O documento discute as reformas educacionais no Brasil como forma de acumulação de capital e precarização do trabalho docente. Apresenta como as políticas educacionais desde os anos 1990 facilitaram a entrada do setor privado na educação pública e a terceirização do trabalho docente. Argumenta que as recentes reformas como o Novo Ensino Médio visam maior manipulação da mão de obra para atender os interesses do capital.
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Reformas educativas no Brasil_ uma questão de acumulação de capital
O documento discute as reformas educacionais no Brasil como forma de acumulação de capital e precarização do trabalho docente. Apresenta como as políticas educacionais desde os anos 1990 facilitaram a entrada do setor privado na educação pública e a terceirização do trabalho docente. Argumenta que as recentes reformas como o Novo Ensino Médio visam maior manipulação da mão de obra para atender os interesses do capital.
O documento discute as reformas educacionais no Brasil como forma de acumulação de capital e precarização do trabalho docente. Apresenta como as políticas educacionais desde os anos 1990 facilitaram a entrada do setor privado na educação pública e a terceirização do trabalho docente. Argumenta que as recentes reformas como o Novo Ensino Médio visam maior manipulação da mão de obra para atender os interesses do capital.
Políticas Públicas e Gestão do Espaço Escolar -Lorene Figueiredo de Oliveira Curso de Licenciatura em Ciências Sociais Grupo: Izabella Barcellos Faria / 201672151CL Lara Fraga T. Carvalho / 201673097C
Reformas educativas no Brasil: uma questão de acumulação de capital
As mudanças no âmbito da educação no Brasil ocorrem há anos, com uma gradual
inserção dos interesses privados na construção de uma educação pública - seja ela nos anos iniciais ou no ensino superior. Antes de analisar algumas políticas que vêm sendo implementadas desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, perpassando pelos governos de Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer e, atualmente, de Jair Bolsonaro - é importante que compreendamos que o desmonte da educação pública e da ciência é um projeto que acompanha a história do pensamento político brasileiro. Com o discurso liberal de melhoria na qualidade do ensino, as políticas públicas criadas abriram as portas para o setor privado, de modo que uma educação tecnicista e com foco na criação e manutenção da mão de obra voltada para o mercado, foi desenvolvida nas escolas públicas do país. Se pensarmos que o Brasil é um país de capitalismo dependente, que explora a mão de obra do proletariado em detrimento do capital externo, essa realidade fica ainda mais perversa, precária e vulnerável. Na lógica do capitalismo dependente, o país segue a tendência do mercado mundial, que desde 2010 vem aniquilando os direitos dos trabalhadores e incentivando novos formatos de mão-de-obra, como a plataformização dos serviços também chamado de uberização. As reformas trabalhistas aprovadas a partir de 2015 regulamenta a terceirização e o trabalho intermitente, esvaziam o papel dos sindicatos e promove a certificação do Microempreendedor Individual (MEI) para a contratação sem vínculos, sem pagamento de benefícios e impostos, como Vale-Transporte e Previdência Social. Contudo, tais reformas apenas aumentaram a precarização dos empregos e não a oferta deles. Nesse movimento, a autora Amanda Moreira analisa essa classe como o “precariado”, uma vasta parcela do proletariado que tem seu trabalho cada vez mais precarizado, sem a garantia das leis trabalhistas e sem perspectiva de carreira, devido à expansão do MEI e dos trabalhos intermitentes. Os docentes também estão incluídos no "precariado", visto que segue a onda da terceirização e da uberização do trabalho, mesmo com os concursados ou com contratos estáveis em redes públicas de ensino. Moreira aponta que 27% dos professores têm contratos temporários, e que nas escolas estaduais mais de 50% do quadro de trabalhadores são temporários ou eventuais, esses "colaboradores" intermitentes foram os que mais sofreram durante a crise sanitária, pois sem aulas não são remunerados. Contudo, os professores concursados, que têm alguma segurança com a estabilidade no contrato de trabalho, também são atingidos fortemente pela precarização, com salários comumente abaixo do piso, acarretando na sobrecarga no trabalho e consequentemente o aumento processo de adoecimento físico e psíquico, gerando afastamentos e grande número de faltas. Durante a pandemia do COVID-19 houve a intensificação dessa precarização, devido ao necessário custeamento pessoal dos instrumentos de trabalho e a retirada da autonomia pedagógica, com o monitoramento constante vindo das plataformas de chamadas de vídeo, como o Meets e o Zoom. Outro fator importante a ser citado é a modificação dos limites entre vida pessoal e profissional, em razão do uso de plataformas como o WhatsApp, que estão sempre conectadas e habitualmente utilizadas para os dois fins, geraram uma maior sobrecarga de trabalho, havendo uma obscuridade no fim da jornada de trabalho, visto que os aparelhos estão sempre a disposição. Temos