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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO TOCANTINS/CAMETÁ


CURSO: LETRAS/ LÍNGUA PORTUGUESA 2012
DISCIPLINA: POLÍTICA EDUCACIONAL

Trabalho apresentado ao curso de Licenciatura


em Letras-Habilitação em Língua Portuguesa
Universidade Federal do Pará campus
universitário do Tocantins – Cametá, como
requisito básico para obtenção de conceito
parcial da disciplina Política educacional sob
orientação do Professor Edir Augusto Dias
Pereira.

Denise Costa Araújo

Fernanda Ferreira Sagica

Raquel Quaresma Pinheiro

Tatiana Siqueira Leão

CAMETÁ-PA
2015
Financiamento das politicas educacionais no
Brasil: do regime militar ao governo Lula

Denise Costa Araújo


Fernanda Ferreira Sagica
Raquel Quaresma Pinheiro
Tatiana Siqueira Leão

RESUMO

O presente trabalho busca analisar as politicas educacionais voltadas ao financiamento


estudantil no Brasil através de um recorte temporal escolhido para análise, o período do
regime militar, pós-regime militar e período do governo Luís Inácio Lula da Silva.
Busca-se demonstrar neste trabalho as mudanças que ocorreram na educação brasileira
comparando os três diferentes períodos históricos, e ao fim uma breve análise da
formação do profissional licenciado em Língua Portuguesa.

PALAVRAS-CHAVES: politica educacional; financiamento; formação de professores.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo demonstrar as ações governamentais


de financiamento nas diversas áreas educacionais, com demonstrações no regime
militar, pós-regime militar e governo Lula, apontando diferenças ocorridas nessas
épocas e um breve tópico sobre a formação do professor de Língua Portuguesa.
O texto faz a principio uma amostra sobre politica educacional e
financiamento, a partir daí desdobra-se nos três recortes temporais usados neste
trabalho, a princípio sobre o regime militar, depois o período pós-regime militar e por
ultimo o governo Lula. E por fim uma breve análise sobre a formação do profissional
licenciado em língua portuguesa.
O trabalho terá como embasamento teórico os autores: Eneida Shiroma,
Maria Moraes e Olinda Evangelista (2002), Dalila Oliveira (2010) e (2009), Dermeval
Saviani (2008), Jefferson Mainardes (2009), entre outros.
2 POLITICA EDUCACIONAL E FINANCIAMENTO

A política educacional é o nome dado a uma serie de medidas planejadas e


colocadas em práticas por governo, ela cria acessórios importantes para elevar a
educação no meio da sociedade, através das decisões do poder publico, ou seja, que o
Estado toma em relação à educação.
Pode-se dizer que as políticas educacionais remetem aos aspectos relacionados
como o agir, fazer com as ações governamentais que são pensadas e aplicadas no
sistema educacional, que deve ser compreendida como resultante da relação de força
entre distintos projetos, a mesma mostra como são operadas as relações entre Estado e
sociedade civil, pois o primeiro possui o dispositivo do poder, já a segunda representa a
demanda.
A política educacional traz sobre a educação um poder de linguagem teórica, que
potencializa a análise do processo educativo que permanece subjacente às práticas
políticas para a educação, que muitas vezes se tornam invisíveis e incompreensíveis.
Estas se dirigem aos públicos escolares, direcionadas e aplicadas pela administração e
pelos próprios profissionais da educação, como afirma Van Zanten (2008, apud
OLIVEIRA, p.1)

as políticas educacionais podem se definidas como programas de ação


governamental, informada por valores e ideias que se dirigem aos públicos
escolares e que são implementadas pela administração e os profissionais da
educação.

