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RESUMO: Trabalho e formação docente na educação profissional.

Moura, Dante
Henrique.

O texto reflete sobre como o profissional docente se constitui como tal,


com ênfase no campo da educação profissional, não sendo fruto apenas de sua
formação inicial e/ou continuada, muito menos da disciplina em que atua, todos
esses elementos estão imbricados entre si e com outros que formam a totalidade
social na qual estão imersos os professores.
Existe uma racionalidade hegemônica: um capitalismo de cunho neoliberal
que transforma tudo em mercadoria; e ainda se alimenta da extrema desigualdade
social ao potencializar a exacerbação da competitividade.
Suas premissas: a naturalização da ideia de que nem todos podem ter acesso
aos bens materiais, imateriais, culturais etc. produzidos pela humanidade, impulsiona
a escola a formar pessoas cada vez mais competitivas; que tenham amplo
domínio sobre como saber fazer muitas coisas diferentes; que sejam
empreendedores e tenham empregabilidade.
Dessa maneira, impõe uma racionalidade natural: o fato de que não há
emprego para todos, logo é necessário ser o mais empregável possível, caso
contrário a via do empreendedorismo é mais viável. O mercado é seletivo e
competitivo.
O papel do professor: estratégico, pois requer certo grau de adesão ao projeto
do capital. Contraditoriamente, exige do professor maior acesso ao conhecimento e,
em decorrência, certa intelectualização. Essa característica dificulta a separação
entre esse trabalhador e o produto do seu trabalho, lhe confere certa autonomia
intelectual, contribuindo para a possibilidade de uma ação contra hegemônica quando
no exercício de sua função - atuar na formação de outros trabalhadores.
O professor deve se assumir como integrante classe trabalhadora, e em
uma atuação contra hegemônica deve competência:
• técnica específica na sua área;
• do saber ensinar,
• no compromisso ético-político com a formação da classe
trabalhadora.
• Em contribuir para a formação de sujeitos emancipados, autônomos e
que possam ser dirigentes.
O livro tem três capítulos. No primeiro, Formação humana e natureza do
trabalho docente, discute-se a formação na perspectiva dos interesses da classe
trabalhadora, a partir de autores como Marx, Gramsci, Frigotto, Kuenzer, Saviani,
Ciavatta dentre outros. Assume-se a concepção de formação humana integral ou
omnilateral, na perspectiva da politecnia, essa deve ser a utopia a se buscar. Na
atual fase de desenvolvimento das forças produtivas e da sociedade brasileira em
geral, faltam as condições materiais concretas para viabilizar esse tipo de
formação.
Defende-se que, na última etapa da educação básica, para a “travessia” em
direção à utopia já delineada um tipo de ensino médio que garanta a base unitária
da formação humana integral, omnilateral ou politécnica de forma integrada a
uma formação profissional técnica de nível médio, visando atender aos interesses
e necessidades das juventudes e dos adultos das classes populares.
Além disso, discute-se a natureza do trabalho docente. O professor integra a
classe trabalhadora. O trabalhador é aquele cuja atividade laboral está imersa na
relação de compra e venda da capacidade de realizar determinada atividade,
mediante um contrato de trabalho, ou seja, assalariado,
No segundo capítulo, A educação profissional como espaço de trabalho
docente, o objetivo central é contribuir para que o docente dessa esfera educacional
possa compreender intensamente o seu campo de atuação, as correlações de forças
existentes e as disputas inerentes a esses processos: o capital e o de sua superação;
movimentos contraditórios ocorridos nos últimos anos no âmbito da educação
profissional e do ensino médio; os efeitos dessas contradições; aspectos da legislação
que trouxe a possibilidade de integração entre a educação profissional e o ensino
médio e as ações dela decorrentes, a elaboração das novas Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio (DCNEPTNM) e para
o Ensino Médio (DCNEM), além do Projeto de Lei do novo Plano Nacional de
Educação e a criação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec).
No terceiro capítulo, intitulado Especificidades das instituições e da
formação docente no campo da educação profissional, questões do interior das
instituições de educação profissional e para a formação docente nessa esfera da
educação, seja ela inicial ou continuada. Nesse momento, discute-se concepções de
instituições de educação profissional e de formação docente coerentes com a
perspectiva de desenvolvimento socioeconômico voltado para a construção de uma
sociedade igualitária, ou seja, uma proposta contra hegemônica. Analisa-se o
papel das instituições de educação profissional para que sua atuação possa ser
produtiva socialmente, bem como efetivo financiamento dessas.
Ressalta-se que as discrepâncias de oportunidades, de nível de escolarização
e conhecimentos, de experiências profissionais, de origem socioeconômica, de faixa
etária etc. dos distintos grupos sociais que buscam ou poderão buscar essas escolas,
constituem-se em outro grande desafio.
Essa diversidade é demonstrada, ao se evidenciar que nas instituições públicas
de EP, por exemplo, os cursos técnicos podem ser oferecidos nas formas integrada,
concomitante e subsequente, para adolescentes e para o público da EJA. No caso da
rede federal de EP, essa diversificação é ainda maior, pois há os cursos de formação
inicial e continuada de trabalhadores, que podem receber como estudantes desde
neoleitores até profissionais graduados ou pós-graduados, além dos cursos
superiores de tecnologia. Além disso, fora do âmbito da EPT, essas instituições veem
atuando em cursos de licenciatura para a educação básica e na pós-graduação lato e
stricto sensu.
Explicita-se que essa diversificação tem forte repercussão sobre o trabalho
docente e sobre a demanda por formação específica para atuar em cada uma das
distintas ofertas educacionais, sendo que em muitos casos o mesmo docente é
convocado atuar em vários desses cursos ao mesmo tempo.
Discute-se, a formação do docente da educação profissional. Parte-se da
necessidade de considerar duas grandes dimensões: a formação na área de
conhecimentos específicos, adquiridos na graduação, cujo aprofundamento é
estratégico e deve ocorrer por meio dos programas de pós-graduação, principalmente,
stricto sensu; a formação pedagógica, incluindo, as especificidades da EP. É sobre
essa última dimensão que se centra a discussão.
Existe uma diversidade de sujeitos que atuam como docente na educação
profissional, muitos dos quais não são formados como professores. São quatro
grupos:
• os não graduados que atuam na EP;
• os bacharéis ou graduados em cursos superiores de tecnologia,
mas não licenciados, em exercício na EP;
• os licenciados em disciplinas da educação básica que atuam na EP;
• os que ainda se formarão. (não se formaram).
Para cada um desses grupos discutem-se suas especificidades e
possibilidades formativas. Adota-se, um tipo de formação que lhes permita:
• competência técnico-científica, condição necessária para a produção
material da vida;
• uma perspectiva sócio-histórico-crítica para compreender as relações
sociais e de produção;
• um compromisso ético-político com os interesses da classe que vive do
próprio trabalho e, em consequência, de sua formação enquanto
cidadãos emancipados;
• saber ensinar.

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