II CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO INTEGRAL

IV SEMINÁRIO MINEIRO DE EDUCAÇÃO INTEGRAL

“Educação Integral, diálogos e complexidades: ações potencializadoras e experiências
sobre a prática docente” - 10, 11 e 12 de agosto de 2021

ENSINO MÉDIO INTEGRADO E POLITECNIA:ALGUMAS

REFLEXÕES SOBRE O IFTM

Edilaine Patrícia de Oliveira1

Adriana C. Omena Santos2

Universidade Federal de Uberlândia/Faculdade de Educação/Programa de Pós-Graduação em Educação, e-

1

mail: edilainepo@gmail.com
2
e-mail: adriomena@gmail.com.

Eixo temático: Protagonismo em Educação Integral

RESUMO
O trabalho, em fase de finalização e defesa, apresenta dados de pesquisa vinculada ao Programa de
Pós-Graduação em Educação (PPGED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que discute o
Ensino Médio Integral sob a ótica da politecnia e da formação humana e integral, analisando as
características da proposta do IFTM conforme o disposto no PPC do curso Técnico de Alimentos.
Utiliza como metodologia a pesquisa qualitativa e descritiva que, após revisão bibliográfica, utilizou
como técnica de coleta de dados o levantamento documental, seguido de análise documental sob a
ótica do método histórico-dialético. A seleção do corpus considerou a localização geográfica da
oferta, além do fato do curso ser parte da origem da reconstrução da Educação Profissional no ano de
2004 e, por conseguinte, base para a implementação do IFTM na região. Os resultados indicam que o
termo politecnia, relacionado diretamente com a formação humana, apesar de a bordado no PPC, não
apresenta desenvolvimento conceitual ou unidades curriculares que a viabilizem de forma adequada,
uma vez que ainda que o PPC do curso proponha ações de integração em os núcleos, poucas
disciplinas efetivam a integração dos três núcleos: básico, tecnológico e politécnico oportunizando o
ensino e formação politécnica na vertente marxianos e marxista.

Palavras-chave: Ensino Integral. Politecnia. Formação humana. contradições.

1- INTRODUÇÃO

A pesquisa discorre sobre o Ensino Médio Integrado, que é uma modalidade de ensino
que favorece a plena formação do estudante, ou seja, as aprendizagens desenvolvidas neste
sistema corroboram para o desenvolvimento intelectual, físico e tecnológico. Esta modalidade
propicia a plena formação dos indivíduos, o preparo para o trabalho e as aprendizagens
intelectuais.

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A estrutura do currículo propõe que o aluno estuda as disciplinas do currículo do

