: municípios com população total entre 10.000 a
30.000 habitantes no ano de 2010.
População total em
Município População total em 2010 Município
2010
Campina Verde 19.324 Monte Alegre de Minas 19.619
Campos Altos 14.206 Nova Ponte 12.812
Canápolis 11.365 Perdizes 14.404
Capinópolis 15.290 Planura 10.384
Carmo do Paranaíba 29.735 Prata 25.802
Centralina 10.266 Rio Paranaíba 11.885
Conceição das Alagoas 23.043 Sacramento 23.896
Coromandel 27.547 Santa Juliana 11.337
Fronteira 14.041 Santa Vitória 18.138
Itapagipe 13.656 Serra do Salitre 10.549
Lagoa Formosa 17.161 Tupaciguara 24.188
Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: Autoras, 2018.
253
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 1. Mesorregião Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: IDH dos municípios com população total entre 10.000 a 30.000
habitantes, 2010.
Nota: O IDH é classificado em: muito alto (índice de 0,800 a 1), alto (índice de 0,700 a 0,799), médio (índice de
0,600 a 0,699), baixo (índice de 0,500 a 0,599) e muito baixo (índice de 0 a 0,499).
Fonte: PNUD, 2015. Elaboração: As autoras, 2018.
255
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Os resultados dos IDHM referentes à educação e à renda, nos municípios em estudo,
reforçam a colocação anterior de que o envelhecimento atual de suas populações é fator que
deve despertar preocupações e ações proativas pelo poder municipal, haja visto que parte
muito significativa dos idosos constitui uma parcela que dependerá de assistência pública
para ter necessidades fundamentais atendidas.
Outro índice que auxilia na compreensão da qualidade de vida, aqui considerado, é
o IMRS. Este considera as dimensões saúde, educação, renda, assistência social, segu-
rança pública, saneamento, habitação, meio ambiente, cultura, esporte, turismo e finan-
ças públicas. O cálculo do mesmo é realizado por média ponderada dos índices de cada
dimensão. Os resultados do IMRS variam de 0 a 1, quanto maior o índice, melhores se-
rão as condições.
Conforme pode ser observado no Figura 2, a área analisada não apresentou, em média,
elevado desempenho no IMRS.
Figura 2. Mesorregião Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: IMRS dos municípios com população total entre 10 mil e 30
mil habitantes, 2010.
Entre os municípios considerados neste estudo, o que apresentou o melhor IMRS foi,
Canápolis com índice igual a 0,65, contrapondo a Conceição das Alagoas, Campos Altos,
Serra do Salitre e Campina Verde com IMRS de 0,55, menor índice da área analisada.
256
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Tupaciguara, por sua vez, teve IMRS de 0,57, ficou, portanto, abaixo da média registrada
para os municípios comparados que foi de 0,59 e muito próximo do limite inferior da amos-
tra. Isto demostra condição desfavorável deste município com relação ao IMRS no contexto
analisado. Entretanto, a variabilidade entre os valores máximos e mínimos do IMRS dos
municípios analisados é baixa.
Quando se consideram, separadamente, as dimensões do IMRS, percebem-se algumas
diferenças na área analisada. As categorias de Esporte, Turismo e Lazer e de Cultura, apre-
sentaram maior distância entre os escores máximos e mínimos. O município de Tupaciguara,
nesses aspectos, ficou em situação intermediária, visto que atende parcialmente os requisitos
avaliados, entre os quais destacam-se, neste município, a existência de duas bibliotecas
públicas e um museu (SILVA, 2016).
O IMRS para as dimensões Saúde, Assistência Social e Finanças Públicas apresen-
taram-se mais homogêneos entre os municípios considerados, pois a amplitude entre os
valores máximos e mínimos é relativamente menor em relação as demais categorias que
compõem o IMRS (Figura 2).
Observa-se também que os IMRS de Saúde, Saneamento, Habitação e Meio Ambiente,
Segurança Pública, Renda e Emprego e Finanças Municipais são os índices em que o mu-
nicípio de Tupaciguara apresentou-se em situação mais desfavorável, no contexto espacial
considerado. Os IMRS de Tupaciguara para estas dimensões encontram-se entre os 25%
menores índices da amostra (Figura 2).