Para garantir a qualidade do sistema de ensino da escola publica, o


financiamento é um dos valores mais discutidos no cenário educacional, pois o
gerenciamento dos recursos financeiros da educação do Estado para com os sistemas de
ensino, representa um avanço na política educacional do Brasil. Tendo por base na
política educacional o financiamento na educação que provém de recursos públicos, ou
seja, vem do publico e se direciona para o próprio setor publico.
Pode-se afirmar que um setor ou uma política pública para um setor, constitui-se
a partir de uma questão que se torna socialmente problematizada, e passa a construção
de uma agenda em torno do problema, como afirma Jones (2009, apud MAINARDES p.
9), “a produção de politicas inicia-se com a identificação de um problema e a
construção de uma agenda”. A partir de um problema que passa a ser discutido
amplamente pela sociedade, exigindo a atuação do Estado.
As politicas educacionais são uma forma de ação, que envolvem relações de
poder que se constituem através do campo educacional da sociedade. Para Azevedo e
Aguiar (2001 apud MAINARDES, p. 6),

e uma forma de ação político que não apenas tem a educação ou campo
educacional como objeto, mas também e produtora e condicionada por este,
as relações de poder constituem o campo educacional na nossa sociedade.

Diante da ideia de que as políticas públicas são articuladas de acordo com o


planejamento da sociedade, sendo, então, viabilizadas por meio da ação do Estado, é
pertinente a ideia de que as políticas públicas dão suporte ao Estado.
O financiamento da educação é definido por parâmetros legais conforme
estabelecido na Constituição Federal, o que garante o recurso para a educação publica
em projeto de atividades que não se concretizam muitas das vezes no Brasil, este
sempre esteve renegado a um segundo plano das prioridades governamentais, para isto
basta lembrar que muitas vezes não cresceram em razão dos interesses particulares.