Ensino Médio, no período matutino, e no contraturno, ele realiza a formação técnica, ou seja,
o curso profissionalizante acontece junto com o Ensino médio. No entanto, em alguns cursos,
as disciplinas de ambos acontecem juntamente durante o período de aula.
Assim sendo, após concluir o Ensino Médio Integrado, o estudante adquire
conhecimentos técnicos para inserir-se no mercado de trabalho e conclui o ensino
propedêutico, propiciando a formação integral do aluno. No entanto, o que diferencia do
Ensino Médio convencional é a qualidade de ensino e a oportunidade de desenvolver
conhecimentos intelectuais juntamente com tecnológicos e ainda, oportunizar aprendizagens
a partir da realidade do aluno. Segundo Moura, (2015, p. 1061) esse pensamento é defendido
por Marx, em que argumenta sobre a importância da formação intelectual, física e
tecnológica para o trabalhador.
Diante da concepção marxista que pensa em uma escola que atende aos interesses da
classe trabalhadora, o Ensino Médio Integrado é uma proposta que tanto favorece a formação
de capital intelectual quanto à de força de trabalho. Esse modelo de formação parte de ideias
sobre Politecnia e sendo assim, recorremos a alguns autores que fundamentam tal conceito:
Karl Marx, Friedrich Engels, Antônio Gramsci, Demerval Saviani e Gaudêncio Frigotto, a
fim de sustentar essa proposta pedagógica que favorece a formação integral do aluno.
O Estado brasileiro oferta esse modelo de ensino nos Institutos Federais de Educação
Tecnológica, isto é, na Rede Federal, é oportuno mencionar que a nomenclatura dos Institutos
em seu pensamento primários era apresentar como Institutos Politécnicos Federais, porém
houve a abreviatura do nome. O Ensino Médio Integrado atende a uma parcela dos alunos
provenientes do 9° ano do Ensino Fundamental. A forma de ingresso para o Ensino Médio
Integrado nos Institutos Federais – IFs é por meio de seleção dos alunos do 9° ano, tanto de
escolas públicas quanto de particulares; os estudantes são selecionados por intermédio de um
sistema classificatório com os melhores resultados. Outro ponto favorável deste sistema de
triagem são as cotas afirmativas, pensadas para minimizar as desigualdades de acesso.
As justificativas desta pesquisa parte das inquietações referentes ao Ensino Médio,
especificamente, as mudanças instituídas pelo Estado no currículo desta modalidade o que
gera uma perda na qualidade do ensino. Além disso, outra forte inquietação é oriunda de um
curso de formação de professores, “Docência do Ensino Médio”, em que se chegou aos
seguintes questionamentos: Ensino Médio, para quê? Seria para, posteriormente, trabalhar ou
apenas ingressar em alguma universidade? Como responder tal pergunta perante um contexto
de precarização da educação pública brasileira e cortes financeiros na política educacional.
Uma alternativa é acrescentar, à esse cenário, a Reforma do Ensino Médio e a implementação
do Base Curricular Nacional – BNCC e demais documentos estabelecidos pelo Estado como
suporte para o ensino, bem como os questionamentos da área educacional que questionam as
mudanças propostas e os impactos para a formação e, em especial, para o Ensino Médio.
Estas mesmas problematizações deram origem a perspectiva do Ensino Médio
Integrado, que favorece a formação plena do aluno, sendo um modelo baseado na Politécnica,
defendida, notadamente, por Marx, Gramsci e Saviani e de fundamental importância em
resposta a atual sociedade brasileira.

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A Politecnia possui um conceito histórico que foi modificando-se ao longo da história,

assim é importante ter a compreensão inicial que Marx e Engels pensaram em uma Pedagogia
Socialista com o objetivo de oferecer princípios básicos de uma educação com o foco de
transformação da sociedade na qual a proposta de escola única do trabalho diferente da
proposta apresentada pela burguesia.
Ao analisar os conceitos da pedagogia marxiana faz-se necessário ter clareza que
Marx e Engels “não escreveram nenhuma obra tratando da educação em especial, pois tinham
sua atenção dirigida para a compreensão dos mecanismos fundamentais do funcionamento da
sociedade burguesa” (MACHADO, 1989, p. 88), mas o seu trabalho apresenta conceitos
importante para a educação socialista, emancipadora e ainda, críticas as bases do pensamento
educacional burguês. Assim, para melhor compreensão das propostas de Marx faz-se
necessário entender a distinção entra a pedagogia marxiana e a marxista, a “pedagogia
marxiana, isto é uma pedagogia inerente ao pensamento do próprio Marx, distinta, portanto,
da “pedagogia marxista” que está referida à tradição construída a partir de Marx pelos seus
seguidores.” (MANACORDA, 2017, p. 12).
A necessidade de instruir a classe operária e os filhos dos trabalhadores é presente nos
estudos de Marx e Engels, pois para eles, a evolução das forças produtivas associada a busca
da onilateralidade auxiliará a “eliminar a propriedade privada, a divisão do trabalho, a
exploração e a unilateralidade do homem.” (MANACORDA, 2017, p. 39)
A partir dos estudos de economia política Marx e Engels elaboram críticas a
propriedade privada e a divisão do trabalho sendo essas as causas da degradação e da
limitação do operário / homem.
A constatação de que a divisão do trabalho “enfraquece a capacidade de
cada homem individualmente considerado” e comporta “o debilitamento e
empobrecimento da atividade individual”, Marx também a encontra nos
economistas, mas é dele a definição histórico-dialética da divisão do
trabalho como nada mais que “a expressão econômica da sociabilidade do
trabalho na condição histórica da alienação humana”, isto é, da propriedade
humana. (MANACORDA, 2017, p. 40)