Com relação ao serviço de saúde em Tupaciguara, ressalta-se que este município
oferece localmente apenas o atendimento básico de saúde. O mesmo vem apresentando
melhorias em muitos dos indicadores de mortalidade, tal como a taxa de mortalidade infantil.
Este município possui Programa de Saúde da Família, o qual apresentou, em 2010 e 2011,
uma cobertura aproximadamente 71% da população. Entretanto, no conjunto dos indicadores
de saúde, Tupaciguara apresenta baixo desempenho. Um exemplo pode ser dado a partir das
internações hospitalares por condições sensíveis à atenção primária. Em 2013, internações
desta natureza representaram 40,41% neste município (FJP, 2016). Silva (2016) registrou,
em seu trabalho, que em Tupaciguara, é também frequente o deslocamento da população
para outras localidades em busca do serviço de saúde.
Com relação ao serviço de saneamento em Tupaciguara, destacam-se que: neste
município a cobertura da rede de esgotamento sanitário, em 2010, era de 88,79%, abaixo
ainda da média do estado de Mina Gerais (98,22%); 100% do esgoto doméstico coleta-
do, em 2016, era lançado em córregos sem tratamento; cerca de 98% dos domicílios, em
2010, eram atendidos com coleta de resíduos sólidos; todo o resíduo sólido coletado era
destinado em um aterro controlado, situação ambientalmente inadequada e em desacordo
257
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
com a Política Nacional de Resíduos Sólidos; o município não possui Plano de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos (dado de 2016); apesar disso, há nessa localidade sistema
de coleta seletiva realizado por uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis (FJP,
2016; SILVA, 2016).
No geral, os municípios de pequeno porte da mesorregião Triângulo Mineiro/Alto
Paranaíba não apresentam indicadores elevados de criminalidade, de forma que possa
afetar significativamente os índices de segurança pública. Um aspecto que contribui IMRS
Segurança Pública ser baixo em Tupaciguara é a ausência de infraestrutura e serviços
como delegacia especializada no atendimento a mulher, delegacia de proteção da infância
e adolescência, unidade de internação de menores infratores, guarda municipal e outros
serviços considerados na avaliação do IMRS. No geral, Tupaciguara ainda é um local tran-
quilo, marcado por relativa segurança, aspecto comum em pequenas cidades da região,
sobretudo por se tratar de uma dimensão populacional que há conhecimento mútuo entre
as pessoas e relações de parentescos frequentes.
A questão da renda e do emprego em Tupaciguara é apresentada como uma das faces
de uma economia municipal pouco dinâmica. A renda per capita neste município é baixa,
sendo que, em 2010, foi de R$ 671,38 (IBGE, 2016). De forma semelhante, verifica-se que
aproximadamente 37% dos domicílios estavam, em 2010, na classe de rendimento nominal
mensal per capita domiciliar de mais de ½ a 1 salário mínimo e 82,97% do total de domicílios
não passavam de 2 salários de renda per capita domiciliar (IBGE, 2016).
Em Tupaciguara, os serviços e a agropecuária são os principais setores da economia
municipal, com relação a ocupação da população, sendo o primeiro responsável 38,79% dos
postos de trabalho e, o último, por 25,54% destes (IBGE, 2016). Vale ressaltar que o setor
de serviços nesta cidade não é bem desenvolvido, sendo os serviços públicos (educação,
saúde e segurança-pública, entre outros) os responsáveis por grande parte dos empregos.
Isto, de certa forma, reforça de dependência em relação ao Estado, realidade de muitas
das pequenas cidades e municípios de pequeno porte no país, fato constatado também em
outros trabalhos como os de Pereira (2007), Melo (2008) e Bacelar (2008).
Outro índice aqui considerado é o IVS. Este apresenta variações na escala de 0 a 1,
sendo que quanto mais próximo de 1, pior será situação do município, ou seja, há alta vul-
nerabilidade social na localidade avaliada.
