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Como visto, os desafios do ensino superior em nosso país são grandes, ainda mais
levando-se em conta a já falada falta de boa vontade de governantes para com a educação
da população, os recursos sempre limitados e o contexto social de pobreza econômica
onde estão inseridos grande parte dos alunos das IES.
Falando em perspectivas do ensino superior no Brasil, temos alguns fatores que
sempre acompanharam a universidade. São problemas que se repetem ad aeternum. O
descolamento de alguns cursos e o mercado de trabalho é um deles. Especialmente na
área de humanas, muitos alunos se formam e não tem perspectiva de empregabilidade,
especificamente em um mercado cada vez mais limitado, exclusivista e precário, onde a
falta de direitos trabalhistas é vista como “empreendedorismo”. Outra perspectiva ainda
não superada é a barreira do acesso e manutenção do curso por parte dos graduandos.
Com o fim dos exames vestibulares, o ENEM passou a ser a porta de entrada para a
universidade pública. Sendo o exame anual, a cada nota baixa que o pretenso universitário
recebe, perdem-se mais 12 meses à espera do próximo exame, o que desestimula grande
parte dos candidatos, que desistem do sonho da formatura e seguem para o mercado de
trabalho em subempregos ou ainda se rendem à “uberização”, aderindo ao trabalho por
aplicativos de entrega ou de transporte, sem qualquer garantia trabalhista. Já nas
universidades particulares, se a barreira do acesso não é tão grande e exclusivista como
na pública, há a alta taxa de desistência. Graduandos que abandonam seus cursos por não
terem condições de pagá-lo ou que não conseguiram ser contemplados com participação
em programa de financiamento estudantil, como ProUni e FIES.
Mesmo o professor sendo um agente de transformação desta realidade, ele mesmo
encontra limites em seu trabalho. Como afirmam Junior e Cavaignac (2018), os professor
é vítima de alguns fatores estruturais, como “a insuficiência pedagógica dos docentes,
inclusive daqueles que formam professores, a precarização das relações e condições de
trabalho (...) e a falta de recursos públicos para suprir as demandas profissionais e
institucionais.”
Antes de ser um agente transformador, o próprio professor é ele uma vítima do
sistema dominante, de eterna desvalorização do ato de ensinar. Mesmo com essas
barreiras, o docente consegue sim, ser um agente de transformação. Sendo o professor o
responsável pela orientação educacional, teórica e metodológica do aluno, ele acaba
sendo mais que um transmissor de saberes ou facilitador de estudos, passando a servir
como agente transformador da realidade daquele aluno. De acordo com Ruiz (2003):
MARQUES, Pedro. Uber com diploma. UOL Economia, 2019. Disponível em:
https://economia.uol.com.br/reportagens-especiais/profissionais-com-faculdade-viram-
uber/#cover. Acesso em: 27 ago. 2021
EDUCAÇÃO é a área mas atingida pelos cortes orçamentários de Bolsonaro. Rede Brasil
Atual, 2021. Disponível em:
https://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2021/04/educacao-e-a-area-mais-atingida-
pelos-cortes-orcamentarios-de-bolsonaro/. Acesso em: 27 ago. 2021
JUNIOR, Antônio Germano Magalhães; CAVAIGNAC, Mônica Duarte. Formação de
professores: limites e desafios na Educação Superior. Cadernos de Pesquisa, Fortaleza-
CE, v. 48, n. 169, p. 902-920, jul. set. 2018
O PAPEL do professor como agente de transformação. Tenda do Saber, 2019.
Disponível em: http://blogtendadosaber.com.br/o-papel-do-professor-como-agente-de-
transformacao/. Acesso em: 27 ago. 2021
RUIZ, Maria José Ferreira. O papel social do professor: uma contribuição da filosofia
da educação e do pensamento freiriano à formação do professor. Revista Ibero-Americana
de Educação. Araraquara-SP, n. 33, set. a dez. 2003
NEVES, Clarissa Eckert Baeta. Desafios da Educação Superior. Sociologias, Porto
Alegre, ano 9, n. 17, p. 14-21, jan. a jun. 2007