Assim, a partir das críticas a propriedade privada e da divisão do trabalho, Marx e

Engels demanda uma proposta de escola que atenda às necessidades dos filhos dos
trabalhadores, uma escola técnica teórica e prática junta à escola primária, ou seja, um
modelo de educacional que proporciona a possibilidade de transformação da sociedade.
Sendo assim, a definição de ensino tecnológico é abordada tanto nas Instruções quanto em O
capital, já politécnica é discutido apenas nas Instruções. Ampliando a discussão observa-se
que a essência das discussões nas Instruções é proporcionar “a classe operária acima das
classes dominantes da época” através desse modelo de ensino e em O capital, o foco da
discussão é produzir “homens plenamente desenvolvidos.” (MANCORDA, 2017, p.45-46)
Marx e Engels acentuam a necessidade de iniciar um novo modelo de educação já no
capitalismo e corrobora em diversos textos, a necessidade de leis gerais do Estado para
garantir a educação do proletariado. Essas proposições marxianas estão evidenciadas nas
Instruções aos Delegados do Conselho Central Provisório da Associação Internacional dos
Trabalhadores (1866), na qual reforça a reivindicação de educação para seus filhos dos

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trabalhadores e questiona qual o tipo de educação será ofertada para a classe operária, além
de apresentar as proposições de uma educação politécnica. Assim, a partir de três proposições
Marx define em linhas gerais o ensino politécnico.
1 – Educação intelectual;
2 – Educação corporal, tal como se consegue com exercícios de ginástica e
militares;
3 – Educação tecnológica, que recolhe os princípios gerais e de caráter
científico de todo o processo de produção e ao, mesmo tempo, inicia as
crianças e adolescentes no manejo das ferramentas elementares dos diversos
ramos industriais. (MARX, 1983, p. 60 apud MACHADO, 1989, p. 124)

Desta forma, quando Marx descreve a educação politécnica, ele possui a compreensão
das dificuldades e limitações no capitalismo de um modelo escola igual para todos, porém o
objetivo central é definir aspectos do ensino politécnico para uma melhor formação da classe
operária. Assim, Marx e Engels projetam que: “Esta combinação de trabalho produtivo pago
com a educação intelectual, os exercícios corporais e a formação politécnica elevará a classe
operária acima dos níveis das classes burguesa e aristocrática.” (MARX; ENGELS 1983, p.
60 apud MACHADO, 1989, p. 125) A Politecnia seria uma melhor formação dos filhos dos
trabalhadores e o princípio de uma educação do futuro, ou seja, um ensino que projetava a
transformação da sociedade.
De acordo com o exposto, a presente pesquisa apresenta o Ensino Médio Integrado
como proposta que favorece a plena formação do aluno. Ademais, o estudo pretende
desmitificar que a fase final da educação básica produz indivíduos unilaterais, mas, sim,
indivíduos integralmente desenvolvidos tanto para o mercado de trabalho quando para
formação intelectual. É oportuno refletir que as mudanças impostas pela reforma do Ensino
Médio podem ampliar efetivamente a dualidade ensino propedêutico e educação profissional,
ou seja, uma educação para as elites e outra para a classe trabalhadora.
Neste período, de reformas do Estado em que ceifa os direitos sociais, entre eles a
educação pública de qualidade, o Ensino Médio Integrado deve ser reafirmado como opção
de formação integral do aluno, no entanto, diante das contradições impostas pelo Estado é
visível episódios degradação da educação nos IFs. Diante disso, a pesquisa apresenta a
seguinte problemática: Como o Ensino Médio Integrado ofertado no Instituto Federal do
Triângulo Mineiro – IFTM efetiva a Politecnia e qual a sua importância para a sociedade?
Tendo em vista tal questionamento e seu contexto, o objetivo geral da pesquisa é
analisar as contradições dos processos de formação politécnica no Instituto Federal do
triângulo Mineiro – IFTM. Para auxiliar ao desenvolvimento do objetivo geral são objetivos
específicos: descrever a história da educação profissional com o objetivo de compreender o
Ensino Médio Integrado; identificar o conceito de Politécnica a partir de autores de base
Marxista; compreender as políticas públicas que envolvem a educação profissional;
Apontar especificidades e contradições acerca do Ensino Médio Integrado do IFTM.
O IFTM foi constituído pela Escola Agrotécnica Federal de Uberlândia, pelo Centro
Federal de Educação Tecnológica de Uberaba (CEFET) e pela as Unidades de Educação
Descentralizadas (UNED) de Paracatu e de Ituiutaba. Atualmente, a instituição é composta
pelos seguintes campi: Ituiutaba, Paracatu, Patos de Minas, Patrocínio, Uberaba, Uberlândia e