O IVS apresenta três dimensões: i) infraestrutura urbana; ii) capital humano; e iii) ren-
da e trabalho” (IPEA, 2016). A primeira dimensão busca avaliar o acesso aos serviços de
infraestrutura urbana como o saneamento e a mobilidade. A segunda abrange informações
sobre condições de saúde e educação das famílias que influem nas perspectivas de inclusão
social. Nesta dimensão, foram considerados indicadores
258
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
de mortalidade infantil; da presença, nos domicílios, de crianças e jovens que
não frequentam a escola; da presença, nos domicílios, de mães precoces,
e de mães chefes de família, com baixa escolaridade e filhos menores; da
ocorrência de baixa escolaridade entre os adultos do domicílio; e da presença
de jovens que não trabalham e não estudam (IPEA, 2017).
Figura 3. Mesorregião Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: IVS dos municípios com população total entre 10.000 a 30.000
habitantes, 2010.
CONCLUSÕES
Os estudos sobre a qualidade de vida podem servir para orientar as ações dos gestores
públicos, fornecer parâmetros para sociedade apresentar suas demandas ao poder público,
auxiliar os técnicos nas decisões sobre o planejamento territorial e em outras práticas que
colaborem com a melhoria da condição de vida e do bem-estar da população.
Os índices sintéticos ajudam na percepção e quantificação dos aspectos relacionados
com a qualidade de vida. A partir das análises dos índices sociais, econômicos e ambientais
de Tupaciguara, feitas neste trabalho, conclui-se que o município de Tupaciguara se apre-
senta em uma condição intermediária de desenvolvimento, conforme o contexto espacial e
as faixas de valores dos índices considerados nessa análise. Quando se observam índices
mais generalistas como o IDH-municipal, o referido município destaca-se na faixa de alto
desenvolvimento. Entretanto, quando são consideradas variáveis como saúde, educação,
saneamento, meio ambiente, emprego e renda, percebe-se que a condição é de médio a
baixo desenvolvimento.
261
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Os índices mais elevados observados nas análises de Tupaciguara foram aqueles
relacionados com a longevidade, cultura, esporte, turismo e lazer. Os índices de menor de-
senvolvimento são os que dizem respeitos às condições de emprego e renda, saúde, meio
ambiente e saneamento.
Verificou-se que há fortes semelhanças entre as condições de qualidade de vida dos
municípios de pequeno porte da mesorregião geográfica Triângulo Mineiro considerados
neste estudo, visto que, apesar das variações significativas entre os escores máximos e
mínimos de alguns dos índices avaliados, a baixa dinamicidade da economia local (princi-
palmente com relação à geração de emprego e renda), a dependência de cidades médias
ou grandes para o provimento da assistência à saúde, a baixa escolaridade da população
adulta e o envelhecimento populacional, são aspectos comuns entre os municípios.
Os índices analisados indicam que os municípios de pequeno porte da região Triângulo
Mineiro/Alto Paranaíba apresentam, portanto, condições sociais, econômicas e ambientais
semelhantes, sem grandes disparidades.
Por fim, ressalta-se que o uso de índices sintéticos pode ser uma boa opção para a
análise socioeconômica e ambiental dos municípios, portanto, da qualidade de vida. No en-
tanto, este procedimento não dispensa o conhecimento empírico da realidade local. Muitas
das análises aqui estabelecidas foram possíveis, justamente, pelo acervo de informação
produzido em pesquisas de campo.
REFERÊNCIAS
1. BACELAR, W. K. A. A pequena cidade nas teias da aldeia global: relações e especifici-
dades sócio – políticas nos municípios de Estrela do Sul.2008. 411 f. Teses (Doutorado em
Geografia) - Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2008.
2. BERQUÓ, E. Evolução demográfica. In: SACHS, I.; WILHEIM, J.; PINHEIRO, P. S. (Org.).
Brasil: um século de transformações. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 14-37.
262
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
8. MELO. N. A. Pequenas cidades da microrregião geográfica de Catalão (GO): análise de
seus conteúdos e considerações e considerações teóricas-metodológicas. 2008. 527f. Tese
(Doutorado em Geografia) - Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, Uber-
lândia, 2008.
10. PEREIRA, A. M. Cidade média e região: o significado de Montes Claros no norte de Minas
Gerais. 2007. 350 f. Tese (Doutorado em Geografia) - Instituto de Geografia, Universidade
Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2007.
11. PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. IDH. Disponível em:<
http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/Ranking-IDHM-Municipios-2010.aspx/>. Acesso em: 12
ago. 2015.