2.1 O FINANCIAMENTO: DO REGIME MILITAR AO GOVERNO LULA


Comum os fins de se fazer uma análise entre três diferentes períodos
políticos no Brasil, regime militar, pós-regime militar e governo Lula, analisar-se-á o
financiamento estudantil dos períodos citados anteriormente, e a sua influência na
educação brasileira, através de cada recorte temporal usado no presente trabalho.
Atualmente a educação no Brasil conta com subsídios e a fazem pôr em
prática o que está previsto na politica educacional que está em voga, a LDB 9.394/96,
apesar de haver controvérsias entre o que está escrito e o que realmente acontece na
realidade em determinados pontos da lei.
Ao analisar o texto de Dermeval Saviani (2008) Politica educacional
brasileira: limites e perspectivas percebe-se a evolução das políticas educacionais no
Brasil. Mas o período o qual o presente trabalho se debruçará, começa a partir da década
de 60 com o golpe militar no qual se instaurou o período da ditadura (SHIROMA;
MORAES; EVANGELISTA, 2002).
Neste período a visão que o Estado tinha em relação à educação era
economicista, ou seja, buscava-se que através da moldagem dos indivíduos, houvesse
uma “formação do capital humano” (SHIROMA; MORAES; EVENGELISTA, 2002, p.
33), assim educação e mercado de trabalho eram vistos através de uma única
perspectiva, no qual afirmam as autoras Shiroma, Moraes e Evangelista, para o Estado
“a educação deveria assegurar a consolidação da estrutura do capital humano do país, de
modo a acelerar o processo de desenvolvimento humano” (SHIROMA; MORAES;
EVENGELISTA, 2002, p. 34).
Com o poder nas mãos os militares controlavam diversos âmbitos da
sociedade civil, através da repressão em defesa do Estado (SHIROMA; MORAES;
EVENGELISTA, 2002, p. 34). A definição de Estado usada neste trabalho é a utilizada
por Werber (apud OLIVEIRA, p. 2), como sendo uma instituição política que “detém o
monopólio da força/violência (meios de coação) em um determinado território”.
Um dos pontos de controle do respectivo regime estava nos recursos
destinados à educação, estes foram excluídos da vinculação orçamentária, tanto das
Constituições de 1967, quando da Emenda de 1969. Como consequência o orçamento
da União para a educação e cultura caiu de 9,6% em 1965, para 4,31% em 1975
(SAVIANI, p. 10). O problema está no fato destes documentos não preverem
percentuais mínimos obrigatórios que fossem destinados à educação pelo poder público
(SHIROMA; MORAES; EVENGELISTA, 2002, p. 35).
Percebe-se a partir daí, que o Estado não tinha como um de seus principais
objetivos, financiar a educação pública, acabando por direcionar os passos da educação
escolar para o setor privado, fazendo com que a educação em todos os seus níveis de
ensino, se transformasse em negocio altamente lucrativo (SHIROMA; MORAES;
EVENGELISTA, 2002, p. 40). Pois, o pouco recurso que se direcionava a educação, era
aplicado nas instituições privadas devido a interesses políticos, pode-se perceber essa
relação na própria LDB 5.692/71 que “ampliava o principio privatizante garantindo
amparo técnico e financeiro a iniciativa privada” (SHIROMA; MORAES;
EVENGELISTA, 2002, p. 38).
Os recursos que ainda eram destinados às escolas públicas, ficavam presos
nas burocracias administrativas, e uma parte dos recursos que conseguia escapar,
poucos alcançavam as necessitadas escolas das regiões ou localidades a que se dirigiam
(SHIROMA; MORAES; EVENGELISTA, 2002, p. 42). Pode-se dizer que estes
recursos eram controlados pelo governo, o qual mantinha as fontes de financiamento
centralizadas e fazia a descentralização destes recursos, segundo os seus interesses
políticos e de forma clientelística (SHIROMA; MORAES; EVENGELISTA, 2002, p.
42).
Como consequência dessa falta de planejamento global e articulado da ação
em torno da educação, em meados da década de 80 a situação da educação no Brasil era
dramática, altos índices de analfabetismos, de repetência, de reprovação, de professores
leigos, entre outros dados bastantes críticos, que reprimiam a ideia de mudança proposta
pelos militares.
O regime militar terminou oficialmente em 1985, com a substituição do
general Figueiredo. Tancredo Neves, eleito pelo colégio eleitoral, havia morrido antes
da posse e seu vice, Sarney, foi então indicado para a presidência (CUNHA, 1991).
Iniciava-se, então, a “nova república”. Seus atributos principais, a ambiguidade e a
incoerência, se constituíam no âmbito da conciliação conservadora, nódulo central da
chamada transição para a democracia conduzida pelo esquema de alianças que conduziu
o processo político. O Conservantismo civilizado revelou se apenas mais uma faceta do
mesmo poder autocrático das classes dominantes brasileiras. E a democracia, anseio de
tantos brasileiros, permaneceria confinada a uma solução longínqua e retórica das
correntes políticas organizadas (CUNHA, 1991).
No que diz respeito à educação, esse período manteve o modelo herdado do
regime militar, o que não assusta, pois a passagem de Figueiredo a Sarney, certamente
manteve o modelo de políticas, especialmente no que se refere ao financiamento.
Segundo Mello e Silva (apud, CUNHA 1991), um dos indícios da manutenção dessa
herança teria sido a criação, da UNDIME (União Nacional dos Dirigentes Municipais
de Educação) sob a tutela do MEC, com o objetivo de criar uma ampla reforma
tributária, reestruturando os órgãos municipais de ensino e criando conselhos
municipais de educação entre outras. Decorrência dessa política foi o aprofundamento
da dualização entre as redes municipais e estaduais, uma das principais responsáveis
pela falta de integração entre estados e municípios, gerando duplicação, sobreposição e
má gerência de recursos.
Esse período de transição, no que se refere ás politicas educacionais no
Brasil período pós-regime militar será analisada no percurso desde a primeira gestão
após o regime militar, exercida por Sarney até chegar ás políticas educacionais
desenvolvidas na gestão do presidente Lula.
Após a queda do regime militar dar-se início a uma nova República, é o
anuncio de um novo tempo, marcado por expectativas de sonhos e conquistas de
direitos, inicia-se então o período do governo de José Sarney marcado como Tempos de
indefinição que vai desde 15 de março de 85 à 14 de março de 90.
Os problemas mal diagnosticados e mal administrados pelos governos
militares deixaram como herança o crescimento do desequilíbrio financeiro do setor
público e da dívida externa. Neste período os problemas educacionais brasileiros estão
sintetizados de maneira que se pode dizer que a grande orientação da política
educacional do período é a universalização da educação básica, nessa perspectiva, o
papel da educação é compreendido como estratégias de resgate da dívida social.
Assim como a gestão de Sarney fora acompanhada de sucessivas
intervenções na economia, também no governo Collor (1990 a 1992), essa seria uma
marca significativa, conjugando-se com retomadas a inflação (NEVES, 1995; NUNES
& TREIN,1991, apud, VIEIRA, 2000.).
A eleição de Collor traz inúmeras mudanças em relação ao período anterior,
este momento representa um divisor de águas, no sentido de inserir o Brasil dentro de
um quadro internacional que impõe novas perspectiva de competitividade no cenário da
globalização, onde a privatização emerge como palavra de ordem.
No que diz respeito à educação, o governo Collor não chega a traduzir um
novo quadro político em certos aspectos muito se assemelha as politicas educacionais
exercida no governo anterior, entretanto, esse período e marcado por lançar em
setembro de 1990, além da conferência mundial sobre educação para todos realizada,
em março deste mesmo ano a escolha dos anos 90 como sendo o Ano Internacional da
Alfabetização. Assim, o governo Collor precisava mostrar serviço, por ocasião do
lançamento do referido programa, mesmo assim, segundo Sofia Vieira (2000), o
governo foi duramente criticado, o jornal do Brasil noticiava em manchete: ”Educação é
um dos pontos mais fraco do governo”.
Observando que:

ao escolher Carlos Chiarelli para o ministério da educação, num lance que


claramente resvalava para a improvisação, o presidente revelou que não tinha
nem o nome, nem as ideias para atacar um problema igualmente crucial para
o país. Apesar do trombeteado Programa de Alfabetização e Cidadania [...] a
educação é o calcanhar de Aquiles desse governo ( Jornal do Brasil, 16 set.
1990,p.26, apud VIEIRA, 2000, p. 92).

Como se vê ha uma critica ás ações do governo em matéria de políticas


educacionais. Assim o PNAC vem preencher um vazio até aquele momento não
ocupado em termos de definições. Este não se apresenta somente como um programa de
alfabetização. Seu conteúdo envolve praticamente todas as esferas de atuação do
ministério exceto o ensino superior.
A leitura detalhada do PCNAC sugere que esse se apresentava
potencialmente para vir constituir-se em carro-chefe da politica educacional do governo
Collor. Com uma proposta consciente orientava-se na direção de preceitos estabelecidos
pela constituição de 1988, ainda que não apresentasse alternativas inovadoras para o
equacionamento dos problemas.
Alguns fatos marcantes caracterizam o governo de Itamar Franco. Um deles
é a realização de plesbicito para a escolha da forma e do sistema de governo no Brasil
(abr./1993) no qual por grande escala de voto é mantido o regime republicano e o
sistema presidencialista (VIEIRA, 2000). O governo de Itamar posiciona-se em sentido
contrário aos planos adotados por governos anteriores. Suas propostas básicas são para a
contenção dos gastos públicos, aceleração do processo de privatização, controle de
demandas através do aumento de juros e aberturas ás exportações, o que provocaria a
queda de preços internos.
Para a educação o governo Itamar significa, sobre tudo um período cujos
principais momentos se configuram em torno de processos de mobilização. O primeiro
inicia-se com os debates visando a elaboração do Plano Decenal de Educação para
Todos (1993). O segundo se expressa através da realização da Conferência Nacional de
Educação para todos. Deste modo segundo Vieira, tais processos de mobilização não se
configuram como elementos de planejamento do executivo em sentido estrito como
visto nos governos anteriores, trata-se, portanto de um estilo de gestão. Assim, o plano
decenal e a conferencia nacional configuram-se como momentos de ouvir a sociedade e
de apontar um horizonte futuro para a educação brasileira.
O governo de Fernando Henrique Cardoso dá continuidade a política
econômica inaugurada na década de noventa, mantendo a abertura ás exportações, o
programa de privatização de grandes empresas estatais, entre outras iniciativas, visando
a inserção do país no contexto de uma economia globalizada. Promoveu importante
reforma do estado brasileiro no sentido de sua racionalização e modernização. Esse
novo modelo trouxe mudanças consideráveis para a educação. Muitas reformas
ocorridas no período FHC foram na contramão aos direitos e garantias conquistados na
constituição de 1988.
Neste momento o Brasil passa a viver um novo momento no que diz
respeito á politicas educacional. Como exemplo a priorização do ensino fundamental,
via constituição do FUNDEF, pela emenda à constituição n. 14/06 e lei n.9424/96. A
criação de tal fundo bem como outras políticas de importância capital na distribuição
das competências e responsabilidades entre os entes federados em matéria educacional,
o que só foi possível mediante a Emenda n.14, de 12 setembro de 1996. O qual do
amplo direito à educação, desde o nascimento á conclusão do ensino médio, sem limite
de idade como era previsto na lei anterior, lei n.5692/71, deste modo foi substituído pela
prioridade no ensino fundamental, e a progressiva universalização do ensino médio
(OLIVEIRA, 2009).
Assim, as mudanças que decorreram no Brasil na gestão de FHC, no que diz
respeito às políticas educacionais é formado por uma nova regulação assentada na
descentralização e flexibilidade, especialmente nas relações entre união e municípios.
Essa alteração constitucional marca uma grande mudança no campo das políticas
educacionais, reestruturando a educação no Brasil.
Segundo Dalila Oliveira (2009) o governo do presidente Lula, entra com a
intenção de romper a reforma do Estado na década anterior, já em relação à politica
educacional apresenta variações do primeiro para o segundo mandato de seu governo,
no segundo há certo grau de ambivalência, que se revela no PDE, um conjunto de
programas que marca a ação do ministério da educação. Buscando um novo modelo de