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Uberlândia Centro, Campus Avançado Uberaba Parque Tecnológico e Campus Avançado

Campina Verde e pela Reitoria (PORTFÓLIO IFTM, 2016).
O instituto atende o maior número de municípios da mesorregião do Triangulo
Mineiro, Alto Paranaíba e parte do nordeste do Estado de Minas Gerais. O IFTM é uma
“Instituição de Educação Superior, Básica e Profissional, pluricurricular e multicampi,
especializada na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de
ensino” (PPC, 2020, p. 11) incluindo-se técnico de nível médio, graduação, pós-graduação,
formação inicial e continuada e Educação de Jovens e Adultos – PROEJA.
Com relação aos cursos integrados ao ensino médio, o campus Uberlândia oferta o
curso Agropecuária, Meio Ambiente, Manutenção e Suporte em Informática e Alimentos. Em
1972 formou-se a primeira turma do curso de Agropecuária e em 2009, o curso passou a ser
integrado ao ensino médio; o curso Manutenção e Suporte em Informática foi integrado ao
ensino médio em 2012; o curso Meio Ambiente em 2013 e em 2015 foi criado o curso
técnico em Alimentos integrado ao ensino médio, além da oferta de cursos concomitantes,
graduações e pós-graduações. Em 2012, o campus avançando Uberlândia centro passou a ter
autonomia administrativa e pedagógica e assim, ele oferta cursos desde educação básica,
superior e pós-graduação.

2- METODOLOGIA

A base epistemológica de sustentação dessa pesquisa foi o materialismo histórico

dialético e a partir dele desenvolve-se a construção da parte teórica e as análises do objeto de
estudo. Assim, ao utilizar a dialética como base da pesquisa é importante ressaltar as
especificidades que a compõem como historicidade, totalidade, complexidade, praxidade,
cientificidade e concretude. Tais especificidades (conceitos) constituem o pensar na raiz da
dialética, ao considerar que nada é para sempre, imutável, incondicional e não existem
verdades absolutas, pois tudo está dentro de uma realidade histórica, diretamente afetado por
ela e, de maneira paradoxal, afetando-a.
Nesse ponto de vista, Severino (2007) pontua a partir do paradigma dialético
características as especificidades como categorias e o que pode ser observado nas análises.
Para o autor, deve-se considerar : a) totalidade ao observar a situação em sua reação com o
todo; b) historicidade, pois todo o objeto necessita ser observado considerando-se o processo
histórico; c) complexidade e suas múltiplas determinações; d) praxidade que considera os
acontecimentos inseridos numa prática histórica e social; e) concretude dos fenômenos
considerando abordagens econômicas e políticas, além da própria f) dialeticidade que
considera o permanente conflito e contradições, imanentemente à realidade observada e
analisada.
Assim, ao destacar as contradições no tema do estudo não se teve a intenção de apenas
evidenciar as contradições como categoria teórica norteadora, pois é sabido que a observação
apenas desta não orientaria toda análise e não se utilizaria adequadamente o método dialético.
Assim sendo, é necessário contemplar todas as categorias de análises para melhor