12. SILVA, M. C. Qualidade de vida em Tupaciguara – MG: diretrizes e novos rumos para o
planejamento urbano. 2016. (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal de Uber-
lândia, Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil (MG), 2016.
263
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
18
Sítios florestais de produção como
estratégia para reabilitação de áreas
rurais degradadas em Cunha–SP
10.37885/210705296
RESUMO
265
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
INTRODUÇÃO
A localização da bacia hidrográfica do Paraíba do Sul está situada em uma das regiões
mais desenvolvidas, urbanizadas e exploradas do Brasil, sobretudo na região Sudeste em
especial na bacia do Atlântico Sudeste. A falta de sustentabilidade do modelo desmatamen-
to-agropecuária extensiva adotado no Vale do Paraíba reflete na dimensão dos problemas de
infraestrutura das áreas urbanas, onde vivem 87% da população da bacia (CAMPOS, 2001).
Nesse contexto, torna-se fundamental para a região a busca por propostas sustentáveis
que objetivem proporcionar a reabilitação de áreas degradadas por meio do equacionamento
de melhorias socioeconômicas e ambientais.
A área de drenagem da bacia hidrográfica do Paraíba do Sul, com cerca de 55.400 km2,
responde pelo abastecimento de água potável de aproximadamente quatorze milhões de
pessoas (BRAGA, 2008), o que denota a importância da recuperação de vegetação nativa
em espaços rurais da bacia, cuja revitalização está diretamente relacionada à manutenção e
ao aumento da disponibilidade de recursos hídricos locais. Desse modo, a possibilidade de
exploração econômica da vegetação recuperada pode ocorrer por meio de Plano de Manejo
Florestal Sustentável (PMFS).
Paulo (2017) expõe que, conforme estudo realizado, a estrutura conceitual da proposta
de Sítios Florestais de Produção (SFP) pode ser descrita por duas fases: (1) a reabilitação flo-
restal de espaços degradados com ação prioritária sobre as Áreas de Preservação Permanente
(APP) e Áreas de Reserva Legal Florestal (ARLF), e (2) a exploração econômica de produtos
florestais segundo as regras de um Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS).
A reabilitação florestal ou reflorestamento é o elemento base para proposta de SFP,
de modo que a ação deve permear o repovoamento de áreas degradadas por meio do plan-
tio de espécies florestais capazes de conduzir os processos de regeneração espontânea
da vegetação com a devida restituição das formas e funções dos ecossistemas florestais
(VALCARCEL & SILVA, 1997).
O desmatamento do espaço territorial, sob a influência da urbanização e da expansão
das culturas do café e da cana-de-açúcar, representa uma vertente acelerada de deterio-
ração da bacia do Paraíba do Sul. A monocultura e a criação extensiva de gado são os
principais fatores que contribuíram para a destruição da floresta atlântica no Médio e Alto
Vale do Paraíba (SILVA, 2002).
A cobertura florestal natural na região do Paraíba do Sul foi reduzida de 82 % da área
original para cerca de 5 %. A destruição do bioma atlântico resultou em modificações no
clima, até então, com uma baixa amplitude térmica característica; e o clima sempre úmido,
baseado em chuvas convectivas originadas da evapotranspiração da floresta pluvial limitava
o impacto dos sistemas frontais (DANTAS & COELHO NETTO, 1996).
266
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Além disso, na porção do território paulista, a erosão e o transporte de sedimentos
dos ciclos econômicos pretéritos já comprometem a qualidade da água que abastece os
reservatórios do Paraibuna. O atual carregamento de sedimentos para os reservatórios
devido ao corte raso de florestas plantadas aumenta o impacto das enxurradas, reduzindo
o tempo de concentração na bacia, com aumento de processos erosivos (RANZINI et al.,
2004). A cobertura florestal age de maneira positiva no combate a erosividade do solo,
melhorando os processos de infiltração, percolação e armazenamento de água, além de
diminuir o escoamento superficial (LIMA adaptado, 1986).
A integração do reflorestamento nativo com o comercial em uma solução ecológica e
econômica possibilita a recuperação de áreas degradadas, pois o reflorestamento comer-
cial gera renda e ajuda a proteger do fogo as pastagens e matas nativas em recuperação
(ROMERO et al., 2004).