gestão de politicas publicas e sociais, na educação, o governo federal começa a
desenvolver programas, e estabelece parcerias com os municípios e com as escolas
diretamente.
Nas disposições constitucionais o governo criou o fundo de manutenção e
desenvolvimento da educação básica e de valorização dos profissionais de educação
(FUNDEB), o fundo foi então regulamentado pela medida provisória n.339 de
28/12/2006, que foi convertida na lei n. 11.494, de 20/06/2007 estabelecendo finalmente
o FUNDEB e ampliando, em relação ao fundo anterior o fundo de financiamento e
manutenção do ensino fundamental e de valorização do magistério, o FUNDEF, foi e é
o principal mecanismo de financiamento da educação básica, e suas três etapas são:
educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, com duração prevista para 14
anos (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012).
No inicio do mandato Lula ascendeu ao poder com a proposta educacional
denominada uma escola do tamanho do Brasil perspectiva de que a educação seria
tratada como prioridade do governo e com ação relevante na transformação da realidade
social e econômica do povo brasileiro.
Segundo os autores José Libâneo, João Oliveira e Mirza Toschi (2012) após
o primeiro mandato do presidente Lula verificou-se que algumas metas de seu programa
foram atingidas, como o FUNDEB e a definição do custo-qualidade por aluno, enquanto
outras estavam em via de realização, como o sistema nacional articulado de educação, e
o fórum nacional de educação, proposto para o novo plano nacional de educação.
Prosseguindo no seu novo mandato Lula teve novos avanços no nível
superior como: ampliação das vagas nas instituições federais do ensino superior, e da
oferta de bolsas do programa universidade para todos (ProUni), articulado ao
financiamento estudantil (FIES). Com a ação de apoio á restruturação e expansão das
universidades federais (Reuni), as universidades apresentarão planos de expansão da
oferta para atender a meta de dobrar o número de alunos nas instituições federais de
ensino (ifes) no Brasil em 10 anos. O ProUni será ampliado, oferecendo cem mil novas
bolsas por ano e permitindo o financiamento de 100% das bolsas parciais do ProUni por
meio do Fies.
Com a implementação do PDE, os recursos alocados pelo governo federal á
educação sofrerão um acréscimo nas despesas discricionárias de cerca de 150% até
2011 em relação a 2007, saltando de 9 bilhões (2007) para 22,5 bilhões (2011). A união
aplicará, em educação, no período do PPA, cerca de 26,8% das receitas oriundas de
impostos, representando aproximadamente 35,37 bilhões a mais do que o mínimo
constitucional exigido (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012).
Saviani (2009) critica o PDE ( Plano de Desenvolvimento da Educação) e o
mesmo afirma que inúmeras ações podem levar o MEC (Ministério da Educação) a
perder o foco do PDE, que é melhorar a qualidade do ensino. Todavia, segundo este
autor o PDE tem de positivo três programas que buscam enfrentar o problema
qualitativo da educação básica: o Ideb (Índice de Educação Brasileira), a provinha
Brasil e o piso do magistério. Entretanto Saviani (2009) avalia que efetivas mudanças na
educação necessitam de ações de impacto, para isso ele propõe dobrar o percentual do
PIB para a educação, chegando aos 8%, tais como fizeram e fazem há vários anos os
países que têm sucesso na educação escolar, como os Estados Unidos, o Canadá, a
Noruega, a Suécia e a Coréia do Sul (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012).
Portanto a instituição do FUNDEB (Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação),
como afirma Oliveira (2009), é um fundo de financiamento que cobre a educação básica
- educação infantil, ensino fundamental e ensino médio -, pode ser considerado um
avanço no sentido de que busca corrigir falhas do FUNDEF (Financiamento e
Manutenção do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), além disso, a
defesa do MEC pela regulamentação do piso salarial dos professores de educação básica
no Brasil na mesma direção pode considerar o esforço para a organização da
Conferência Nacional de Educação-CONAE, o mesmo envolve importantes segmentos
da sociedade na discussão dos rumos da educação brasileira, estabelecera compromissos
que transcenderão esse governo. Assim as politicas educacionais do governo Lula nos
seus dois mandatos podem ser caracterizadas por politicas ambivalentes que apresentam
rupturas e permanência em relação ás politicas anteriores.