como exemplo máximo dessa dinâmica de uberização e privatização, a tentativa da implantação de um aplicativo em Ribeirão Preto em que os professores seriam acionados por um aplicativo, com 30 minutos para responder e 1 hora para chegar até ao local de trabalho, com o objetivo de substituir alguma falta ou vacância no quadro de horário. Apesar dessa tentativa ter sido duramente confrontada e não aprovada, é uma tendência que se concretizou de outras maneiras, sobretudo após a pandemia. A partir da crise sanitária, houve a ampliação e aceleramento da privatização e presença de empresas, como a Google, que ajudaram a moldar objetiva e subjetivamente a jornada de trabalho dos professores. Através desse cenário, foram criadas medidas que pudessem abarcar e disfarçar o que acontecia diante de diversas mudanças na área da educação. Como exemplo disso, o Plano Nacional de Educação (PNE), o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e, a mais recente, a Reforma do Ensino Médio. Apesar de terem sido desenvolvidos em momentos e governos distintos, o objetivo era o mesmo: estabelecer a educação nos moldes do mercado capitalista internacional, inclusive com a aprovação de grupos de empresários e do Banco Mundial. O Plano Nacional de Educação (PNE), segundo os autores do texto “Plano Nacional da Educação 2014: notas críticas” (2015), é mais uma forma de destruição da educação brasileira, com as manobras criadas pelo governo federal, através da parceria entre o setor público e o setor privado, para atender aos interesses do capital, da Estado e dos governos municipais e estaduais. Para Saviani (2007), o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) é na verdade um conjunto de ações a serem desenvolvidas pelo MEC, no qual capitalizou a opinião pública em torno das políticas educacionais, ao mesmo tempo em que utilizou de agendas lançadas por grupos de empresários interessados na mudança estratégica - econômica e política - da educação. Dessa forma, o autor afirma que o PDE, se construído e aplicado de maneira correta, poderia indicar uma mudança na atividade docente, na situação das escolas e dos alunos e, principalmente, no papel que a escola pública desempenha na sociedade. Com uma proposta semelhante, de melhorar os índices de ensino nas escolas, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) veio para uniformizar o currículo das disciplinas da educação básica, além de assinalar quais as competências e habilidades a serem desenvolvidas em cada ano. Apesar de já estar em vigor há alguns anos - e carregar consigo um histórico de mudanças - a BNCC simboliza um quadro de tensões entre os movimentos sociais e organizações educacionais e a coalizão liberal-conservadora do governo Dilma Rousseff. É nesse contexto de extrema precarização do trabalho docente, de maior aliança entre público e privado que surge a Reforma do Ensino Médio, que mais uma vez coloca em perspectiva o ensino público, visando uma maior manipulação da mão de obra para o capital externo e interno. Com os itinerários formativos, a necessidade de “notório saber” para ministrar as aulas, o aumento da carga horária sem a estrutura física e de gestão para tal são exemplos do motivo pelo qual o Novo Ensino Médio tem sido amplamente criticado e encontrou grande resistência para ser de fato implementado. Pode-se, pois, concluir que as reformas educativas na educação básica são uma luta constante dos estudantes e trabalhadores da educação, com a árdua tarefa de tentar que os interesses mercantilistas do capital não interfiram na qualidade do ensino público e para que o trabalho do professor seja valorizado na medida certa.
Referências Bibliográficas:
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04/08/2020. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=amU DLObTyIY> CARDOSO, Miriam. Capitalismo Dependente, Autocracia Burguesa e Revolução Social em Florestan Fernandes. IEA, Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, 1995
HISTRAEB - História, Trabalho e Educação no Brasil. Formas e Tendências de
Precarização do Trabalho Docente. YouTube, 23/11/2020. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9C4Nxqg8WwI> KUENZER, Acácia Zeneida. AS MUDANÇAS NO MUNDO DO TRABALHO E A EDUCAÇÃO: novos desafios para a gestão. Disponível em: <https://docplayer.com.br/344576-As-mudancas-no-mundo-do-trabalho-e-a-educacao-novos- desafios-pra-a-gestao-acacia-zeneida-kuenzer-introducao.html> GERALDO, Débora Sabina da Silva; LAMARÃO, Marco Vinicius Moreira; MOTTA, Vânia Cardoso da; PICCININI, Cláudia Lino; SILVA, Simone Maria. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 2014: notas críticas. VII Jornada Internacional de Políticas Públicas. UFMA, Maranhão, 2015. SAVIANI, Dermeval. Plano Nacional da Educação: análise do projeto do MEC. São Paulo, 2007. ANDRADE, Maria Carolina Pires e MOTTA, Vania Cardoso. Base Nacional Curricular Comum e Novo Ensino Médio. Rev. HISTEDBR On-line. v.20 1-26. Campinas, 2020
O futuro roubado com a reforma do Ensino Médio: dualidades educacionais, exclusão digital na pandemia da Covid-19 e o ensino politécnico como possibilidade pedagógica de formação integrada em espaços educativos