O objetivo deste trabalho é discutir a proposta de emprego de Sítios Florestais de
Produção (SFP) como estratégia para recuperação produtiva e ambiental da região do Alto
Paraíba, no município de Cunha-SP. O emprego desta proposta encontra-se instituída pela
Lei nº 12.651 de 2012, que regulamenta a adequação e a regularização ambiental de todas
as propriedades rurais do país, bem como no Decreto nº 3.420, de 20 de abril de 2000, que
cria o Programa Nacional de Florestas (PNF).
MATERIAIS E MÉTODOS
Fonte: Sistema de Informações Florestais do Estado de São Paulo . (Disponível em http://s.ambiente.sp.gov.br/sifesp/cunha.pdf, acesso
em Out, 2017).
Figura 05. Ilustra o método de plantio Figura 06. Método de plantio para Figura 07. Método para manejo em
para APP. ARLF. ARLF.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
271
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
determinar que, no o horizonte de 30 anos previsto para o ciclo de manejo florestal da pro-
posta de SFP, há possibilidade de um resultado financeiro de R$ 574.200,00 por hectare.
Em contrapartida, em relação aos aspectos qualitativos da proposta, os resultados
constam descritos nas Tabelas 2 e 3.
Quanto aos aspectos econômicos, o estudo revelou que o emprego de Sítios Florestais
de Produção pode ser analisado como uma nova fonte para geração de renda aos produtores
rurais instalados na região, principalmente sob o escopo da comercialização de madeiras e
da possibilidade de formação de cooperativas locais que possam subsidiar o processamento
do produto florestal nas proximidades da área de plantio, além de favorecer uma melhor
valorização e preço final do produto.
O estudo também avalia a possibilidade do surgimento de determinados componentes
da cadeia produtiva do setor florestal após a aplicação da proposta de SFP na área delimitada
desta pesquisa, o que favorece o crescimento e desenvolvimento do produtor rural. (Figura 8)
272
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
Figura 08. Elementos da cadeia produtiva do setor florestal.
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
274
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
REFERÊNCIAS
1. AB’SÁBER, A.N. The Natural Organization of Brazilian Inter- and Subtropical Landscapes. Re-
vista do Institu- to Geológico, São Paulo, 21 (1/2), 57-70, 2000. Contribuição à geomorfofogia
da área dos cerrados. In: Simpósio sobre o Cerrado, São Paulo, Editora da USP, p. 117-124.
1963.
2. ALMEIDA, F.F.M. Fundamentos geológicos do relevo paulista. São Paulo: Boletim do Instituto
Geográfico e Geológico, n.41, p.167-263, 1964.
3. ARCOVA, F. C. S.; CICCO, V.; ROCHA, P. A. B. Precipitação efetiva e interceptação das chu-
vas por floresta de Mata Atlântica em uma microbacia experimental em Cunha - São Paulo.
Revista Árvore, Viçosa, v. 27, n. 2, p. 257-262, mar-abr. 2003.
4. BRAGA, B. P. F. et al. Pacto Federativo e Gestão de Águas. Estudos Avançados, São Paulo,
v. 22, n. 63, 2008.
5. CAMPOS, J. D. Cobrança pelo uso da água nas transposições da bacia do Rio Paraíba do
Sul envolvendo o setor elétrico. Tese (doutorado). Coppe – Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Rio de Janeiro, 2001.
10. T. (Ed.). Geoprocessamento e Análise Ambiental: aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2004. http://s.ambiente.sp.gov.br/sifesp/cunha.pdf, acesso em Out, 2017.
11. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE Cidades – São Paulo - Cunha -
infográficos: dados gerais do município. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/
cunha/panorama . Acesso em: Abr, 2018.
13. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as
Leis n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22
de dezembro de 2006; revoga as Leis
275
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
14. n.º 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº
2.166 - 67, de 24 de agosto de 2001.Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
DF, 25 mai. 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-014/2012/lei/
L12651compilado.htm. Acesso em: dez. 2016.