3 FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA

Voltando-se a formação do profissional de Língua portuguesa, encontra-se


um espaço muito grande entre teoria e prática, pois muitos não conseguem assimilar os
conhecimentos necessários no seu processo formativo. Muitos profissionais, por
exemplo, reproduzem um discurso que desvaloriza a Linguística como ciência, fazendo
uma comparação indevida com a gramática, pois esta é tomada como fonte bibliográfica
ou normativa e, pior ainda, é vista como único conhecimento separado da realidade
social dos indivíduos.
É necessária essa ligação entre vários fatores que trabalham juntos no
processo de ensino aprendizagem de língua portuguesa, para que se possa conhecer e
compreender as diversas diferenças existentes na sociedade, o autor Pinar (2003, apud,
MOREIRA, 2009, p. 131), mostra alguns desses fatores, como a “compreensão das
relações entre o conhecimento acadêmico, a sociedade, a cultura, a autoformação
individual e o momento histórico em que nos situamos”.
A autora Denise Aguiar critica a politica educacional voltada a educação à
distancia pois, se for mal compreendida no período de capacitação, o ensino poderá
reduzir-se à mera prática na sala de aula desvinculada da necessária base teórica, e
finaliza afirmando que

A concepção de qualificação do trabalho docente que passou a dominar as


políticas educacionais [...] traduz-se na prática de uma forma de
desqualificação do professor, desde que põe em segundo plano a formação
inicial e estimula modalidades a distância em prejuízo da modalidade
presencial (AGUIAR, 2012, p. 9.)