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compreensão do objeto de estudo. Contudo, faz-se necessário refletir que as contradições são
inerentes da sociedade em que vivemos e, nesse sentido, Marx destaca que próprio sistema
capitalista promoverá a premissa de uma nova sociedade através do desenvolvimento das
contradições e assim, a criação da base material para à transformação social. (MACHADO,
1989)
A fim de responder o problema da pesquisa, sobre como o Ensino Médio Integrado
ofertado no Instituto Federal do Triângulo Mineiro – IFTM efetiva a Politecnia e qual a sua
importância para a sociedade e, considerando, o objetivo geral da pesquisa ao estudar o
Ensino Médio Integrado e as contradições dos processos de formação politécnica é que se
optou por uma pesquisa descritiva, pois esse modelo possibilitou ver caraterísticas de
determinada população ou fenômeno, ou seja, a descrição do EMI do Instituto Federal do
Triângulo Mineiro. (GIL, 2002)
O percurso metodológico inclui, ainda, a utilização do método dialético devido ao
pressuposto do movimento e a análise dos polos contraditórios que utilizam o processo
dialético são sínteses e não respostas prontas e acabadas, pois “o processo dialético parte da
análise de polos contraditórios que em um confronto superam o momento anterior,
produzindo, através da própria ação sobre a realidade, uma nova realidade pensada”. (LEITE,
2017, p. 847) A síntese poderá, portanto, ser uma nova tese e por conseguinte revelar uma
antítese e assim por diante.
Com relação aos procedimentos técnicos da pesquisa foi desenvolvido a revisão
bibliográfica e pesquisa documental, sendo estes os procedimentos adotados para a coleta,
tratamento e análise de dados dessa pesquisa. Segundo Gil (2002, p. 45) a principal vantagem
de uma pesquisa com caraterística bibliográfica e documental “reside no fato de permitir ao
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que
poderia pesquisar diretamente.”
Cabe ressaltar que no delineamento da pesquisa, a revisão bibliográfica partiu da
leitura de conceitos fundamentais de Marx e Engels, em que destacam a importância de leis
para garantir do Estado e a burguesia o direito de educação da classe trabalhadora. A base
marxiana reverbera a assertiva de que: “a reivindicação por lei geral se justificaria, devido à
necessidade da classe operária de ter seus recursos educacionais importantes para o
crescimento intelectual” (MACHADO, 1989, p. 112). A priori buscou-se a essência
marxiana, Marx e Friedrich Engels e posteriormente estudiosos de base marxista: Lênin,
Gramsci, Dermeval Saviane, Gaudêncio Frigoto, Dante Henrique Moura, Maria Ciavatta,
Marise Ramos Elizer Pacheco, Acácia Kuenzer, Paollo Nosella para fundamentar
teoricamente a pesquisa.
Na sequência, a coleta de dados teve como corpus o Projeto Pedagógico do Curso
Técnico em Alimentos Integrado ao Ensino Médio - PPC, da cidade de Uberlândia, do
campus fazenda. A escolha pelo PPP (renomeado pela instituição do PPC), parte da
importância deste documento para a instituição, educadores, funcionários, pais e alunos e, por
consequência, para a sociedade. O Projeto Político Pedagógico - PPP representa presente e
futuro, ou seja, onde a escola está e onde pretende chegar, sendo assim, é um projeto que
representa o delineamento da escola e as possibilidades de melhorar a educação. Nesse

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sentido, esse documento é importante instrumento para compreender a formação politécnica

do Ensino Médio Integrado do IFTM.
Ao utilizar o materialismo histórico dialético como epistemologia de análise buscou-
se a superação da dicotomia entre o sujeito e o objeto e possibilidade de compreender a
realidade contraditória e em sua permanente transformação. Assim, a partir da revisão
bibliográfica e a pesquisa documental foram delineados os seguintes operadores de análises
para melhor compreensão e análise do objeto de pesquisa: acesso e permanência; concepção
de ensino; práticas pedagógicas e formação de professores, sendo estes, os marcos para
investigar a concepção de politecnia ou formação politecnia no EMI do IFTM.

3- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a análise do PPC percebe-se que os IFs executam o modelo voltado para a
escola do trabalho, pois além da necessidade do processo de seleção para acesso, o instituto
busca qualificar o aluno para as necessidades do mercado de trabalho, isto é: do território, “a
missão dessas instituições, o compromisso de intervenção em suas respectivas regiões,
identificando problemas e criando soluções técnicas e tecnológicas para o desenvolvimento
sustentável com inclusão social.” (PACHECO, 2011, p. 14). Tal autor é apresentado como
uma das referência para a construção do PPC que apresenta, ainda, justificativa no
documento “[...] Esta proposta é oportuna, por estar em sintonia com a demanda presente e
futura do mercado de trabalho por profissionais qualificados [...]” (PPC, 2020, p. 14) e em
um dos objetivos específicos “ser eficiente diante de produtores com diferentes
disponibilidades de recursos, níveis tecnológicos e escala de produção, conforme as situações
mutáveis do mercado,” (PPC, 2020, p. 16).
Ao realizar a leitura do PPC à luz das referências marxianas não se percebe a
necessidade da separação entre núcleo politécnico e núcleo tecnológico, pois juntos eles
desenvolvem o trabalho como princípio educativo e o pressuposto do conceito de Politecnia e
assim, objetivam a formação integral do estudante. A separação reduz a compreensão do
conceito de politecnia do IFTM e destoa um dos princípios do IFs, a interlocução entre
tecnologia, trabalho, cultura e ciência. Assim, é importante enfatizar o porquê da separação
desses núcleos e consequentemente, refletir qual a interpretação de Ensino Médio Integrado
efetuada na instituição.
Neste contexto, é importante compreender que a Politecnia não é apenas a junção de
ensino intelectual e formação para o trabalho, mas, sim o ensino/aprendizagem a partir do
trabalho como forma de busca a formação omininalteral da classe trabalhadora, ou seja,
novamente as categorias de análise do materialismo histórico destacam-se ao conhecer o
PPC.
Ao estudar o documento e realizar a busca pela palavra-chave: politécnico, ela é
encontrada seis vezes no corpo do PPC do curso, porém apenas uma vez ela se interrelaciona
de forma adequada com princípios marxianos de politecnia, sem contudo desenvolver o texto
ou contempla-nos nos componentes curriculares.

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Percebe-se que durante o curso Técnico em Alimentos integrado ao Ensino Médio, a

maioria das disciplinas do núcleo básico buscam realizar a integração com núcleo politécnico
e tecnológico, ora com núcleo politécnico ora com tecnológico. Todo o PPC do curso propõe
ações de integração em os núcleos, mas, poucas disciplinas efetivam a integração dos três
núcleos: básico, tecnológico e politécnico oportunizando o ensino e formação politécnica na
vertente marxianos e marxista.
Ao analisar o PPC do curso Técnico em Alimentos integrado ao ensino médio
verifica-se que o documento foi desenvolvido por diferentes profissionais com níveis
distintos de conhecimento para compreender o conceito de integração e por consequência,
possibilitar a efetivação do ensino politécnico. Tal pressuposto é evidenciado logo que não se
verifica a articulação coletiva dos núcleos básicos, tecnológicos e politécnicos, ou seja, todas
as unidades curriculares propõe a interlocução
Ao analisar as disciplinas do núcleo politécnico e tecnológico observa-se que elas
buscam integrar as ações de aprendizagem tanto com núcleo básico quanto com os outros
núcleos. Tais pressupostos exemplificados no PPC indicam o caminho da integração do
ensino, ou seja, os alunos do ensino médio possuem oportunidades de ensino integral e não
apenas em tempo integral. Nesse sentido, a contradição mais evidente que se percebe ao ler o
documento, diz respeito ao próprio conceito de Politecnia, para a instituição e para os
profissionais. A divisão dos núcleos minimizou a integração entre eles, ainda que seja
possível observar no PPC as ações em que o trabalho é o princípio educativo e desta forma,
ações de ensino politécnico. Neste sentido, os pilares para a Politecnia estão estruturados,
mas não claramente explicitados no documento, sendo isso um fato referente a linhagem do
conceito marxiano.
Nessa linha de pensamento, as práticas pedagógicas do curso Técnico em Alimentos
integrados ao Ensino Médio corroboram para efetivar o ensino politécnico ao reverberar a
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão e integrar trabalho, ciência, tecnologia,
cultura como princípios educativos. A fim de materializar as ações pedagógicas do EMI e,
por consequência, do IFTM, a proposta de concepção curricular objetiva ações
interdisciplinares, contextualizada e transdisciplinares e tem como eixo central a pesquisa
como princípio educativo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao identificar-se nas análises as contradições do Ensino Médio Integrado tem-se