15. LIMA, W. de P. O Papel Hidrológico da Floresta na Proteção dos Recursos Hídricos. CON-
GRESSO FLORESTAL BRASILEIRO, 1. 1986, Olinda. Revista Silvicultura, v.41, p. 59-62.
16. PAULO, J. R. Sítios florestais de produção: uma proposta de revitalização de áreas rurais
degradadas no Alto Paraíba – Município de Cunha – SP. Dissertação de Mestrado. PUC-Rio –
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em associação com a Technische Universität
Braunschweig - Alemanha. Rio de Janeiro, 2017.
17. Programa Estadual de Apoio À Elaboração de Planos Municipais de Saneamento. Plano Muni-
cipal Integrado de Saneamento Básico de Cunha. Disponível em: http://www.saneamento.
sp.gov.br/PMS/UGRHI02/PMS_CUNHA.pdf . Acesso em: jan. 2017.
18. RANZINI, M. et al. Modelagem hidrológica de uma Bacia Hidrográfica na Serra do Mar, SP.
Revista Brasileira de Recursos Hídricos, vol. 9, n.4, p. 33-44, 2004.
20. SFB - Serviço Florestal Brasileiro – Sistema Nacional De Informações Florestais – SNIF. Bo-
letim de Recursos Florestais – 2016. Disponível em: http://www.florestal.gov.br/documentos/
publicacoes/2232-boletim-snif- compilado-2016-ed2/file . Acesso em: jan. 2017.
21. SFB - Serviço Florestal Brasileiro. Cadastro Ambiental Rural. Disponível em: http://www.flo-
restal.gov.br/documentos/car/boletim-do-car/3121-boletim-informativo-car-setembro-de-2017/
file , Acesso , Out , 2017.
22. SIFESP - Instituto Florestal de São Paulo, Inventário Florestal do município de Cunha-SP.
Disponível em
25. TOTTI, M. E. F. Gestão das águas na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul: Governança,
instituição e atores. Tese. Campos dos Goytacases, junho de 2008.
276
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
SOBRE O ORGANIZADOR
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2371730431088108
277
Recursos Hídricos: gestão, planejamento e técnicas em pesquisa
ÍNDICE REMISSIVO
Metais Pesados: 49
A
Monitoramento: 20, 21, 33, 50, 56, 90, 108,
Áreas Rurais: 192, 264, 265, 268, 270, 274, 276 180, 193, 197, 203, 230, 231, 232
Assessorias Populares: 235 Município: 57, 93, 143, 236, 237, 247, 248, 253,
265, 275, 276
C
O
Comunidade: 212, 213, 236
Obras de Proteção: 141
Contaminação: 39, 49
P
Costa: 14, 140, 141, 149, 150, 152, 194, 249
Parâmetros: 173, 176, 198, 219, 220, 222, 227
D
Pesticidas: 206
Drenagem: 247
Pirapó: 181, 182, 183, 184, 185, 188, 191, 192,
E 193, 215, 230, 231
Efluentes: 39 Q
Equação Diferencial Parcial: 160 Qualidade de Vida: 249, 251, 263
Erosão: 148, 149, 151, 153, 154, 158
R
G Reabilitação: 265
Gerenciamento: 15, 18, 75
Rejeitos: 93
H
Reservatório: 113, 114, 117, 118, 119, 120, 124,
Hídricos: 23, 46, 72, 74, 75, 79, 80, 85, 86, 90, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 132, 133, 138
91, 106, 117, 134, 138, 140, 150, 203, 204, 230,
Rio: 23, 41, 43, 52, 57, 61, 72, 92, 93, 95, 96, 97,
248, 276
98, 100, 102, 103, 106, 108, 110, 111, 115, 117,
Hidrogeoquímica: 199, 202 118, 119, 125, 126, 127, 130, 131, 132, 134, 138,
158, 193, 197, 215, 216, 230, 231, 232, 236,
I 239, 244, 247, 248, 253, 275, 276
Indicadores de Desempenho: 112, 113, 129
S
L
Sedimentos: 141, 149, 232
Legislação: 206, 228
Sítios Florestais: 264, 276
M
U
Manejo: 14, 15, 16, 17, 19, 22, 23, 243, 248,
265, 266, 271 Urbanismo: 235
RECURSOS HÍDRICOS
editora
científica digital