Pode ser dado como um exemplo de financiamento na formação dos


professores por parte do governo, o PARFOR (Plano Nacional de Formação de
Professores da Educação Básica), no qual o governo investe recursos com o objetivo de
formar professores que já atuam na educação básica.
Portanto, conclui-se com as palavras de Moreira (2009, p. 130) o papel da
escola e da formação docente é “atuar de modo a favorecer ao estudante o emprego de
suas faculdades linguísticas para compreender, reinterpretar e lutar com os produtos da
linguagem na sua história, em outras línguas e em outras historias”.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto pode-se observar no decorrer deste trabalho, que houve mudanças
ocorridas nos ter períodos analisados (regime militar, pós-regime militar e governo
Lula), e que o financiamento do governo em relação à educação mudou bastante. Pois
no período do regime militar financiar educação não era prioridade do governo, pelo
menos não a educação pública. Os recursos destinados à educação não constavam nas
politicas do período, e o pouco recurso que ainda era destinado, centralizava-se nas
mãos do governo e que o descentralizava segundo os interesses políticos.
O primeiro governo após esse período (Sarney) segue o mesmo modelo de
governo dos militares, no qual poucos investimentos foram feitos nessa área. O mesmo
acontece nos governos Collor e Itamar, sendo que neste segundo a educação começa a
sofrer mudanças em torno de processos de mobilização, o qual é seguido pelo seu
sucessor Fernando Henrique Cardoso, onde os projetos existentes no governo anterior
são ampliados e a educação no Brasil começa a seguir um novo rumo, principalmente
no que diz respeito ao financiamento, como por exemplo, a criação da FUNDEF.
Continuando as análises é possível observar que as iniciativas do governo
Lula implicavam em riscos políticos á medida que desarmam as formas de controle
direto, mas pode-se considerar que em seus dois mandatos houve iniciativas importantes
do ponto de vista de politicas regulares de educação no sentido de buscar recuperar o
papel protagonista do Estado Federal como promotor de politicas para o setor, bem
como a criação de diversos planos e ações que visem financiar a educação para tentar
corrigir as distorções naturais de um país com a dimensão do Brasil e com suas
diferenças regionais.
Quanto a formação dos professores de língua portuguesa ainda existe uma
distancia entre teoria e prática, talvez seja pela própria formação do currículo, talvez
seja pelas precariedades nos sistemas de ensino, ou por outro motivo, o que não cabe ao
objetivo deste trabalho tentar buscar explicações. Uma politica de financiamento
relacionada a esta formação do professor de língua portuguesa (assim como de outras
áreas da licenciatura) é o PARFOR que busca formar professores que atuam na rede
básica de ensino.

5 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

AGUIAR, Denise Brasil A. Formação de professores de língua portuguesa: impressões de


viagem. Revista Querubim. ano 08. p. 1-9. setembro, 2012.

LIBANEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação
escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2012.

OLIVEIRA, D. A. Política educacional. In: OLIVEIRA, D. A.; DUARTE, A. M. C.; VIEIRA,


L. M. F. Dicionário: trabalho profissão e condição docente. Belo Horizonte: UFMG/Faculdade
de Educação, 2010.

_______________. As políticas educacionais do governo Lula: rupturas e permanências.


RBPAE. v. 25. n.2. p. 197-2009. mai/ago. 2009.

SAVIANI, Dermeval. Politica educacional brasileira: limites e perspectivas. Revista de


Educação-PUC Campinas, Campinas, nº. 24, p. 7-16, jun.

SHIROMA, E. O..; MORAES, M. C. M. de; EVANGELISTA, O. Política educacional. Rio de


Janeiro: DP&A, 2002. p. 32-52

VIEIRA, Sofia Lerche. Política educacional em tempos de transição (1985/1995).


Brasília: Plano, 2000.

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