finalidade de mostrar ao mesmo tempo, positividade e negatividade no movimento do real e
por consequência, as causas podem estar contribuindo para a não materialização da
concepção de marxiana de politecnia no IFTM. Ao indicar as contradições EMI, o estudo
parte da importância dos princípios marxiano e marxista para a efetivação da educação
politécnica como a possibilidade de transformação social dos alunos e a emancipação social.

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Deste modo, a partir da lente teórico-metodológica do materialismo histórico

dialético, buscou-se enquanto pesquisadora a possibilidade de sair da aparência objeto de
estudo e levar a essência.
Neste sentido os resultados indicam que no PPC não fica explícito que a proposta de
ensino integrado se inicie a partir das relações de produção, ou seja, do trabalho como
princípio educativo, uma vez que elas são identificadas apenas nas entrelinhas do documento.
As atividades e intenções de aprendizagem integradas são elencadas no corpo do texto e em
algumas situações é possível ver a formação para o trabalho subsidie a formação geral, porém
na maioria PPC estrutura a ensino geral e profissional separadamente, sendo um desperdício,
pois as propostas integradas que reverberam a formação para o trabalho são exemplos da
possiblidade de efetivar a politecnia. Ao observar essa contradição na redação do documento
é possível notar as dificuldades de inserir diretamente no corpo do texto referencias
marxianas e gramscianas, pois ainda na sociedade brasileira ainda vivemos tempos em que
uma proposta educacional será desconsiderada pela epistemologia com tal viés.
Percebe-se, ainda, que mesmo ao separar os núcleos politécnicos e tecnológicos, o
PPC busca a articular todos os núcleos, isso se faz necessário devido aos pressupostos da
concepção de EMI superar a dicotomia entre formação intelectual e profissional, trabalho
manual e trabalho intelectual e cultura geral e técnica e ainda da proposta de integração entre
trabalho, tecnologia, ciência e cultura como pressupostos defendidos pelos Institutos
Federais.

REFERÊNCIAS

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar Projeto de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
PACHECO, Elizer. Institutos Federais: uma revolução na educação profissional e
tecnológica. Brasília: Editora Moderna, 2001.
SEVERINO, A. j. Metodologia do Trabalho Científico. 23. Ed. São Paulo: Cortez, 2007.
UBERABA. Projeto Pedagógico do Curso Técnico em Administração Integrado ao
Ensino Médio, 2013. Disponível no site< www.iftm.edu.br>
.

Exemplo: MALDONADO FILHO, Eduardo. A transformação de valores em preço de produção

e o fenômeno da absorção e liberação de capital produtivo. In: ENCONTRO NACIONAL DE
ECONOMIA, 15., 1975, Salvador. Anais… Salvador: ANPEC, 1-4, dez. 1975. p. 157-75.

6. Trabalhos em meio eletrônico: sobrenome do autor (Maiúscula)/ VÍRGULA/Seguido do nome

(Maiúscula e Minúscula)/PONTO/Título/ PONTO/Título do Periódico (em
itálico)/VÍRGULA/Local da publicação/DOIS PONTOS/Entidade a qual a revista é
vinculada/VÍRGULA/Volume do periódico/VÍRGULA/Número do periódico/VÍRGULA/Data
de publicação/PONTO/ Endereço DOI/PONTO.

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Exemplo: MALET, Régis. Do Estado-Nação ao Espaço-Mundo: as condições históricas da

renovação da Educação Comparada. Educação & Sociedade, Campinas: Unicamp, vol.25, n. 89,
Set./Dec. 2004. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-73302004000400011

Eu,__________________________________________, autorizo ao Comitê Científico do

II Congresso Brasileiro de Educação Integral a publicar o presente trabalho em Anais
do Congresso e sua distribuição em caso de aceite.

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