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INSTITUTO FEDERAL DE RONDÔNIA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E INOVAÇÃO


MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

Cássia Luciana de Melo Lima

PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO, POLÍTICAS PÚBLICAS E FORMAÇÃO


DOCENTE EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

PORTO VELHO/RO
Novembro de 2018
Cássia Luciana de Melo Lima

PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO, POLÍTICAS PÚBLICAS E FORMAÇÃO


DOCENTE EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Resenha apresentado como requisito parcial de


avaliação da Disciplina Seminário de Pesquisa do
Mestrado Profissional em Educação Profissional e
Tecnológica (ProfEPT), do IFRO, campus Calama.
Professora: Dra. Sandra Aparecida

PORTO VELHO/RO
Novembro de 2018
RESENHA

MOURA, Dante Henrique (Organizador). Produção de conhecimento, políticas públicas e


formação docente em educação profissional. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2013. P. 9-
20; 141-200; 409-434.

Educação profissional é o ponto de convergência e tema debatido nesta obra produzida com a
participação de profissionais de diferentes áreas. Dante Henrique Moura figura como
organizador do material, além de autor de dois capítulos. Outros nomes no que diz respeito ao
Ensino Médio e Educação profissional no Brasil, como Domingos Filho, Mônica Silva, Maria
Ciavatta e Lucília Machado também participaram na produção do material, que teve como
contexto a criação do Programa de Pós Graduação em Educação Profissional do IFRN. A obra
é composta por 15 capítulos. No entanto, este trabalho se ocupará de apenas dois,
especificamente os capítulos 5 e 14, que abordam, respectivamente, os movimentos
contraditórios do Ensino Médio e da Educação Profissional no Brasil nos anos 2000 e a
expansão dos bacharéis professores da rede federal de educação profissional e tecnológica.

Palavras-chave: Ensino Médio. Ensino Profissionalizante. Formação Humana Integral.


Professores bacharéis. Formação Pedagógica.

A primeira observação sobre a obra está relacionada ao contexto de sua concepção: um


Colóquio denominado “A Produção do Conhecimento em Educação Profissional”, parte do
processo de criação do Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional do IFRN.
Referido colóquio teve como objetivo principal o diálogo com a comunidade acadêmica de
distintas áreas – e que tinham como ponto de convergência a educação profissional - sobre
temas cuja produção de conhecimento pudesse consolidar a concepção da formação humana
integral. O título do livro surgiu a partir do título e conteúdo do colóquio e das linhas de
pesquisas definidas para o programa de pós-graduação já mencionado.

O livro foi está organizado em três partes. A primeira delas possui três capítulos que abordam
a produção de conhecimento no âmbito da Educação Profissional. A segunda parte é
composta por sete capítulos destinados às políticas publicas na esfera da educação
profissional. A última parte dedica-se a formação docente em educação profissional, e é
composta por cinco capítulos.

A proposta, no entanto, está em analisar apenas dois capítulos da obra. O primeiro deles, o
capitulo 5, trata sobre políticas publicas e tem por título “Ensino médio e educação
profissional no Brasil nos anos 2000: movimentos contraditórios”. O texto foi escrito pelo
professor Dante Moura. O outro é o capitulo 14. Ele refere-se à formação docente em
educação profissional, e tem por título “Bacharéis professores: um perfil docente em expansão
na rede federal de educação profissional e tecnológica”. Seus autores são Francisco das
Chagas Silva Souza e Vivianne Souza de Oliveira Nascimento, ambos, professores do IFRN.

No capítulo 5 o professor Dante Moura analisa o quem vem acontecendo no Ensino Médio
brasileiro a partir dos anos 2000, em especial, na relação do mesmo com a educação
profissionalizante. Para isso, o autor subdivide o texto em duas partes. Na primeira delas ele
busca analisar a relação entre o Ensino Médio e o Ensino Profissionalizante na perspectiva da
formação humana integral. A segunda parte traz um histórico dessa relação a partir do ano
2000, traçando os fundamentos e diretrizes curriculares para o Ensino Médio Integrado no
país e apontando os autores que deram suporte a essa educação integradora.

“O ensino médio no Brasil: do real ao ideal, passando pelo possível” é o subtítulo dado pelo
autor ao trazer reflexões sobre como o Ensino Médio é oferecido no Brasil e como deveria
ser, pontuando a proposta do Ensino Médio Integrado como uma possibilidade para uma
formação humana integral. Isso significa que nessa etapa final da educação básica, o aluno
deve ser formado não apenas para a continuidade dos estudos, cuja preparação para o mundo
do trabalho aconteceria em nível superior, mas esta formação já aconteceria nesta etapa, além
de formar para o pleno exercício da cidadania. O autor aponta alguns dados em relação à
expansão do ensino médio no Brasil e ao perceber que o Ensino Médio acontece também
entre jovens e adultos, discorre sobre a necessidade de uma educação nas dimensões
intelectuais, físicas e tecnológicas para a classe trabalhadora.

