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327-37
Camila da Silva Aragão - camila.aragao85@gmail.com - CPF: 112.990.327-37
CAPÍTULO I
Formação humana e natureza do trabalho docente
Ao se considerar especificamente o Ensino Médio (EM), última etapa da
Educação Básica (EB), constata-se que há grande variedade nos tipos de escola e, em
consequência, também varia a forma e o conteúdo dessa etapa educacional, conforme
uma determinada hierarquia socioeconômica de quem a elas recorre.
O terceiro grupo estuda nas redes estaduais em cursos que, a exemplo dos da
rede federal, articulam o ensino médio e cursos técnicos, mas, em geral, as condições
de funcionamento são diferenciadas para menos em relação aos anteriores, de modo
que, na prática, normalmente, constitui-se em uma segunda categoria de formação
profissionalizante.
O quarto grupo – a absoluta maioria de jovens pobres – está nas redes públicas,
principalmente estaduais, no EM propedêutico que nem reproduz o academicismo da
rede privada nem proporciona a formação profissional. O quinto grupo, constitui-se por
milhões de jovens e adultos pobres que sequer estão matriculados em alguma rede.
Evidentemente, essas diferentes escolas resultam em diferentes processos e
concepções de formação humana e, em consequência, demandam por distintos
professores com diferentes formações, tanto inicial como continuada.
Esse modo de atuar no EM, em parte significativa das escolas, tanto públicas
quanto privadas, é perversa com a sociedade e, principalmente, com os filhos das
classes trabalhadoras populares, já que a maioria da população brasileira vive a fase
adulta e, portanto, trabalha para produzir a sua existência com um nível de
escolarização que não ultrapassa a educação básica. O EM, sua última etapa, em
geral, não dialoga com o mundo do trabalho nem proporciona aos estudantes o acesso
aos conhecimentos que estão na base dos processos produtivos contemporâneos.
Apesar de essa ser a utopia a ser buscada, a realidade atual está distante
anos-luz dessa perspectiva formativa.
A primeira é a disputa política direta com o capital, uma vez que esse tipo de
formação claramente não lhe interessa. Dessa forma, seus representantes e
intelectuais orgânicos que no campo da formação profissional são capitaneados pelo
Sistema “S”, defendem ardorosamente, embora com desfaçatez, a formação estrita
para o atendimento imediato aos interesses do mercado de trabalho.
Assim, por um lado, o docente vende sua força de trabalho, para o capitalista ou
para o estado, e o trabalho decorrente desse contrato contribui para formar sujeitos
que vão alimentar a engrenagem do modo de produção capitalista por meio do
trabalho abstrato que produz valor de troca, mercadoria. Contraditoriamente, o mesmo
trabalho docente, também produz conhecimento científico e tecnológico, forma
pesquisadores etc., trabalho eivado de valor de uso e que pode, inclusive, contribuir
Dessa forma, nenhuma tarefa é tão simples ou tão complexa que não possa ser
estudada e passada à gerência.
Isso não significa que, no interior da escola, deva-se esperar que ocorra,
primeiramente, a superação do atual modo de produção para, somente depois,
construir-se uma escola compatível com a nova sociedade. É preciso atuar em meio às
CAPÍTULO II
A educação profissional como espaço de trabalho docente
Começa pela seguinte questão de partida: trabalho docente para qual educação
profissional e para qual sociedade?
Essas concepções de sociedade e de ser humano sob a lógica do capital são
radicalmente opostas às requeridas pela lógica da globalização econômica, de forma
que os processos educativos, estruturados a partir desse referencial contra-
hegemônico deverão contribuir para a formação de cidadãos emancipados capazes de
participar politicamente como sujeitos nas esferas pública e privada, em função de
transformações que apontem na direção de melhorias coletivas e, portanto, de uma
sociedade justa.
Desse modo, o que se constata é que, apesar dos embates ocorridos nesses
dois anos de trâmite no CNE da proposta de DCNEPTNM, o metabolismo do capital se
mostrou muito forte, conseguindo inclusive, por meio de seus intelectuais orgânicos,
utilizar-se de conceitos e expressões construídos para dar sentido a uma perspectiva
de formação humana autônoma e emancipada com o fim de distorcê-los
completamente na direção que lhe interessa, como em algumas situações aqui
evidenciadas.
Diante dessa situação, cabe perguntar: por que não destinar os recursos do
Pronatec à melhoria do ensino público das redes estaduais, criando, inclusive,
incentivos e mecanismos para que os Estados constituam seus quadros de
professores da EP e que, em regime de colaboração com as universidades públicas e
institutos federais, esses quadros sejam formados para atuar no EMI?
CAPÍTULO III
Especificidades das instituições e da formação docente no campo da
educação profissional
Nesse sentido, a discussão que se segue não pode ser considerada de forma
descolada e autônoma em relação às demais relações sociais e de produção na qual
estão imersos esses sujeitos e a sociedade em geral. Isso porque a pedagogia da
fábrica, que era a própria pedagogia do capital quando o principal lócus da contradição
entre capital e trabalho era a fábrica, tornou-se, atualmente, um caso particular.
É uma questão de política pública. Assim sendo, se há uma elevada demanda por
formação também é elevada a necessidade de formadores que compreendam a
realidade dos jovens e adultos em processo de educação escolar. Hoje, no Brasil, é
pequena a quantidade de profissionais com essa característica, posto que, igualmente
ao que ocorre no campo da educação profissional, as licenciaturas deste país não
incluem em seus currículos estudos voltados para o campo da EJA, ou seja, não formam
professores para atuar nessa esfera. Dessa forma, o professor que atua nesse campo
ou aprende na prática – com todas as implicações decorrentes da ausência de uma
reflexão teórico-prática - ou busca esse conhecimento em cursos de pós-graduação.
Assim, é fundamental que o professor atente para o fato de que o trabalho como