“As relações entre o ensino médio e a educação profissional técnica de nível médio e suas
contradições” é outro dos subitens apresentado por Dante. Nele o autor menciona leis e
decretos que embasam o Ensino Médio Integrado, e apresenta o contexto e debates sobre a
implantação do Ensino Médio Integrado no Brasil. Também discorre, apontando a evolução
histórica e de forma contextualizada da expansão da rede federal de ensino, e considera a
criação dos Institutos Federais no Brasil importante e necessária.

O autor ainda analisa os debates em torno da formulação das diretrizes curriculares nacionais
para a educação profissional técnica de ensino médio, o DCNEPTNM, e das diretrizes
curriculares para o Ensino Médio, o DCNEM. Finaliza o artigo traçando algumas
considerações para a continuidade do debate, e conclui que a materialização de uma formação
humana integral enfrenta diversas dificuldades relativas aos conflitos entre os diferentes
projetos societários, e que o ensino médio politécnico e o ensino médio politécnico integrado
à formação profissional poderão coexistir na sociedade brasileira por longo tempo, em que
pese o ideal da escola unitária proposta por Gramsci.

O capítulo 14, “Bacharéis professores: um perfil docente em expansão na rede federal de


educação profissional e tecnológica” começa abordando sobre a expansão dos Institutos
Federais no Brasil, cujo objetivo é “responder as demandas da sociedade por formação
profissional, por difusão da ciência e tecnologia, além de servir d suporte para os arranjos
produtivos locais”, proporcionando uma educação de qualidade para todos os lugares do país.
Nesse processo constata a falta de uma formação pedagógica para muitos dos professores que
fazem parte dessa rede de ensino, observando que a nova formulação dos cursos oferecidos
demanda a contratação de bacharéis para atuar como docentes.
Em subitem denominado Bacharéis, porém docentes, os autores explicitam o que se entende
por bacharéis, apontando os elementos que constituem suas especificidades formativas. Nesse
sentido, aponta os três graus do Ensino Superior Brasileiro, quais sejam, bacharelado,
licenciatura e cursos superiores de tecnologia Atribui o elevado percentual de professores
bacharéis à lógica do mercado capitalista e o desinteresse pelos cursos de licenciatura da atual
juventude. Observa que, mesmo tendo previsão legal da obrigatoriedade de pós-graduação,
mestrado ou doutorado para bacharéis atuarem nos cursos da EPT, os concursos dos IFs
exigem apenas o diploma de graduação em nível superior.

O autor aborda algumas questões relativas à formação dos bacharéis para a prática docente.
Aponta uma precariedade na formação dos professores dos IFs, em que pese os mesmos
serem vistos como centro de referência em educação profissional. Neste sentido, trata, ainda,
sobre a experiência como elemento essencial na prática docente, sem, contudo, substituir a
formação pedagógica, em que se adquire e se amplia saberes provenientes de teorias.

Sintetizando, o texto discute sobre a formação dos professores em EPT, apresentando


inicialmente a problemática do ensino por bacharéis formados de forma genérica. Em seguida,
trata dos saberes necessária a docência, que vão além do acúmulo de experiências. Finalmente
defende a necessidade de implantação de política de formação continuada para docentes em
EPT, para que os mesmos possam ter acesso às concepções de ensino-aprendizagem e
superem a mera instrumentalização de conhecimento por parte do professor. Argumenta que o
bacharel “deverá assumir a identidade de um professor-educador”, cujo papel é colaborar para
que jovens aprendam a ser competentes e compromissados com a sociedade em que vivem
através do seu trabalho.

CONCLUSÃO

As leituras dos textos presentes na obra oportunizam, em primeiro lugar, uma reflexão sobre a
necessidade e importância da implantação de uma educação em nível médio de ensino que
seja integradora, bem como sobre uma atualização sobre o que já tem sido feito no Brasil
nesse sentido, para que possamos, como educadores, continuarmos os debates e auxiliarmos
de alguma forma nesse processo. Destaca-se que por integração deve-se compreender não
apenas um Ensino Médio integrado à educação profissional, mas também uma formação
humana que se preocupa com todas as áreas de conhecimento.

Em segundo lugar, mas não menos importante, a leitura proporciona a reflexão sobre a
própria prática pedagógica, principalmente daqueles que, assim como eu, não possuem
formação pedagógica para lecionar, ou seja, são bacharéis, porém docentes. Nesse sentido,
conclui-se que tanto o conhecimento adquirido nos cursos bacharelados como as teorias
relativas ao papel docente é importante e, portanto, aos professores dos IFs deve ser
oportunizada formação pedagógica. Por estar o mundo em constante evolução, tal formação
deve se dar de forma contínua.

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